Daphne escrita por Angie


Capítulo 10
Capítulo 9 - O Baile - Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores. Desculpem por ter sumido, mas eu estava sem tempo. Para compensar, esse capítulo está enorme. É a última parte do baile e a Daphne já está amolecendo um pouquinho, mas isso não significa que tudo irá se tornar um mar de flores.

Bem-vindas a MisteryGirl e Laurinha, que marcaram presença no último capítulo.

Bijos de Luz.



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P.O.V Daphne

Não fazia muito tempo que eu tinha saído do salão de bailes e eu conhecia o palácio como a palma da minha mão, o que era bom, porquê assim já sabia para onde ir. Já estive ali tantas vezes antes… aqueles corredores guardavam lembranças de alegrias e tristezas, risadas e sussurros. Eram lembranças que me aqueciam por trazer bons sentimentos a tona.

Andrew foi um bom amigo. Meu melhor amigo. Por mais que eu tenha tentado convencer a mim e a Maxon de que ele foi o máximo de um amigo que eu tive até hoje, sabia que aquela não era a verdade.

Mentirosa, uma voz sussurrava em minha mente quando discutimos em sua festa semanas atrás. Você não está mentindo apenas para ele, mas também para si mesma.

E talvez tenha sido por isso que saí de mim e discuti tanto com ele naquele momento. Não por ter sido rejeitada pelo futuro soberano de Illéa, mas por saber que eu estava errada e por vergonha de mim mesma. Vergonha por ter deixado a razão de lado e feito um escândalo. Vergonha por tentar escolher o caminho mais fácil.

Essa última semana me foi esclarecedora. Pensei tantas vezes no que diria quando voltasse a ver Andrew, que nem mesmo cogitei em pensar no ódio que eu sentia por Maxon. Ódio esse que já não existe mais. Não tenho o direito de cobrar dele um sentimento que apenas eu digo sentir, o qual nem mesmo eu sei se é verdadeiro. Não sei o que é o amor, sei apenas que sinto algo por ele e algo ainda mais arrebatador por Andrew. Tenho medo de perder isso caso me entregue a ele.

– Alteza? – ergui a cabeça e me deparei com um guarda. Ele me fitava de maneira preocupada e mantinha uma mão erguida no ar a frente do corpo, como se quisesse me acalmar e não soubesse como. – A senhorita está bem? – deveria ter apenas uns dois anos a mais que eu. Era um rapaz bonito, alto e de pele escura, seus olhos eram amendoados.

E eu podia entender a razão de sua pergunta. Não deve ser normal para um soldado, ver uma convidada que deveria estar no baile, caminhando pelos corredores com cara de choro.

– Claro, soldado. – minha voz soava uniforme. – Apenas precisei sair para tomar um ar.

Ele assentiu uma vez para mim.

– Tudo bem. – mas pelo seu tom, eu diria que ele não tinha acreditado em nenhuma palavra minha.

– Deixe que eu assuma daqui, Elliot.

Fiquei rígida ao ouvir a voz de Andrew e o soldado – Elliot – pareceu perceber, pois olhou de Andrew para mim e vice-versa.

– Certo, Andrew. – ele se aproximou de Andrew e disse-lhe alguma coisa em baixo tom, a qual não consegui ouvir. Logo depois se afastou virando em outro corredor e deixando a mim e a ele sozinhos. Sozinhos.

Não deixei de perceber que ele chamou Andrew pelo nome.

– Então – arrisquei tomando a palavra. – notei que ele te chamou de Andrew e não 'Alteza'.

– Não temos muitas formalidades por aqui – ele disse se recostando na parede. –, além do mais, Elliot é meu amigo.

– Amigo. – rolei os olhos, embora não estivesse zombando dele. – Claro, os soberanos da Inglaterra são amados por todos.

– E é assim que deve ser. – falou com aparente orgulho. – Somos um dos reinos mais antigos com esquema monárquico. Cuidamos do bem-estar do povo, e não estamos em guerra com ninguém no momento, então por que não gostar?

– Tem razão. – sorri fracamente.

Ficamos em silêncio durante algum tempo, mas ele não pareceu se incomodar. Andrew me perscrutava com o olhar, como se estivesse procurando algum indício de que algo está errado enquanto eu torcia as mãos, pensando no que deveria dizer.

– Como sabia que eu estava aqui? – perguntei por fim.

– Perguntei aos guardas se tinham te visto. Fiquei preocupado quando Liz me disse que você tinha saído.

– Liz? – questionei confusa.

Ele assentiu.

– Minha irmã pediu que eu te procurasse. De acordo com ela, há algo que devemos saber, mas ela só contará a nós dois, juntos.

– Isso é estranho – falei. –, mas, de qualquer forma, devemos ir até ela.

É muito mais seguro que ficar com você sozinha.

– Não agora. – foi direto e nem mesmo se moveu. – Elizabeth pode esperar. Precisamos conversar.

– Acho que você já disse o suficiente. – eu disse de forma automática.

– E é por isso que quero ouvi-la agora. – respondeu com calma se aproximando de mim. – Diga-me Daphne: Por que foge de mim? Porque mente tanto para nós dois? Sei que tem medo, mas ambos sabemos que seus sentimentos são bem mais complexos do que você diz serem.

Complexos. Essa é uma boa palavra para defini-los. Meus sentimentos são tão complexos que nem mesmo eu os entendo.

– Eu não sei. – balancei a cabeça de um lado para o outro, abraçando-me. – O que você chama de amor é o desconhecido para mim. Eu pensei que amava alguém, mas agora percebo que aquele sentimento era uma farsa. – engoli em seco. – Como você mesmo disse, eu escolhi o caminho mais fácil. Quis me apaixonar por uma pessoa que jamais poderia amar de outra maneira que não fosse como amigo, porque não doeria tanto caso eu o perdesse e agora… não posso ter nem mesmo a amizade dele. Eu estrago tudo, Andrew. – meus olhos queimavam com lágrimas não derramadas. – E seria melhor para você se ficasse afastado de mim.

P.O.V Andrew

Ela parece ser uma garota difícil, Elliot tinha me dito antes de sair.

Ele nem poderia imaginar o quanto.

– Me afastar de você? – perguntei incrédulo, ignorando todo o resto que ela havia dito. Eu não podia acreditar. – Daphne, nós já ficamos longe um do outro por três anos. Será que já não foi o suficiente?

– Andrew…

– Não. – interrompi-a antes que ela pudesse continuar. Aproximei-me ainda mais e segurei seus braços, forçando-a a olhar em meus olhos, mais sem usar de força bruta. – Não quero te ver fugir novamente. Eu te amo. – uma lágrima cristalina trilhou sua face e levei uma mão ao seu rosto para limpá-la. – Já te disse isso um milhão de vezes e você não me escuta. Não quer escutar.

– Não diga isso.

– Por que não? – questionei suavemente. – A três anos você me disse que não se importava e que eu havia sido apenas uma diversão. Que meu amor não lhe significava nada. Aquilo me quebrou em pedaços, Daphne.

– Me desculpe. – disse como quando estávamos dançando. – Eu não deveria ter dito aquilo. Foi um erro.

– Talvez tenha sido. – admiti apesar de não culpá-la. – E você está prestes a cometê-lo novamente. Voltando a me rejeitar.

– Por favor, não torne as coisas mais difíceis. – sua voz tremia.

– Então diga, Daphne. Tente dizer que não sente nada por mim. – insisti. – Mas, dessa vez, olhe nos meus olhos.

P.O.V Daphne

Ele percebeu.

Percebeu que não pude olhar em seus olhos da última vez. Percebeu que se o fizesse, eu não teria forças o suficiente para me forçar a dizer tais palavras.

E ele disse que ainda me ama.

– Eu não posso. – falei, admitindo tanto para ele quanto para mim. Minha voz era quase um sussurro. – Não posso.

Um brilho cálido surgiu em seu olhar, talvez de alívio, talvez de satisfação.

Meu coração pulou uma batida.

O silêncio perdurava no corredor, quebrado apenas pelo só de nossas respirações.

Duas batidas.

E olhar que trocávamos era tom intenso que eu achava que ficaria marcado em mim para sempre.

Três batidas.

Quando ele selou meus lábios com os seus, eu não me afastei.

Seus lábios eram suaves como eu bem me lembrava. Ternos. Andrew me aninhava contra seu corpo com um carinho que eu achava que não merecia. E com muita delicadeza abraçava minha cintura, como se eu fosse algo precioso que ele tivesse medo de danificar. Eu havia sentido tanta saudade disso. Dele. Mas a realidade era uma só: Eu não o merecia.

Não sei quanto tempo durou, mais enfim quebramos o beijo. Andrew roçou seus lábios em minha bochecha e depositou um beijo em minha testa. Encostou sua testa na minha e olhando em meus olhos, limpou minhas silenciosas lágrimas.

– Senti saudades. – disse baixinho como se pudesse ouvir o que eu estava pensando. – E mesmo que você ainda não possa dizer que me ama, eu não desistirei de você. Vou te esperar o tempo que for preciso. – me assegurou.

Sem dizer-lhe nada, eu o beijei brevemente e então o abracei. Parecia tão natural… tão certo.

– Bem – ouvi uma voz que conhecia muito bem, dizer. –, acho que isto sela o nosso acordo.

Andrew e eu afastamo-nos simultaneamente e encaramos nossos pais, de pé a poucos metros de nós. Rei Henry, o pai de Andrew, tinha um sorriso calmo no rosto, mas papai continuava sério como sempre. Fora ele quem havia falado, claramente se dirigindo a Henry, mas eu não entendia o que ele queria dizer. E tentava compreender o porquê de ele parecer tão estoico, mesmo ao ver a filha beijando um homem em um corredor longe e escondido de todos os olhos da festa.

– Papai, eu…

– Não precisa dizer nada, filha. – interrompeu minhas desculpas. – Mesmo que não seja uma boa conduta, fico feliz que tenha aceitado tudo maneira tão simples.

O quê?

– Vamos voltar ao baile. – disse o pai de Andrew. – Aparentemente, temos um comunicado importante a fazer.

P.O.V Elizabeth

– Oh, céus, onde está o Andrew? – murmurei comigo mesma e Antoine apertou minha mão sobre a mesa.

– Calma, vai dar tudo certo. – ele dizia tentando me acalmar, no entanto seu esforço era inútil.

Eu havia lhe contado o meu drama e a primeira coisa que ele tinha me dito foi: “A Daphne vai pirar.” Isso não ajudou muito.

Eu mesma já estava enlouquecendo e nem queria imaginar a reação de Andrew quando descobrisse. Se soubesse que o resultado do baile seria um casamento arranjado, não teria insistido tanto nele. Meu irmão merecia se casar com alguém que amasse e que o amasse da mesma maneira e não… isso. Minha vontade era a de gritar, mas com certeza não seria uma atitude bem vista entre todos aqueles nobres.

– Você está fazendo a situação parecer bem pior do que é. – afirmou mamãe, que estava sentada conosco.

– Não. – neguei. – Eu estou mostrando a realidade como ela é. Esse acordo é ridículo.

– Confie em seu pai, Elizabeth. – ela pediu e não contestei.

De repente a música parou e os convidados fizeram silêncio virando-se em uma única direção. Levantei-me e olhei para o foco da atenção de todos.

Papai estava de pé no meio da escadaria de mogno que levava ao andar superior. Ele batia uma pequena colher em uma taça, gerando um som cristalino, para chamar a atenção de todos. Ao seu lado estava William, e uns dois degraus mais abaixo, Daphne e Andrew.

Oh. Droga.

– Eu nem tive tempo de contar. – sussurrei. – Papai disse que me daria tempo. O que aconteceu?

– Não sei. – disse mamãe se erguendo e ficando ao meu lado. – Mas seu pai está olhando para nós. É melhor irmos até lá.

P.O.V Andrew

A confusão de Daphne refletia a minha. O caminho de volta ao salão tinha sido preenchido com silêncio apenas e aquilo era anormal, considerando o fato de que nossos pais tinham nos fraglado aos beijos. Corri os olhos entre os convidados e vi mamãe e Liz se aproximando. Minha irmã parecia tensa e a encontrar meu olhar ela o desviou. Será que toda essa situação tinha algo haver com o que ela queria me falar?

– Meus amigos – começou meu pai. – é uma honra para nossa família ter todos vocês aqui está noite. Tanto os mais antigos aliados, quanto os recentes. Como sabem, meu filho, Andrew, já tem idade o suficiente para governar como rei e com orgulho digo que meu reino estaria seguro nas mãos de um homem como ele.

Não pude deixar de sorrir. Era muito importante para mim ouvir meu pai dizer algo assim. Olhei para Daphne que mantinha seu braço enlaçado ao meu e vi que ela também sorria. Mamãe e Liz subiram a escadaria. Minha mãe parou ao lado de Daphne e Liz ao meu. Ela ainda fechava a mão com força ao redor de algo e franzi a testa ao notar aquilo.

– O momento para que ele suba ao trono está próximo. – continuou. – E nada me agradaria mais do que o fato de ele ter uma esposa ao seu lado nesse momento. Alguém com quem pudesse contar em momentos de dificuldade e lhe dar o melhor presente que um rei poderia receber. Um herdeiro.

Fui eu quem ficou tenso dessa vez. Meu pai não poderia estar dizendo o que eu achava que estava.

O fato de Liz querer tanto que eu me aproximasse de Daphne e as palavras do rei da França de repente fizeram sentido.

“… isto sela nosso acordo” e “… fico feliz que tenha aceitado tudo maneira tão simples.”

– Os reinos da França e da Inglaterra tem uma longa história de amizade – começou William. – E creio que não seria uma surpresa para ninguém se decidicimos unir nossos reinos e uma aliança completa.

Senti as unhas de Daphne apertarem um pouco meu braço a medida que a compreenção lhe vinha, mas ela se manteve em silêncio. Se sequer ousase-mos contradizer nossos pais, estariamos envergonhando nossas famílias e aquilo não era uma opção.

Só havia um meio para que uma aliança completa fosse consumada. O matrimônio. Todos sabiam disso e por esse motivo, podia-se ouvir múrmurios por todo o recinto.

– E é com grande honra que anuncio o noivado de Daphne, minha filha, com Andrew, o príncipe herdeiro da Inglaterra.

Elizabeth pegou minha mão e soltou sobre ela o objeto que segurava. Era uma caixinha de veludo azul-escuro, no mesmo tom dos olhos de Daphne.

Então era realmente sobre isso que ela queria me falar.

Virei-me para Daphne que estava imóvel ao meu lado, com a face já pálida, agora sem cor alguma. Seus olhos me faziam apenas uma pergunta.

Você sabia algo sobre isso?

Balencei a cabeça em um movimento mílimetico dizendo que não e pela sua expressão, ela acreditava em mim.

Abri a caixinha que Elizabeth me deu. Dentro dela havia um anel de prata com aro trançado e uma gema da mesma cor da caixa no centro com pequenos diamantes ao redor. Parecia uma flor. Daphne estendeu a mão para mim e notei que haviam lágrimas em seus olhos. Ela reconhecia aquele anel, mas eu não sabia de onde. Coloquei-o em seu dedo e segurei sua mão.

– Sorriam, queridos. – minha mãe sussurrou para nós.

E foi o que fizemos. Sorrimos e nos viramos para nossos convidados que nos observavam fascinados. Uma longa salva de palmas começou, acompanhado o tempo todo pelos flashs das camêras. Tudo em que pude me concentrar foi no aperto de Daphne em minha mão.

Tudo que aconteceu aqui havia sido uma surpresa para nós, gerada por parte por um mal-entendido. E o que fizemos foi agir de acordo com o que esperavam de nós, sem optar. Mas eu não sabia como ela reagiria quando estivessemos sozinhos e essa era meu medo. Nossa relação havia obviamente melhorado com nossa decisão de deixar o passado para trás, mas um casamento era um passo muito grande a ser dado. Eu não queria tê-la por ela ser obrigada a isso, mas por ser uma decisão dela mesma. Um acordo entre nossos pais, nesse momento, foi um erro.

Tudo que espero agora é que ela não volte a querer me afastar.


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