Experiment escrita por Pris


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Ela foi a primeira a pular, não me espanto, eu continuarei sendo o ultimo.



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Capítulo 12

Tobias

Eu literalmente dormi o resto da tarde, não queria, mas deitei na cama e quando acordei já passava das 18:00h. Ela ainda não tinha voltado. Tomo uma ducha fria, esses últimos três dias foram os melhores desde sempre, não consigo conter o sorriso.

Então ouço risos e passos na escada. Ela abre a porta e está completamente diferente de como estava mais cedo, Seu cabelo está na altura do queixo, numa franja que emoldura seu rosto. Ela veste uma calça jeans escura e justa, uma pequena bota preta sem salto, sua blusa é branca, com alças finas. É simplesmente a pessoa mais linda que eu já vi. Mais uma vez estou sorrindo feito um idiota.

Christina chega logo atrás cheia de sacolas.

– Está linda, não está?

Eu apenas concordo com a cabeça, Christina ri.

– Tire essa cara de bobo da cara e vá vestir uma roupa decente – continua Christina –

Percebo que estou usando apenas toalha enrolada na cintura.

– Pra que?

– Vamos sair, aproveitar a vida! Tris já passou tempo demais hibernando.

Ela passa por mim entregando as sacolas

– Aproveite e guarde isso também.

Tris se aproxima timidamente, não sei se ela tem noção de sua aparência como eu tenho, eu abaixo um pouco me aproximando de seu ouvido, sentindo seu cheiro.

– Você está bonita, Tris.

Ela sorri e me beija levemente.

– Dá pra andar logo? Diz Christina - Vocês terão tempo de sobra pra isso depois... Quem sabe bater o próprio recorde e aumentar para quatro dias - sinto um ar de deboche nisso

Jogo as sacolas num canto e visto a primeira roupa que encontro, calça jeans, camiseta preta e um tênis velho.

Christina está aprontando alguma coisa.

– Você poderia pelo menos me dar uma dica de onde iremos. – Ouço Tris perguntar.

– Segredo, você saberá quando chegar a hora.

Caminhamos em direção ao Trem

– Temos que pegar o trem das 19:50, último vagão – Christina nos informa.

O mesmo de sempre, o chão treme, o trem se aproxima. Correr. Pular. Estamos dentro. O vagão está vazio, mas à medida que adentramos a cidade, a tripulação vai aumentado, uma a um. Membros da Audácia, claro. Por fim, o vagão fica tão cheio que mal conseguimos nos mover. Tris parece confortável com a situação, cumprimentando e conversando com todos.

Aproximadamente 15 minutos depois, os membros da nossa antiga facção começaram a pular do vagão, o trem não diminui a velocidade, eu já sabia aonde iríamos.. 100° andar do Edifício Hancock. Minhas mãos começam a suar. Tris sorri e salta, vou logo atrás.

Subimos pela escada, são muitas pessoas para irmos de elevador. 100 andares num ritmo frenético, é fácil se contagiar pela adrenalina exalada, mas eu já estou tremendo, fiz isso uma vez, por ela, não quero fazer de novo.

Alguém nos espera no topo

– Zeke? Achei que estaria com Shauna hoje

– E eu estava, mas a mãe dela me expulsou de lá – ele responde fazendo uma careta - Caleb só permitiu uma pessoa com ela no quarto durante a noite, então vamos nos revezar durante os dias que ela estiver lá.. Também não queria perder isso aqui por nada.

Percebo que Tris me olha fixamente

– Você vai descer? Superou seu medo de altura?

– Não superei, mas fiz isso uma vez, quando joguei suas “cinzas" pela cidade.

– Você foi realmente corajoso.

– Foi apenas por você, não quero fazer isso nunca mais.

– Se subiu, tem que descer – Zeke entra na conversa

– Desço de elevador.

– Maricote.

Tris ri.

– Maricote? Fala sério..

– Pó pó pó pó – Zeke cantarola enquanto bate os braços imitando um frango.

– Ta bom, eu vou – me sinto derrotado – Você me paga, Zeke, vai ter volta.

– Eu primeiro - grita Tris – e dessa vez quero ir de barriga pra cima.

Eu enjôo só de pensar

Ela é a primeira a vestir o arnês. O gancho foi preso na altura do seu abdome. Zeke a puxa pra próximo do parapeito do prédio.

– Tem certeza Tris?

Ela apenas balança a cabeça afirmativamente, sorrindo.

– Não seja um maricote – ela grita pra mim piscando um olho, depois faz um sinal de positivo e Zeke a empurra pra fora do prédio.

Ela voa, de barriga pra cima e os braços abertos, livre, ela faz o que quer, ninguém a controla. Ouço seus gritos, uma mistura de medo e alegria. Adrenalina. Sinto um calafrio, minhas mãos tremem e eu suo. Ela foi a primeira a pular, não me espanto, eu continuarei sendo o ultimo.

Ajeito-me no arnês, não acredito que estou fazendo isso de novo. Tento ignorar o medo, mas a essa altura, é impossível.

– Você a ouviu, não seja um maricote - diz Zeke, sobramos apenas nós dois, eu não serei o ultimo como pensava.- De costas ou de frente?

– De frente

– Maricote

Ele me puxa até a beirada, sinto meu coração bater forte, dessa altura tudo é pequeno, vejo as janelas, a rua lá embaixo. Sou um louco por estar fazendo isso. Um louco com fobia de altura.

– Vamos lá, Careta, sua vez

Zeke me empurra e eu sinto o chão deixando meus pés, o vento é intenso, meu coração vai acabar quebrando minhas costelas. Minha caixa torácica vai explodir em milhões de pedaços. Eu não consigo gritar. Tudo é, ao mesmo tempo, prazeroso e doloroso. Não me lembrava que a sensação de voar podia ser boa, mas ao olhar pra baixo, sinto-me nauseado, um misto de doce e amargo. A velocidade começa a diminuir e eu já os vejo, ainda pequenos. Com os braços colados numa rede humana, juntos continuam a ser um só, ligados por todas essas emoções, coragem e genética. Só preciso confiar. Me solto do arnês e caio, a sensação é ainda pior, no entanto, seus braços unidos me salvam do impacto.

Tris abraça meu pescoço e me beija calorosamente.

– Como foi? – diz ela se desvencilhando dos meus lábios, passando a mão nos meus cabelos, eu abraço sua cintura junto ao meu corpo

– Não quero fazer isso nunca mais. - respondo, o ar ainda não voltou aos meus pulmões.

Nos juntamos mais uma vez formando a rede humana para receber Zeke, que cai rindo, me pergunto quantas vezes ele já fez isso na vida. Depois sou puxado por Tris

– Vem, nós vamos ao fosso, parece que tem uma festa nos esperando – seus olhos brilham – Hoje quero ficar com a mente nebulosa.

– E eu quero beber pra esquecer da sensação de estar caindo.

Ela ri e nós corremos, os outros não nos esperam, cada um no seu ritmo, ganhando as ruas. A antiga sede da Audácia está próxima.

Eu senti falta disso, só agora consigo perceber o quanto. Esta também é a minha família.


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