Ouço batidas na porta, alguém a está esmurrando, por um instante meu peito congela, alguma coisa aconteceu, sinto meu estomago revirar. Levanto-me atrapalhado, bato o joelho numa cadeira que não deveria estar aqui, acendo as luzes, respiro fundo tentando me acalmar. Abro a porta, Tris está parada a minha frente, suas mãos seguram os batentes da porta de ambos os lados, ela está ofegante.

– O que aconteceu? Meu coração alivia por um momento, ela está aqui.

– Não sei, Quatro, mas eu preciso de você. – ela quase nunca me chama por esse nome, apenas quando está irritada comigo ou estamos entre amigos, mas dessa vez, percebo que ela não precisa de mim como Tobias, seu namorado, ela precisa do Quatro, o soldado.

Eu a puxo e abraço, colocando minha cabeça em seu pescoço, precisava sentir seu cheiro, ela respira nervosamente. Fecho a porta, seus olhos estão inquietos. Ela me segura pela cintura e repousa sua cabeça em meu peito.

– Tris, vai me dizer o que aconteceu?

– Eu sou um ímã, um ímã podre, eu atraio coisas ruins.

– Ei, isso não é verdade, e sua segunda chance de viver? E seus amigos que te amam? E eu? Somos todos ruins.

– Não.

– Então, o que aconteceu?

Tris me segura pela mão e caminha até o quarto, nos deitamos na cama, de frente um pro outro. Suas mãos deslizam pelo meu braço, ela ainda não falou nada.

– Tris, por favor..

– Está bem – ela suspira – Eu encontrei quatro pessoas conhecidas na margem hoje. Uma delas, a primeira, foi uma moça que me ajudou quando fui a margem pela primeira vez com Amah e George, na época em que estávamos no Departamento de Pesquisas Genéticas, ela se chama Amy. Estava delirando, com febre, nós a trouxemos para a cidade, Cara e Caleb estão cuidando dela.

– E as outras três?

– Mary – ela suspira mais uma vez - quando eu estava com Amy, percebi alguém nos observando, quando ela tirou o capuz que cobria sua cabeça, eu achei que fosse ela, mas não tinha certeza, eu e Christina a seguimos, sem que ela nos visse, quando ela encontrou com as outras duas pessoa eu tive certeza de quem eram..

– Rafi e Nita.. - eu completo e ela assente.

– Eles seguiram até uma casa abandonada, mas depois vimos várias outras pessoas chegando, eles olhavam desconfiados para todos os lados, como se não quisessem ser vistas entrando ali. Quatro, eles estavam armados. Sinto que tem alguma coisa errada acontecendo.

– Gostaria de que você não sentisse isso.

– Eu também.

Nunca mais vou duvidar dos pressentimentos de Tris, não depois de tudo o que passamos, não depois de já ter errado feio quando não dei valor ao que ela dizia, pode não ser nada, como pode mudar tudo, de novo.

Acaricio seus cabelos e a abraço junto a mim, ela se aninha em meu peito como uma criança assustada,

– Feche os olhos, durma um pouco, eu estou aqui com você, tratamos desse assunto amanhã, está bem?

– Estou com medo..

– Mas não precisa, ainda não, pelo menos.

Tris levanta a cabeça e me beija, é um alívio, esse contato alivia meu corpo, nem tinha percebido o quanto estava tenso. Por enquanto, nada aconteceu, mas não posso deixar de concordar com ela, Rafi, Mary e Nita juntos, nada de bom pode sair disso.

– Eu te amo, sabia? - Digo

– Eu sei, eu também te amo, Tobias – ela responde quase dormindo, sinto seu corpo relaxar em meus braços.

Fecho meus olhos, temo acordar num mundo diferente, mas ela está aqui comigo, isso é tudo que eu preciso agora, este apartamento perde toda a vida sem ela.

Amanhã, eu penso, hoje só quero estar com ela num mundo feliz.