Experiment escrita por Pris


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Foi assustador, mas o que seria a coragem sem o medo?



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Capitulo 13

Tris

Sinto uma dor terrível no ombro, ontem o treino foi realmente puxado, um misto de lutas, vencedor contra vencedor, eu, Shauna, Zeke e Quatro.

A primeira luta foi entre Shauna e Quatro, o que não me parecia muito justo, pois ela ainda está em recuperação. Ele a derrubou em dois minutos, depois que ela o fez jurar que não iria pegar leve. Eu e Zeke nos enfrentamos em seguida, nossa luta foi mais acirrada, ele é ágil, mas eu também sou, no entanto ele conta muito mais com o fator músculos do que eu. Ele me derrubou logo no primeiro golpe, deixei a guarda baixa e fui atingida com um jab no queixo, me recuperei rapidamente, acertando seu pescoço com meu cotovelo, seguido por um murro no estomago que o fez abaixar de encontro com meu joelho, tenho certeza que hoje ele tem o olho roxo.

Depois fizemos vencedor contra vencedor. Tris versus Quatro. Durante todo este mês eu não o venci nenhuma vez durante nossos treinos diários, ontem foi por pouco, quando ele tentou me dar uma joelhada no estômago, aproveitei sua perna como alavanca me projetando por cima do seu pescoço e caindo por trás numa chave de braço, mas sua força é maior, conseguiu se soltar e me prender no chão rapidamente, nossa luta terminou em questão de segundos, seu último ataque foi um beijo, sem chance de defesa.

Agora meu ombro arde, não sei se o machuquei durante minha queda ou antes. Faço uma careta ao me sentar na cama. Ele caminha em minha direção.

– Está tudo bem?

– Meu ombro dói, acho que devo ter distendido algum músculo ou tirado ele do lugar durante a queda.

Ele pega um gel de menta, que usa para relaxar os músculos, se senta atrás de mim e o aplica em movimentos circulares no meu ombro, omoplata e pescoço.

– Não saiu do lugar, senão você estaria gritando de dor. Me deixe fazer uma massagem.

O gel é refrescante, sua mão é pesada e forte. Ele beija o outro lado meu pescoço enquanto massageia toda a extensão das minhas costas. Não sei como tenho tanto pique, mas por mim, teríamos passado o mês inteiro naquela cama.

– Você está com segundas intenções, Tobias?

– Eu sempre tenho segundas intenções com você, Tris

– Preciso ir ao Centro de pesquisas. - suspiro

– Eu sei, mas isso pode esperar um pouco, não pode? A massagem chega até minha cintura

– Até poderia, se nós dois fossemos civilizados.

– Melhor não começar o que não podemos terminar, não é? - seus dedos ainda apertam minha lombar e eu respiro fundo

– Não, melhor começar rápido para que eu não me atrase.


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No Centro de pesquisa, Caleb me espera furioso.

– Atrasada! Mais uma vez atrasada, nem no último dia você conseguiu chegar na hora. Hoje não posso ficar por sua conta, estaremos muito atarefados aqui.

– Desculpa, Caleb, perdi a hora.

Ele me olha estupefato.

– Seu relógio agora se chama Tobias Eaton? Ele me pergunta, mas eu não consigo encará-lo.

– O que fará de tão urgente hoje que está nervoso desse jeito, Caleb? Você nunca brigou comigo pelo horário, desde que eu aparecesse...

– Você esqueceu?

– O que?

– Uriah, oras..

– Uriah? É hoje?

– Por onde anda com a cabeça, Tris? Tem uma semana que eu te falo isso todos os dias.

– Estou treinando muito, Caleb, todas as noites. Parece que seu soro milagroso me deixou ligada em alta voltagem, se não me exercitar todos os dias, mal consigo dormir.

– Quanto a isso, não posso fazer nada, é a única maneira do soro funcionar. Também não é um efeito colateral tão ruim.

Hoje é o ultimo exame, então terei alta. Calebe me passa todas as recomendações médicas, falando para que eu me comporte, elogiando minha saúde. Por fim , me dando um grande abraço.

– Tive tanto medo que não desse certo, Tris

– Mas correu tudo bem, Caleb, você me salvou.

– Eu jamais me perdoaria se te deixasse morrer. Não depois de tudo que eu fiz.

Lagrimas brotam dos meus olhos e um soluço para na minha garganta, eu o contenho.

– Esquece isso...

– Perdão.

– Eu já te perdoei a cinco anos atrás.

– Eu sei, sou tão grato por ter você na minha vida

– Eu também por ter você.

Continuamos abraçados por um tempo, foi nosso primeiro momento sozinhos durante todo o mês, nosso primeiro momento entre irmãos. Eu o amo e daria minha vida para salvá-lo quantas vezes fossem necessárias.

Caleb beija minha testa e me olha, seus olhos brilham.

– Vamos, agora é a vez de Uriah!


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Sinto um déjà vu ao contrário. Estamos todos aqui numa ante sala, eu, Tobias, Christina, Shauna, Zeke, Hanna, mãe de Uriah. Ela tem o semblante forte, nitidamente tentando segurar a emoção.

Ela me olha e se aproxima.

– Você já passou por isso, não é mesmo?

– Sim

– E como foi? Como foi acordar depois de tanto tempo?

– Foi como acordar de uma noite de sono e perceber que a noite foi mais longa do que você imaginava, tudo diferente ao seu redor. Foi assustador, mas o que seria a coragem sem o medo?

É isso que ser Audácia significa, enfrentar seus medos, e é isso que ela é, que ela compreende. Sei que Uriah vai conseguir.

– Entendo – ela sorri

– Ele vai ficar bem – Estendo minha mão e toco seu ombro – Ele é uma pessoa excepcional.

– Me disseram que só descobriram a cura por sua causa

– Por causa dos meus genes absurdamente divergentes

– Bem, Tris, até minha mãe está repensando seu medo por divergentes – diz Shauna. Desde que acordei, estamos mais próximas, sinto que esses anos a fizeram entender melhor o que era ser divergente e não duvidar das nossas atitudes, de nossa fidelidade.

Cara e Caleb preferiram manter a janela fechada dessa vez. É mais fácil agir quando não se tem uma plateia. Mas já estamos esperando a horas, sem notícias. É angustiante.

– Queria ter vindo quando foi a sua vez, Tris – sussurra Christina, para que apenas eu possa ouvir

– Você e Quatro estavam muito distantes?

– Nós nos tornamos grandes amigos por um tempo, logo depois de tudo, mas quando fizemos seu “funeral” ele ruiu, virou um caco. Acho que minha presença trazia de volta todas as lembranças.

– Então você se afastou.

– Não, ele se afastou de todos.

Não consigo imaginar esse sofrimento, não sei se eu teria conseguido viver. Ele faz parte da minha vida como se fossemos parte de um só corpo, um completa o outro, de maneira perfeita. Sem lacunas, sem pressão, sem posse. Um amor livre, que nem sempre foi baseado na verdade, mas ambiguamente honesto, nós sempre confiamos um no outro.

– Não queria ter perdido tantos anos da minha vida, queria ter vivido com vocês, não queria ter causado tanto mal

Christina me abraça lado a lado, quando percebemos a movimentação na janela. Agora podemos ver, Uriah está sentado na maca, rindo de alguma coisa, vestindo apenas uma sunga amarelada, acredito que seja por causa do soro, eu também vestia quase nada quando acordei, um tanto constrangedor pra mim, mas pra ele não parece ser.

– Oh, voyeurs. - Ele diz olhando em nossa direção - Não é muito divertido quando todos vocês me observam praticamente nu, enquanto ainda estão vestidos. Alguém poderia me explicar que festinha é essa e o que colocaram na minha bebida? – Uriah parece bem menos assustado que eu.

Me aproximo do interfone e mantenho o botão apertado enquanto falo

– Participei dessa festinha mês passado, Uriah, posso te garantir que não é tão divertido quanto parece

– Por que estão todos aqui? E por que minha Mãe está chorando?

Ele pula da maca, Cara e Caleb nem tentam impedir, veste um jaleco branco que está dependurado próximo a saída da sala e abre a porta.

– Uriah, sempre fazendo uriazisse – diz Zeke, saindo da ante sala.

Paramos todos no corredor, Uriah se aproxima e é abraçado por Hanna e Zeke ao mesmo tempo.

–Ok, já fui rato de laboratório o dia todo, gostaria de uma explicação sobre o que está acontecendo - Diz Uriah se desvencilhando dos abraços.

– Nós dois ficamos em coma, Uriah, como dois vegetais – Eu respondo – Depois fomos cobaias de um estudo cientifico, por fim eles nos ressuscitaram. - Acredito que com ele é melhor ser simples e direta

– Jura?

Eu apenas sacudo a cabeça afirmativamente.

– Animal!! Você ressuscitou quando?

– Mês passado, foi assustador.

– Qual é, não seja uma careta, Tris. Quem além de nós pode dizer que morreu e voltou? - Ele me responde animadamente, as coisas são mais fáceis quando se pensa como Uriah. – Quanto tempo?

– Cinco anos..

– E meio – Completa Zeke

– Então vamos sair daqui, já perdi muito tempo

Caleb aparece atrás de nós.

– De jeito nenhum, Uriah, você ainda não recebeu alta, vai ficar aqui até amanha e ser monitorado durante esta noite.

A expressão de Uriah muda, ele não vai querer ficar aqui.

– Ei, eu já passei por isso, se lembra? Melhor fazer o que eles mandam. Esses dois aí sãos piores que sua paisagem do medo. - ele apenas me olha

– Vem, vamos Uriah, seu quarto já está pronto.- Diz Caleb

Uriah então caminha ao lado de Caleb, visivelmente consternado. Tobias abraça minhas costas.

– Preciso ter uma conversa com ele

– Eu sei, tudo ao seu tempo, vamos esperar que ele se recupere.

Nesse instante Uriah se vira, penso que ele deve ter nos ouvido, no entanto ele apenas diz:

– Ei, Christina, você tá de perder o fôlego..

Depois continua andando. Apenas uma uriazisse. Senti falta disso.


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