O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 8
Parte 1: Capítulo 8 - Sozinho




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Ela voltou logo, mas eu ainda não estava prono para encará-la depois daqueles socos, e ela não parecia se importar com isso, entrou no meu quarto pegou o livro e se sentou no mesmo lugar de antes com Rex ao seu lado e depois deitado sobre ela, Yara continuou lendo como se sua vinda até aqui fosse só aquilo, mas tê-la ali estava me deixando com medo, Pietro poderia voltar e eu apanharia novamente.

– Certo, você não vai falar comigo eu vou falar, ou melhor, vou ler para você.

Ela falou pegando um livro sobre a minha mesa, eu não tinha começado a ler, meu pai o entregara na noite anterior e eu sequer me preocupara em folheá-lo. Ela se jogou no puffe reclamou com Rex por ele ficar deitando nela, mas logo se acalmou e começou a ler, depois de sei lá quantas páginas, ela o fechou e se despediu, enquanto ela saia Sabine chegava.

Ela subiu até meu quarto, eu saia do cobertor e Rex pulava na minha cama tomando o único espaço que teria para minha namorada.

Ela reclamou algo que eu não escutei, desci as escadas, ela estava sentada no sofá e me encarou, ela queria dizer algo, e dessa vez não parecia ser nada relacionado com as amigas ou iniciar uma briga entre nós, ela estava séria.

– O que foi? - perguntei me sentando de frente para ela, analisei sua pele morena, o longo cabelo.

– Para mim chega - eu a olhei tentando entender - Não dá mais! - ela se levantou.

– Do que você está falando?

– Eu estou terminando com você - eu então entendi - Eu não aguento mais, Wil. Eu não posso mais ficar aqui trancada com você, você não come, você não dorme, você vive brigando, não fazemos mais nada, eu não posso mais viver com isso.

– Então vai ser assim? Eu não estou bem, não sou mais o maioral então você vai me largar.

– Eu tentei, Wil, eu juro que tentei, mas você não ajuda.

– Eu preciso de ajuda! - falei me levantando, ela riu.

– Pare de mentir, você está bem, já conseguiu até se meter em uma briga, você não precisa de nada, você é um frescurento que quer chamar a atenção, mas para mim chega, se vira com a aquela estrainha lá, eu não venho mais te ver.

– Sabine, não! - eu a segurei.

– Lucas tinha razão - eu a soltei, ela estava falando com ele? - Você quer tudo para você, mas aprenda uma coisa, Wilke, você não pode controlar tudo, muito menos a mim.

Ela saiu, eu me joguei no sofá, ela estava falando com o Lucas? Ele é o principal causador desse meu estado, como vai ser agora que até minha namorada foi sugada por aqueles maniacos?

Eu realmente não devo prestar, eu estou sozinho agora, não tenho amigos, não tenho namorada, agora só sou eu e... olhei o Rex.

– É, garoto, agora somos só nós dois. - ele balançou o rabo - Isso não é bom.

Voltei e me tranquei no quarto.

Meu pai chegou antes da minha mãe, ele foi até meu quarto, viu o livro marcado, perguntou se eu estava gostando da história, como resposta eu grunhi. Ele se sentou na cama, eu o olhei, ele nunca esteve preocupado.

– O que aconteceu?

– Acabou.

– O quê?

– Eu e Sabine, ela terminou comigo hoje - falei, ele suspirou.

– Mas já era hora, você não acha que já estava com ela por muito tempo? - eu o olhei, pensei que ele gostava dela - Sabe, você é novo, bonitão, você devia sair - maldita palavra - e se divertir com outras meninas, você é saudavel, você conseguiria uma nova mais bonita rapidinho.

– Para, pai, eu não quero! - cobri meu rosto, ele grunhiu algo.

– Certo. - ele se levantou.

Eu dormi tanto que já não sabia se era noite ou se era dia, apenas acordei com Rex latindo, minha mãe abriu o portão, a empregada não parecia estar em casa. Desci as escadas tomando cuidado, eu só queria ver quem tinha chego, se era alguém conhecido importante.

Pude ouvir a voz dela, não, eu não queria vê-la, e por que ela veio final de semana? Ela não devia ter vindo, meus pais não gostam dela, eu não quero vê-la, que péssimo momento, Yara.

– E você, quem é? - meu pai perguntou.

– Yara, senhor Tulio, o senhor não lembra de mim?

– Yara? Aquela menininha chatinha? - ela riu e confirmou - Ah, nossa! E o que você quer? - ele fechou a cara.

– Eu vim ver o Wilke - ela falou calma, ela não parecia ter ligado para a forma como ele a estava tratando.

– Eu não gosto disso - minha mãe falou.

– Não se preocupe, senhora Karla, seu filho ainda não reclamou das minhas vindas, então acho que isso é bom para ele. - ela passou pelos dois e veio para a escada, corri para o meu quarto.

Eles falariam dela, iriam fazer um interrogatório mais tarde, estou ferrado.

Ela estrou no quarto, Rex a seguia, Yara veio até minha cama e se sentou na beirada, eu não me mexi, ela também não fez nada.

– Eu soube o que aconteceu - ela falou - Sobre você e Sabine - eu grunhi - Você realmente gostava dela? - eu a encarei.

– O que você quer? - perguntei.

– Eu... Nada - ela suspirou - Eu pensei que você poderia gostar de ter companhia agora que ela te largou - eu a encarei - Desculpa, eu não queria falar isso, eu não sei como me comportar mediante a isso, quero dizer, a Marina é a única pessoa que eu conheço que chorava quando terminava o namoro, mas logo eu fazia um jogo de dardo com o rosto do namorado que a largou e ela ficava bem, mas não sei se isso seria bom para você e...

– Vá embora, me deixa em paz! - eu briguei, ela se levantou, mas não pareceu que iria embora e eu percebi isso porque Rex a seguia pelo quarto, as garrinhas batiam contra o piso de madeira e eu sabia onde ela estava.

Ela puxou a cadeira, imaginei que ela estaria lendo.

Cobri minha cabeça, fechei os olhos, eu ouvia meus pais na casa de baixo, eles fofocavam sobre ela.

– Parece que eles ainda não gostam de mim - ela conversou com o Rex- O que é isso, Rex? - ela levantou, abriu meu guarda-roupa, o que ela estava pegando? - Meu Deus! Ele sabe tocar essa coisa? - ela passou os dedos pelas cordas desafinadas do violão, agora estou curioso - Isso precisa ser afinado - ela voltou para a cadeira, começou a afinar de ouvido o instrumento, pegou o celular e o usou para terminar a afinação e então começou a dedilhar.

Me mexi de forma a ela não ver meu movimento, a observei tocando o violão, eu conhecia a música, Rex a observava atento, eu a observava atento, o cabelo colorido estranho caia sobre o rosto dela de uma forma linda, ela olhava as próximas notas que tocaria, ela olhou na minha direção, eu me escondi e ela riu, largou o violão.

– Estou indo embora - ela falou espreguiçando - Meu pai já deve estar louco para saber onde estou. Se quiser afogar as magoas eu indico sorvete com pedaços de chocolate e barras de chocolate tudo junto, é muito bom.

Ela saiu gritou se despedindo dos meus pais os chamando de 'tios' o que deixava minha mãe louca, ela odiava quando Yara fazia isso quando era mais nova.

Sentei na cama e encarei o violão, fazia muito tempo que eu não tocava naquela coisa, o peguei, será que eu conseguia tocar a música que ela tocava? Olhei pelos posteres no meu quarto, será que ela ainda escutava as bandas antigas que nós escutavamos quando mais novos? Não saberei tão cedo sobre isso, mas era bom ouvir aquela música tocada tão calmamente por ela. Dedilhei algumas notas fracas que escapavam dos meus dedos, observei meus pais na porta do meu quarto, mas logo os ignorei, eu queria me lembrar como era tocar aquele instrumento.

Peguei os livrinhos velhos que ensinavam a fazer isso, os li e comecei a tentar tocar, depois de apanhar um pouco resolvi ver se tinha sorvete e chocolate em casa, peguei os dois e voltei pro quarto, liguei a televisão e passava um dos filmes que eu assistia com a Sabine, na verdade, eu não estava muito sentido com o término do namoro, eu estava chateado, mas sorvete e chocolate é incrivelmente bom e parecia uma boa desculpa para eu ficar sozinho com o Rex sem que meus pais ficassem falando um monte.


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