O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 4
Parte 1: Capítulo 4 - Espera




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– Não vou te levar até a casa dele - Pietro falou na hora que estavamos na entrada.

– Ah... Para, Pi! Por favor, vai ser rápido, eu prometo, eu só quero ver se ele está bem.

– Ele está bem! - ele falou - Confie em mim.

– Eu confio, mas eu preciso ver.

– Não, não precisa - ele brigou - Você passou todos esses anos o ignorando, por que se preocupa agora?

– Porque sim! Mas que merda, Pi!

Eu fui para a sala, o sinal já tinha batido. Marina ficou me encarando enquanto eu usava o celular embaixo da mesa e procurava o endereço de Wilke.

– Yara, ele ta vindo - travei a tela e virei a página do livro, olhei para o professor, ele me encarou, olhou meu livro minhas mãos livres e voltou para frente da sala - O que você tanto procura?

– A casa do Wilke.

– Do Wilke? - ela falou alto.

– Sh! Sua louca! - eu olhei para o grupinho da frente, eles não nos escutavam - É, a casa dele. Pietro não quer me levar eu vou sozinha, mas me prometa que não conta para ele.

– Você sabe que eu prometo.

– Você é uma linda.

– Sei que sou - ela sorriu - Mas e se ele te ignorar ou te maltratar, o que você vai fazer? - dei de ombros, eu realmente não sabia o que poderia acontecer lá.

– Posso pedir para você levar o Meleca para casa? - ela me olhou assustada - Por favor, você o deixa na casa do Pi.

– E se ele perguntar?

– Diz que eu tive de ir para sua casa fazer um trabalho que pegamos hoje e logo vou para casa.

– O que eu não faço por você... - ele suspirou.

– Te mo, sua linda - eu a abracei e recolhi meu material - Te vejo amanhã?

– Me vê hoje, eu vou querer saber de tudo, quando chegar em casa me chama.

– Pode deixar.

Saí correndo da escola, nem mesmo almocei. Peguei um ônibus e seguindo o GPS do celular cheguei de fora da casa era a mesma que eu me recordava de quando era mais nova, uma nova cor de fachada e o portão tinha sido reformado. Respirei um pouco forte, eu não tinha pensado que realmente chegaria até ali e agora, tocar a campainha, bater palmas, gritar pelo nome dele... Olhei pelo portão, toquei a campainha, era a mesma de anos antes. Alguns cachorros latindo e nada além disso.

Esperei um pouco, tentei olhar pelas frestas, nada.

Toquei mais uma vez e mais cachorros latiram e todos os da vizinhança começaram a latir e nada de alguém atender. Toquei novamente e nada. Sentei no meio fio, olhei as horas, duas da tarde, talvez ele tivesse saído... Mas se teve um ataque de pânico não iria sair e nem abrir o portão, como sou idiota, devia ter escutado meu primo.

Levantei, ia tocar pela última vez. Alguém abria o portão, olhei a pessoa que me encarou de volta.

– Você? - eu confirmei sem-graça.

– Oi, Sabine. - ela ficou me analisando e olhou para dentro.

– O que faz aqui? - ela me perguntou com repulsa na voz.

– Eu vim visitá-lo, mas achei que ele estaria sozinho, desculpa.

– Certo, agora, vá embora.

– Não precisa mandar novamente. - falei dando as costas para ela - Ah! - ela me olhou - Ele está mesmo bem? - ela confirmou, mas fechou os olhos com força.

– Não...

Acenei afirmativamente enquanto pressionava os lábios.

– Certo... Obrigada.

Fui para casa, peguei Meleca na minha tia e cheguei em casa antes do Marco o que foi ótimo porque eu não precisaria ficar me explicando.

– Como foi? - Marina perguntou enquanto eu trancava a porta do quarto.

– Só encontrei a Sabine - falei, ela reclamou.

– Eu tive de cuidar do Meleca e você só encontrou a Sabine, que merda foi essa? Por que não pulou o muro? Por que não gritou por ele?

– Ela disse que não está bem - ela se calou e me olhou.

– E você perguntou o por quê, certo? - neguei - Qual o seu problema, mulher? - ela teria pulado sobre mim se pudesse - Por que algo me diz que mesmo tendo sido ignorada você vai voltar lá e escondido novamente?

– Porque é o que pretendo fazer, não sei quando ainda, mas pretendo voltar lá.

– Certo, deixa eu já anotar os dias que terei de tomar conta do Meleca.

– Calma! - ela me olhou - Amanhã vou tentar falar com ela, ver se ela me conta algo sobre ele e depois eu vejo como farei para voltar lá.

Bateram na porta do quarto.

– Amanhã nos falamos. - ela confirmou.

– Bye bye! - ela desligou.

Empurrei a cadeira com rodinhas até a porta e a destranquei, minha madrasta estava ali parada me olhando curiosa.

– Marina - respondi sua pergunta o que logo fez seu olhar sumir.

– Por que nunca te vejo falando com um garoto?

– Eu falo com um garoto.

– Seu primo não conta - ela me analisou.

Ela ia se afastando.

– Maura! - ela me olhou - Se você tivesse um antigo amigo com problemas e todos estivessem pedindo para você continuar no seu canto, o que você faria? - ela me olhou curiosa novamente.

– Eu provavelmente pensaria se vale a pena, se ajudar esse amigo seria algo bom para mim e para ele, se sim, então acho que eu o ajudaria sim. - eu sorri para ela - Por quê?

– Por nada, obrigada.

– Disponha.

Assim que cheguei na escola fui falar com Sabine, quando a chamei todo o seu grupinho ficou nos encarando, ela ficou arrogante como em todas as vezes que falei com ela.

– Ele está em algum tratamento? - perguntei, ela cruzou os braços o que aumentou seus seios fartos.

– Posso te fazer uma pergunta? - confirmei, eu a estava dando overdose de perguntas - Por que você está tão curiosa, pelo que sei você e ele não se falam há anos.

– Eu achei que para ele seria bom ter amigos por perto nesse momento.

– E você acha que eu não estou perto dele.

– Eu sei que está - falei tentando continuar calma - Mas talvez outros amigos e não uma fonte de sexo seja bom também - ela me olhou ridicularizada.

– Você acha que eu sou só uma fonte de sexo?

– E não é? - ela ia negar, mas se calou e suspirou.

– lha, ele está bem, se é o que quer saber, então não precisa voltar lá.

– Certo, valeu por me responder as perguntas.

– Tanto faz.

Passei a noite conversando com Marina e ela tentando me fazer esquecer de ir visitar Wilke, mas eu ainda achava necessário ir vê-lo.

Duas semanas depois voltei até a casa dele, toquei a campainha e por um milagre Sabine me atendeu no primeiro toque, ela ficou me encarando por muito tempo.

– É a inutil da Yara! - ela gritou para dentro - Já vou mandá-la embora e...

– Mande-a entrar. - ele gritou de volta.

Eu a olhei e sorri entrando sem que ela tivesse me dado espaço.

– Cuidado com o cachorro ele mord...

– Oi, Rex! - eu abracei o Pitbull, Sabine ficou me encarando - Garotão, você está velho.

– Vejo que ele ainda se lembra de você - olhei assustada para Wilke - Não queria te assustar, mas achei que você tinha vindo me ver e não ofender meu cachorro.

– Desculpa por isso - falei ainda brincando com o cachorro.

– Eu me lembro que você gostava muito dele. - confirmei. - Entrem, as duas.

Sabine passou por mim me empurrando, Rex rosnou o que me fez rir e brincar mais com ele até eu entrar, Wilke ficou me olhando e rindo.

– Desculpa, Rex, mas ela veio ver a mim e não a você.

Eu ri dos dois.

– Você parece bem - ele me olhou preocupado - Quero dizer, desculpa ter vindo assim sem te avisar, mas depois de pressionar meu primo ele me contou o que aconteceu e eu fiquei preocupada, eu vim aqui outro dia e a Sabine me encontrou - ele a olhou - E parece que ela não te falou, né. - ele negou com a cabeça - Enfim, eu to falando demais porque estou nervosa e... Vou me calar. - falei me calando o que o fez rir.

– Você ainsa é a mesma. - ele riu e Sabine me olhou assustada e depois para ele.

– Ele não ria? - ela negou - Eu te falei que ele precisava de uma visita que não fosse fonte de sexo.

– Fonte de sexo? - ele olhou a namorada - É assim que ela te chama? - a menina confirmou.

– Desculpa, ela é outra coisa além disso?

– Gostosa.

Sabine o olhou, nós dois rimos.

Ficamos conversando por mais um tempo, mas logo olhei as horas e para chegar antes do Marco em casa teria de sair naquele minuto.

– Eu tenho de ir - falei me levantando e pegando a mochila - É bom ver que você não está tão ruim como tinham me falado - falei o abraçando.

– Eu te levo para a rua - Sabine me puxou.

– Eu te vejo novamente? - ele perguntou, dei de ombros acenando para pele.

Sabine me empurrou pelo portão e o trancou.

– Adoro essa delicadeza.

Consegui chegar em casa antes do meu irmão por cinco minutos de antecedencia. Fui falar com a Marina, mas ela me mandou uma mensagem "Estou com o namorado, Sorry".

Eu precisava compartilhar com ela o que eu tinha conseguido, mas fazer o que se ela estava com o namorado.

Dormi cedo.


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