Senhora escrita por urbaninha


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uma família marcada por tragédias




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Posso agora contar-lhe sobre o passado e a família desta mulher extraordinária.


O avô de Sakura era o dono das melhores terras para criação de bichos da seda. Sua tecelagem superior, delicadamente bordada e tecida com fios de prata e ouro, era disputada pelos nobres, especialmente a família imperial. Aliada a sua capacidade de administração, o mero agricultor passara a ser uma das pessoas mais influentes da corte japonesa.


Tinha então uma filha, chamada Nadeshiko. Formosa, porém muito ingênua quanto a tudo que a cercava, enamorada de um de seus seguranças pessoais, Fujitaka Kinomoto, achou que este seria um relacionamento bem vindo na sua família.


Mas se enganou terrivelmente. O pai não aceitara o genro pobre e sem recursos. A jovem de 16 anos fez então o que os impetuosos adolescentes fazem: contra a vontade do pai, se casara com Fujitaka e fora viver em um aldeia simples bem longe, sem luxo nem conforto. Trabalhava como artista para os nobres, enquanto seu marido trabalhava na lavoura. O pai, indignado, não aceitou de forma alguma esta união, e passou a dizer que sua filha tinha morrido, vítima de um acidente com cavalos.


Como uma maldição, a tragédia abateu-se sobre o casal. Nadeshiko morreu em decorrência de uma febre sem explicação. Fujitaka enterrou a esposa tendo consigo seus dois filhinhos, Sakura e Toya. Bem custou ao jovem viúvo viver em suspeita, ainda mais que quando viva Nadeshiko sofrera diversas vezes pela ausência prolongada de Fujitaka, despertando a inveja das mulheres pelos encantos e a cobiça dos homens pelo mesmo motivo.


Toya era o filho mais velho. Acostumado aos trabalhos braçais, herdara da mãe a bondade e as maneiras gentis, e do pai a disposição física. Entretanto, faltava paciência matemática e noção intelectual, necessárias ao comércio, e bem se percebeu que a ele deveriam ser dadas oportunidades de trabalhar com força e agilidade. Tornou-se treinador de cavalos.


Sakura era a única moça, e portanto responsável pela higiene e alimentação de sua casa. Apesar de muito jovem, se saía muito bem nas tarefas domésticas. Herdara da mãe o senso artístico e refinamento, e do pai a inteligência sagaz e o instinto aflorado. Tinha tino para os negócios. O pai percebera, mas em virtude de ser uma sociedade machista, se aconselhava com a filha a sós. Fujitaka pedia-lhe os cálculos das vendas de soja, a melhor maneira de investir e os juros devidos. Era precisa em matemática, e indiscutivelmente um apoio insubstituível.


Passados os anos, contava Sakura seus 15 anos quando a tragédia novamente se abateu sobre a família. Fujitaka, ao tentar conter as cheias que lavavam suas colheitas, foi arrastado pela enxurrada e morrera afogado. Toya não deixou a irmã neste momento, tendo de continuar suas vidas como possível, mas neste mesmo acidente o irmão de Sakura veio a perder os movimentos de uma das pernas, ficando incapacitado de trabalhar.


Se Toya tivesse aprendido os negócios de que seu pai tratava, nenhum problema ocorreria. Mas longe de ser um apoio para a moça, Sakura sentia agora toda a responsabilidade da casa. Passara a costurar para se sustentarem, alem de administrar as colheitas que ainda dispunham. Se era Toya que recebia os lavradores e negociava, era Sakura que fazia os cálculos devidos. Se Toya quem recebia o pagamento, cabia a Sakura decidir onde empregar o pouco dinheiro. Como o irmão não podia lavrar, era Sakura que o fazia de madrugada, para evitar a vergonha à posição do irmão na família.


Percebeu o irmão que um casamento seria da melhor forma de aliviar as penúrias. Pediu a Sakura que se esmerasse em sua aparência e se exibisse da melhor forma. Sabendo da beleza da irmã, de belos olhos esmeralda, algum homem haveria de querer casar-se. De fato, Yukito Tsukishiro, filho de um comerciante de chá, apaixonou-se por ela. Cortejava a moça, que arredia não cedia. O motivo? Um rapaz por quem seu coração jamais batera tão forte quanto a primeira vez que o viu. Entretanto, parece que o rapaz não se apaixonou por Sakura com igual intensidade, o que feria o coração da menina, que não desistia. Assim, não aceitava os pedidos de Yukito. Um dia, jurou a ele que, caso não casasse com aquele rapaz tão amado, aceitaria seu pedido com alegria. Yukito não agüentando mais a paixão viajou para o continente, na esperança de esquecê-la.


E após a partida de seu amigo mais um golpe do Destino que aconteceria na vida de Sakura mudaria sua vida para sempre.


Um dia, estava ela em seus afazeres quando bateram a porta. Ao abrir, um homem idoso, de barba e cabelos brancos, de vestimenta elegante de seda, entrou encarando-a. O irmão e ela trocaram um olhar de inteligência. Estavam diante de um estranho, mas sem duvida um nobre. Que ele queria?


Foi quando ele abraçou Sakura que a confusão começou.


- É o rosto de minha Nadeshiko! Pobre criança!


- Me solte! Estás louco???


- Como se atreve? Solte-a!! – gritava Toya.


Então o homem a soltara, secando as lagrimas.


- Perdão meus filhos. Devia ter avisado. Sou seu avô, Masaki - Ajoelhou-se aos pés dos dois - Perdão por pecar em orgulho e não tê-los comigo. Fui cruel e desumano. Que Nadeshiko e Fujitaka me perdoem!!!


Os irmãos olharam para o homem com raiva, mas ao mesmo tempo com piedade.


- Estou velho, mas não velho o suficiente para aceitar tudo isso. Minha filha morreu em miséria, e meus netos não tem nenhum conforto. Mas hei de reparar isso! - levantou-se - Já era hora de assumirem meu nome. Serão meus herdeiros agora.


Sakura abraçou o avô. Sempre sonhara com aquele gesto, e ali estava a oportunidade perdida a anos. Toya olhava com reservas, mas também ficara feliz.


- Vou hoje mesmo arrumar minha casa, adequando-a a receber vocês. Eu deveria saber que moravam neste casebre, que tinham uma pequena colheita. Quanto tempo perdido! Mas agora vou recuperar este tempo! Vão morar na corte!


O avô partiu, deixando várias coisas compradas, como roupas e comida, e uma soma em dinheiro. Queria que Sakura e Toya fossem imediatamente tratados com nobres, e para isso precisaria ensinar-lhes tudo que necessitavam saber para tal, além de vestí-los e adorná-los com refinamento. Resolveu então ir a mansão, para contratar os serviços necessários.


Esperou Sakura pacientemente. Como iam embora, venderam as terras. Mas o dinheiro começou a acabar, e a moça ficou apreensiva. Toya por fim cometera um erro fatal.


Em um dia muito quente, inventou Toya de banhar-se em uma fonte de água na floresta. No caminho, foi picado por uma cobra, e o envenenamento grave acabou o prostando na cama, onde agonizou uma semana. E morreu.


Sakura cuidou do irmão o máximo que pode. Mas chegou o momento que não havia mais comida nem dinheiro. Escrevia ao avô, mas este não lhe respondia. Nisso, suas amigas de infância, Chiharu, Naoko e Rika, a ajudaram com dinheiro. E a acolheram no período de luto. A dor de Sakura não tinha mais fim. Quando enterrara o irmão, soube que seu avô sofrera um mal súbito e morreu. Em completa orfandade, foi recebida por Kaho, mulher de parentesco afastado com Fujitaka e assim seu único apoio. Passado os dias, trabalhando muito, soube que a procuravam.


- Sakura-san, este homem diz que trabalhava para seu avô.


- Sou Clow Reed. Amigo de Masaki – reverenciou cordialmente as duas mulheres – e sinto muito pelo falecimento dele.


- Agradeço. Pois que motivos te trazem de tão longe?


- Serei seu tutor agora, Sakura. Tu agora precisará de um apoio amigo.


- E por quê?


- És a herdeira única de toda a soma de riquezas de meu amigo Conde Masaki.


Sakura empalideceu. Seu avô era conde?


- Eu não sei o que dizer.


- Apenas aceite a ajuda deste humilde criado.


Sakura então ficou reclusa por um ano. Foi neste período que a conheci, pois tínhamos aulas de musica juntas. Logo ficamos amigas e soube de toda sua historia. Lembro-me do dia que foi apresentada a sociedade. Causou furor pela beleza e luxo. Logo tornou-se uma estrela das mais brilhantes nas constelações regidas pelo imperador.


 


CONTINUA...


 


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