Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 5
A Berk de Antigamente


Notas iniciais do capítulo

Vai iniciar-se a parte de histórias, lendas e contos. Três capítulos para ajudar o Soluço a colocar sua cabeça em ordem. Depois começa os planos loucos e insensatos do Soluço.
Esse conta como era Berk de antigamente. Espero que gostem.
Eu quero agradecer aquelas minha duas leitoras mais do que divas: Jana e RafaelaR. Vocês me fizeram chorar com cada palavras. Obrigada pela recomendação minhas lindas. Espero que gostem do rumo da fanfic também!!
Até as notas finais...



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As respostas para o que iam acontecer vieram como um grande tapa em meu rosto. Porque sabia direitinho qual era o jogo daquele dragão. Ele faria todos nós sofrer. Ele tiraria os dragões dos humanos. Da face da terra.

Eu tinha a capacidade de interpretar todos os meus sonhos em casa, mas não completamente. Eu não chegava a uma conclusão certa. Mas às vezes a realidade não é aquilo que precisamos.

A Anciã apenas sinalizou que aquilo era tudo que tinha a dizer. Embora minha cabeça estivesse cheia de perguntas, eu vi que a Anciã não iria me ajudar naquela hora.

Eu a agradeci e eu e Banguela partimos da casa de Gothi.

Os vikings já iniciavam os seus trabalhos do dia-a-dia. A maioria dos pilotos dava aula na Academia (leia Perna de Peixe e Astrid), mas o Melequento ajudava na pesca com os Pesadelos Monstruosos e os Gêmeos... Bom ninguém sabia o que eles faziam de verdade.

Eu também deveria iniciar os meus afazeres como líder de Berk. Eu disse a mim mesmo que eu não tinha nada urgente para fazer naquele dia e que eu podia voar para tentar pensar em algo útil. Não fazia sentido trabalhar se não estaria realmente lá.

Eu e Banguela apenas fomos para alguma das Ilhas que descobrimos que nem ao menos eu lembro o nome. Apenas das gramas e das árvores que nos acolheram na Ilha.

Eu apenas sentei-me na grama e fiquei olhando para o horizonte. E para zombar de mim, esse horizonte só aumentava a minha vontade de chorar. Como o nosso provável futuro no horizonte não havia nenhum dragão. Nenhuma sombra. Nenhum esboço dessa espécie no quadro daquela paisagem.

O Banguela afundou ao meu lado, mas não disse nada (literalmente). Eu apenas pensava que se algo acontece com eles, seria minha culpa. Que Soluço, o Inútil nunca havia parado de fazer burrices. Era tudo minha culpa. Minha...

–A culpa é toda minha! – eu explodi quase num grito.

Soquei a grama ao meu lado e ignorei a dor em minhas mãos. Grito em dragonês. Porque algum lugar dentro de mim gostaria que o Furioso escutasse e soubesse que estava conseguindo. Era o único dragão que um dia eu odiei com todas as minhas forças. Eu não entendia o porquê dele fazer aquilo tudo.

Banguela levantou a cabeça e olhou-me profundamente. As lágrimas escorriam pela minha face.

–Não é – ele disse simplesmente e calmamente.

–É óbvio que é Banguela. Eu libertei o Furioso e agora todos os dragões sumirão. Porque eu libertei aquele dragão, a Grande Fera do Mar quando me revelei como o Encantador de Dragões e ganhei a sua confiança – eu retruquei. Fechei os olhos com força e continuei. – Eu devia ter simplesmente ficado na Ferraria naquele dia. Uma vez na vida eu deveria ter obedecido às ordens do meu pai e do Bocão. Eu devia ter errado aquele tiro, como sempre errei. Você estaria com os dois lemes agora Banguela. Você seria livre, poderia voar sozinho. Não preso a mim. Ou você deveria ter me matado. E nenhum dragão seria condenado a deixar quem ama e sumir para sempre. Tudo porque... Porque eu não podia te matar as lágrimas corriam com mais força em minha face. Eu começaria a soluçar... – A culpa é minha Banguela.

O mestre pode dizer o que quiser para mim. Usar qualquer argumento, por melhor que seja. Mas o mestre nos libertou. Até hoje estaríamos condenados a obedecer ao Morte Rubra por ordens do Furioso. Até hoje os vikings matariam dragões e dragões matariam vikings pela guerra eterna imposta pela aquela profecia. Eu não teria ninguém, eu estaria sozinho nesse mundo. Eu sou o último Fúria da Noite. Eu não seria livre. Seria sozinho. E não aprenderia a sorrir como os humanos. A amar um humaninho. E muito menos eu seria o Dragão Alpha. Sem falar em te proteger e salvar Berk. Juntos. E desculpa a sinceridade, mas você não estaria casado com a Astrid se não fosse por minha ajuda... – eu arqueei uma das sobrancelhas e depois ri. Como o assunto havia chegado ali? O Banguela continua com o senso de humor em 1000%...

–Duvida do meu charme? – perguntei rindo e secando as minhas lágrimas.

–Com certeza – ele esfregou-se em busca de carinho e vi que tudo que ele disse era verdade. Com exceção de que eu era sem charme (eu acho).

Você apenas quer me animar a qualquer custo – eu falei.

–É o que o Banguela vai tentar.

–Eu só não entendo. Se vivermos com os dragões um dia, porque ninguém nunca falou nada para mim? Ninguém comentou a não ser nas lendas? Ninguém nunca tentou paz?

E isso eram grandes dúvidas que passaram pela minha cabeça.

Há mais de um século atrás, os vikings viviam relativamente em paz com os dragões.

Como era a Berk desse tempo? Eu estava determinado a descobrir. Só havia uma pessoa para eu conversar sobre isso com certeza... Ele saberia.

–Que tal uma visita ao meu pai e minha mãe Banguela? – a menção da minha mãe fez Banguela pular animadamente. E levantamos voo.

*****

Apenas Stoico, o Imenso podia saber sobre a Berk de antigamente. Querendo ou não éramos ligados a Barbadura, o Terrível por sermos herdeiros da liderança.

Mas se todos que vieram depois de Barbadura sabia do passado de Berk, porque ninguém, ou melhor, nenhum líder pensou por um segundo que poderíamos viver em paz como antigamente?

Eu precisava de respostas para as minhas perguntas...

Meu pai e minha mãe passaram a viver em outra casa depois que eu casei-me com a Astrid. Eles simplesmente saíram da casa, sem eu querer. A casa nova deles ficava aos pés do Grande Salão e ao lado da Ferraria.

O Pula Nuvem, dragão da minha mãe, ficava no estábulo assim como os dragões dos meus filhos, porque os abrigos deles ainda não estavam prontos em nossa casa, mas Pula Nuvem era muito grande para os abrigos individuais de dragões. Assim, só Incandescente, o Pesadelo Monstruoso majestoso do meu pai ficava no abrigo da casa deles.

Eu e Banguela aterrissamos em frente a casa deles sem muito barulho. Desci e bati na porta deles.

–Talvez eles ainda estejam dormindo – falei com o Banguela. Então eu ouvi passos.

–Ou talvez não – ele disse. Embora não soubesse se dragões usavam sarcasmo, senti uma dose nessa frase. Eu ri e minha mãe abriu a porta.

–Bom dia filho! – ela disse animadamente e me abraçou. Sempre sorrindo.

Banguela entrou em nosso meio e ganhou um afago da minha mãe.

–O papai está? – eu perguntei.

–Está sim, quer falar com ele? – ela disse enquanto me puxava carinhosamente para dentro. Nós três entramos.

–Sim – eu respondi meio sério.

Meu pai estava sentado em sua poltrona (sim, ele tinha uma enorme poltrona como a sua antiga que ainda está em minha casa). Ele levantou-se quando me viu.

–Olá filho! – ele me deu um de seus abraços bem apertados. Mesmo.

–Também é bom ver você pai – eu falei meio engasgando. Ele me soltou e eu recuperei o ar que faltava nos meus pulmões.

Eu vi Banguela atrás de mim. Ele foi até o meu pai e recebeu carinho dele.

–Quer dizer que você ganha um carinho e eu ganho um abraço que quase me mata? – falei com o Banguela. Com as mãos na cintura e tentando não rir.

E percebo que eu falei com o Banguela. Em dragonês. Opa.

Meu pai me olha assim como a minha mãe, incrédulos. Eu comecei a pensar que poderia ser mais discreto com essa “habilidade”.

–Você falou com o Banguela? – minha mãe perguntou. Eu encarava ainda o meu pai.

–Sim – eu respondi.

–Você falou com ele em dragonês? – eu assenti novamente para ela. Seus olhos brilharam. – Isso é incrível. Você é o Encantador de Dragões. Por isso que o ex Dragão Alpha te reconheceu.

Vi dor nos olhos do meu pai.

–Mas eu tenho uma pergunta para você pai. Por que não me disse que um dia vivemos em paz com eles? Por que não me disse que os dragões viviam entre nós?

–Como você... – ele começou, mas parou.

–Eu simplesmente sonhei com o dragão Furioso e fui falar com a Anciã. E ela contou-me a lenda.

–Porque eu queria te proteger Soluço – ele disse tristemente.

–Proteger? Queria me proteger? De quê? – aquilo não fazia sentido algum.

–Stoico! – minha mãe tirou-me dos meus pensamentos. Eu estava a ponto de explodir. – Conte como era a Ilha primeiro.

–Até você mãe... – eu disse tristemente. Parecia que todos sabiam de tudo menos eu.

–Eu não sabia que você não sabia querido – ela disse.

–Então me conte agora pai. Como era Berk? – eu falei calmamente e sentei-me na frente de sua poltrona. Ele sentou-se nela.

–Antigamente os vikings eram radicais demais. Viviam na luta e no perigo. Acreditavam que tínhamos que preservar o jeito viking de ser. Para você ter uma ideia, não tomavam nem mesmo banho, apenas uma vez no mês. Quanto mais a barba fosse rebelde e embaraçada, mais durão você era. Vikings que tinha gritos de guerra ameaçadores e faziam de tudo para mostrar-se melhor que o outro. Adoravam uma boa briga. Você precisava sempre falar alto e rir alto, com uma voz de trovão.

“Mas nada mostraria que você era mais forte se você não tivesse um dragão. Você só seria considerado um viking de verdade e faria parte da tribo se passasse pela iniciação. Que era capturar e controlar o seu dragão.

Não pense que controlar o dragão para aqueles vikings era ganhar a sua confiança. Você não podia demonstrar amor por nada muito menos pelo seu dragão. E também não era isso que dizia no livro.

Não que os vikings soubessem ler, mas pelo menos um na tribo tinha que saber. E no livro intitulado COMO TREINAR O SEU DRAGÃO a única coisa que dizia era: A regra de ouro do treinamento de um dragão é gritar com ele! (quanto mais alto melhor).

E era exatamente o que fazíamos. Gritávamos.

E mesmo assim vivíamos em paz. Está certo que os dragões não eram leais como são hoje. Na primeira oportunidade desertavam para a sua segurança.

Mas nenhum viking esqueceria os voos com os dragões de montaria. Muito menos dos peixes que os seus dragões de caça traziam. Era incrível. Embora não demonstrassem todos amavam o seu dragão. E embora desertassem, os dragões amavam os seus humanos, os seus mestres. Até mesmo o Furioso”

Eu olhei para ele quando terminou o seu relato. Não era a melhor situação, mas vivíamos com eles. E isso era incrível, mesmo com as circunstâncias.

–Esses são relatos de Soluço II se não me engano. E eu ainda tenho o livro de treinamento de dragões aqui – ele disse, tirando-me dos meus pensamentos.

Ele levantou-se e pegou um livro em sua estante. Limpou a poeira e entregou-me.

O livro tinha uma capa extremamente grossa, com fechos dourados enormes, e que o Professor Traste (sim, era o nome do autor do livro. Lembre-se: nomes assustadores para afastar gnomos e trolls) cobriu com letras elaboradas em ouro.

Pessoas elogiavam o livro na parte de dentro da capa, dizendo que mudara a sua vida. Mas só havia um único capítulo que dizia o que meu pai informara.

A regra de ouro para treinar um dragão é...

GRITE COM ELE!

(quanto mais alto melhor!)

–Ele não era a pessoa mais esperta para escrever isso – eu falei, entregando o livro ao meu pai. – Você não viveu naquela época né?

–Não, eu não vivi. Quando eu era pequeno já havia retornado a leitura até. Foi meu avô que mudou tudo.

–Mas se vivíamos em paz, mesmo desse jeito maluco, porque ninguém cogitou tentar novamente?

–Por causa da profecia do dragão Furioso. Todos os líderes sabiam.

–Eu sei da profecia. E sei também da lenda. Mas estaríamos em paz. Isso era maior do que qualquer outra coisa. O Furioso não ameaçou os humanos diretamente.

–Ninguém quis arriscar. Isso só faria mal a todos.

–Por que não me contou? Não havia problema nenhum me contar sobre isso. Você falou algo sobre me proteger, mas eu não entendo pai.

–Por que... Quando você nasceu... A Senhora dos Nomes mostrou seu destino. Que você sofreria muito por amar um dragão.

–O quê? Como assim? – eu fiquei mais confuso ainda.

Levantei-me andando de um lado para o outro da sala, tentando organizar os meus pensamentos.

–Sente-se Soluço – meu pai falou. – Vou lhe contar sobre a minha visita à Senhora dos Nomes.


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Notas finais do capítulo

Bom, Berk era basicamente a Berk dos livros. Então foram todos os livros que me baseei. Só peguei o livro Como treinar o seu dragão do livro da série, Como treinar o seu dragão (isso foi confuso, concordo). Dentro do livro Como treinar o seu dragão, o Soluço comenta sobre o livro que os vikings usavam para treinar os vikings, que eram as palavras que coloquei. o livro se chamava Como treinar o seu dragão também (acho que agora ficou mais claro).
Enfim, no próximo entenderemos um pouco mais das razões de Stoico, o Imenso. É, mais ou menos. Espero que tenham gostado. Mesmo. Achei esse capítulo enorme, mas eu gostei dele...
Obrigada por todos os reviews encorajadores meus leitores mais amados do mundo!!
Para quem ainda não viu o trailer da fanfic, o link está nas Notas da Autora na página inicial da fanfic. Não ficou muito bom, mas espero que gostem.
Até o próximo capítulo,
Temp