Senhora escrita por urbaninha


Capítulo 4
Capítulo 4 - Arranjo




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- Divertiu-se ontem?


A cabeça de Shaoran doía. Tomara saquê demais.


- Sim, mas acho que me resfriei, estou com dor de cabeça.


- Que pena – Fuutie, sua irmã, olhou-o com atenção – vou preparar algo para teu mal estar.


- Obrigado.


Voltava a seguir com o sal e o copo de água. Quando ia tomando, viu Shaoran que era observado.


- Não estás bem? – perguntou Shiefa ao entrar na sala, seguida por Fanren e Feimei.


- Parece resfriado – comentou Fuutie.


- Melhor não ir a fábrica, irmão. Fique a repousar.


- Sim. Farei isso.


Assim que viu as irmãs saírem, deitou-se na varanda sem cerimônia, precisava pensar.


Ouviu alguém tocar a sineta. Pouco depois, um criado levou um homem de vestes elegantes, porém simples, ao encontro de Shaoran.


- Shaoran-sama, este é o enviado de um distinto senhor. Quer muito falar contigo.


O rapaz ajeitou-se num pulo. Estava a vontade demais; mas logo se recompôs.


- Perdão minha falta de modos. A quem devo a honra?


- Kerberos. Teu criado me disse que não estás em boa saúde.


- É um prazer conhecê-lo, Kerberos-san. De fato, estou neste desalinho por me achar um pouco resfriado.


- Neste caso, serei breve. Gostaria de entregar-lhe isto.


Apresentou o envelope com o carimbo.


- Lhe aguardamos. Estimo melhoras.


Fez uma reverencia e saiu. Olhava Shaoran assustado. Que seria agora? Abriu o envelope e mal pode acreditar. Correu para dentro da casa eufórico, até esquecido de seu mal estar.


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Após a refeição fez Sakura um gesto a seu tutor. Ele a seguiu até uma sala onde uma armadura samurai simples se encontrava ao centro. Sakura aproximou-se com respeito e tocou a vestimenta.


- Teu avô ter recebido tamanha honraria nos deixou muito felizes.


- Apesar de conhecê-lo pouco, pressinto em meu coração que ele foi feliz e fez de tudo por nosso país. Saber que morreu em verdade por um ataque de mercenários me partiu o coração.


Olhou para baixo, em seguida ergueu o rosto. A transformação foi assombrosa. De uma menina doce para uma mulher fria e calculada.


- Meu tutor, peço que me diga: meu avô teria concordado em ver todos meus esforços por algo que desejo muito?


- É claro, desde que o que desejas não te machuque.


- Era isso que queria ouvir de ti. Tu farás algo por mim.


Foi até a janela, ficando de costas a Clow.


- Quero que aceite meu casamento com Shaoran.


- O QUE???? JAMAIS!!! Estás louca Sakura? Como pode pensar nisso? A desonra e tudo mais, esqueceu???


- Não - Voltou-se para o homem com a expressão dura e impassível - Vou vingar o nome de minha família. Espero que compreenda.


- Mas Sakura, sofreu tanto por este desalmado! Como espera que eu...


- Apenas me obedeça, meu tutor.


Clow percebeu que a moça não ia mudar de idéia. Reverenciando-a, saiu da sala, completamente zonzo.


Esta parte da história ficou a poucos que a sabem. Eu sou uma delas.


Sakura recusara casamento a Yukito porque se apaixonou por Shaoran. Conhecera o rapaz de forma pouco comum.


Uma noite, lançavam a sorte em jogos na casa de Yamasaki, rapaz gentil amigo de Li. Este logo comentou sobre a mais nova beldade que aparecera na cidade.


- Precisavam ver! Que beleza! Que olhos magníficos!!! Pobre, muito maltratada, mas a beleza sobrepunha qualquer coisa!!


- Está exagerando! Duvido muito que o seja! – Eriol, um amigo honrado, olhava com suspeita.


- Mas juro-te Eriol!!! És bela como um anjo aquela aldeã! Quando ela voltar, para acertar os kimonos de minha mãe, espero que estejas aqui para ver.  


Shaoran ouvia sem dar muita atenção. No dia seguinte chamou Yamasaki os amigos para comerem em sua casa. Mas na verdade pensava em mostrar a moça aos rapazes.  


Quando escondidos viram uma garota de cabeça baixa, levando pacotes de tecidos nas mãos, o que reparou Shaoran foi suas mãos maltratadas, seus cabelos ressecados. Mas quando ergueu o rosto, assombrou todos eles.


- Que espetáculo! É linda como os lírios!


- Te falei Eriol. Ela é assombrosa!


- Shaoran nem consegue falar, olhe!


De fato, Shaoran não conseguia. Foi paixão a primeira vista. Seguiu a moça depois, soube onde ela morava, apresentou-se e começou a cortejá-la. Não foi o único, Eriol também entrara no páreo, mas apenas para irritar Shaoran.


- Embora ela seja belíssima, meu coração pertence à filha dos Daidoiji.


- Tomoyo? É muita linda também.


- Não vejo as belezas que vê, Shaoran.


Eriol e Tomoyo namoravam a distância, apenas por olhar, uma vez que o pai da moça não concordava com sua união, por Eriol ser filho de um antigo inimigo. Contentavam-se com isso, pensando Eriol em roubá-la na hora certa.


Shaoran soube do pedido de casamento de Yukito. Ficara enciumado. Mas quando soube que Sakura não o quis, resolveu fazer o mesmo. Pediu-a em casamento. Alegrara Toya a notícia, pois este nem imaginava que o rapaz estava falido. Pensava deixar Sakura em boas mãos. Shaoran se pôs a falar a Sakura sobre coisas que não conhecia, como o amor. Enamorada, passou a idolatrá-lo, e contar os dias para seu casamento.


Mas o Destino é caprichoso. Passara Shaoran pelas ruas quando viu uma menina em um lindo traje chinês. Indagando quem era, descobriu ser Meiling, a filha de um parente afastado da família, cheio de posses. A ganância lhe subiu a cabeça, e começou a cortejá-la, mesmo tendo um compromisso já firmado. Meiling adorou o galanteio, e se apaixonou pelo rapaz. Então veio o pai da moça ter com ele e oferecer a filha em casamento, junto com um dote tentador. Shaoran ficara muito feliz. Não amava a moça, mas isso não importava. O que importava era o dinheiro que ela lhe apresentava. 


Sakura então foi abandonada pelo noivo. Órfã, pobre e agora dispensada do compromisso. Não que isso a magoasse. Achava que Shaoran se enamorara de Meiling, e por isso o perdoava. Foi um incidente que avisou-a do contrário.


Dormia Sakura quando ouviu barulhos na porta. Abriu e viu uma moça ofegante, junto a um rapaz assustado.


- Por favor, nos dê abrigo! Meu pai vai nos matar! – e reconheceu a herdeira do clã Daidoiji, Tomoyo, sua melhor amiga e confidente, acompanhada de Eriol.


- Íamos fugir, mas não pudemos. Ajude!


- Entrem depressa! - Escondeu a moça na despensa. Quando ia fazer o mesmo ao rapaz, um cavalo tombou a porta com estrondo, acordando a vizinhança.


- Cadê? Onde está? Aquele que desonra minha filha? – desceu o pai de Tomoyo.


- Meu senhor, peço que tenhas piedade.


- Você! Onde está? Aquele maldito? E a minha filha?


Enquanto enrolava em protestos melosos o nobre, viu Tomoyo chorando abraçada ao rapaz.


- Vou voltar a minha casa, antes que seja tarde – abraçou Eriol e o beijou – em breve ficaremos juntos, meu amado.


- Sim, minha bela.


Correu então pela floresta sem ser vista. Veio então o rapaz em fúria.


- Aqui estou!


- Vou te matar, insolente!!!!


Pensou então Sakura em um golpe. Não ia dar errado.


- Meu senhor, perdoe-me!!! Eu tenho culpa nesta desgraça!!!


- O que diz, infeliz?


- Eu seduzi este rapaz e pedi que viesse ter a minha casa! Tomoyo quis me avisar do mal que eu estaria causando a todos pela desonra, mas não dei ouvidos! – e começou a chorar – por favor, a culpa é minha! Tua filha é uma mulher de caráter, e este jovem também. Eu sou a prostituída!!! Revista esta casa, se vês a tua filha podes me matar!!!


Boquiabertos, o homem e o rapaz a encaravam. Deitada aos pés do homem de armadura, chorava. Esperava convencê-lo.


Conseguiu. O líder do clã Daidoiji subiu ao cavalo, e sem dizer palavra retirou-se. Eriol abraçou-a.


- Por que fizeste isso? Desonrou a si própria! Como pode?


- Tua amas Tomoyo, não? Eu também. Ela é minha amiga de infância!


- Não esquecerei o que fez. Quando precisar de um amigo, aqui o terá sempre.


Ela sorriu. Quando soube o rapaz do que Shaoran fez, jamais o perdoou. Sakura pediu que ele não deixasse esta amizade de lado. Eriol acabou aceitando. Contou então tudo que sabia sobre o casamento de Shaoran.


Sakura ficara arrasada. Foi dispensada não pelo amor, mas pelo interesse!!! Não conseguia admitir, e tamanha raiva sentiu que seu rosto adquiriu a expressão de escárnio que tomaria para si perante aos homens de pouco caráter.


Quando tornou-se herdeira, fez de Eriol o Conde Hiragizawa. Passou a morar na propriedade vizinha a de Sakura. Ela foi reconhecida pelo pai de Daidoiji, mas seduzido pelo dinheiro, ele parecia não lembrar do ocorrido. Eriol passara a administrar os bens da moça, além de fazer favores caridosos aos pobres em nome de um tal Conde Yue, que na verdade era a garota. Assim, tornara-se o rapaz um membro na corte, e um amigo dedicado quando necessário.


 


CONTINUA...


 


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