Sol da Meia-Noite escrita por Manuela Freitas


Capítulo 5
Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Comentem, deixem suas críticas e opiniões. =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592494/chapter/5

Acordei por volta das duas da tarde. Tudo da noite passada era como um pesadelo. A diferença é que eu sabia que havia sido real. Mas, não me lembrava de chegar em casa.

–Jacob! – Me desesperei

–Estou aqui – Ele apareceu sorrindo, com uma bandeja.

–Que bom que está – Ele me olhou e sorriu novamente. Sentou-se na beirada da cama.

–Meus pais estão muito bravos? –

Ele permaneceu quieto. Sério.

–Eles acharam que você devia se alimentar. Eu também acho –

–Certo – Abracei meus joelhos – Vou à floresta

–Sangue animal não vai te saciar se está com sede de sangue humano – Ri assim que ele terminou a frase. Ele revirou os olhos.

–Tirou isso de algum livro do Carlisle? Desde quando entende de vampiros?

–Aqui está – Ele abriu a tampa que de metal que escondia uma bolsa de sangue.

–É uma piada, certo? – Parei de rir - Por que você não está rindo? – Suspirei – Eles achavam que trazendo você me convenceriam a beber sangue humano?

–Eles não estão tentando te convencer. Você precisa. Não me faça te obrigar.

Acabei aceitando. Apertei o plástico da bolsa, parecendo um dependente químico com drogas. Tinha o gosto incrivelmente bom.

–E as meninas? Meu deus Jake. Eu quase ataquei Gwen! – Joguei a bolsa vazia no chão – Você as buscou? Eu preciso ligar...

–Ei, calma. Eu disse que a elas que Carlisle havia descoberto. Que ele buscou você. Elas entenderam. Edward as buscou, fui junto e trouxe minha moto.

–Onde meus pais estão?

–Foram visitar o Charlie. Ele estava preocupado.

–O quê? Contaram para o vovô?

–Contei pro meu pai. Ele contou ao Charlie.

–Contou que eu fiquei fissurada por sangue? Jacob ele não pode saber! –Ele sorriu e respirou lentamente, insinuando para eu me acalmar.

–Ele disse que você saiu e escondido Ness, e – Respirei aliviada.

Pensei por alguns segundos sobre a dedicação dele. Jacob merecia mais do que minhas dúvidas. Mas, ele realmente me amava e faria qualquer coisa por mim. Talvez eu não pudesse amá-lo da mesma forma. Mas, eu poderia ao menos tentar. Eu estava confusa.

–O que eu faria se não tivesse você? – Perguntei. Minhas bochechas coraram no mesmo instante, abaixei a cabeça. Pude ouvir o coração dele disparar.

–O que eu seria se não tivesse você? – Estremeci, levantei a cabeça por um segundo e abaixei novamente.

Ele se curvou e posicionou os antebraços em cima dos joelhos. Levantou-se e me encarou.

–Obrigada – sussurrei – Ele sorriu e caminhou até a saída do quarto.

Melhor se arrepender de ter feito do que não fazer. Certo?

Eu pensava em milhares de coisas ao mesmo tempo. Então deixei minha razão me guiar.

–Jake – Minha voz por pouco não falhou. Ele me olhou surpreso com os olhos saltados.

–Nessie? – Corri ao seu encontro. O olhei por milésimos de segundo. Levantei minha cabeça para poder vê-lo. Aproximei-me de seu maxilar. Encostei minha testa perto de seu pescoço. Ele pegou delicadamente em meu queixo, levando meus lábios até os seus.

Fiquei em êxtase. Era incrivelmente bom. Jacob tentava manter as pernas firmes. Eu segurava levemente em seu pescoço, com os polegares em seu maxilar. Ele segurou centímetros acima de minha cintura.

Era delicado, ao mesmo tempo forte e apaixonante. Eu me sentia fora de meu corpo, como se flutuasse nas nuvens, ou no espaço. Jacob parecia ser a palavra chave para qualquer lei da gravidade ser quebrada.

Foi dai então que pude perceber. Eu não estava mais nervosa, com duvidas ou com medo. Sentia que se estivesse perto dele, mal nenhum me atingiria. Senti que não precisava de mais nada. Senti meu coração estar desesperado e calmo ao mesmo tempo. Senti que eu podia pensar em várias coisas ao mesmo tempo, mas eu não queria pensar em nada. Senti que estava apaixonada por Jacob.

Ouve um breve estalo quando nossos lábios se soltaram. Nos encaramos por alguns segundos. Seus braços saíram lentamente de onde estavam e levaram suas macias mãos até meu rosto. Ele acariciou minhas bochechas adoravelmente. Fechei meus olhos e respirei fundo. Jake ainda não acreditava no que acontecia. Estava visivelmente feliz.

–Nessie? – Abri meus olhos – Eu amo você

Franzi a testa. Ele se assustou com a minha reação.

–Eu... – Sorri.

– Não precisa dizer nada - Ele sorriu encantadoramente. Envolveu seus braços em minha cintura, me abraçou, me ergueu e girou.

–Jacob! – Ele me colocou no chão imediatamente.

–Você não sabe o quanto eu esperei por isso – Ele me beijou novamente. Parecia que ficava melhor a cada segundo.

–Meus pais – Minha voz saiu rouca. O afastei com as mãos.

–Eles chegaram - Jacob suspirou e me deu um beijo rápido.

–Meu pai vai conseguir ler a sua mente – Ri enquanto ele unia nossas testas.

–Eles vão ter que saber uma hora. Que seja agora –

Suspirei e concordei com a cabeça.

–Ainda estou de pijama – Levantei as sobrancelhas – Vou me trocar

Ele me encarou.

–Ah, claro! – Um enorme sorriso de compreensão preencheu seu rosto - Vejo você lá embaixo.

Renesmeee Carlie Cullen, parece que você tem um namorado!

Corri para o banheiro do lado direito do meu quarto, lavei o rosto. Encarei meu celular. Olhei e vi que tinha uma mensagem de Zoe.

Ness, você está bem? Eu e Gwen estamos de castigo, nossos pais nos proibiram de sair à noite. Mas, ainda podemos ir ao cinema, talvez tenha algum filme bom. Estaremos lá daqui vinte minutos. Amo você.”

Eu precisava ligar para minhas amigas. Precisava contar tudo, mas minha ideia foi interrompida ao ouvir passos pela escada.

–Renesmee? – A voz de mamãe soou calma. Respirei fundo e apareci.

Papai me olhou com um tom de desaprovação. O pior que eu não sabia se estava bravo por Jacob, ou pela festa.

–Eu não estou bravo - Sussurrou

–Deveria estar. Nós somos pais Edward, temos que agir assim – Mamãe o fuzilou com os olhos.

–Mãe, eu sei que fui precipitada e que deveria ter avisado, mas...

–Mas o quê, Renesmee? – Ela me interrompeu. Então continuou:

– Ia avisar que estava em uma festa de universitários. Tudo bem! - Ela estava quase gritando – Mas você ia ficar perto de um Volturi? Você enlouqueceu? – Ela se aproximou. Cruzei os braços. Ela ficou ainda mais furiosa.

Papai segurou seu braço. Ela bufou e revirou os olhos.

–Não aconteceu nada demais. Andrew Volturi não teve nada com o que aconteceu. Foi minha culpa. – Olhei para o vazio

–E se ele atacasse você? Será que você não percebe onde se meteu? – Ela quebrou o porta retrato próximo á ela.

–Ele não atacaria. E mesmo se fizesse, Jacob me protegeria.

–“Jacob” – Ela ironizou – Ele quase deixou você atacar sua melhor amiga!

–Foi minha culpa! Só minha! –

Parecia uma disputa de quem gritava mais alto.

–Você tem razão – Seu tom de voz se estabilizou – Tudo foi sua culpa –

Tudo ficou em silêncio. Papai abaixou a cabeça. Voltei a olhar para ela, sua expressão mudara: arrependimento...

–Querida, me desculpe. Eu não quis...

–Vocês têm esse medo dos Volturi por minha culpa também. Não é? – Dessa vez eu a interrompi

–Não, Renesmee...

–Desculpe, por eu estragar tudo – Ela abaixou a cabeça, eu estava magoada, quase não contive minhas lágrimas.

–Renesmee, desculpe Bella, ela não teve a intenção.

–Eu também não tive pai – Permanecemos imóveis. Respirei fundo, estava a ponto de chorar, mas consegui me conter – Vou sair com as minhas amigas. Jacob virá conosco –

Ela concordou. Os dois saíram lentamente do quarto.

Tirei minha blusa, ficando apenas de sutiã e com a parte debaixo do pijama. Quem eu estava tentando enganar? Sentei na cama e comecei a chorar baixinho. Mas logo a tristeza me dominou.

–Nessie – Jake correu até mim. Sentou-se na cama. Demorei alguns segundos para me lembrar de como estava vestida. Congelei – Deixe de bobagem – Ele sussurrou –

–Ela está certa, Jake

–Não, ela não está – Ele me envolveu, levando minha cabeça até seu peito –Essas coisas acontecem. Acontecem no nosso mundo.

Fui confortada por cada doce palavra dita por ele.

–Então, não vamos ao cinema? – Ele sorriu – Vou deixar você se vestir.

–Fica – Sorri de volta. Seus olhos saltaram – Vou me vestir no banheiro

–Ah, claro – Seu constrangimento ficou visível.

Vesti-me em dois minutos. Passei caminhando rapidamente pela sala onde todos estavam reunidos. Não olhei. Jacob parou, suspirou e olhou para minha mãe.

–Cuide dela Jake – Ela sussurrou tão baixo que quase não pude escuta-la.

Enquanto eu abria a garagem ele puxou-me pelo braço, o levando até sua nuca. Aproximou-me com a mão em minhas costas. Olhou-me encantadoramente. Sorriu, eu o correspondi.

–Não se preocupe –

–Eu não vou – Menti

Entramos no carro. Eu ouvia Tia Rosalie perguntar á mamãe sobre algo. Quando ela iria fazer algo. Não pude ouvir perfeitamente. O motor do carro ofuscava as palavras. Achei que seria inconveniente pedir para que Jacob desligasse o carro, então deixei de lado.

Em quinze minutos chegamos á Forks. Em mais dois minutos estávamos em frente ao cinema. Elas me esperavam.

Zoe sorriu ao nos ver. Gwen levantou uma sobrancelha, me encarando. Sorri.

Ao descermos, Jacob segurou minha mão.

Gwen abriu a boca imediatamente ao vê-lo, seus olhos azuis saltaram.

–Thompson e Morgan! Como vão? – Eu ainda estava distante, elevei meu tom de voz.

–Bem. E você Senhora Misteriosa? – Zoe prendeu os cabelos – É melhor irmos ver os filmes disponíveis – Ela sorriu – Não faço ideia do que esteja passando

Fiz uma careta e depois bico. Zoe voltou a rir. Gwen franziu a testa e olhou surpresa. Puxei as duas pelo pescoço com o antebraço. As abracei. Por eu ser mais alta, parecia que eu as sufocaria, ou as quebraria no meio.

–Zoe! O que essa maluca tá fazendo? – Gwen demorou alguns segundos, mas logo me abraçou também. Jacob nos assistia com um sorriso.

–Eu acho que ela tá...

–Eu estou abraçando vocês suas idiotas – Interrompi. Por pouco não chorei – Amo vocês

–Tá Nessie – Gwen riu e se afastou. Voltou seus olhos em mim, suspirou e me abraçou novamente – Eu amo você também

–Tá tudo ótimo, todo mundo se ama. Podemos ir ver o filme? – Zoe estava impaciente

–Eu esperava que Gwen fosse a estraga-prazeres – Ironizei.

Recebi um tapa de cada uma.

Entramos no cinema. Elas ainda se questionavam pelo fato de Jacob estar ali comigo. Enquanto ele foi comprar pipoca contei tudo á elas. Contei como eu me sentia atraída pela primeira vez em anos, que depois que o beijei tive certeza de meu novo sentimento.

–Eu acho que ninguém ama aos dezessete anos

–Gwen – Revirei os olhos – Eu vou fazer dezoito amanhã, esqueceu?

–Grande diferença – Ela ria. Sua expressão mudou repentinamente – Não vamos dormir na sua casa amanhã, como você queria – Ela deu de ombros – Meus pais vão meio que me obrigar a ir pra fazenda.

–E você Zoe?

–Amanhã é formatura da minha mãe, desculpe Ness.

–Não tem problema – Menti – Não vai ter nada mesmo, impedi meus tios de fazerem algo – Respirei fundo – Então, que filme vai ser?

–Vejamos...Bob Esponja – Ela revirou os olhos – O destino de Júpiter, Porta do Inferno. São esses.

–Bob Esponja – Assenti

–Bob Esponja – Zoe concordou

–Vocês vieram nessa droga pra assistir... – Gwen respirou fundo, nos encarou e viu que estávamos rindo da reação dela – Tudo bem! Vai ser Bob Esponja.

Jacob voltou. Tinha três gigantes sacos de pipoca, em seus enormes braços. Quatro refrigerantes. Era incrível o fato de ele conseguir carregar aquilo tudo.

–Acho que pra nós quatros vai dar – Ele foi incrivelmente doce – Esses filmes em cinema, com trailers, costumam a demorar – Nós três começamos a rir incontrolavelmente, nossas risadas contagiavam uma a outra. Ele nos olhou desconfiado – O quê? –

–Vamos assistir Bob Esponja – Eu não segurava meu riso

–Bob Esponja? – Ele ficou perplexo – O que houve com os filmes de luta, socos e gente morta?! – Dei um beijo em sua bochecha, ele corou no mesmo instante e voltou seus olhos nos meus – Vou assistir o que você quiser – Sua voz se estabilizou.

–Isso que é ter controle – Gwen gargalhava

Entramos na sala. Quase não vimos graça no filme, o que nos quase nos expulsou foram os nossos “comentários” e gargalhadas. Comparávamos os personagens com pessoas que não gostávamos, como nossos professores.

–Olha aquele passarinho – Gwen sussurrou – Sou eu, por que ele também tem os olhos azuis.

–Olha o tamanho dele perto dos outros, parece um anão – Ela me fuzilou com os olhos – Você tem razão, é mesmo você – Ela me esbofeteou. Escutamos vários “shiu!”.

–Vocês três, ficam bem mesmo juntas – Jacob admirava nossa sincronia.

–Não seja melodramático Jacob – Gwen encheu a mão de pipoca – Nos amando somos boas, mas brigando somos ótimas –

–Eu e a Nessie brigamos muito com a Gwen. O gênio dela é terrível – Zoe sorriu

–Ah! Como ousam? Eu sou um amor de pessoa e vocês duas sabem – Alguém mandou atrás de nós mandou Gwen se calar. Nós não sabíamos como parar de rir – Shiu, pra você meu querido! -

Passamos em uma sorveteria depois do filme. Ainda comentando sobre ele. Parecíamos quatro crianças.

A mãe de Zoe buscou as duas, ela iria deixar Gwen em casa.

–Você tem boas amigas – Ele sorria – Elas têm sorte de ter você e você por tê-las –

Afirmei com a cabeça. Ele passou seu polegar em meu rosto, tirou uma mecha de cabelo, a colocando para trás.

Concordamos que já era hora de voltar. Mas, ainda faltavam alguns minutos para as oito. Estávamos perto de La Push, resolvemos passar por lá.

Ele se sentou na areia. Começou a tirar a jaqueta, quis coloca-la no areia, para que eu não me sujasse. Eu o impedi. Sentei-me ao seu lado.

–Eu quero ser o primeiro a ter dar feliz aniversário – Ele se virou e pegou algo no bolso. Era uma caixinha cinza. Ele a abriu – Pra você – Ele sussurrou

Tinha um anel muito bonito e diferente. De madeira, um tanto grande. Tinha o símbolo Quileute esculpido.

–Não se preocupe. Não estou te pedindo em casamento, nem é algo que simbolize nosso namoro, nem nada – Ele sorriu – É só pra você ter sempre uma parte minha. Eu mesmo fiz –

–É lindo, Jake – Sorri de volta – Obrigada.

Nos beijamos. As ondas soavam como a mais perfeita música de fundo. Ao pararmos, ele demorou alguns segundos para abrir os olhos.

–Hora de ir pra casa. Não quero que seus pais me matem. Você deve estar em algum tipo de castigo depois de ter saído sem permissão.

Revirei os olhos. Caminhamos até o carro. Havia uma leve brisa, que fez meus cabelos se rebelarem. O frescor em meu rosto me fez fechar os olhos. Aquilo trazia paz. Eu adorava morar em Forks.

Jake dirigiu até em casa. Sua moto estava lá fora. Entramos na garagem, ele deu um beijo em minha testa, se despediu e foi embora. Meus pais me esperavam na porta. Respirei fundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sol da Meia-Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.