Kioto, Japão. 1850.

Foi neste ano que brotou uma linda flor rara na corte japonesa, que tive o prazer de conhecer. A mais reluzente das estrelas.

Nascida em formosura e distinção, a beleza e as formas encantadoras de mulher eram um chamariz aos olhos e ao coração.

Era inteligente, simpática e educada, mas sobretudo elegante.

Rica. Milionária. Mais do que pode imaginar.

Sakura Kinomoto, neta do Conde Masaki Amamya. Famosa pelas descrições que fizeram de si os poetas, os pintores e todos os artistas que a conheciam, encantados com as graciosas formas e sua beleza inabalável. Mas o que mais chamava a atenção para si, infelizmente, era o dinheiro que ela herdara.

Percebendo isso, Sakura apresentava em seu caráter gentil um sarcasmo  peculiar e um gênio implacável. Pretendentes um a um eram dispensados, sendo que a jovem calculava seu valor matrimonial. Para quem era milionária, nenhum homem lhe chegaria aos pés. Os homens viviam a bajular-lhe, mas ela nem dispensava atenções, ficando entediada ou mesmo irritada.

Desfilava pelos festivais e saraus da corte com uma senhora, chamada Kaho Mizuki, que nada mais era que uma protetora das virtudes de moça. Tinha um tutor, chamado Clow Reed, que administrava sua casa e seus bens. Entretanto, era apenas burocracia; dispunha a garota de sua posses como bem entendia. Logo, se alguém a queria como esposa, devia conquistar justamente sua atenção, o que era raro.

Posso dar-lhe um exemplo deste comportamento peculiar.

Uma bela noite, andava pelo salão do sarau a bela jovem, em um furisode* rosado, magnífico em seu bordados de cerejeira, combinando a um obi de seda púrpura. Em seus cabelos, um delicado prendedor com perolas e jades incrustados, que valeria uma fortuna.

Surgiu então Tomoyo Daidouji, filha do anfitrião e melhor amiga de Sakura. Também vestida com graça e elegância, apontou com o dedo para um rapaz que vinha pela porta principal.

- Aquele é Eriol Hiiragizawa, futuro barão. Devia prestar atenção a ele, Sakura! É bonito, educado e trata as mulheres de maneira bastante respeitosa. Tua família gostaria muito dele!  

- Não Tomoyo. Possuo mais terras e mais moedas que muitos barões, então porque haveria de me casar com um?

E percebendo meu olhar de surpresa quando aproximei-me, sorriu-me.

- Achas que não tenho razão em escolher alguém de nível acima do meu?

- Certamente. Mas o achas inapto? Creio que ele poderia competir contigo em muitas das tuas habilidades, e apreciá-las.  

- Claro. Inclusive a mais valiosa de todas, o dinheiro...

CONTINUA...