Banguela e eu subimos até estarmos totalmente escondidos pela neblina densa. E eu acho que ainda não dei detalhes sobre a minha outra armadura.

Eu projetei uma armadura anti-chamas. O material que eu utilizei é feito totalmente de peles de dragões. Bom, os dragões não duram para sempre de qualquer forma... Infelizmente.

Além disso, a armadura era totalmente preta. Portanto eu conseguia me camuflar junto com o Banguela no céu. Mas a armadura era igual à outra, apenas mudei a cor e o material.

Os pilotos então se separaram. Astrid liderou o grupo da água, como era de se esperar. Ninguém contestou as suas ordens. Ela podia fazer planos de treinamento muito difíceis, mas o que ela fazia, sempre dava certo.

–Cubram o lado leste gêmeos e Melequento – ela disse aos outros e eu tenho certeza que ela pensou: Que eles se matem longe de mim.– Eu e você cobrimos o lado sul Perna de Peixe.

–Nós cobrimos o lado norte e oeste da montanha Astrid – minha mãe disse. Ela havia assumido o grupo da luz. – Pequenos gêmeos, eu irei com vocês para o lado oeste. Vocês podem ir sozinhos cobrir o lado norte queridos? – ela dirigiu-se a Ágda e Einar.

–É claro, não se preocupe – Ágda disse. – Vamos Einar?

–Vamos – ele ficou muito receoso de deixar a sua mãe e sua avó sozinhas, mas pelo menos ele protegeria e estaria com Ágda.

Eles separaram-se e cada um cobriu a parte que coube a eles.

–Eu não gostei nem um pouco dessa montanha – Melequento disse mais para si mesmo do que para alguém em especial.

–É mesmo, parece estar cheia de fantasmas – Cabeça Dura disse com um ar assustador.

–Deixe de ser idiota, vikings não acreditam em...

Bom, o Melequento teve que contestar suas ideias, pois foi interrompido por um vulto preto que passou em sua frente.

–Os balões! – Cabeça Quente gritou.

Por incrível que pareça, o casamento fez com que ela ficasse mais esperta e com o raciocínio mais rápido (na maioria das vezes). O Melequento ficou menos arrogante, mas ainda é um pouco lerdo para certas coisas...

Eles armaram-se rapidamente. E o vulto tomou forma. Era um Exterminador.

Eles eram ainda mais assustadores de perto. Os olhos mostravam nenhuma piedade para os pilotos com balões de água nas mãos. Aqueles olhos eram feitos para intimidar.

A mira dos pilotos estava ótima para aqueles que estavam nervosos (e com um pouco de temor, não medo), de modo que conseguiram acabar com vários dragões. Mas milhões ainda estavam por vir.

Astrid e Perna de Peixe estavam de costas para o lado sul da montanha quando escutaram um ruído. E quando se voltaram para a maior montanha de Berk uma massa preta de Exterminadores desciam pela montanha. De seu interior. Não da Caverna.

–Eu pessoalmente irei matar o Soluço – Perna de Peixe falou. – Eu odiei isso desde o início – ele estava quase gritando.

–Isso se nós ainda estivermos vivos até o encontrarmos. E ele também – Astrid disse em um suspiro. – Recuar para o início da floresta! – ela gritou para algum dos pilotos que estivessem por perto.

Bom, e os gêmeos e o Melequento também gritaram. Mas de medo mesmo, digo temor. Mas pelo menos eles vieram voando na direção certa.

–Vamos recuar – ela disse quando os avistou.

–O que iremos fazer? O que iremos fazer? – Perna de Peixe estava à beira de um ataque cardíaco enquanto voltavam para o início da floresta.

Minha mãe estava do outro lado da montanha e também reparou os Exterminadores. Não tinha como não reparar.

–Ah não, o que iremos fazer? Se nos aproximarmos eles iram atacar – ela disse para si mesma. – Vamos para a floresta crianças. Astrid deve estar por lá – ela disse a Liv e Bruce. E os gêmeos seguiram minha mãe de volta ao início da Floresta.

Einar e Ágda observavam a nuvem de Exterminadores no lado norte da Montanha.

–Ágda, você terá que vir para o Sombra para nos camuflarmos – Einar disse-lhe.

–Mas e a Chama Crescente? – ela perguntou preocupada.

–Ela tem que voltar para Berk agora! Nós precisamos arranjar um jeito de aumentar o alcance da luz dessas lanternas – ele disse. Ele já tinha um plano em sua mente.

Ela despediu-se de Chama e a sua obediente dragão voltou para Berk. Ágda montou em Sombra com seu arco, pequena bolsa e deu sua lanterna para Einar. Um pouco de sol iluminou um lado da montanha o que deu outra ideia ao Einar.

–Eles vão voltar para dentro com esse sol e nós não podemos deixar – Einar disse, referindo aos dragões Exterminadores. – A caverna no topo tem que estar livre para o papai. Você tem um espelho? – ele virou-se para a sua irmã.

–Tenho, mas por que você... – e como se entendesse o plano meio doido de Einar, ela sorriu e lhe passou o espelho.

–Sombra, camuflagem! – Einar falou para o seu dragão, que virou o seu nublado.

Astrid também pensou num plano.

–Vamos fazer um ataque só, por cima dos Exterminadores. Jogaremos de uma só vez todos os balões voando por cima da nuvem dos dragões – ela disse. – Na verdade, guardem uns cinco balões com vocês, é melhor prevenir.

Eu disse que os planos dela eram meio loucos. Mas era a única coisa que poderiam agarrar-se no momento. Eles organizaram o que iriam precisar e guardaram alguns balões com eles.

–Prontos? – Astrid perguntou. Eles assentiram confiantes. – Comecem pelo pé da montanha. Eles vão descer e liberaremos o topo.

Os cinco partiram e de uma vez só jogaram os balões com água nos dragões em baixo deles. Como se ácido fossem jogado neles, os Exterminadores reduziam-se a cinzas. Literalmente.

Boa parte dos Exterminadores sumiu. A essa altura, até minha mãe e os gêmeos juntaram-se ao grupo e jogaram seus últimos (e únicos) balões de água.

O grupo de dragões reduziu-se pela metade. Jogado de cima, a água teve um alcance maior.

–Recuem! – Astrid disse. E eles voltaram para a floresta.

O plano de Einar foi ainda melhor. Eles utilizaram o espelho de Ágda para refletir a luz do sol sob a Montanha e consequentemente sobre os dragões Exterminadores.

Sombra subiu o mais alto que pôde devido ao vento forte. Einar e Ágda, invisíveis ao olho dos dragões, refletiram a luz do sol na Montanha, com o espelho de tamanho médio.

Eles direcionaram do topo ao pé da montanha. Quando eram tocados, os Exterminadores queimaram e viraram cinzas do mesmo modo que com a água. Somente poucos Exterminadores restaram, os que estavam embaixo dos outros que foram queimados. O sol sumiu, mas o topo da montanha estava livre.

–Vamos até os outros – Einar disse.

Todos os outros pilotos estavam reunidos pensando no que fazer a seguir. Já haviam lutado com alguns Exterminadores que avançaram neles algumas vezes. E provaram de suas garras. Então Einar e Ágda surgiram. Astrid suspirou de alívio.

–Juntem todas as lanternas – Einar disse. – Espero que funcione – ele murmurou para si mesmo. – Vamos usar o espelho para refletir. Fizemos isso do outro lado com a luz do sol, espero que dê certo.

–Mãe, Ágda e gêmeos. Vão até o outro lado. Há alguns dragões reunidos. Joguem o resto dos balões neles – Ágda montou em Tempestade com Astrid e eles foram rapidamente.

–E agora pequeno Soluço? – Melequento perguntou. Einar apenas sorriu desafiadoramente.

–Vamos terminar com esses aqui! – ele disse simplesmente.

A luz refletiu das lanternas e os Exterminadores viraram cinza como Einar havia planejado. A água virou ácido e queimou os outros Exterminadores com Astrid, Ágda e os gêmeos Liv e Bruce.

Restou apenas um Exterminador para cada viking ali lutar. Apenas dez.

Machados, espadas, clavas, flechas.

E enquanto lutavam bravamente, não puderam evitar olhar para cima quando escutaram o ruído balístico de um Fúria da Noite, mesmo não vendo nada no céu.

E após cada um ali virar herói, a população dos Exterminadores reduziu-se a zero.

Exaustos, sentaram no pé da montanha e esperaram o Encantador cumprir a sua missão.