Experiment escrita por Pris


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

A Margem ainda tem aquele aspecto imundo e úmido, tudo aqui é sujo, cinza e cheira a esgoto.



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Capítulo 20

Tris

Christina chega em casa cedo, decidimos coletar informações sobre o modo de vida das pessoas, eu ainda acredito que há muita coisa por trás disso tudo, mas não quero falar nada antes de ter absoluta certeza.

George e Amah se ofereceram para nos acompanhar durante a viagem, ela será curta, iremos direto à Margem, passaremos a noite no antigo Departamento de Auxílio Genético, ao qual prefiro chamar de Aeroporto, pois é um das poucas lembranças boas que tenho do local.

Pedi a Tobias que não viesse, não queria me sentir pressionada, mas também não queria causar sofrimento a ele, depois que ele me contou sobre sua nova Paisagem do Medo, pude entender seus sentimentos, queria poupá-lo disso, mesmo que seja apenas uma viagem de pesquisa, sem perigo aparente. No entanto, ele não fez o que eu pedi, sinto uma pontada de felicidade nisso, eu queria vê-lo antes de ir, queria ter certeza que estamos bem.

– Você veio, por quê?

– Não deixaria que você fosse, sem nem um beijo de despedida – ele diz isso no mesmo momento em que me puxa pela cintura e gruda seus lábios nos meus, ainda estamos um pouco desconfortáveis um com o outro, depois de tudo que aconteceu, só não podemos negar que temos uma força que nos une, que nos faz querer estar sempre juntos – Preciso que você me prometa que vai tomar cuidado, que não arriscará sua vida, por nada.

– Eu prometo

– Eu acredito.

Matthew chega em seguida, carregado de computadores, equipamentos e sacos de dormir. Não há mais dormitórios no Aeroporto.

Vamos todos na caminhonete do departamento de segurança, Amah pediu para que eu e Christina carregássemos armas e usássemos colete a prova de bala por baixo das roupas para não chamar atenção, as coisas na Margem continuam perigosas. É a primeira vez que carrego uma arma de verdade desde que acordei, durante os dias que treinávamos no Complexo da audácia, usávamos armas de simulação. Preciso encará-la como um objeto de defesa, ao qual devo temer e respeitar, não posso mais ter medo segurá-la, não posso mais me sentir vulnerável, eu amo viver, sei disso, preciso merecer minha segunda chance, dando valor ao que eu tenho.

A Margem ainda tem aquele aspecto imundo e úmido, tudo aqui é sujo, cinza e cheira a esgoto. Matthew, precisa ir atrás de seus dados de pesquisa, possuímos um comunicador para podermos nos encontrar depois. Ele e George vão juntos, não sei exatamente o que Matt faz, mas as pessoas parecem conhece-lo. Ele não corre nenhum risco aqui.

Eu e Christina decidimos apenas observar, antes de tentar abordar algum morador.

Caminhamos lado a lado, Amah nos segue, um pouco atrás. Ao longe, podemos ver como essas pessoas vivem, assim como o medo estampado eu seus rostos. Um grupo de crianças brinca num próximos a esquina, eles escalam o poste de luz até o máximo que conseguem, depois saltam, parece divertido, mas nenhum pouco sábio da parte delas. As pessoas aqui parecem agitadas, correm o tempo todo de um lado para o outro, gritam e conversam alto.

Christina acha mais prudente que caminhemos na outra direção, indo para o lado sul.

Depois de alguns minutos caminhando, paramos numa espécie de hospital da margem, o local é improvisado e vejo alguns homens e mulheres tentando cuidar de feridos e alimentando doentes.

Andamos mais um pouco, adentrando por vielas imundas, o cheiro faz com que eu sinta náuseas.

Paro um pouco, tentando me equilibrar, fiquei realmente tonta, aqui é pior, muito pior, estamos chegando próximo a um depósito de lixo a céu aberto.

Enquanto encosto numa pequena grade, sinto uma mão estranha me tocar. No mesmo instante fico alerta e coloco a outra mão dento da minha jaqueta, tocando o coldre onde guardo minha arma.

A pessoa que me segura é pequena e magra, suas roupas são surradas e sujas, mas seu rosto é familiar.

– Eu conheço você, ela diz

– Amy? Seu nome é Amy, não é?

– Você se lembra de mim? Ela me pergunta incrédula.

– Sim, eu me lembro, como se fosse a poucos meses – digo isso por que ela não sabe que eu acabei de voltar de um coma, coisas que aconteceram a 5 anos atrás, pra mim aconteceram a apenas alguns meses.

– Eu preciso de ajuda - Ela diz – seus olhos lacrimejam.

– Do que precisa, Amy?

– De paz, eu quero morrer e ir para o céu, não quero mais guerra. - Percebo que ela está delirando, toco sua testa, ela está ardendo em febre

– Christina – Eu a chamo, agora sou eu quem precisa de ajuda – Amy cai sobre meus pés.

Amah corre em nossa direção e a carrega em seus braços, mas no momento em que tentamos leva-la ao pequeno centro médico, vejo um vulto familiar nos observando. Ela me encara por alguns instantes e retira o capuz que cobre sua cabeça, seus cabelos são ruivos e seus olhos firmes e fortes, ameaçadores, a última vez que a vi, estava presa, acusada de tentar roubar as armas químicas do departamento.

– Amah leve par o carro , vamos leva-la conosco, para a cidade. Christina, preciso que venha comigo.

– Tris, não posso deixa-las sozinhas, é perigoso – Diz Amah

– Eu sei o que estou fazendo, não deixarei que me vejam.

Seguro a mão de Christina, corremos em direção ao beco onde Mary estava a alguns minutos, ela não pode ter ido longe, retiro minha arma do coldre, coloco na parte de traz da minha calça, ela esta escondida sob minha blusa, fecho minha jaqueta até o final e cubro a cabeça com o capuz, Christina ao meu lado faz o mesmo, sem me perguntar nada.

– Acabei de ver Mary aqui, ela estava nos observando, depois fugiu – sussurro.

Andamos por vielas amontoadas, pessoas nos olham de dentro de seus barracos mas não dizem nada. Vejo então uma nova rua surgir e três pessoas familiares entrarem numa casa, aparentemente abandonada. Sei quem são e isso não é nada bom, esses três juntos não pode ser nada bom. Nos escondemos atrás de grandes latas de lixo e podemos ver algumas outras pessoas entrando na mesma casa, todas têm a mesma fisionomia assustadora.

Não podemos chegar mais perto, não podemos arriscar, olho par Christina que até agora, milagrosamente não falou nada.

– Precisamos voltar pra cidade. Agora

Ela assente. Voltamos pelo mesmo caminho, Amah, George e Matthew estão a nossa espera. Eles colocaram Amy na parte de traz da caminhonete, ela estará segura ali.

Nenhum deles me diz nada, entramos todos no carro e seguimos. Pelo retrovisor, podemos ver a Margem perdendo sua forma e uma vegetação dando lugar a paisagem. Christina respira pesadamente ao meu lado.

– Você está bem? Eu pergunto

– Sabe, Tris, acho que Quatro tem razão, parece que o Universo conspira contra você, você atrai o perigo.

– Eu não fiz nada que arriscasse nossa segurança.

– Pelo menos vejo que você deixou de ser aquela garota impulsiva de antes, está agindo mais sabiamente, não está se arriscando, a cinco anos atrás teríamos tentado entrar naquela casa e ouvir o que eles estavam conversando.

Não sei ainda o que está acontecendo, mas alguma coisa me diz que Amy poderá nos ajudar a descobrir. Só tenho sinto que não é nada bom.

Ao chegar a cidade, levamos Amy até o centro médico, Caleb e Cara a estão examinando. Eu preciso sair daqui, já está de madrugada, mas eu preciso vê-lo.

Subo as escadas correndo, sinto e ouço meus batimentos cardíacos acelerados. Bato a porta fortemente, pelo vão percebo as luzes que acabaram de ser acesas, Tobias abre a porta visivelmente assustado.

– O que aconteceu?

– Não sei, Quatro, mas eu preciso de você.


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