Annabeth pegou seu celular, que estava em cima da mesinha que tinha no meio da sala, desbloqueou o aparelho e foi até sua agenda de contatos. A menina se jogou no sofá e quando ela viu a foto de Percy aparecer na tela, para confirmar a chamada, ela desligou.

Havia se passado uma semana e desde que Percy e Annabeth tinham se encontrado pela última vez, na festa do bairro de Percy. Desde então, eles não haviam se encontrado mais, apenas trocavam mensagens pelo celular ou, as vezes, por vídeo chamada.

A loira ouviu passos se aproximando e quando deu por si, Poseidon estava em uma poltrona, sentado em sua frente. Ele cruzou as pernas e olhou para a enteada. Annabeth deixou o celular de lado e encarou o ‘’pai’’, cruzando seus braços.

_Saindo escondido no noivado de seu avô, comprando um orfanato escondido e logo depois, beijando um cara que você mal conhece...-O homem listou, contando em seus dedos.- Alguma declaração?

_Quem contou sobre o orfanato?

_Minha mãe, é claro.- Poseidon parecia uma criança ao responder uma pergunta para um adulto. Annabeth resmungou algo em italiano...Algo do tipo: ‘’Fofoqueira!’’.- Por que você está fazendo as coisas escondidas, Annie? Você não é assim!

Annie colocou o rosto por entre as mãos, reprimindo um grito. Quando ela tirou as mãos do rosto, seus olhos começavam a ficar vermelho.

_Porque eu já estou cheia do meu avô ter um noivado a cada ano, porque quando eu vi aquelas crianças sem pais e em um lugar sem condições de moradia, meu coração se partiu e eu me identifiquei com elas, porque minha mãe não liga para mim. E eu beijei o Percy, porque com ele eu me sinto bem e ele me faz sentir coisas que eu nunca senti na vida...

Quando Annabeth terminou de falar, ela estava ofegante, mas não chorava e seus olhos começavam a voltar à tonalidade normal.

Poseidon suspirou, levantou-se e foi até sua enteada. Ele voltou a sentar, dessa vez, ao lado de Annabeth. Ele a abraçou, beijando o topo de sua cabeça.

_Não é bem assim, Annie! – Ele a reconfortou.- Eu concordo que você deve ficar, namorar ou até mesmo casar, com quem você bem entender, desde que você conheça a pessoa. Ajudar o próximo é um gesto bonito, principalmente crianças órfãs, mas comprar um orfanato, principalmente escondido, é algo que se deva repensar...

_Percy é uma pessoa do bem... Eu juro.

_Se você diz, eu acredito...Além do mais, o eu percebi que o rapaz era bastante gente fina e ele é bonito.

Ambos riram.

_Ele é bastante parecido com você.- Annabeth disse rindo. Poseidon suspirou.

_Eu também acho...Será que ele é meu ‘’eu’’ do passado, que veio através de uma máquina do tempo?- Ele perguntou presunçoso.

_Há-há.

[...]

Todos corriam contra o relógio, hoje seria o casamento de Zeus e Hera e os últimos preparativos começavam a ser preparado.

Annabeth caminhava pelos largos corredores de sua casa. Ela estava totalmente pronta para o casamento e, ela admitia, se sentia maravilhosa em seu vestido.

A festa de casamento seria no clube de Hades, Tartarus. O lugar era maior e a sofisticação tomava conta dos salões de baile que havia lá. Tartarus era conhecido como um dos clubes mais luxuosos do mundo, o clube de seu irmão, Zeus, contava com uma pegada mais juvenil.

Toda a alta elite de Nova York fora convidada, e não só de Nova York, mas também do mundo.

A loira estava decidida a pedir desculpas para sua mãe...Ela sabia que havia sido fria demais, mas pela primeira vez, sentia que seus ombros estavam leves, porque ela havia já falado parte do que queria e isso, era libertador.

Ela chegou nos corredores dos quartos e foi em direção ao quarto de sua mãe, que ficava bem ao lado do quarto de Zeus e entre os quartos de Apolo e Thalia. Basicamente, o quarto de sua mãe ficava bem em frente ao seu.

Annie parou em frente ao quarto da mãe, com um pequeno sorriso nos lábios. Ela levou a mão até a maçaneta, mas se deteve quando ouviu vozes vindas de dentro do aposento.

_Ela só quer um pouco de amor da mãe dela, Atena. Isso não é pedir demais, meu amor.- A voz de Poseidon saía desesperada.- Annie é uma adolescente, você está abandonando-a na fase mais difícil da vida.

_Eu sei como cuidar da minha filha, Poseidon...Mas, desde que minha mãe morreu, eu não sei mais o que fazer.– Atena declarou derrotada.– Todos sabemos que minha gravidez foi um erro, um fardo para minha vida...Olhe para mim, era para eu estar dançando e fundando minha academia de artes, viajando o mundo, curtindo a minha vida...Dançando!

O mínimo sorriso que tinha nos lábios de Annabeth, se fora tão rápido quanto apareceu. A garota deixou a mão escorregar da maçaneta e cair ao lado de seu corpo.

Aquilo deveria dor tanto assim? Mesmo ela sabendo que fora mesmo um fardo na vida de sua mãe?

Sua mãe amava mais a dança do que ela, que era sua filha. A maldita dança que Annabeth também tanto amava, era a mesma que afastou sua mãe dela.

Escutar aquelas palavras, saindo da boca de sua própria mãe, machucaram a menina e isso era devastador.

Annabeth entrou em seu quarto rapidamente. Sentou-se em sua cama e prendeu as lágrimas o máximo que pôde. Ela ainda tinha que estar impecável para o casamento e não se deixaria abalar.

A loira pegou seu celular, que estava em sua mesinha de cabeceira, o desbloqueou e digitou um número bem conhecido por ela.

No terceiro toque a voz que mais acalmaria Annabeth atendeu e ela sentiu seu coração se dar um pulo, para depois voltar as compassadas normais.

_Annie?- A voz de Percy soou preocupada. Era raro Annabeth ligar, sem ser por vídeo chamada.- Tá tudo bem?

_Percy...Eu preciso da sua ajuda.

[...]

_...Mas em vez disso, eu estou aqui, amando de longe a pessoa que mudou a minha vida. E me machuca, todos os dias saber que eu estou perdendo a vida da minha filha e me machuca ainda mais saber, que tudo isso foi um escolha minha, uma terrível e péssima escolha.

Atena desabafou para o noivo. Poseidon estava em pé, enquanto ela estava sentada em sua penteadeira, terminando de colocar seu brinco. Atena olhou o noivo através do reflexo do espelho e o mesmo mantinha sua face serena e despreocupada.

_A culpa não foi de Annabeth... O abandono de Frederick, a morte de Réia...Nada disso foi culpa dela.

_Poseidon...

_Ela sente sua falta, Atena. Depois da morte da sua mãe, você se distanciou...

_Porque minha mãe havia acabado de falecer...Eu não queria, eu juro que não queria me distanciar da minha filha, mas eu me senti incapaz de cuidar da Annie... Eu amo a minha filha, mas não estou preparada para ser a mãe que ela tanto sonha.

_Isso não é desculpa...-Poseidon suspirou cansado e se aproximou de sua namorada. Ele a abraçou e beijou o topo de sua cabeça.- Amor, você se afundou no trabalho e esqueceu de dar atenção para sua filha. Olhe para Afrodite, ela está curtindo a vida das filhas a cada dia de passa. E você está perdendo a vida da sua filha. Ao menos uma vez, tente conversar com a pequena, sem ser para dar bronca nela.

Atena assentiu e levantou a cabeça, para poder beijar os lábios do namorado. Eles aprofundaram o beijo, mas a porta foi brutalmente aberta.

Jason e Apolo entraram e formaram uma carranca em seus rostos. Eles cruzaram os braços sobre seus respectivos peitos, ambos usavam seus ternos e estavam muito bonitos.

_Quando estiveram em lugares públicos, mantenha um metro de distância da nossa irmã. - Apolo falou se aproximando do casal.

_E quando estiver em lugares privados, não se aproxime.- Jason completou a frase do irmão. Ambos os irmãos se aproximaram do casal.

Apolo segurou Atena no colo e Jason agarrou Poseidon por trás, como se o tivesse separando de uma briga.

_Vocês sabem as regras, dormir na casa do papai, apenas depois do casamento...Sinto muito, tio Poseidon- Jason falou com um tom de deboche.

_Deixem de besteira vocês dois.- Atena ralhou. Fazendo movimentos para seu irmão coloca-la no chão.

_Temos que ir...- Apolo declarou, colocando sua irmã no chão, por fim.

Jason largou o tio e andou ao lado de Apolo, para fora do quarto de sua irmã mais velha. Poseidon agarrou a mão da namorada e lhe deu u selinho. Atena pegou sua bolsa e seguiu os irmãos, segurando a mão de seu namorado.

Quando chegaram no hall de recepção da casa, eles encontraram Zeus, Gaia, Thalia e Annabeth.

O homem parecia ansioso e a mãe tentava acalma-lo, Thalia mexia no celular. Annabeth, por outro lado, não parecia nem um pouco animada, para falar a verdade, ela estava com a face bem triste.

Afrodite entrou apressada dentro da casa, ela tinha um tablet nas mãos e seus olhos brilhavam de excitação.

_Já está tudo pronto! Hera está terminando de colocar o véu.- A irmã mais nova de Zeus revelou.

_Então vamos?- Atena perguntou sorrindo. Ela viu os demais assentirem e direcionou seu olhar para Annabeth- Filha, você vai conosco?

Annabeth olhou para a mãe e disfarçou a frieza que ela gostaria de tratar a mãe naquele momento.

_Não, eu vou no meu carro... Mas eu tenho que buscar minha bolsa, no meu quarto...Podem ir na frente.

Ela esperou todos saírem da casa para subir correndo as escadas, ela foi até seu quarto e pegou a pequena mala de mão que ela havia preparado. Annabeth saiu do quarto, fechando a porta e desceu novamente as escadas.

Annie pegou as chaves de seu carro e foi em direção a garagem. Ela abriu o porta malas e deixou sua malinha lá, fechou a porta e entrou no carro.

A loira tirou os sapatos, porque ela odiava o fato de ter que dirigir com saltos. Ela deu partida no carro e seguiu em direção a Igreja onde aconteceria o casamento.

[...]

_Annie, você já pensou sobre o concurso de dança?- Ártemis perguntou.

Silena,Piper, Jason, Thalia, Nico, Will, Apolo, Ártemis e Annabeth estavam todos juntos em uma mesa. Os jovens jantavam os pratos finos preparados pelo chef francês contratado especialmente para a ocasião.

Annabeth era, de longe, a mais desanimada do grupo. Ela mal falava e quando Hera veio cumprimentar os jovens, a mulher percebeu que a neta de seu marido estava bastante desanimada.

Mas os outros não pareceram perceber isso, Annabeth sabia mascarar bem suas emoções. Todos estavam empolgados com as voltas as aulas, que começariam na segunda, depois de 2 dias do casamento.

A pergunta de Ártemis pegou Annabeth de surpresa, na verdade, ela havia esquecido do concurso.

_Eu não sei...Acho que não quero mais dançar.

A revelação realmente chocou a todos os presentes. A dança era algo que Annabeth amava mais que tudo o que fazia, mais até do que desfilar. A loira sempre dançou, ela que acompanhava a avó, quando a mesma era viva, e começava a dançar em seu ateliê.

_Meu amor, você pode parar de desfilar, mas se você parar de dançar, vai ser o apocalipse.- Will pediu com os olhos arregalados.

_Wiil está certo...- Silena concordou.- Annie, a dança é sua paixão.

_Olha aqui, seu projeto de dançarina ilusória...-Nico olhou bravo para a prima, chamando a atenção da mesma.- Se você pensar em parar de dançar, eu juro que te arrasto pelos cabelos e te jogo na primeira academia de dança que eu encontrar...- Nico ameaçou.- Nem vem com essa que comigo não cola...Primeiro não me apresenta o seu boy magia e depois quer largar a dança?...

_Nico...

_Ah, merece três tabefes na cara, isso sim!- O moreno continuou, fazendo os demais prenderem a risada.- NÃO inventa moda!- Nico elevou sua voz no ‘’não’’, fazendo um pequeno drama. Jason riu quando o primo fez uma cara superior para Annabeth.

_Annie, você não pode parar de dançar...Você é a única que herdou esse dom da mamãe.- Apolo garantiu, pegando na mão da sobrinha.

_E além do mais...- Silena começou.- Você que faz as coreografias das líderes de torcida.

_O que a Silena quis dizer é...Sem você e a sua dança, o time das líderes não é nada.

_Nada disso, meu amor!- Silena interveio.- A Líder sou eu, sem a Selininha aqui, vocês não são nada...Mas a Annie tem sua parcela de ajuda.

Todos na mesa riram da ''modéstia'' de Silena.

Thalia olhou para Annabeth e arqueou uma de suas perfeitas sobrancelhas.

_Se isso é por conta da minha irmã...Pode deixar, a titia vai falar com ela.

Annabeth riu e balançou a cabeça levemente e levantou-se e olhou de forma assassina para o primo. Ela pegou um pedaço de alface e enfiou na boca de Nico.

_Vagabunda...-Nico reclamou após engolir a folha. Ele sempre chamava suas primas de vagabundas, quando se fingia de bravo...Entretanto, ele esticava a palavra, como se tivesse com preguiça de dizê-la.

Annie riu e se afastou da mesa, ela passou pela mesa dos noivos e deu um beijo na bochecha de seu avó e abraçou Hera.

A garota entrou dentro da casa, ela cumprimentou alguns convidados e andou pelos corredores, sempre olhando para trás, para checar se tinha alguém avistando-a.

Abriu a porta que dava para a garagem, tirou seus saltos e literalmente correu até o seu carro. A garagem tinha capacidade par 15 carros e 10 motos, sendo que tinha os ‘’elevadores’’ que guardavam os carros. Os carros pouco usados, ficavam nos elevadores e os mais usados, ficavam no chão mesmo.

A loira pegou suas chaves, que estavam em sua bolsa e entrou em seu carro.

Ela deu marcha e abriu a garagem, saindo com o automóvel. A festa estava acontecendo nos fundos da casa, então ela não corria o risco de ser pega.

Mas os paparazzi estavam no portão principal do condomínio, então Annabeth sairia pelo portão da lateral esquerda.

A loira parou o carro, quando viu um dos seguranças do condomínio, levantar a mão e pedir que parasse.

_Senhorita?- Um dos seguranças cumprimentou-a. Estranhando a garota estar ali.

_Abra-me o portão e se alguém perguntar à você ou à seus seguranças, vocês não me viram.- A menina ordenou.

O segurança assentiu e fez um gesto para que abrissem o portão.

Quando Annabeth viu o portão aberto, a garota acelerou o carro e partiu pelas ruas de Nova York. Ela fechou o vidro e desviou da multidão de fãs e paparazzi que estavam aglomerados no portão principal.

Ela realmente não pensou nas consequências, ela só pensou que...Era o último final de semana do verão, antes das aulas começarem e ela iria aproveitar, bem longe dali.