Daphne escrita por Angie


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Desculpem por não ter postado semana passada, o carnaval me atrapalhou...
Bjos e enjoy!



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Os muros que cercam a propriedade sempre fizeram do palácio minha prisão... e meu pai é o carcereiro.

Ele sempre teve uma postura rígida e nunca foi o que se pode chamar de pai presente, mas se tornou uma pessoa ainda mais fria após a morte de mamãe. É como se parte dele – o lado mais humano – tivesse morrido com ela. As vezes não posso deixar de compará-lo a Clarkson, o pai de Maxon e rei de Illéa, mas há raros momentos em que posso ver pequenos vestígios de quem ele era antigamente e isso me deixa feliz.

– Você está bem? – afastei os olhos de meu deplorável reflexo e olhei para trás a tempo de ver meu irmão, Dimitri, entrando em meu quarto, ao lado de sua esposa, Sarah.

Eles haviam se casado há cinco semanas e nesse meio tempo estavam passando a lua de mel na Itália, por esse mesmo motivo não haviam ido a festa de aniversário de Maxon. Eu só havia ido com papai porque ele tinha assuntos a discutir com Clarkson sobre um tratado comercial e porque eu estupidamente tive a ideia de querer fazer Maxon desistir da Seleção. Nem posso dizer o quanto me arrependo por ter me exposto a tanta humilhação.

Pousei a escova com a qual estava escovando meus cabelos sobre a penteadeira e corri para abraçá-lo.

– Eu estou bem. – falei apesar de estar me sentindo um lixo por dentro.

– Pois não parece. – ele disse. Revirei os olhos apesar de entender o porquê de ele ter dito isso. Tenho certeza que as olheiras causadas por ter passado a noite em claro não me deixavam nada bonita.

– E isso é tudo que uma garota precisa ouvir para se sentir bem, Dimi. – ele fez careta. Meu irmão odiava quando eu o chamava assim. Abracei Sarah e beijei seu rosto. – Senti saudades. Como foi a lua de mel?

– Inesquecível. – ela disse sorrindo. – Quem sabe se daqui a alguns meses não será sua vez?

– Duvido muito. – falei em tom de brincadeira, mas a expressão de Sarah mudou, como se soubesse que há algo errado.

– Querido, eu preciso ter uma conversa com Daphne, você poderia nos deixar a sós? – pediu, empurrando-o para fora do quarto. – Obrigada.

Ela fechou a porta na cara de um Dimitri muito confuso e eu ri um pouco. Só Sarah para praticamente expulsar o futuro rei da França de qualquer lugar. Ela se virou para mim séria e indicou a penteadeira.

– Sente-se. – disse ela e eu obedeci. Sarah ficou atrás de mim, pegou uma mecha do meu cabelo e começou a escová-la. Esse simples gesto me trouxe tantas boas lembranças da minha mãe que pude sentir um pequeno sorriso desabrochar em meus lábios. – Como está Maxon?

Encontrei seus olhos no espelho. Para qualquer um, aquilo poderia ter parecido apenas uma pergunta inocente, mas eu sabia que havia muito mais do que ela deixava transparecer. Sarah sabia que eu era apaixonada por ele, eu havia lhe confidenciado isso logo que ela e meu irmão ficaram noivos e nos tornamos amigas.

– Imagino que esteja se divertindo com as trinta e cinco selecionadas nesse exato momento, mas porquê não ter certeza? Vamos, ligue para ele, tem telefone bem ali. – estendi o braço, indicando o aparelho sobre a cômoda.

Eu não queria ter parecido tão fria e rancorosa, Sarah era tão doce, não merecia ser tratada dessa maneira, mas não pude evitar. O nome de Maxon, que antes trazia borboletas ao meu estômago, agora só tinha o poder de me fazer sentir rejeitada e humilhada.

– Sei que você está magoada. – continuou, aparentemente sem se ofender com o modo venenoso com que falei. – Ver o homem pelo qual está apaixonada se submeter a algo como a Seleção deve ser difícil.

Você nem imagina.

Sarah separou várias mechas do meu cabelo e começou a modelá-lo habilmente em uma trança complicada. Tomei meu tempo aplicando um pouco de maquiagem discreta, pensando se deveria contar-lhe ou não o que aconteceu ontem.

Passei um dedo pelos entalhes de flor de Lotos na madeira que contornava o espelho e respirei fundo.

– Eu contei a Maxon que o amava, Sarah. – confessei.

No reflexo, seus olhos me perscrutaram, e por um momento tive a sensação de que ela poderia ver a minha alma. Desviei o olhar.

– Eu sinto muito. – disse por fim. Não precisava ser nenhum gênio para saber o desfecho desa história.

– Como pude ser tão ingênua a ponto de achar que alguém tão covarde quanto Maxon Schreave passaria por sobre as ordens do pai? Sabe o que ele me disse? – ela balançou a cabeça negativamente. – Que isso, nossa amizade, é tudo que nossa história poderia ser. Mas eu sei que ele me ama. Um dia Maxon descobrirá isso e se arrependerá pelo resto da vida por ter se casado com uma mulher que só queria sua coroa e por ter me deixado ir.

Sarah comprimiu os lábios, provavelmente pensando o que diria a seguir.

– Desculpe, mas terei que discordar de você. Não acho que Maxon seja covarde. – franzi a testa. Não podia acreditar que ela estava indo em defesa dele. – Pude perceber nas poucas vezes que visitei a família real de Illéa com minha família, e nas breves conversas que compartilhamos, que ele é bastante firme em suas convicções e que quer o melhor para seu povo e para quem ama. Se ele não pôde retribuir seus sentimentos, talvez seja porque não se sinta da mesma forma.

– Ou talvez seja porque ele já foi tão alienado pelos pais ao longo da vida que já não tenha mais a capacidade de amar. – repliquei acidamente.

Sarah prendeu a trança e deixou-a cair suavemente sobre meu ombro esquerdo.

– Tudo que Maxon está fazendo no momento é cumprindo a tradição de seu reino e servindo sua coroa. Talvez você devesse se livrar dessas amarras e tentar fazer o mesmo. Maxon se tornou seu padrão, está na hora de mudar.

– Mudar meu padrão aceitando me casar com alguém que não conheço? Acho que seria o mesmo que trocar minhas 'amarras', como você diz, por algemas.

– Não é tão ruim, uma hora ou outra você acabara encontrando a pessoa certa. Lembre-se que foi assim que me apaixonei por seu irmão.

– Você teve sorte.

– Sim, tive muita sorte. Agora levante-se, temos que escolher um belo vestido para que impressione seu encontro, qual é o nome dele mesmo?

– Frederick De La Cruz. Príncipe herdeiro do trono da Espanha. Não sei porque papai quer me obrigar a casar com ele, o simples pensamento de fazer isso me causa repulsa. Já o vi antes, há algo em seus olhos que me dá calafrios, não consigo explicar o que. Talvez papai só queira mais uma aliança.

– Deve ser impressão sua, além disso, seu pai não quer apenas uma nova aliança, ele quer o melhor para você. Quer que você assuma suas responsabilidades. Necessariamente ele não está lhe obrigando a casar com ninguém, se não for Frederick, haverá outros. Você já tem idade suficiente para se casar, está na hora de parar de rejeitar seus pretendentes.

Fitei meu reflexo no espelho por um momento. Apesar de querer parecer indiferente, toda minha mágoa ainda estava ali. Bem no fundo dos meus olhos. Talvez seja mesmo a hora certa. A hora de deixar tudo para trás e seguir em frente. Mas prefiro pensar que não. Meu ódio é a única coisa que me impede de desmoronar no momento.

Abri um sorriso que pareceu falso até para mim e olhei para Sarah.

– Vamos escolher o vestido.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, o primeiro encontro da Daphne, vulgo: Desastre.



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