Experiment escrita por Pris


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Ela é brasa eu sou o carvão



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Caleb abre a porta, mas eu não consigo olhar pra ele, ela está logo atrás, seus olhos estão vermelhos. Eu sou um babaca. Como pude trata-la dessa forma, o que eu fiz nem chegou perto das broncas que eu dava quando ela era uma iniciada ou quando estava agindo como uma viciada em adrenalina suicida. Eu agi de forma egoísta, pensando apenas em mim, não pensei que fosse feri-la, isso me acerta como um soco, seus olhos encontram os meus e eu vejo lágrimas caindo sobre seu rosto.

– Ela não quer falar com você, Quatro – diz Caleb.

Eu o ignoro, meu olhos fixos no nos dela.

– Por favor – eu imploro, ela não se move, apenas me olha.

– Tudo bem, Caleb – ela diz por fim

– Tem certeza? – Caleb diz enquanto me encara, devo confessar que isso é reconfortante, existem mais pessoas dispostas a lutar por ela.

– Sim

– Ok, então vou deixa-los a sós, mas apenas por alguns minutos – Caleb abre a porta.

Eu entro no apartamento e fico apenas olhando para seu rosto, mistura de forte e frágil, quero abraça-la, beija-la, mas não mereço isso. Ela levanta a cabeça e me olha, seus olhos estão sérios.

– Eu estou ouvindo, Quatro – ela diz e posso sentir a tristeza em sua voz.

– Podemos nos sentar?

Tris se afasta e eu me sento numa poltrona, enquanto ela se senta no sofá, estamos frente a frente

– Eu gostaria de saber se você pode me perdoar? Eu pergunto, ela me olha por algum tempo, depois fala as palavras que ferem como açoite.

– Eu estou com medo de você – as lagrimas caem ainda mais agora, Meu deus o que foi que eu fiz?

– Eu jamais machucaria você, Tris, eu nunca me deixaria ser como Marcus.

– Você tinha o mesmo olhar dele ontem à noite, o mesmo olhar que eu vi na sua Paisagem do medo.

– Eu estava com medo também.

– Do que?

– De te perder, de perder o controle da situação.

– Controle? Nada está sob o nosso controle, não podemos prever o futuro, só podemos estar sempre preparados, sempre em alerta

– Quando eu acreditava que você estava morta, Tris, eu não vivi, eu era apenas um caco, não tinha vida dentro de mim.

– Eu não posso imaginar como foi isso, mas você tentou seguir em frente? As pessoas morrem, Quatro, eu quase morri, por um tempo estive morta pra todos.

– Eu não soube viver num mundo sem você.

– Eu não posso ser responsável pela sua insegurança, eu não posso deixar de seguir em frente.

– Eu sei

– Então por quê?

– Eu tenho medo também, não quero te perder de novo, não quero ver você arriscando sua vida, você é simplesmente importante demais pra mim.

– Eu não estou arriscando minha vida, estou apenas tentando fazer algo útil.

– Eu sou um idiota.

– É, você é.

– Eu entrei na minha paisagem do medo hoje – Tris me encara surpresa – você estava nela, em duas delas.

– O que você viu?

– Na primeira em que você apareceu, a vi morrer pra me salvar – agora sou eu que não consegue segurar as lágrimas. Respiro fundo, ela me observa – Na segunda, eu te machuco, eu viro um monstro como Marcus.

– Você não é como ele, mas pode ser se quiser, é tudo uma questão de escolha.

– Tenho medo de não ser suficiente, de me deixar levar, de ser fraco

Ela segura minha mão e me encara, seu olhar é sério, sem piedade.

– Você não é fraco.

– Mas você teve medo de mim..

– Sim, eu tive.

– Foi por isso que saiu?

– Eu sai porque estava com medo e com raiva, achei que poderíamos machucar um ao outro.

– Eu não bateria em você. – digo porque sei que é verdade,

– Palavras também machucam.

Ela tem razão, eu jamais a machucaria fisicamente, mas posso feri-la de outras formas, já fiz isso antes, estou repetindo meus erros.

– Eu sinto muito, você está certa.

– Não posso te garantir que não arriscaria minha vida por você, eu tenho certeza que seria capaz de fazer isso, mas quanto a me ferir, isso não é uma coisa que eu consiga controlar, apenas você pode fazer isso.

– Eu vou tentar, o tempo todo, porque você é a pessoa mais importante na minha vida, é a minha família.

Ela suspira, se olhos fitam o chão.

– Eu me senti aprisionada ontem, não quero me sentir assim novamente.

– Você não precisa se sentir assim, eu sei que agi como um completo idiota. – Eu me ajoelho na frente dela, seguro sei queixo, fazendo- a olhar pra mim – Eu sou um bacaba, maricote, careta, e fraco, mas você pode me perdoar?

Seus olhos passeiam pelos meus, ela não me responde, por alguns segundo penso que eu estraguei tudo, pra sempre, então suas mão deslizam pelo meu pescoço, ela me puxa para junto de si, num abraço apertado

– Você, não é fraco, nem maricote, talvez seja um babaca, mas mesmo assim eu te amo – ela me diz ainda abraçada em meu pescoço

– Você me perdoa?

– Sim, eu perdoo.

– Vai voltar pra casa então?

– Acho que você precisa de um tempo sozinho, sabendo que eu estou viva, mas que temos vidas além de um relacionamento, eu te perdoo mas não quero voltar pra sua casa agora.

– Você tem certeza?

– Eu não tenho certeza de nada, só acho que tem que ser assim, pelo menos por enquanto.

Eu assinto, não posso fazer nada, não posso obriga-la a fazer nada, agora eu sei disso, eu causei essa situação, não ela.

– Você quer que eu traga as suas coisas pra cá?

– Algumas roupas são o suficiente, você poderia fazer isso?

– Claro – não quero fazer, pois quero que ela vá comigo, mas vou fazer por que é o que ela quer. – Eu posso te beijar? – eu pergunto e ela dá um sorriso triste.

E é o que eu faço, ajoelhado em sua frente, ela é minha lima, ela é esperta o bastante para compreender que somos humanos e erramos, Afiada para saber o que quer e tomar suas próprias decisões, mas é bondosa o suficiente para perdoar minhas atitudes. Ela apoia sua testa na minha.

– Eu estou envergonhado pelo que fiz ontem – digo – gostaria de ter me oferecido par ir junto, para não me preocupar com a sua segurança.

– Eu teria compreendido se você quisesse ir junto, mas agora acho que isso iria apenas nos atrapalhar, é uma coisa que preciso fazer sem você. Conversei com Christina mais cedo, ela acha que é uma boa ideia, que pode nos ajudar, amanhã irei procurar Matthew.

Caleb abre a porta, ainda estou de joelhos frente a ela, sei que é minha deixa para ir embora, mas não consigo me separar.

– Vou buscar suas coisas, estarei de volta em algumas horas. - digo enquanto me levanto, seus olhos me acompanham

Caleb me encara quando eu passo por ele e eu não desvio o olhar, eu preciso do perdão dela, não da aceitação dele, ele também não tem o direito de falar nada, pois ela o perdoou, sem exigências, sem que ele merecesse.

Só sei de uma coisa, jamais deixarei de lutar por ela, jamais deixarei de lutar comigo mesmo por ela. Ela é brasa eu sou o carvão.


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