Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 15
Parte 3: A Primeira Tarefa


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos!!
Esse capítulo ficou mais do que gigante.. Mas espero que gostem e não surtem. Mesmo.
Agradeço pelos comentários maravilhosos.
Até as notas finais...



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De onde eu estava com o Banguela no céu ainda podíamos avistar Einar e Ágda observando o Ponto Culminante. Bom, até a hora em que os dois desaparecerem no céu e a Chama Crescente passou por nós.

–Chama! – eu a chamei. A nobre Pesadelo veio até mim, relutando um pouco contra o vento forte. E naquela altitude os ventos não estavam nem tão fortes. Não pelo menos para mim e Banguela. – O que houve Chama?

–Acho que Einar tem um plano e pediu que eu voltasse para Berk Encantador – havia um ar de admiração sem a voz que me fez sorrir. A sempre fiel Chama Crescente.

–Sem isso comigo Chama. Sou apenas um treinador, apenas o Soluço – acariciei sua cabeça. – Agora volte para o Estábulo está bem? Eu tenho certeza de que Ágda vai ir até lá hoje, talvez mais tarde, para ver se está tudo bem contigo. Ela ficará segura, não se preocupe.

–E eu espero que isso se cumpra. Até mais Alpha. Até mais Encantador

E ela se foi, sem falar mais nada. Eu e Banguela nos entreolhamos. E por fim eu dei de ombros.

Então eu vi uma estranha luz vinda do nada e atacando os Exterminadores. Os dragões reduzindo-se a cinzas. Mas... Aquela luz... Não estava vindo do nada...

–Einar – eu sussurrei. Ele tinha talento para planos, eu tinha que admitir isso...

Vi que o topo da montanha naquele lado estava livre. Não sabia quanto ao outro lado, mas eu sentia que estava seguro também. Eu confiava em todos os pilotos de dragões.

–Vamos lá Banguela, eles já fizeram a sua parte. Falta nós dois fazermos a nossa agora – eu disse, dando tapinhas carinhosos em seus pescoço.

Nós aumentamos a altitude, indo em direção ao topo da Montanha. E o vento ficou bem mais forte. Mas não era nada que um Fúria da Noite não enfrentasse...

Eu mudei a marcha do leme e o Banguela aumentou a velocidade. Fiquei preocupado com a ideia de dragões Exterminadores vindo atrás de nós. Mas disse a mim mesmo que eles não enfrentariam aquele vento forte a procura de invasores. E agarrei-me a certeza de que eles haviam sido exterminados. O que soa meio irônico de qualquer forma...

Avistamos a entrada da caverna, feita de pedras calcárias. Banguela aterrissou na boca da Caverna, que bloqueava a maior parte dos ventos fortes. Dou uma série de ordens para mim mesmo em meus pensamentos.

Você não dever tremer Soluço.

Você não deve parecer assustado Soluço.

Você deve prestar atenção em tudo Soluço.

Você deve manter a calma Soluço.

A primeira coisa que avistei, bem em cima da boca da Caverna, foram oito círculos de ouro com algo desenhado dentro de cada um deles. E quando me aproximei e observei mais atentamente cada círculo vi que os desenhos eram de dragões.

E não eram desenhos de dragões quaisquer. Eram as classes dos dragões. Cada uma delas. Para me acalmar, relembrei os nomes e alguns dragões de cada classe...

No primeiro círculo estava a Classe Brasa, com um Pesadelo Monstruoso desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como os Terrores Terríveis, Pesadelos Monstruosos e Vermes de Fogo.

No segundo círculo estava a Classe Rocha, com um Gronckle desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como Suspiros da Morte, os Gronckles e os Gritos da Morte (embora apenas eu só tivesse visto um em toda a minha vida).

No terceiro círculo estava a Classe Pavor, com um Zíper Arrepiante desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como os Arma Ciladas e os Zíper Arrepiantes.

No quarto círculo estava a Classe Afiada, com um Nader Mortal desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões os próprios Exterminadores, os Machadragos e os Naders Mortais.

No quinto círculo estava a Classe Marinha, com um Escalderível desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como os Tambores Trovões e os Escalderíveis (bom, eu atribuo a essa classe a Besta Implacável, mas eles foram atribuídos à sexta classe).

No sexto círculo estava a Classe Mistério, com o Quebra Ossos desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como os Quebra Ossos e as Bestas Implacáveis (pelo menos foi a essa classe que o Perna de peixe atribuiu a eles, pois quando o Banguela tornou-se o Alpha, não havia mais a chamada classe Alpha. E eu concordo, pois as Bestas Implacáveis ainda são realmente um grande mistério).

No sétimo círculo estava a Classe Relâmpago, com um Fúria da Noite desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como os Estridentes (ou o Skrill) e os Fúrias da Noite (bem o Fúria da Noite, o Banguela).

No oitavo círculo estava a Classe Furtiva, com um Transformasa desenhado como seu símbolo. São dessa classe alguns dragões como os Sombras Mortais, os Transformasas e muitos outros dragões que podem estar ao seu lado sem que você nem perceba.

Dei um passo para trás. Desconfiei de tudo aquilo.

–Como eles atualizaram as Classes de Dragões? – eu perguntei a ninguém em especial. Mas como foi em dragonês, a pergunta era dirigida ao Banguela. – A Classe Mistério foi atualizada quanto ao seu símbolo, pois surgiu a Classe Furtiva e o Transformasa virou o símbolo dela. Mas fomos nós Berkianos que atualizamos as classes. Eu atualizei o Livro dos Dragões. Como isso... Como...

Eu fiquei cada vez mais confuso e cada vez mais desconfiado. Observei atentamente o sexto e o oitavo símbolo. Eram mais novos, assim por dizer. Parecia que alguém havia atualizado as classes recentemente. Ou... Que no passado sabia do futuro.

A Caverna Oculta, no centro de Berk! A história do meu pai sobre porque queria proteger-me! Essa é a Caverna da Senhora dos Nomes! – eu exclamei e Banguela arregalou os olhos. Mas aquilo realmente fazia sentido. Senti-me um burro por não ter ligado as coisas.

–Acho que o Mestre e o Banguela só irão descobrir se entrarmos nessa Caverna.

–Eu concordo Banguela. Vamos entrar.

Acendi a minha lanterna e entramos, sendo engolidos pelas pedras. O interior da Caverna, muito amplo por sinal, era muito bem iluminado pela luz de vários archotes de modo que a minha lanterna mostrou-se inútil.

Minhas hipóteses começaram a ganhar forças. Ninguém viveria ali. Se ninguém saiu vivo dali, quem mais viveria lá além da Senhora dos Nomes para acender os archotes?

Isso parece ser uma armadilha amigão, não importa de quem seja. Temos que ficar mais do que atentos aqui – eu disse, enquanto saíamos da sala principal e avançávamos no corredor iluminado por archotes nos dois lados.

Dispensei minha lanterna e acendi a minha espada flamejante, deixando a outra em meu cinto. Banguela me acompanhava de perto em posição de ataque.

Avançamos no interior da Caverna e nos deparamos com uma parede. Havia uma espécie de bifurcação. Havia dois corredores: um que corria para a direita e outro que corria para a esquerda.

Mas havia algo escrito naquela parede. Mas não eram as runas dos vikings, ou latim, ou francês... Não era nenhum idioma que eu aparentemente conhecia... E olha que eu estudei vários outros idiomas.

Acho que foi aqui que os outros fracassaram. Sinto que esse texto é muito importante para qualquer direção que a gente tome Banguela – eu disse tristemente. – Mas que língua é essa afinal?

Avancei em direção a pedra e archotes acenderam-se automaticamente, iluminando-a. Guardei minha espada.

Seja Bem Vindo à Caverna Oculta.

Era o que estava escrito na primeira linha. Eu havia lido. Soltei uma espécie de grito abafado e dei um pulo para trás.

–O que foi Mestre? – Banguela olhou-me preocupado e se pôs em minha frente.

Não é nada, é só que... Eu conseguir ler, pelo menos a primeira frase. Isso é... Estranho – eu comecei a raciocinar rapidamente. – Isso é dragonês! – eu exclamei. De alguma forma eu tinha certeza disso.

Banguela me olhou de um jeito esquisito, com uma expressão que dizia que eu estava realmente louco.

–Dragões não sabem escrever ou ler – ele disse num tom que mostrava que era óbvio o que havia acabado de me falar. Quase ri da sua expressão hilária.

Eu sei Banguela. Mas essa é realmente a Caverna da Senhora dos Nomes. Dragões não sabem escrever, mas humanos sim. Lembra como era Berk de antigamente? Do meu sonho com o Furioso? O dragonês é a língua primitiva e que todos sabia falar. Mas Barbadura baniu. E essa Caverna é realmente primitiva.

O Mestre está certo – ele ironizou e eu rolei os olhos rindo. – E está mais do que óbvio que aqui é a Caverna Oculta e que a Senhora dos Nomes escreveu isso. Mas o que está escrito afinal?

–“Seja Bem Vindo à Caverna Oculta. Se você conseguiu ler essas palavras, ou vive no tempo em que elas foram escritas, ou é o próximo Encantador de Dragões. Mas eu tenho mais do que certeza de minhas visões. Tenho motivos fortes para me curvar diante do Terceiro Soluço.” – ela sabia o meu nome. Estremeci. Ela sabia do meu Futuro. Ela era a Senhora dos Nomes. – “Sei que procura por algo muito importante e poderoso. E esse algo está no corredor a sua esquerda. E se não é prudente e o seu único objetivo é o poder, vá em frente. Vire à esquerda”. O quê? Não é porque eu não seja prudente ou porque quero poder que eu buscaria a Pedra de Fogo. Ela sabe muito bem disso – eu xinguei mentalmente a Senhora dos Nomes, mas continuei a leitura. Estava começando a me irritar com ela. – “Mas se quer as respostas para as suas perguntas, siga pelo corredor a sua direita. Não posso dizer mais nada. Eu sei que você virá. A curiosidade te vencerá. Até, Encantador.”.

Balancei a cabeça incrédulo com o que acabara de ler. Banguela ria ao meu lado. Ele saberia que eu não aguentaria aquele desaforo da Senhora dos Nomes. Recuperei a calma, respirando profundamente.

Vamos logo Banguela.

–Tenho certeza que o Mestre estava xingando a Senhora dos Nomes até agora – olhei para ele com as mãos na cintura.

–Muito engraçado, dragão tratante. Agora vamos.

–Mas para onde o Banguela e o Mestre vão?

Apenas virei-me para o corredor da direita...

*****

Seguimos pelo corredor pelo o que me pareceu horas. O Banguela não tinha espaço para voar e restou que nós andássemos a pé. Conforme avançávamos, os archotes acendiam pelo corredor (acho que não disse ainda como isso era assustador).

Finalmente chegamos ao fim do corredor. E fomos recebidos com uma parede.

–Isso só pode ser brincadeira! – eu estava muito irritado com a Senhora dos Nomes como você pode perceber.

Acendi minha espada e iluminei a parede. As palavras surgiram: “Siga Encantador”.

–Eu reconheço o seu poder irônico, pedindo para que eu siga.

–Não tem nenhuma passagem secreta?– Banguela perguntou, cheirando a pedra.

Segui seu conselho e tateei a pedra. Não havia nada.

Você deve raciocinar agora Soluço.

Você deve seguir Soluço.

Siga Encantador.

Comecei a andar em direção a pedra calmamente.

Siga Encantador.

Fechei os olhos e quando senti a pedra fria em meu nariz, a mesma se mexeu. E abriu a passagem. Abri os olhos e deparei com uma sala iluminada.

–Muito inteligente. Venha Banguela – mas quando eu me virei para trás, encontrei apenas a pedra. A passagem fechou-se quando o Banguela tentou passar por ela. Eu estava preso. E Banguela de alguma forma também.

Comecei a bater enlouquecidamente na pedra. De tanto gritar cheguei a chorar de raiva.

–Banguela! Banguela! – eu gritei. Mas a pedra não se mexia. Ignorava-me completamente.

Eu escutava o Banguela me chamar do outro lado em tom de lamento. Ele atirou na pedra. Seis vezes. E lá se ia o seu limite de tiros.

–Banguela para, acalme-se! – eu gritei. – Eu vou sair daqui amigo, não se preocupe. Eu vou achar ela.

Virei-me e encontrei-me novamente no quarto iluminado. Desci as escadas a minha frente. No centro da sala, no centro de um círculo de velas, uma pessoa estava sentada de costas para mim. Seu cabelo grisalho em uma trança mostrava que a cor natural do seu cabelo era ruivo. Uma mulher.

–Senhora dos Nomes? – enxuguei as lágrimas e dispensei o dragonês com ela.

Ela pareceu reparar-me e ouvir-me. Ela levantou a sua cabeça.

–Não, eu não sou a Senhora dos Nomes, mas a caverna me contou que estava aqui – sua voz era áspera, como se não falasse há muito tempo, o que era bem provável. Mas era uma voz melodiosa.

–Que ótimo! Não sei quem você é, mas você sabe quem eu sou creio eu. E agora abra aquela porta, passagem, seja lá o que for! E deixe o meu dragão entrar! – eu apontei para a pedra.

–Você é o Soluço Terceiro? – ela virou-se para mim com os olhos brilhado.

Ela era uma mulher muito parecida com a Gothi, mas um pouco mais velha e bem mais alta. Revelava que fora uma mulher muito bonita.

–Você sabe que sim! Eu sou o líder de Berk. Eu sou o primeiro treinador de dragões nessa nova Era, o Encantador de Dragões. E estou aqui pela Pedra de Fogo. Abra aquela porta!

–Bem Vindo Soluço Spansitocus Strondus III – ela mantinha a calma. – Peço desculpas, mas apenas o Encantador pode entrar aqui, mesmo o seu dragão sendo o Alpha. A Caverna o reconheceu Encantador e iluminou o seu caminho. Ela também reconhecera o Alpha. Não se preocupe.

–Então ele estará bem – eu diminuí o volume da minha voz e respirei fundo. Acalmei-me. – Se a Caverna reconhece todo mundo... O que aconteceu com aqueles que vieram antes de mim?

Mantenha a calma Soluço.

–Permita-me contar uma história? – eu assenti e ela sorriu.

“Essa Caverna tornou-se como é hoje devido à outra Senhora dos Nomes, a minha antecessora, há muito tempo atrás. Ela esculpiu tudo o que tem aqui dentro. As sete classes dos dragões na entrada e os dizeres na pedra, embora eu tenha adicionado a última classe e as últimas frases na pedra. Porém ela exercia o seu trabalho na entrada. As pessoas vinham, ela dizia o nome da criança e então a sua profecia para aquela pequena vida.

Mas um dia o líder veio até aqui. E a Caverna reconheceu o Encantador em seus braços. Ela sabia que algo grande aconteceria e então ditou sua profecia. Que o Terceiro Soluço sofreria por amar um dragão.

O líder disse que mudaria o destino de seu filho. Porém ele não poderia ser mudado. Ela viu o seu futuro. Estava traçado. E desde então ela sabia que aquele bebê viria buscar a Pedra do Conhecimento um dia. Você viria.

Ela preparou tudo desde então. Aboliu o seu título de A Senhora dos Nomes. Aboliu a tradição de ela dar os nomes aos herdeiros de cada viking. E ninguém mais frequentou a Caverna para esses fins.

A Anciã escolheu sua própria irmã para continuar quando a última Senhora dos Nomes se foi. Para seguir o seu destino. E aqui estou eu. E por isso não sou a Senhora dos Nomes, mas alguém que continuou a sua missão. Sou aquela que continuaria a sua espera.

Então só o Encantador entraria na Caverna Oculta, claro, com o seu dragão que seria o Alpha. E todos que vieram antes de você foram mortos pela própria Colina Grande. O Ponto Culminante. Pois eram movidos pela ganância de possuir a Pedra de Fogo.

Mas você não quer possui-la para ter poder. Você quer a pedra para devolvê-la ao seu dono. A quem a deseja. A quem o destino disse que pertence. Ao Dragão de Fogo.”

Absorvi a história. Ela era realmente parente da Anciã. Era a sua irmã. E ela me esperava para cumprir o que destino havia traçado há anos.

–Certo – eu suspirei. Muitas pessoas sabendo sobre mim ainda. – Mas por que o dragão quer a Pedra? Sei que é algo relacionado ao conhecimento. Mas o que exatamente?

–A Pedra de Fogo irá dar a ele o conhecimento de tudo. Com base nos fatos ele poderá prever o incerto Futuro. A pedra vai retornar ao seu dono, o que deve ter todo o conhecimento.

–Então eu estou fazendo a coisa certa? Quero dizer, você sabe que quero a resposta para uma pergunta, eu imagino.

–Quanto ao que você quer saber, ou melhor, sobre quem você quer saber... Você sabe que não pode mudar o destino Soluço. O que está para acontecer é o que acontecerá. Não importa o que você faça.

–Não posso nem ao menos tentar? – eu sentia-me triste, impotente.

–Mas é claro que você pode. Pode fazer o que quiser. Isso não quer dizer em todo caso que mudará algo. Apenas siga o seu coração Soluço.

Houve um silêncio perturbador. Para pensar.

O Banguela era o meu melhor amigo. Que aprendeu a sorrir comigo. Que foi forte. Que me apoiou. Que me protegeu. Que me ajudou. Que estava sempre comigo, mesmo nas piores situações. Eu não tinha que pensar.

Agora você vai fazer a coisa certa Soluço. Essa era a minha ordem para mim mesmo.

–O que o seu coração diz Soluço? – ela perguntou enfim.

–Que eu devo ir até o fim pelo Banguela. As chances podem ser poucas, mas com bem menores chances ele não desistiu de mim. Eu vou lutar por ele.

Ela sorriu satisfeita.

–Muito bem Soluço. O seu coração é mais do que puro. E eu cumpro a minha missão. Siga pelo corredor da esquerda agora. Mas quando pegarem a pedra, vocês dispõem de um minuto para sair da caverna. Ela desmoronará.

–Mas... Mas e você? O que vai acontecer com você? – eu perguntei preocupado. Ela lembrava-me muito a Gothi.

–Eu já cumpri o que fui fadada a cumprir com êxito Soluço Terceiro. Agora posso ir em paz. O meu tempo aqui já acabou – ela deve ter notado a pena e tristeza em meu olhar. – Não precisa se preocupar comigo Soluço. Eu ficarei feliz se você estiver a salvo. Eu cumpri a minha missão.

Ela pegou algo e colocou em meu pescoço.

–Sempre gostei do Fúria da Noite – ela diz. – Fui eu quem fiz esse amuleto para você. Guarde-o em um lugar seguro.

E eu guardei para sempre.

–Mas agora você deve ir. E não pense em mim está bem? – lembrei-me da Astrid que pediu que eu não pensasse em ninguém enquanto eu estivesse na Caverna. – E nem nela – eu revirei os olhos. Ela parecia ler os meus pensamentos, eu sorri. –Vá.

A pedra/ porta abriu-se e eu subi as escadas.

–Soluço! – virei-me para ela. A última vez que vi seu rosto. – Eu sou Walquíria a que escolhe os mortos. Eles estão bem. Eu não os escolhi hoje. E que as valquírias lhe levem para os bons ventos. Eu não me importarei se estiver irritado comigo.

–A Gothi tem uma ótima pessoa como irmã. Tão boa quanto ela. Quando eu me lembrar de você nunca sentirei raiva. Apenas gratidão por ter me esperado.

–Eu que agradeço Encantador – ela disse em uma reverência, colocando um dos joelhos no chão. – Por ter me dado a honra de te ajudar.

Eu saí do cômodo e as portas se fecharam. Levando Walquíria para o esquecimento. Não para o meu esquecimento. Banguela pulou em cima de mim, derrubando-me no chão.

–Mestre! Você está bem? – eu ri. Ele parecia um filhote de cachorro gigante.

–Que bom te ver também amigo. Depois de pegarmos a Pedra, temos um minuto para sair daqui de dentro da caverna. Será que vamos conseguir?

–Não viemos aqui para morrermos debaixo das pedras, não é Mestre? Banguela e o Mestre são inteligentes e vão conseguir.

Peguei a bolsa para a Pedra e observei o amuleto de Walquíria. O desenho de um Fúria da Noite. Eu sorri.

–Vamos lá então!

Voltamos até a Pedra em Dragonês. “Sei que procura algo. E esse algo está no corredor a sua esquerda.” Eu passei a mão pelas últimas frases da eterna Senhora dos Nomes. E sem hesitar, seguimos pelo corredor da esquerda, que tinha uma largura bem maior que a do outro.

–Consegue voar aqui Banguela.

–O Banguela consegue Mestre.

–Muito bem, nós vamos conseguir.

O corredor era curto. Chegamos a uma escada que se abria em um pequeno quarto com um pedestal no centro. E nele havia uma pedra deslumbrante.

Ela brilhava, vermelha e poderosa, com chamas que bruxuleavam na parte inferior. A Pedra de Fogo. Ela era incrível.

–Preparado amigo? Uma fuga rápida. Fique no topo da escada.

–Certo Mestre.

Observei-o subir. Avancei em direção ao pedestal. Havia uma frase nele. “Se chegou aqui da maneira correta, o Dragão de Fogo te espera.”.

Coloquei cuidadosamente a pedra na bolsa e corri. Subia os degraus no máximo de velocidade que a minha perna falsa permitia.

Montei agilmente em Banguela e abri o leme. O som balístico do Fúria da Noite ecoou por todas as paredes da Caverna.

Mas quando chegamos ao corredor que dava para a saída da Caverna, tudo começou a tremer. As estalactites começaram a cair no chão, o que era perigoso para nós.

Que ótimo! – eu gritei.

Mudei a marcha do leme e o travei. O Banguela ainda se salvaria se eu não conseguisse. A poeira ficou grudada em meus cabelos, na minha armadura, em tudo. Algo raspou meu supercílio e eu fiquei um pouco tonto.

Vamos Banguela, confio em você para nos tirar daqui.

Eu não enxergava direito a saída. Via várias pedras e pensei que estávamos presos para sempre. Novamente o som do Fúria da Noite ecoou no Ponto Culminante. E então eu vi o céu azul ou meio avermelhado, eu não conseguia distinguir sua cor. E eu tinha a certeza que o Banguela havia conseguido nos salvar. Ou pelo menos a ele mesmo.

Meio embaçado eu via a Montanha cair.

Adeus Walquíria.

Eu não teria conseguido sem você.

E então eu apaguei, caindo na cela do Banguela. Preso a sua promessa de não deixar nada acontecer comigo...


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Vocês estão quase morrendo do coração??
Enfim.
Livros do Capítulo:
*Como falar Dragonês;
*Como trais o herói de um dragão;
*Como treinar o seu viking;
Certo. Eu utilizei todos os mapas de Berk. A Caverna Oculta não fica no mesmo lugar do ponto Culminante. Mas se não fosse, não daria para colocar a Walquíria aqui. O Soluço fala várias língua no livro. Latim, em Como Falar Dragonês, Francês... Isso não era muito apreciado, pois os vikings deveriam ser burros...
A Pedra de Fogo era utilizada para ter poder na Coisa (reunião anual das Tribos). Mas claro que mudei tudo aqui.
Sobre a frase: "Adeus Walquíria. Eu não teria conseguido sem você." Foi tirado de Como trair o herói de um dragão. Essa frase era dirigida ao melequento. tenham uma ideia do que aconteceu com ele... É exatamente isso.
Significado do nome Walquíria: A que elege os mortos.
Acho que é só isso.
Ah, Quem vai torcer para HTTYD2 hoje no Oscar 2015?? lol Vamos ganhar!!
Até o próximo capítulo meus amores... Um beijo,
Temp