O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 7
Parte 1: Capítulo 7 - Socos




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Realmente começo a me convencer de que sou uma pessoa horrível. Agora até a Sabine reduziu as vindas dela, pensei que eu fosse sentir mais falta da minha fone de sexo, como diria a Yara, mas até que não, não era como se eu e ela tivessemos conversas construtivas ou fizessemos coisas divertidas juntos, ficavamos sentados um olhando para o outro, ela me forçava a comer, vez e outra falavamos algo, mas nada que fosse me fazer ter vontade de continuar com o assunto, acho que essa é uma das razões dela não gostar da Yara, com ela eu queria continuar falando e saber mais e matar a saudade dos anos em que ficamos afastados.

Rex está ficando ao meu lado, ele parece gostar das vindas da Yara, mas não por quanto tempo teremos a companhia dela, sua frequencia aqui já não é grande e agora tem diminuido, ela disse algo sobre vir escondida, não me importo, porque só de ter a companhia dela já me é muito bom, mas é bom que ela venha quando eu estiver sozinho, meus pais nunca gostaram muito dela desde que eramos crianças, diziam algo sobre ela ser mal-educada, mas eles não eram as melhores pessoas para cuidarem de crianças e ela nunca guardou nada para si e os respondia, o que era uma diversão para mim e Pietro. Mas agora ela não parece ser mais tão impulsiva, ela parece bem preocupada, sempre fica olhando as horas como se não pudesse ficar nem um minuto a mais. Muitas vezes nossas partidas eram cortadas pelo seu desespero de sair.

Agora que estou muito sozinho minha mãe pede para que a empregada sempre venha ficar aqui, ela me conhece desde que sou criança, lembra da Yara e diz que ela ficou muito bonita, não parei para observar isso, mas deve ser verdade. Ela também não conta para meus pais, sabe que eles detestariam e ela diz que eu estou bem melhor agora, que perdi minha cara de enfermo.

A campainha tocou, a empregada abriu e gritou ser a Yara, desci as escadas, ela estava usando uma short meio estranho, era uma bermuda que ela desfiou e uma regata justa, o cabelo estava amarrado em um rabo atrás da cabeça. Ela se jogou no sofá e tirou os óculos escuros aviador.

– Como se sente hoje? - ela perguntou acariciando Rex, será que ele via essa coisa estranha que nossa amiga tinha se tornado?

– Bem.

– Estaria preparado para sair - eu a olhei, ela riu e percebi que ela brincava - Você parece melhor mesmo. - ela sorriu - Por que passamos tanto tempo longe se ainda temos tanta coisa em comum?

– É uma ótima pergunta, minha cara - falei me deitando no sofá menor.

– Quer jogar alguma coisa? - a olhei desafiador ela riu e subiu par ao meu quarto, ela já se sentia intima assim, eu a segui e Rex vinha logo atrás, nos sentamos nos puffes, o cachorro deitou a cabeça no meu joelho.

Ficamos jogando durante muito tempo até a campainha tocar novamente, ouvimos o anuncio de que era a Sabine, ela subiu até o quarto e nos encontrou jogando, ela me encarou profundamente e passou na nossa frente, se jogou na cama. Mas ela foi ignorada por ambos os jogadores, Yara me deu um encontrão que me desconcentrou e me fez perder, ela pulou rindo e dizendo que eu era horrível, eu a xinguei e comecei a empurrá-la até que começamos a nos empurrar, ela me encheu de cócegas e eu não fiz diferente, Rex latia e saltitava enquanto Sabine nos fuzilava, Yara olhou as horas e me encarou.

– Sinto muito. - falou meio triste - Vai precisar de alguma coisa?

– Só me ajuda a levantar - estiquei o braço, ela me puxou, eu a puxei par ao chão, pude ouvir seu cotovelo bater na mesinha - Te machuquei? - ela olhou o cotovelo e deu de ombros - Está doendo? - eu fiquei realmente preocupado.

– Não, ta tudo bem, Wilke - ela riu - Agora eu realmente preciso ir.

– Certo, até mais.

– Até mais.

Ela foi seguida por Rex, enquanto Sabine brigava comigo, eu a puxei par ao puffe, ficamos ali deitados vendo filmes bobos. Eu não queria brigar, ainda queria que minha lembrança desse dia fosse a diversão.

Ela foi embora quando minha mãe chegou e a mandou para casa. Fiquei sozinho no quarto com o Rex jogando.

Até que a campainha tocou.

Minha mãe gritou para que eu fosse abrir o portão, eu não queria, minhas pernas ficaram bambas, meu coração disparou, eu não iria abrir aquele portão.

Ela continuou insistindo e brigou comigo desligando o video-game, fui até o portão e o abri, no mesmo instante uma mão voou até meu rosto e eu senti o gosto de sangue, olhei para quem tinha me socado e recebi outro soco.

– Pietro? - eu o olhei assustado.

– Fique longe dela! - ele gritou, eu não o entendia - Você a machucou, eu mandei ela se afastar e ela não se afastou, então acho que você será inteligente e irá mandá-la embora a próxima vez que ela vir.

– Do que você está falando?

– Da Sabine que não é, seu idiota! - ele estava me deixando ainda mais assustado.

– Pietro! - olhamos para quem chamou, Yara estava brava e ofegante, ela não tinha nem trocado a roupa - Pietro, para!

Eu o olhei, ele a encarava, ela veio até nós e ao me ver pareceu se assustar.

– Você é louco? - ela gritou com ele - Deixa eu ver isso - ela me puxou para a rua - Quer merda! Wilke, entre!

– Ele te machucou, você ta quebrada, Yara.

– Não! - ela urrou, eu me assustei - Eu só estou com um roxo no braço como outro qualquer, não é nada demais. Agora, você o deixou todo quebrado, você que é o louco aqui, Pietro! - ela me olhou - Ainda não entrou? Se você não for ele vai te quebrar todo.

Eu não esperei para ouvir mais, tranquei o portão e corri para dentro de casa, bati a porta do meu quarto e fiquei debaixo do cobertor, eu estava tremendo e depois de algum tempo eu sentia as lágrimas escorrerem dos meus olhos. O Pietro nunca tinha feito isso comigo, será que a Yara realmente tinha se machucado sério, de qualquer forma seria melhor eu me afastar dela, eu não poderia ficar perto dela se Pietro estava dessa forma.

Acho que ele realmente não gosta mais de mim e ele é só o primo dela, imagina o que Marco faria se descobrisse que eu a machuquei, me encolhi assustado só em imaginar como seria a cena entre mim e ele, eu não conseguiria fazer nada, eu não consigo fazer nada, sou um bosta.

Sabine foi me ver no dia seguinte, eu não queria sair do cobertor, mas para ela não ficar me irritando eu saí e fui comer algo. Ela se assustou com o que viu, limpou os machucados e me obrigou a ficar com duas bolsas geladas no rosto.

– A Yara está aqui! - a empregada gritou, meu rosto já estava desinchado e eu estava sozinho no quarto, pude ouvir a empregada dizer que eu estava no quarto, ela agradeceu e veio até onde eu estava.

– Oi, como você está? - eu a ignorei - Você vai ficar me ignorando? - eu a ignorei - Ele já comeu? - ela gritou pela escada.

– Já! - foi a resposta.

– Menos mal. - ela veio até mim e abaixou de frente par ao meu rosto, eu não a olhava - Como você está? - silêncio - Sei que deve estar chateado comigo, mas eu não pude pará-lo, você sabe como ele é. Eu tentei fazer com que ele desistisse - ela suspirou e se sentou no chão - Sinto muito se ele te machucou.

Se ele me machucou? Ele deu dois belos socos em mim, o que ela acha que socos fazem com as pessoas?

Ela ficou ali sentado por vários minutos, até que resolveu se levantar e foi olhar algo pelo quarto como se ainda não tivesse feito isso em todas as outras vezes que esteve no meu quarto. Eu a olhei pelo ombro, ela observava os posteres mais antigos, parou no de Green Day, depois no do U2, Nirvana, ela foi para a preteleira de CDs, passou os dedos em todos e riu em alguns, depois foi para minha estante de livros, o que ela estava escarafunchando?

Pegou um livro e veio até onde eu estava, voltei a me arrumar.

– Não sabia que você ainda tinha esse livro - eu não sabia de qual ela falava - Se não se importa vou lê-lo já que parece que hoje você não vai falar comigo.

Ela se sentou no puffe de sempre e começou a ler, ela ficou ali lendo durante toda a tarde, guardou o livro, veio até mim me cobriu direito e foi embora, quando a ouvi sair me levantei, Rex estava lá fora e a empregada subiu para me ver.

– Vai ficar a ignorando? - confirmei - Você é um besta, Wilke - eu a olhei assustado - A menina vem aqui te ajudar meso depois de anos e você vai a ignorar, um mulherão que nem ela.

– Eu levei dois socos por culpa dela.

– E daí? Foi ela quem te socou? - neguei - Foi ela que mandou te socarem? - neguei - Então, Wilke, não faça a menina sofrer não. Ela é boa para você, não faça isso com ela.

– Me deixa! - eu briguei - Agora, quero um sanduíche.

–Vish, você ta com a macaca virada.

Ela desceu e eu voltei para a cama onde era mais seguro.


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