Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 42
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês tenham achado os capítulos anteriores divertidos, porque agora por um bom tempo, só haverá capítulos depressivos :c



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592699/chapter/42

Abro meus olhos e encaro a cortina balançando, fecho os olhos com a claridade. Resmungo mentalmente e ergo a cabeça para me levantar. Olho para o lado e vejo que Daryl não está aqui, passo a mão pelo rosto e me levanto enrolada no lençol.

Vou até o banheiro e tomo um longo banho.

Coloco um short qualquer e desço rápido. Vou até a cozinha e abro a geladeira, pego o último ovo da geladeira. Me viro com ele.

Pego a manteiga e a farinha, vai ter que ser omelete mesmo. Misturo tudo e mando para a frigideira. Assim que a mistura ganha forma, jogo no prato e me sento.

Coloco o prato na bancada e puxo um garfo.

Retiro um pedaço e coloco na boca, acho que nunca fui uma boa cozinheira. Aquela asia logo aparece, ignoro e pego outro pedaço.

A asia se torna algo maior. Algo diferente.

Empurro o prato e corro pela casa até o banheiro. Me jogo no chão e me arrasto até o vaso sanitário, onde coloco tudo do meu estômago para fora de novo.

Me esforço e me ergo, dou a descarga e tento me levantar. Me encaro no espelho e abro a torneira, lavo minhas mãos e meu rosto. Uma lágrima também corre despercebida.

Respiro fundo e prendo o cabelo. Desço as escadas devagar e puxo o prato, o arremessando na lixeira.

Bebo uma água e saio da casa, não só para pegar ar, hoje começa meu "treinamento" na enfermaria. Puxo o ar e solto lentamente, me acalmando e indo em direção ao prédio que me foi indicado.

Dou passos lentos e tremendo, desviando os olhos da claridade. Chego até a porta escrita "Enfermaria" com uma cruz vermelha, dou duas batidas e espero.

Ouço alguém se aproximando e abrindo a porta. Assim que a porta começa a se abrir eu vejo uma moça que deve ser da minha idade puxando o ar e mandando um sorriso.

–--- Oi ---- ela diz sorrindo ---- você deve ser a Amy

–--- Sou ---- respondo em outro mundo ---- posso entrar?

Ela se surpreende com o meu pedido e diz um 'claro' se afastando da porta , eu entro rapidamente e me sento na primeira cadeira que eu vejo.

–--- Tudo bem? ---- ela pergunta se aproximando

Eu nego com a cabeça.

–--- Não sei o que tem de errado comigo ---- digo colocando a mão na testa

–--- O que você está sentindo? ---- ela diz molhando uma toalha e vindo em minha direção

Ela me estende a toalha molhada, que pego e coloco na testa.

–--- Enjoou ---- respondo ---- acho que peguei alguma virose

–--- Enjoou frequentes? ---- ele diz preocupada

–--- É ---- respondo colocando a toalha em uma mesa ---- e vômitos, na primeira vez eu não me importei muito, mas está piorando, está vindo com mais frequência

Ela examina meu rosto por um momento.

–--- O que mais? Notou alguma coisa diferente? ---- ela diz me olhando

–--- Como assim?

–--- Tontura, mudança de humor, fome, irritabilidade...

–--- É ---- respondo surpresa ---- tontura é novidade, mas o resto não é surpresa

Ela me encara com um olhar diferente.

–--- Precisa falar com a Deanna ---- ela diz se levantando

–--- Como assim? Achei que a médica aqui era você ---- digo

Ela se vira e me encara, se sentando de novo. Ela respira fundo e me olha, eu tento entender o que se passa.

–--- Quando foi.. ---- ela faz uma pausa e respira fundo ---- quando foi sua última menstruação?

–--- O que? Como assim, o que isso tem a ver com o resto? ---- pergunto incredula

–--- Por favor, responda ---- ela diz calmamente

–--- Tudo bem, eu nem tinha parado para pensar nisso com tudo que estava acontecendo ---- me explico ---- mas eu acho que foi.... ---- ai meu Deus ----- foi uma semana antes de conhecer o Daryl

–--- E isso foi a quanto tempo? ---- ela pergunta

Levo a mão até a boca, não pode ser.

–--- Três meses ---- respondo

Ela levanta as sombrancelhas e se afasta. Sinto meus olhos se queimarem e meu maxilar se prender, isso não está acontecendo. Eu quero acordar e estar na minha cama, por favor, eu quero.
Não consigo segurar a vontade de chorar, que vem sem eu perceber. Ainda com o mão na boca eu tento pensar no que fazer. Isso só pode ser um engano.

–--- Não pode ser ---- repito tentando segurar as lágrimas

Ela me encara e segura minha mão, tentando me passar conforto de algum modo.

–--- Eu já volto ---- ela diz se levantando

Ela sai e me deixa ali parada, naquele silêncio, naquele vazio.

Eu tiro a mão da boca e enxugo as lágrimas. Me escoro na cadeira e tento pensar. Tudo que eu tenho é vontade de chorar, e chorar, e chorar. Isso não está acontecendo.

Eu quero acordar.

A porta se abre e eu apenas movo os olhos para vê-la chegando com uma caixinha na mão.

–--- Você pode usar, mas já está meio.. ---- ela não completa a frase, apenas joga a caixinha rosa na mesa

Eu levanto a cabeça e leio o que diz sua frente "Teste de gravidez", fecho os olhos e entorto a boca colocando tudo para fora.

Abaixo a cabeça e tento expulsar essa dor que não me deixa respirar.

Eu ergo a cabeça e tento respirar fundo. Eu não consigo mais respirar, não consigo mais nem me levantar.

–--- Quer que eu chame alguém? ---- ela diz me encarando

Só agora me lembrei que ela ainda estava aqui. Eu nego com a cabeça.

Olho para aquela caixinha mais uma vez e estendo a mão para pegá-la. Prendo a vontade de continuar chorando. Isso só pode ser um engano.

–--- Posso ir pra casa? ---- pergunto a encarando

–--- Claro ---- ela diz gentilmente

Nem forçar um sorriso eu não consigo. Puxo aquela caixinha e me levanto.

A coloco em um bolso. Abro a porta e saio.

Acho que eu nunca senti tanta vontade de chorar, tanta vontade de gritar. Isso não está acontecendo, martelo na minha cabeça.

Chego em casa e subo pela varanda. Abro a porta e entro igual um zumbi.

Subo as escadas devagar, nesse silêncio. Vou até o quarto e me jogo na cama. Puxo um travesseiro e o abraço colocando tudo para fora.

Choro como nunca chorei na vida, nem imaginei que pudesse haver tantas lágrimas.

...

Encaro a cortina balançando, quando acordei estava tudo tão bem. Abaixo a mão pelo short até encontrar seu bolso, puxo o teste e olho para a porta do banheiro.

Faço força e me levanto em direção a ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O drama da história só está começando.. :s



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unforeseen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.