Um sonho às vezes pode ser a realidade. Nunca os ignore, pois você não sabe o futuro que lhe aguarda...

Eu andava em uma praia deserta e eu sentia as águas geladas do mar batendo nos meus pés, pois eu estava descalço.

O mais estranho daquela atmosfera toda era que nenhum barulho, a não ser das ondas batendo na areia, era escutado.

A praia estava tão deserta e assustadora para qualquer um que andasse por ela (até para mim, em outras circunstâncias). Mas ao contrário de tudo o que eu faria, eu avançava em meio ao medo e a escuridão da noite.

Eu então de repente parei e virei-me para o mar. Permaneci na mesma posição, firmemente, esperando por algo que não aparecia.

E de repente pude sentir as vibrações fortes vindas do fundo do que parecia ser o Oceano Interno (não conseguia distinguir um Oceano, igual a todos, em um sonho). E essas vibrações fortes, e eu tinha certeza, estavam vindo de um único dragão.

E a segunda coisa mais estranha naquilo tudo era que eu podia sentir a vibração, saber que tipo de dragão era e na realidade ter certeza realmente disso tudo. Eu parecia até poder escutar que o dragão espreguiçava-se após anos dormindo.

Eu fui afastando-me da água. E as águas do mar borbulhavam, e algo realmente grande parecia surgir das profundezas do mar. E esse algo era o dragão do qual eu sentia as vibrações.

Quando o dragão enfim imergiu completamente das águas do mar, eu vi que poderia estar muito encrencado. Muito mesmo. Eu confirmei as minhas suspeitas quanto à espécie daquele dragão.

O dragão era realmente (sim, a palavra que eu mais usava em meus pensamentos era realmente... Eu queria acreditar que aquilo era real...) enorme. Mas para mim também era magnífico como todo dragão para mim é.

Ele era de um verde tão brilhante que eu tinha certeza que se estivéssemos com o sol sobre as nossas cabeças, seu brilho poderia até ofuscar os meus olhos.

..

Seus olhos eram tão maravilhosamente grandes. Porém suas pupilas estavam muito finas, sinal de que era um dragão selvagem. Aliás, um dragão daquele tamanho só podia ser completamente selvagem, principalmente porque era da Classe Marinha.

O dragão em questão era o que todos chamavam de A Grande Fera do Mar. O nome verdadeiro de sua espécie era para todos desconhecida, já que não havia sido traduzido para as runas vikings. Ele era um Dragonusmarinhus Gigantescus Maximus. Ninguém sabia traduzir isso de qualquer forma.

Minha mãe falara-me tudo sobre essa espécie. Principalmente que eram impossíveis ser treinados. Pelo ódio que tinham dos humanos, devido a um Maximus do passado.

Sim, para todos era apenas uma velha lenda. Uma velha história para assustar as crianças (quando eu era pequeno e não vivíamos com os dragões). A lenda da maior de todas as espécies de dragões que existia no mundo inteiro. Mas ele não era uma simples lenda. Ele estava na minha frente.

Embora fosse apenas um sonho, todos eles têm uma pitada de realidade...

“Creio que gostaria de treinar-me também Encantador*”, o dragão disse-me de uma forma profunda e ameaçadora.

Sim, o dragão disse-me.

Eu quase caí para trás com o grande susto que eu levei. Eu havia entendido o que o dragão havia acabado de dizer? Eu havia entendido aquela língua estranha? Ou melhor, o dragão havia dito alguma coisa realmente para mim?

“Exatamente pequeno humano, eu posso falar sim. Mas poucas pessoas podem entender. Você é uma delas. E então você pode sim me entender, e, além disso, eu posso ler a sua mente”.

“Eu posso falar contigo?”, eu balbuciei e rapidamente coloquei a minha mão em minha boca. Eu havia acabado de falar a língua daquele dragão misterioso.

Na verdade aquilo que eu havia falado mais parecia guinchos agudos e estalidos do que eu ter falado algo realmente.

“Pode sim pequeno humano. E eu também posso entendê-lo. Na verdade você é um Encantador de Dragões. O único que eu já encontrei no mundo. O único capaz de falar a língua dos dragões, o que é chamado por muitos de ‘Dragonês’. É a língua mais primitiva do mundo. A qual os humanos escolheram não mais escutar. Mas eu vim te dar um recado. Uma profecia. Finalmente pude cumprir o meu destino”.

Pela primeira vez eu vi seus olhos dilatarem um pouco, provavelmente de satisfação.

“Uma profecia?”, eu estava cada vez mais confuso, mesmo ele tentado explicar-me algo.

“Sim, uma profecia. Há muitos anos eu espero por isso Soluço Spansitocus Strondus III. Pelo dia que você aparecia, ou pelo menos estaria pronto para escutá-la. Como esperei pelo dia que o Grande Furioso despertaria. Pelo dia que eu ressurgiria. Graças a você”.

Furioso? Furioso? Como assim? Aquilo não era apenas uma lenda? Aquele dragão não era apenas uma lenda? Está certo, eu já estava me convencendo que aquilo era apenas um sonho mesmo. Eu acordaria e tudo estaria acabado, eu não falaria com dragões e muito menos teria libertado pelo que ele havia falado aquela fera horrenda.

“Guarde as minhas palavras”.

Eu tinha certeza que ele ignorou os meus pensamentos, pois ditou a sua profecia da forma mais ameaçadora que a sua voz poderia soar.

“Pela maldade de um humano,

O meu protegido foi vitima do mundano.

Fui preso, afogado e trancafiado,

Para nunca mais ser encontrado.

Jurei vingança e nunca mais confiar,

Naqueles que os dragões queriam matar.

Haveria apenas um Encantador,

Aquele que seria o nosso salvador.

Quando ele então se revelou,

A minha liberdade então retornou.

E quando o humano um dragão amar,

A raça dos dragões se extinguirá.

E a apenas a esse pequeno Encantador caberá,

A união entre os nossos mundos resgatar.

E pelo destino que já está escrito,

Acontecerá como lhe foi dito.”