Sol da Meia-Noite escrita por Manuela Freitas


Capítulo 4
Doce Geada




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Nós, por incrível que pareça, passamos despercebidas diante de vários universitários. Bêbados, drogados, mas alguns com nós, apenas tentando se divertir normalmente.

–Vejam só quem a geada trouxe!

–Amber! – Gwen tentou fingir, mas eu a conhecia. A futilidade da patricinha irritava tanto ela, quanto a mim.

–Não pensei que vocês tão novas, conseguiriam vir. Então, pularam a janela do quarto? – Zoe e Gwen não perceberam, mas eu pude sentir seu hálito. Puro álcool.

–Não muito diferente de você, eu acredito. Suas aulas na faculdade mal começaram Amber. Está tentando comprar amigos com uma festa?

Ela nos ergueu seu copo, como se fosse brindar. Virou-se e entrou no meio da sala, que havia se tornado uma pista de dança improvisada. Tinha muitas luzes. Globos espalhados pela sala de visitas. Pessoas em todos os lugares.

–Renesmee? – Era um rapaz alto, com o cabelo curto e liso. Pele clara, olhos castanho claro. Não o reconheci.

–Eu conheço você? – Sorri tentando amenizar minha indelicadeza involuntária.

–Andrew. É um prazer conhece-la – Senti sua ironia

–Você é o aluno novo. Da nossa escola. O que faz nessa festa?

Ele sorriu, colocando as mãos dentro do bolço da calça.

–Eu pergunto a mesma coisa. Desculpem-me, Zoe e Gwen. Olá, como vão? –Sua linguagem era completamente formal.

–Estamos bem - As duas se olharam – Vamos pegar uma bebida, você quer Nessie? –

Neguei.

–Então você não bebe? – Ele cruzou os braços e me encarou – Suspeito. Quem vem a essas festas sempre bebe – Ele sorriu

–Talvez eu seja diferente - Nos olhamos

–Sua jaqueta está um pouco molhada. Pegaram geada?

–Um pouco. Está bem fraca, por que não é comum nessa época do ano. Mesmo em Forks.

Conversar sobre o clima era constrangedor.

Amedrontei-me. Sofri para me manter em pé.

Meus olhos saltaram ao ver seu bracelete. O brasão dos Volturi. Ele não percebeu que eu tinha visto.

–Você está bem? Quer que eu chame suas amigas? – Ele se manteve normal. Isso me amedrontava ainda mais

– Não quero ser indelicado – Continuou – Mas até quando está com tontura, não deixa de ser inexplicavelmente bonita.

–Não foi indelicado. Foi gentil. Obrigada – Eu era péssima em disfarçar.

–Acho que uma festa sem bebida, não seria uma festa. Me permite? – Antes que pudesse responder ele pegou delicadamente em meu braço e me levou até a cozinha.

Se ele quisesse me matar, não me levaria a um lugar cheio de testemunhas. Apesar de que os Volturis não se importariam em matar todos ali presentes.

Andrew me serviu uma bebida, algo bem forte, mas eu precisava ser natural e ver até onde ele chegaria.

Pensei em pegar o celular de Zoe ou Gwen e ligar para meus pais. Mas, eles jamais me deixariam tomar a decisão de me manter perto de um Volturi. Eu queria entender o que ele estava planejando fazer. Um deles não estaria na mesma festa que eu atoa.

Aceitei outra bebida. Enquanto ele me contava sobre sua vida. Dizendo ter vindo do sul, que queria ser médico. Em momento algum, citou sobre ser um vampiro, provavelmente de uns mil anos.

–Você não vai beber, Andrew?

–Não. Já bebi demais. – Ele mentiu.

Meus sentidos estavam mais lentos. Sem reflexo algum. Eu ainda estava sóbria, mas sentia que cairia se bebesse mais.

– Tem algo que eu preciso lhe mostrar. Acompanhe-me – Ele me olhou de um jeito estranho. Resolvi segui-lo.

Caminhamos até o lado externo do quintal da casa. Com uma piscina enorme. A geada fez com que as árvores baixas ficassem cobertas por orvalho.

– O que você faz aqui? Quem mandou você? – Fui direta – Aro ou Caius?

– Espertinha – Ele sorriu - Eu não estou aqui por eles Renesmee – Ele pegou em minhas mãos

–Você não merece sofrer. Tenho observado sua vida – Continuou

–Eles estão acusando eu e minha família de algo de novo? – Ele negou com cabeça – Então o que você quer? O que vocês querem? – Continuei.

Tirei suas mãos de cima das minhas.

–Você tem tido apagões ultimamente. Ou ainda não? –Ele extremamente calmo.

–O que você quer? – Minha paciência já havia se esgotado.

–Você teve, não é? – Ele sorriu, fiquei furiosa – Tanto faz. Você precisará se proteger - Continuou

–Me proteger? – Eu sorri – A única coisa que pode me machucar é o seu estúpido clã!

–Se proteger de você! Você não será capaz de suportar, não frágil desse jeito.

–Do que você está falando Andrew?

–Você possui a imortalidade dentro de você, ela te ocupará.

–Estou quase em crescimento completo. Não me transformarei em vampira por inteiro. Não é assim. Eu nasci, não fui mordida.

–Eu não falava disso, sei que você também é humana. Você é muito mais do que pensa. Os Volturi viram atrás de você. Querem conversar.

Revirei os olhos. Como se os Volturi “conversassem”.

–Nessie! – Jacob saltou em minha frente. Encarou Andrew. Ele estava prestes a se transformar.

–Jacob! O que faz aqui? – Várias coisas se passaram em minha mente. Com certeza, o FBI estava atrás de mim, juntamente com meus pais.

–Eu faço as perguntas aqui. Fique longe dela! – Andrew ficou sem reação. Ele não pretendeu machucar Jacob em momento algum.

Puxei seu braço, o deixando em minha frente. O ato fez com que ele esbarrasse em um pinheiro e molhasse o lado esquerdo de sua camisa.

–Você me seguiu? O que tem de errado com você?!

–Eu não segui, tá legal? – Ele respirou fundo – Você não me atendeu. Fui até a casa da sua amiga. Ninguém estava. Como pôde não me avisar? Não avisar ninguém? -

–Você não o direito de decidir por mim Jacob. – Meu tom te voz se manteve baixo e calmo.

–E você se mistura com um Volturi?! – Ele andava de um lado para outro. Rosnando de tanta raiva. Pensei que ele iria se transformar, mas ele se conteve.

–Pra onde ele foi? – Passei as mãos na cabeça. Fiquei aflita ao ver que ele tinha ido embora, sem eu notar - Você o viu indo embora! Por que não o impediu? – Empurrei Jacob

Zoe e Gwen vieram correndo em minha direção. Jacob nem ao menos olhava para mim. Estava furioso.

–Renesmee, o que... – Gwen se virou. Assustou-se ao ver Jacob. Ficou apreensiva.

–Nós vamos embora. Agora – Jacob estava realmente furioso. Se virou e me encarou com a testa franzida.

–Vou deixar vocês a sós...

–Gwen, fique – Jacob apertou seu punho, que estava próximo à calça – Eu vou embora com ela e com Zoe. E você, vai embora! – Eu o encarava

–Eu não te pedi permissão. – Ele me puxou pelo braço. Direcionou- me ao corredor que dava em direção a parte da frente da casa.

–Me solta! – Eu o empurrei contra a porta de vidro na lateral da casa, que se quebrou em mil pedaços. Gwen gritou. Um pedaço de vidro quase atingiu seu rosto, mas colocou o braço na frente. Seu antebraço sangrava.

– Vocês estão bem? Renesmee que droga foi isso?

Eu não consegui ao menos falar. Uma sede terrível dominou minha respiração, meu olfato. Eu só sentia o cheiro de sangue.

Sentia o fogo em minhas veias. Senti minha garganta queimar. Coloquei a mão em meu pescoço para garantir que não estava em chamas. Aquilo estava dentro de mim, algo que sufocava. Minhas pupilas dilatadas.

De alguma forma, senti que nada poderia melhorar aquela terrível aflição. Meu corpo precisava de uma cura para aquele sofrimento. Uma cura que somente o sangue poderia me oferecer.

– Jacob – Arfei – O que está acontecendo comigo?

Ele se levantou imediatamente. Os agudos sons dos cacos de vidro saindo de sua roupa me agonizaram ainda mais. Tudo parecia me deixar surda.

–Nessie? – Gwen levantou a mão, que sangrava ainda mais – Podemos ir pra casa? Eu me cortei e você também não parece estar bem –

Eu mal me concentrei em suas palavras. Eram como uma música no último volume, isso me incomodava. Ela entrou na casa, indo procurar por Zoe.

Por pouco eu não a segui.

–Nessie! Preciso tirar você daqui – Ele se espantou ainda mais ao tocar em minha mão e ver meus pensamentos. Eu só pensava no sangue.

–Eu posso sentir. Eu posso ouvir! Só tem uma coisa mais alta que as conversas e a música, Jacob! – Ele me olhou assustado

–Ei, calma!

– A pulsação dela! Posso ouvir seu coração bombeando sangue. Eu não consigo parar de pensar. Estou queimando! – Meu tom de voz aumentou.

–Vem, vou levar você pra casa – Jacob tremia ainda mais do que eu.

–Não posso deixá-las. –Sussurrei, negando com a cabeça, sem parar.

– Eu volto e as levo pra casa. Vou deixar minha moto aqui mesmo – Jacob tocou em meu rosto, frio como pedra. Eu mal me importei, era como se eu não sentisse nada – Por favor, por mim –

Senti o sangue mais perto. Então concordei.

Só me senti aliviada depois de 1 km de distância de Gwen. Minha garganta queimava, mas de um jeito diferente. Meus olhos ardiam, então desabei.

–Não Nessie, não chore. –Ao ouvir a palavra chore, chorei ainda mais.

– Eu não sei por que essas coisas estão acontecendo – Eu soluçava.

–Vem aqui – Deitei minha cabeça em seu ombro. Ele me abraçou com o braço direito, enquanto dirigia com o esquerdo – Está tudo bem. Estou aqui – Fui confortada por seu calor.

Adormeci.


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