Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 4
A Anciã de Berk


Notas iniciais do capítulo

Oiii!!
A Anciã sempre ajudando o Soluço. Imagine a confusão que está na cabeça do Soluço? Fico feliz que tenham gostado do Soluço falar dragonês. Eu acho o Banguela a coisa mais fofa nos livros falando dragonês...
Enfim...
Agradeço pelos comentários incríveis e agradeço à Bia Tauro por ter favoritado a fanfic!
Espero que gostem, até as notas finais anjinhos...



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Haveria apenas um Encantador,

Aquele que seria o nosso salvador...

Acordei quase num pulo, tentando inutilmente regular a minha respiração. Felizmente eu não acordei a Astrid, que continuava dormindo como um anjo encantador ao meu lado.

Quando recupero a habilidade de respirar, levanto da cama e olho para a janela, e vi que o dia já estava amanhecendo. De qualquer forma, em pouco tempo eu estaria de pé.

Passo a mão pelos meus cabelos e respiro profundamente. Apago (ou pelo menos tento) a imagem do dragão Furioso de minha mente e todo aquele sonho completamente estranho.

Eu desci as escadas e vi que o Banguela também já havia acordado. Estava à procura de peixes com toda a certeza em nossa cozinha. Ele não ficava mais no meu quarto, não por que eu não queria, ele simplesmente não quis mais. Ele então passou a dormir na maioria das vezes na sala, em frente à lareira. Próximo à cozinha... Acho que era uma estratégia...

–Bom Dia amigão, de pé tão cedo? – eu perguntei feliz por estar falando norueguês novamente.

Ele veio até mim à procura de carinho e ronronando. Eu o acariciei.

–Eu aposto que você está com fome amigão... – eu falei e ele lambeu os beiços. Eu ri. – Vem então, vamos pegar alguns peixes para você.

Ele me seguiu em direção a cozinha e eu peguei uma cesta cheia de peixes para ele. Eu o assisti enquanto devorava os seus peixes.

Senti um arrepio em meu corpo ao me lembrar do pesadelo que tive com aquele dragão. Andei para trás e senti a parede em minhas costas e me sentei no chão mesmo, encostado na parede. Quanto mais eu pensava, mas confuso eu ficava.

Na verdade você é um Encantador de Dragões. O único que eu já encontrei no mundo.

Eu havia falado com um dragão em um sonho e isso não era nada normal (até para os meus padrões de anormalidade). Mas será que aquilo foi apenas um sonho? Ou tinha algum fundamento?

Banguela terminou de comer e me olhou com atenção. E então veio até mim e deitou em meu colo. Ele sempre sabia quando eu estava confuso ou preocupado. Depois olhou com seus olhos completamente dilatados para cima, diretamente para os meus.

­-Está tudo bem mestre?

Eu resisti ao impulso de pular, pois poderia machucar o Banguela, cuidadosamente deitado no meu colo. E também resisti ao impulso de gritar, pois poderia acordar os outros.

–B-Banguela? – eu vi que eu falava novamente com aqueles guinchos agudos e estalidos do chamado dragonês. – Eu só posso estar sonhando ainda... – eu falei balançando a cabeça na tentativa de acordar do suposto sonho. Porém eu estava completamente acordado.

–Banguela não entende. Como o mestre está falando a língua do Banguela? – ele dizia levantando-se do meu colo. Ele também estava confuso como eu.

E eu não sabia. Não sabia de nada. Uma hora eu falava norueguês com o Banguela e então na outra eu estava falando dragonês com ele. Sem ao menos poder controlar.

–Eu não sei Banguela? Eu tive um sonho estranho, com um dragão estranho que falava coisas estranhas e que me deixou mais confuso.

–O Soluço é o grande Encantador de Dragões? – Banguela perguntou (e eu sei que isso é estranho, quer dizer, estava realmente falando com um dragão, no caso eu realmente estava falando com o Banguela como se isso fosse normal. Só que não era).

–Eu acho que sou sim. Bem, foi isso pelo menos que o dragão Furioso disse-me no sonho – eu não estava mais duvidando de mais nada, dada as circunstâncias de estar falando com o Banguela.

O Banguela estreitou as pupilas quando falei do Furioso. Eu assustei-me e levantei-me bruscamente. Ele ameaçava qualquer coisa que estava ameaçando-me (ou supostamente ameaçando-me).

Calma amigo, foi só um sonho! – eu alertei o Banguela calmamente. Ele então foi acalmando-se e vendo que não havia realmente nada com o que se preocupar. Pelo menos não naquela hora.

Mestre, aquele dragão é um louco. Ele implantou na cabeça do Banguela e de todos os outros dragões quando nasceram uma profecia . Ele é louco e Banguela não quer deixar o mestre morrer ou algo do tipo – ele estava muito nervoso e preocupado e buscou carinho.

–Nada vai acontecer comigo e também não vou deixar nada acontecer contigo amigo – eu o acariciei. – Mas eu preciso falar com a Anciã. Talvez ela saiba algo mais dessa profecia e da lenda do Dragão Furioso. E eu preciso aprender a controlar o meu dragonês. Não posso sair por Berk falando assim, não é verdade?

O Banguela concorda. Mas o mestre só falará dragonês se desejar falar com um dragão. Não se preocupe – e algo carinhoso e firme em sua voz não permitiu que eu me preocupasse.

Um dragão estava consolando-me. Um dragão estava falando comigo. O Banguela estava chamando-me de mestre. Eu realmente não podia acreditar no que presenciava.

Vamos até a Anciã Banguela – disse por fim.

Fomos voando até a casa da Anciã, que ficava no ponto mais alto da vila. A Anciã de Berk naquela época era a sucessora de Olavo, a simpática Gothi. Agora ela já está em Valhala e temos outra Anciã, mas naquele tempo tínhamos a Gothi dos Terrores Terríveis (sim, ela morava com um pequeno bando de Terrores Terríveis que simplesmente a amava, assim como ela amava o seu bando terrível).

A essa altura eu já sabia interpretar os desenhos da Anciã (a minha mãe e meu pai ensinaram-me), então pude ir sozinho até a casa dela. E ninguém ficaria sabendo que provavelmente eu estava ficando ainda mais louco do que eu já era.

Banguela pousou suavemente e eu desci. Ela veio até mim, recepcionar-me com sua habitual reverência, retribuída pela minha.

O que te aflige?” ela perguntou-me em seus desenhos.

–Eu tive um sonho muito estranho essa noite Gothi. Não consegui interpretar totalmente. Eu andava... – e assim eu contei meu sonho nos mínimos detalhes para ela, deixando de fora a profecia, para que ela pudesse concentrar-se no sonho primeiro. – E quando acordei de manhã, eu podia falar com o Banguela. Creio que estou ficando mesmo louco – eu sentei-me (okay, eu praticamente joguei-me) em uma cadeira localizada ao meu lado.

O senhor não está louco meu líder. Apenas seguindo o seu destino. Conhece a lenda do dragão Furioso?”

Balancei negativamente a cabeça. Antigamente eu não acompanhava a Contação de Lendas no Snoggeltog e depois da paz com os dragões, a lenda foi esquecida pela maioria. Estávamos em paz com eles e nós não deveríamos ridicularizá-los (ou pelo menos era isso que meu dizia que fazia quando partia para contar a Lenda do Dragão Furioso).

Muito bem, eu irei contar-lhe então.”

Eu ajoelhei-me ao seu lado atento aos seus desenhos.

Há mais de um século atrás, os vikings viviam relativamente em paz como os dragões. Claro que era bem diferente, já que os dragões eram controlados aos berros pelos vikings. Porém era, ainda assim, bem melhor do que a situação que se instalou depois...

Barbadura, o Terrível, seu antepassado e também líder de Berk, era um guerreiro implacável. Era considerado um rei por todo o Arquipélago Barbárico. O Rei do Oeste mais Selvagem...

O seu terceiro filho, Soluço Spansitocus Strondus II, era considerado por todos os dragões o seu salvador. Ele podia falar dragonês. Ele era o Encantador de Dragões e o que foi protegido por todos os dragões um dia.

Mas ele também tinha o seu próprio dragão, o seu amigo. Um dragão marinho chamado Furioso. O seu irmão. Um Dragonusmarinhus Gigantescus Maximus. Um dragão dócil que só fazia o bem, assim como o seu mestre.

Porém, Soluço e sua grande bondade quis acabar com a escravidão no Arquipélago Barbárico. Tanto contra pessoas e tanto quanto dragões. Entretanto, seu pai confundiu isso com uma rebelião.

E tudo o que Barbadura mais odiava no mundo inteiro era uma rebelião. Ele gostava de ter o controle de tudo. E faria qualquer coisa para manter isso.

Qualquer coisa...

E com isso ele matou o seu próprio filho. O protegido. O Encantador. O salvador. E a rebelião que ele tanto quis evitar ocorreu com força maior ainda. A rebelião por parte dos dragões.

Todos os dragões viraram-se contra os humanos. E Barbadura amaldiçoou-se por ter matado Soluço II. Não por remorso. Não por ser seu filho, embora o amasse de alguma forma. Mas por isso ter causado a Grande Rebelião.

E por fim, passado o terror do momento de sua morte, amaldiçoava o seu filho por ter nascido.

Furioso estava inconsolável. O único em quem ele confiava estava morto. O único em quem os dragões confiavam estava morto. Aquele que ele amava estava morto.

E aquela dócil criatura virou o mais cruel e sanguinário dragão do mundo. Isso tudo por ter amado um humano um dia.

Ele jurou que se vigaria de todos os humanos. E por isso colocou todos os dragões contra eles. Por meio de uma profecia.

Com grande temor, os vikings, com sua força, conseguiram prender o Furioso e jogaram-no no fundo do mar. Para que ele morresse com o esquecimento. E movidos pela profecia todos os dragões entraram numa guerra eterna contra os vikings.

Barbadura, o Terrível proibiu o estudo, a fala e qualquer outro movimento em dragonês. Ele proibiu a leitura e a escrita também por meio de runas para que ninguém tivesse acesso a nenhum registro acusador. Até que outro viking mudasse a nossa história, Cabeçudo, o Terrível, avô de Stoico, o Imenso.

Mas ninguém nunca soube qual era aquela profecia além dos dragões. Mas essa lenda foi contada por gerações e gerações.

Para que ninguém atendesse ao chamado que vem das profundezas do mar...

Embora ninguém saiba realmente toda a história de Soluço Spansitocus Strondus II ele fora um herói. Para todos. E para Furioso um irmão...

E você Soluço Spansitocus Strondus III, sabe a profecia do dragão Furioso?”

Embora não tivesse na roda de histórias, eu sabia que essa lenda não seria tão assustadora e verdadeira como lê-la em desenhos. Porque simplesmente tudo estava escrito. Algo que não poderia apagar-se, mesmo se eu tentasse.

–Sim, eu sei Anciã. Ele contou-me no sonho, mas não consegui interpretar tudo. Pode ajudar-me? – disse firmemente.

“Mas é claro meu líder.”

Então eu iniciei a profecia:

“Pela maldade de um humano,

O meu protegido foi vitima do mundano.

Fui preso, afogado e trancafiado,

Para nunca mais ser encontrado.

Jurei vingança e nunca mais confiar,

Naqueles que os dragões queriam matar.

Haveria apenas um Encantador,

Aquele que seria o nosso salvador.

Quando ele então se revelou,

A minha liberdade então retornou.

E quando o humano um dragão amar,

A raça dos dragões se extinguirá.

E a apenas a esse pequeno Encantador caberá,

A união entre os nossos mundos resgatar.

E pelo destino que já está escrito,

Acontecerá como lhe foi dito.”

Quando terminei de recitá-la, as palavras pairaram no ar, com o mesmo assombramento da lenda que a motivou.

Você é o Encantador de Dragões Soluço. Aquele que os dragões morreriam para proteger. Um Encantador revela-se após salvar os seus protegidos da maldade. E por três vezes você salvou a raça dos dragões. E por isso você ganhou os poderes de um Encantador, o maior deles falar com os dragões. Mas o dragão Furioso tem planos muito maiores. Ele nunca permitirá que os humanos convivam em paz.”

Eu escutava e convencia-me.

Eu era o Encantador de Dragões.

O salvador dos dragões.

Aquele que terminou a guerra eterna entre os nossos mundos.

E iniciou A Segunda Era dos Dragões.

Mas eu ainda tinha uma dúvida quanto a isso...

–Mas por que ele deixou por mais de quase 20 anos que convivêssemos em paz com eles? Por que não acabou com tudo quando eu ganhei a confiança do Banguela? Por que simplesmente nos deixou em paz?

Porque ele quer que a gente sofra. Ele quer que você sofra. Porque ele acredita que você não conseguirá unir nossos mundos novamente. Ele quer a nossa dor. Fazer dela o seu triunfo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram???
E o Banguela fala desse jeito mesmo, é muito fofo!!! Ele chama o Soluço de mestre