O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 3
Parte 1: Capítulo 3 - O que você disse mesmo?




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Marco já estava em casa quando cheguei e pelo olhar dele estava preocupado, mas ao nos ver passando pela porta e rindo pude ver a preocupação fugir, nos entregou dois sanduíches bem apetitosos, ficariamos sozinhos essa noite, meu pai e a esposa iam comemorar o aniversário de casamento, o que significava que emendariam o final de semana de diversão.

– Você tem algo para fazer amanhã? - meu irmão perguntou esticando os pés na mesa de centro onde meus pés já estavam, aproveitavamos enquanto Maura estava fora e não brigava com a gente, o caçula tentava nos imitar.

– Nada de especial, por quê?

– Vai ter uma festa, quer ir? - ele espreguiçou - Pietro disse que vai e parece que aquela cabeça azul também vai, o que acha?

– Beleza - deitei no seu ombro, o caçula tinha desistido de colocar os pés na mesa de centro e tinha deitado nas pernas do nosso mais velho - Quanto custa?

– Nada - ele mexeu com cuidado para não acordar o caçula que já tinha apagado - Aqui, essas são as entradas, cuide delas para mim.

Confirmei, guardei no meu quarto e voltei a me deitar com eles, como de costume dormimos os três ali, mas não tinha ninguém para nos acordar, então quando acordei já era o dia seguinte, eu tinha babado no ombro do Marco e a perna dele era banhada pela baba do caçula. Preparei um café para todos nós, e os acordei. O pequeno sempre tinha a sua dose de cereal no começo do dia, ele comeu e foi assistir os desenhos animados.

– Você encontrou o Wilke esses dias? - Marco me olhou desconfiado.

– Não, por quê?

– Ele não foi a escola.

– E por que você está preocupada com ele, até onde sei vocês não se falam há alguns anos.

– Eu sei - espreguicei - Na verdade, nem me lembro porque paramos de nos falar - ele riu - O que, você sabe de algo que eu não?

– Você ainda é perdidamente apaixonada por ele? - eu senti minhas bochechas corarem, eu dei um grunhido que o fez gargalhar.

– Não fale besteira, eu nunca fui perdidamente apaixonada por ele.

– Então deixa eu te lembrar de uma coisa - pedi para que prosseguisse - quando você estava no oitavo ano e você, ele e Pietro ainda eram como unha e carne, vocês foram para uma festinha - confirmei me lembrava de uma festa do oitavo ano - lá você declarou seu amor para ele em meio a um grupo de meninos e bem... - ele riu - todos te zoaram e você saiu da festa desesperada, papai ficou furioso comigo, como sempre - eu ri - E depois te encontramos na casa da Marina, você lembra o que aconteceu?

Neguei, eu realmente não fazia ideia do que tinha acontecido naquele dia, como eu não me lembrava e o Marco se recordava tão bem?

– Quando você se declarou, ele riu na sua cara, você ficou tímida e gritou com ele, ele foi meio grosso com você e bem, desde novinha você não deixa ninguém te maltratar, então você o respondeu e isso armou o maior barraco que só acabou quando ele roubou um beijo daquela bochechudinha, qual o nome dela, a namoradinha dele...

– Sabine.

– Isso, essa ai mesmo. E você saiu meio chateada, depois de um tempo você começou a fazer maluquices no cabelo e você e ele não se falaram mais. Na verdade só uma vez depois da briga, pelo que fiquei sabendo.

– Como você se lembra dessas coisas e eu não?

– Gosto de saber das coisas - eu ri - Sou um belo fofoqueiro - concordei.

Quando estava para anoitecer nos arrumamos para a festa, prendi meu cabelo por preguiça de arrumar, coloquei um jeans rasgado, uma camiseta com o heartagram, me maquiei e fui esperar meu irmão enquanto eu terminava de colocar o coturno.

– Adoro essas sua delicadeza em se vestir - Marco falou rindo - Vamos, a tia ta esperando o Meleca - é assim que ele chama o Vitor, nosso caçula.

Fomos até a casa de Pietro, batemos na porta, ele abriu, meu irmão correu, Marco balançava as chaves entre os dedos enquanto assobiava algo que eu não fazia a menor ideia do que era.

– Você sabia por que eu tinha parado de falar com ele? - perguntei a Pietro que confirmou - E nunca me lembrou disso?

– Por que eu faria isso? - ele riu dando de ombros, se virou para trás - Você pareceu ficar bem, claro que eu desconfiei que não tão bem depois que começou a pintar o cabelo dessas formas estranhas - eu ri, ele sorriu do seu jeito calmo de sempre - Mas logo você e a Marina estavam tão bem juntas e com outros amigos que pensei que te lembrar daquilo seria pior, e o Wilke não parecia sentir falta também, então, eu continuei com os dois.

– Você sempre foi o pacificador do trio - Marco falou me olhando pelo retrovisor - Ele sempre juntava você e o Wilke após uma discussão.

– Pi, posso te pedir algo? - me debrucei entre os bancos dianteiros, ele confirmou - Você me leva para ver o Wilke?

– Por que ela está tão fissurada nele? - Marco olhou Pietro que deu de ombros. - Certo, chegamos crianças - olhamos ele e rimos muito.

Descemos todos para a festa, a música alta dava para ouvir de fora, os vultos de pessoas dançando, bebendo, se amassando. Entramos, o portão estava destrancado, o espaço daquela garagem dava para pelo menos dois carros enormes, mas agora era ocupado por vários estudantes já embriagados.

Marco cumprimentava a todos, eu os reconhecia. Eles me olhavam parecendo surpresos por eu estar ali, até eu estava surpresa por ter aceitado a ir numa festa. Pietro pegou minha mão e me puxou para longe de Marco que quando vou a essas festas é meu porto seguro, tentei lutar contra ele, mas Pietro riu e me puxou com mais força.

– Pietro, pensei que você não chegava mais e... - era um dos meninos que falara mal do Wilke, eu o encarei - E quem é essa ai?

Essa ai? Quem é essa ai?

Com quem ele pensa que está falando?

– Essa aqui - Pietro me puxou para sua frente - É minha prima, vocês devem se lembrar dela, ela é da mesma sala de vocês.

– Ah, claro, ela anda com aquela estrainha de cabelo azul.

– Opa! Alguém falou de mim - Marina pulou o encosto do sofá e se sentou entre os meninos - O que estão falando, é algo bom?

– Ah, pronto, agora estão fazendo a reunião dos loucos nessa festa? - o outro falou revirando os olhos - E você, Pietro, por que é amigo das loucas? Elas são boas de - ele sussurrou 'de cama', o que fez eu e Pietro trocarmos olhares e fazermos som de nojo.

– Não fale idiotice - Pietro falou rindo.

– Então por que está com elas?

– Elas são legais, deem uma chance. - eles deram de ombros.

Meu primo se sentou e começou a conversar com os meninos, logo começaram com jogos que na troca trocavam as namoradas, eu via aquilo achando meio absurdo. Sabine se aproximou do grupo e sentou no colo de um dos rapazes, Pietro me olhou e me censurou com o olhar.

– Pi, o que você me disse mesmo? Que ele entrou em pânico por culpa do grupo que se encontrava nos trabalhos? - ele confirmou fazendo uma aposta - E aquele em quem ela ta se esfregando é um deles? - ele confirmou e gritou ao perder para Marina que virou seu quinto copo de cerveja.

Ela estava se enturmando bem com eles, acho que adoravam o fato dela beber tanto e talvez pensassem tirar alguma casquinha dela, mas a Marina é a pessoa mais resistente a álcool que eu conheço, ela já derrubou muito marmanjo antes de comer a ficar tonta.

– Por que ela fica se esfregando neles? - perguntei finalmente, ele grunhiu para mim e rendido respondeu.

– Que droga, Yara! - ele bagunçou os belos cabelos negros - Por que você não vai visitá-lo logo de uma vez e não vê com seus próprios olhos o que está acontecendo entre esses dois?

– Hm... Boa ideia, vou lá segunda. Obrigada.

Falei me levantando, ele me olhou como se estivesse perdido e xingou algo, levantou vindo na minha direção, Marina nos observava. Pietro me parou me puxando, eu o olhei.

– Yara, esquece, não apareça lá, é loucura, ele vai ficar louco e se souber que te contei ele vai me castrar, então esquece, okay.

– Ahm... Nops. - eu pisquei para ele - Volte para seus amiguinhos, eu vou ver se me divirto um pouco, lá ta muito monótono.

Ele bufou e voltou xingando.

Procurei por alguém que eu conhecesse por lá, mas não encontrei ninguém, me juntei a um balcão próximo a piscina, alguns passavam lá e pegavam shots, latas de cerveja, outros já tinham apagado escorados ali. Peguei uma bebida e me virei para as pessoas que brincavam na piscina, eu estava ficando interessada em entrar ali, bem foi o que eu fiz, dei um grito, as pessoas se afastaram e eu mergulhei, quando voltei a superficie todos gritavam, me juntei a alguns que dançavam ali dentro. Um dos meninos me levantou nos ombros, eu ri meio desesperada, ele era bonito, os olhos escuros o cabelo loiro e algumas leves sardas nas bochechas, eu e outras meninas ficamos nos sacudindo nos ombros dos meninos, até eu ouvir alguém me chamando. Olhei, o que fez o menino se desequilibrar e nós dois cairmos na piscina, eu voltei a superficie rindo, ele também.

– Yara, sua maluca! - olhei meu irmão - Vem, estamos indo.

– Ah, claro! Tchau e obrigada pela diversão - falei para o menino que acenou e me ajudou a sair da piscina, só então vi que ele estava apenas de sunga, o que deveria ser ridiculo, mas com aquele corpo, nada ficaria ridiculo.

– Você ficou louca de entrar na piscina? - Marco falou, eu observei as marcas em seu pescoço e as manchas em sua gola.

– Você estava se divertindo do seu jeito e eu do meu - pisquei para ele e pontei para a gola.

Ele correu a mão até ali e gritou um palavrão que me fez rir. Escorado no carro estava Pietro e Marina que me encararam assustados.

– Meus Deus! O que aconteceu com você? - ela me olhou.

– Eu estava me divertindo - pisquei para ela.

– Vou querer saber de tudo.

– Não se preocupe.

– Já falei que tenho ciúme dessa relação de vocês? - Pietro virou para o banco de trás - Por que você conta mais coisa para ela doq ue para mim?

– Você quer saber coisas sobre marcas de calcinha ou sobre como o Taylor Lautner é um puta gostoso? - ele negou - Então sabe porque conto mais coisas para ela do que para você. - ele revirou os olhos nos fazendo rir.

Chegamos em casa, pegamos Meleca que já estava capotado, tomei um banho e arrumei uma cama no chão para Marina dormir em casa.

Ficamos conversando até dormirmos.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando ^^



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