Sol da Meia-Noite escrita por Manuela Freitas


Capítulo 6
Dezoito


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando. Comentem! Beijos, boa fanfic =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592494/chapter/6

Caminhei com passos lentos até a porta. Minha mãe mexia na barra da blusa, olhava para mim arrependida. Meu pai parecia apenas tentar desvendar meus pensamentos, me encarava, sem expressão alguma.

–Como você está? – A voz dela saiu doce, juntamente com as folhas das árvores dançando com o vento ao nosso redor.

Garanti que estava bem.

–Querida – Ela deu um passo á frente – Eu queria me desculpar, eu exagerei...

–Tá tudo bem, mãe – Interrompi – Não precisa, você estava certa.

Papai sorriu, ao ver que estávamos nos entendendo, apesar de parecermos duas estranhas envergonhadas.

–Bem, eu tenho que esclarecer algumas coisas – Respirei fundo – Eu...

–Jacob – Ela me interrompeu e sorriu maliciosamente. Minhas bochechas coraram.

–Que bom que vocês sabem – Ela me olhou sem entender – Eu não ia querer contar nada disso – Juntei as mãos. Os dois riram – Não é engraçado! –

Papai não se importou, continuou rindo.

–Não é engraçado, desculpe – Ela mordeu o lábio tentando abafar sua risada.

Fiquei aliviada ao ver que aquele clima pesado havia se quebrado. Subi as escadas, sorrindo enquanto ouvia os dois se abraçarem, também aliviados.

–Renesmee? – Parei de caminhar. Olhei pelo vão do degrau, Carlisle me esperava lá embaixo.

Cruzei os braços, sabia que não seria algo atoa.

–Seus exames sobre aquele desmaio, ficaram prontos – Franzi a testa ao ver sua seriedade – Não deram nada de errado – Ele sorriu. Respirei aliviada – Aparentemente uma queda de pressão repentina. Não consegui medi-la, porém, não há outra causa. Sangue normal, pulmões, coração, tudo estável.

–Obrigada – Sorri - Já contou aos meus pais? Ele balançou a cabeça

–Vou contar pro Jake, ele ficou muito preocupado.

–Eu ligo pra ele – Me surpreendi, dei um beijo em seu rosto, ele me deu boa noite.

Subi, sentei na cama. Faltavam cinco minutos para a meia-noite. Logo eu teria dezoito anos. Isso não me surpreendia, a partir dali eu não cresceria mais, eu queria isso, não envelheceria. Eternidade.

–Posso entrar? – Não a ouvi chegando, me assustei quando minha mãe bateu na porta. Afirmei.

Ela se sentou no meio da cama, dobrou os joelhos, ficando menos formal.

–Dezoito anos, sério? – Ela fez uma careta – Só um a menos que eu. Fascinante, não é?

–Um ano a mais que o papai, mais estranho do que fascinante – Sorri.

–Na verdade não, querida. Seu pai tem mais de um século – Sorrimos – Sete anos que você nasceu. É como se estivesse acontecendo agora. Posso me lembrar perfeitamente até...

–Da dor? De quando eu quebrava suas costelas? – Interrompi, ficando séria.

–Renesmee – Ela me encarou – Não faz assim

–Não faço – Ela me deitou em seu colo – É incrível como você tem o dom de me fazer dormir mãe – Ela acariciava meus cabelos – Eu acordei tarde, mas seus toques fazem dormir ser a única coisa que eu possa querer – Ouvi o estalo do relógio, marcando meia-noite.

–Pode dormir, meu amor. Feliz aniversário – Sua voz foi diminuindo cada vez mais, ficando abafada – Eu te amo – Ela sussurrou próximo ao meu ouvido. Beijou minha testa. Dormi no aconchego de seus braços.

Fui acordada pelo o barulho de mensagens as dez da manhã. Talvez no fundo, eu estivesse ansiosa. Mensagens de Gwen e Zoe – obviamente –, de Jacob e de um número desconhecido, não me importei.

–Será que tem alguém pronta pra um abraço? – Os passos de Tia Alice pareciam tiros de metralhadora.

–Alice! Você vai acabar fazendo um buraco no chão! Esme vai matar você – Tia Rosalie tentava pará-la

–Ai meu Deus, você está um trapo! –

–Obrigada Tia Alice

–Estou brincando. Mas que diabos de olheiras são essas? Você não dorme não, garota?

–Eu durmo e você? Ops, acho que não – Tia Rose e eu batemos as mãos

–Engraçadinhas, vão entrar pro circo? –Ela revirou os olhos e logo voou em cima de mim – Nessie, minha querida, feliz aniversário. Amo você! – Sorri e dei um beijo em seu rosto frio.

–Minha vez, Alice! – Tia Rosalie puxou ela para trás - Pode soltá-la. Ela precisa de ar –Tia Alice a fuzilou com os olhos, mas saiu pela porta saltitante como sempre – Parabéns meu amor – O abraço dela era mais delicado, mas também acolhedor e cheio de amor – Os outros esperam por você lá embaixo.

Passei pelo banheiro, escovei os dentes, penteei os cabelos. Desci as escadas. Fui cumprimentada por todos, com abraços.

A manhã passou voando. Tomei café, não me senti saciada.

Cacei no lado sul da floresta. Corri um pouco, senti a terra em meus pés descalços, molhei de leve – quase invisivelmente- meus cabelos ao passar rápido pelas folhas cobertas de orvalho. Ouvi cada ruído vindo de cada direção. Cada folha sendo levada. Cada passo dado pelos animais e seus coraçõezinhos batendo forte. Passei pelas rochas, cobertas por musgo, incrivelmente – fortemente- verde. Por cima, a floresta era escura, mas entre as árvores, tudo muito colorido. Apesar da aproximação do inverno.

O ar mais puro que eu já havia sentido. Tudo se rompeu com o toque do meu celular. Número restrito, preferi não atender. Coloquei no silencioso.

Sentei-me no topo de uma rocha. Apenas observando a beleza de cada pedacinho dali, estava bem perto de Forks. Nem percebi o tempo passar. Já eram três horas, Jacob tinha ligado várias vezes. Gelei. Voltei o mais rápido que pude. Deparei-me com minha mãe e Jacob na porta de casa.

–Posso saber onde estava? – Ele estava sério

–Onde eu deveria estar – O encarei – Caçando

–Você podia atender pelo menos a droga do celular? – Ele olhou para o aparelho em minhas mãos.

–Jacob. Ela já voltou, acalme-se.

O encarei severamente.

–O que tem de errado com você?

Ele respirou fundo.

–Nessie, me desculpa. Tá bem? – Ele tentava diminuir o ritmo de seu tórax acelerado – Fiquei preocupado – Ele me olhou gentilmente – Por que não saímos um pouco?

Resolvi concordar. Já fui tirando a chave do carro do bolso, mas ele subiu na moto. Quase nunca andávamos juntos com ela, meus pais tinham receio. Mas dessa vez, mamãe assistiu calada. Subi em seguida. Apertei sua cintura, não muito forte. Se batêssemos, eu voaria longe. Sem querer, o deixei ver meus pensamentos.

–Não se preocupe amor. Eu não vou bater – Ele sorriu maliciosamente.

Jake dirigiu até a reserva. Estacionou no quintal de sua casa. Dava pra ouvir de fora os gritos de Billy vendo baseball.

–Achei que devesse vê-lo. Meu velho não te faz uma visita faz tempo.

Sorri, afirmando com a cabeça. Ele beijou minha testa, me trazendo a maior segurança do mundo. Em seguida, segurou em minha mão. Entramos.

–Olhem só quem resolveu aparecer! – Billy abriu um enorme sorriso ao me ver –Charlie, veja quem está aqui! – Tomei um susto ao perceber que vovô estava ali. Soltei a mão de Jacob imediatamente. Seria complicado pra ele entender. Ele saiu da cozinha com uma cerveja nas mãos. Tomou um gole.

–Esqueceu do seu velho? – Ele sorriu

–Vovô – Meus olhos se encheram. Eu não sabia por que algo tão comum me fez ficar emocionada. Saltei em seus braços abertos a minha espera. Eles me envolveram amorosamente.

–Feliz aniversário, meu pequeno anjo – Ele beijou minha cabeça, que estava colada em seu peito – Que não está tão pequena assim – Ele sorriu.

O som de seu coração acelerado me fez soltar uma lágrima. Sua respiração calma, como eu o amava!

–Vem aqui querida, você está forte – Ele riu – Quer quebrar o xerife?

Ele se sentou na poltrona, eu me sentei no sofá bem próximo. Todos diante o jogo, obviamente.

Jacob se sentou ao meu lado. Envolveu-me com seu braço. Eu não pude pará-lo, Charlie já nos olhava. Desconfiado.

–Vocês – Ele franziu a testa – Não me digam que... – Ele engoliu seco – Minha nossa!

Foi mais fácil do que eu pensava. Bem rápido.

Permaneci calada. Jacob sorriu ao levar um tapa orgulhoso de Billy em seu ombro. Charlie estava cômico e confuso ao mesmo tempo.

–Você, tem o que? Seis os sete anos? – Ele quase gritava, seu tom de voz se elevou.

–Olhe pra mim vovô – Sorri para ele –Acha mesmo que eu tenho seis ou sete anos? – Aquilo era tão estranho pra ele quanto pra mim.

–Sua mãe já conversou comigo sobre isso – Ele suspirou e passou as mãos na nuca – “Você não entenderia”, “Isso é tudo que você precisa saber” –

–Eu sei que é difícil pra você, mas é pra mim também. Acreditemos ou não, eu tenho dezoito anos, não seis ou sete – Ele engoliu seco – Quer me perguntar algo?

–Você sabe que ele... - Seus olhos se fecharam rusticamente.

–Vira um cachorro enorme? – Interrompi. Billy engasgou com a cerveja ao ouvir minha sinceridade. Jacob gargalhou – É vovô, eu sei – Sorri.

–Menos mal – Ele tomou outro gole da cerveja – Renesmee, querida. Posso falar com você – Ele me encarou – A sós, na cozinha? – Afirmei com a cabeça

Nos sentamos à mesa, coberta por uma toalha cheia de farelos de bolacha. O furacão Jacob havia passado por ali. E eu sabia que ele nos escutaria, mesmo da sala.

–Eu tive essa meio que conversa com a Bella. Me vejo no direito de ter com você.

Meu deus, ele quer ter AQUELA conversa. E eu só namoro faz um dia!

–Conversa? – Engoli seco.

–Algo que se passa de geração. Mas não é nenhuma joia velha – Ele tirou um spray de pimenta do bolso.

Respirei aliviada. Comecei a sorrir automaticamente.

–Spray de pimenta vovô? – Ele me olhou bravo – Tudo bem, xerife! – Ele o colocou em minha mão.

–Vai deixar o seu velho...

–Mais calmo – Concluí sua frase. Ele sorriu, por fim me abraçou e voltamos á sala.

–Quando eu me transformar em um lobo enorme, você usa esse spray – Jacob sussurrou em meu ouvido. Ele tentava abafar seu riso para que Charlie não ouvisse.

–Jacob – Murmurei. Bati em sua nuca.

Às seis horas percebemos que era hora de voltar. Nos despedimos dos dois viciados em baseball e voltamos para minha casa.

Jacob preferiu entrar pela porta dos fundos.

–As vampiras dessa casa me matariam se eu deixasse marcas pelo chão da sala

–Então você tem medo de vampiras?

–Engraçadinha – Ele puxou meu braço, me fazendo ficar colada a seu corpo. Nos beijamos. Passei meus polegares em seu rosto. Ele fechou os olhos com o meu toque. O beijo foi ficando mais intenso.

–Por que você não toma um banho e depois vamos á alguma pizzaria? – Ele sorria, com seus lábios ainda bem próximos aos meus. Concordei.

Subi rapidamente. Abri a porta do quarto, a cama ainda estava desfeita. A porta do banheiro estava aberta. Entrei e a fechei.

Prendi meus cabelos, para não molhá-los. Tomei um banho rápido.

Sai coberta por um roupão. Escolhi vestir um vestido branco de renda, que ficava rodado a partir da cintura. Coloquei uma melissa preta, baixinha.

Desci correndo pelas escadas. Jacob não estava na sala de visitas. Pensei em olhar lá fora, mas não tinha ruído algum. Fui para a sala principal. Acendi as luzes.

–Surpresa! – Surgiram vários rostos conhecidos.

Gwen e Zoe, meus pais, tios, Jake e meus avós, Esme, Carlilse e Charlie. Olhei melhor, vi nossos primos de Denali. Todos sorrindo.

Fui recebida por vários abraços. Fiquei um tanto constrangida com tantos olhos em cima de mim. Fuzilei os olhos nas meninas.

–Somos inocentes – Zoe levantou as mãos – Era tudo parte do plano! – As duas sorriram.

Jacob me abraçou e deu um beijo em minha bochecha. Meus pais sorriam ao me ver feliz enquanto olhava a decoração da sala. Bem iluminada, com flores com cheiro divino. Variados petiscos – o que era cômico, por que a maioria ali presente não comia nem bebia – um lindo bolo, com as velas “18”.

–Vocês me pegaram

–Não tem de quê! – Tia Alice piscou. A música estava agradável, nem muito alta, nem muito baixa.

Não ouvi os passos da matilha chegando – estava explicado tanta comida – eles pararam próximos a porta. Todos sorridentes, menos Leah .

Paul me abraçou, ele fingia, é claro, ele odiava os Cullen. Apenas me aturava por causa de Jacob.

Os outros apenas me parabenizaram, exceto Leah.

Embry me abraçou e acabou me levantando – eu gostava dele – Jacob rosnou e me puxou. Eu o olhei friamente, ele se desculpou com outro beijo em minha bochecha.

Tudo corria harmoniosamente bem. Minha família conversava com os Denali. Zoe, Gwen e eu discutíamos, pois queríamos –que nem loucas- saber o nome da música que tocava. Nós a conhecíamos, mas tínhamos esquecido.

–Acalmem-se! Organizadora chegando! – Tia Alice se aproximou – É Clocks, do Coldplay.

–É claro que é! Meu deus como eu pude esquecer –

Meu celular tocou. Fui até a frente da casa e atendi. O número privado novamente.

Renesmee? – Reconheci a voz desde o início: Andrew Volturi.

–O que você quer? – Estremeci

Te encontrar. Estou perto da sua casa.

–E por que eu faria isso?

Eu não sei. Apenas faça. Por favor. Estou sozinho, não irei te machucar. Tenho certeza que várias perguntas surgiram em sua cabeça depois da nossa conversa, mas você não contou a ninguém. Por quê?

Respirei fundo.

–Onde você quer se encontrar?

–Não muito longe daí. Perto da cachoeira, assim não nos escutarão.

Desliguei. Ele entendeu que eu havia concordado. Eu sabia: o que eu iria fazer era estúpido, mas eu não via Andrew como uma ameaça, de alguma forma eu acreditava nele. Ele foi sozinho na festa, poderia muito bem ter sido morto por Jacob, era minha vez de arriscar e ver no que daria.

Disse para os convidados que ia até o banheiro. Controlei meus pensamentos. Passei livremente e subi. Fui para o meu quarto, a janela era grande, pulei com facilidade. Corri até certo ponto, depois fui caminhando devagar. Olhei em volta. Nada.

–Andrew? – Sussurrei

–Renesmee – Ele estava a minha esquerda. Assustei-me com seu aparecimento repentino.

–Então, o que você quer conversar? – Eu não estava com medo

–Você está linda – Ele sorriu – Muita consideração sua vir, me sinto honrado – Ele abaixou a cabeça, envergonhado.

Droga, como eu iria xingá-lo? Tentei me focalizar nas imagens dos Volturi que eu tinha em minha memória. Vampiros ruins Nessie, não amigos!

Estava bem escuro. As árvores deixavam apenas brechas da luz da lua nos iluminarem. Dividíamos espaço com uma coruja, que gorava bem próxima a nós dois.

–Eu sei que pode parecer estranho - Seu tom de voz era suave e lento - Eu só quero ajudar você. Estou cansado dos Volturi - O olhei debochada

. -Isso eu já ouvi. Eu não preciso de ajuda Andrew.

–Você está enganada - Seu tom de voz já havia ficado impaciente. Ele parecia implorar - Talvez eu possa ajudar

–Você por acaso é de uma espécie rara? - Eu estava começando a gritar. Ele não entendeu - Por que eu não sabia que existiam vampiros loucos - Ele franziu a testa. Ficou sério e deu dois passos em minha direção.

Meu coração foi dominado pelo medo. Desenfreou seus batimentos. Meus pulmões pareciam servir de enfeite. Eu respirava com dificuldade.

Ele era intimidador, bonito, misterioso e doce ao mesmo tempo.

–Vou fazer desse jeito pra que não doe - Não entendi no momento. Ele tirou uma seringa de dentro do bolso da calça e pousou os olhos em mim.

Tentei me virar e fugir. Ao tentar gritar ele colocou sua mão em minha boca. Minhas pernas tentavam atingi-lo, mas estavam bambas demais pra conseguir.

Falharam, me fazendo cair de joelhos, ele caiu junto e injetou em meu pescoço. A dor foi mínima. Antes que eu pudesse sofrer, algo deu errado. Vi as árvores girarem, os sons se misturarem. Tudo escureceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ATENÇÃO pra quem está acompanhando. Sim eu imagino o Andrew como o Ian Somerhalder! Mas vocês podem imaginá-lo como quiserem. Beijos, até o próximo capítulo!.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sol da Meia-Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.