O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 2
Parte 1: Capítulo 2 - Aulas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592188/chapter/2

O retorno das aulas, finalmente, minha bunda já estava quadrada de ficar em frente e televisão apenas engordando, claro que saí algumas vezes com a Marina, mas com o namorado dela sempre do nosso lado, era como ter um guarda-costas sempre a espreita e eu ficava extremamente desconfortável com a presença dele.

Me despedi do meu pai e da madrasta, meu irmão mais velho já tinha saído par ao trabalho e o mais novo já tinhamos deixado na creche, eu teria de buscá-lo antes do horário da nossa perua que no pegaria aqui no meu colégio, conclusão, eu teria de correr mais do que nunca para pegá-lo e voltar para cá correndo.

Na sala a Marina já estava em sua posição de: irei dormir o dia todo porque fiquei a noite toda com o namorado no telefone.

Joguei minhas coisas na mesa e me joguei, ela me olhou assustada, xingou e voltou a dormir. As pessoas chegavam, não sei se mencionei anteriormente que é uma escola de riquinhos, sim, isso mesmo, todos aqui são cheios da grana, eu não sou, mas minha mãe é o que significa que quando ela morrer eu e Marco iremos ficar com toda a bufunfa.

Os grupinhos foram se formando conforme todos chegavam, a aula começou e os atrasados de sempre estavam atrasados como sempre.

A primeira aula de literatura me deixou meio cansada, observei todos na sala falando de suas viagens particulares e lembrei que Marina passara quinze dias nos Estados Unidos com a parte paterna de sua família, eu ia perguntar a ela o que tinha acontecido, mas senti falta de um barulho na sala, na verdade, senti falta do barulho da sala.

Wilke não estava ali.

Ignorei esse fato ao me lembrar da noite estranha do meu aniversário em que eu o encontrei. Contei a Pietro que ficou chateado com isso, não por eu ter encontrado Wilke, mas ter fugido do meu próprio aniversário e ter passado um tempo com Wilke, que naquele dia estranhamente saiu sem responder minha pergunta.

Depois do almoço corri até a escolinha do meu irmão, o peguei e corri de volta para minha escola. Na perua eu o coloquei na cadeirinha, sentei ao seu lado e ouvi um grupo falando sobre Wilke, reclamavam sobre os trabalhos dos anos anteriores, como ele tinha sido um inútil e não tinha garantido a nota deles em duas matérias e eles tiveram de se matar nas provas.

Ao perceberem que eu os encarava eles me lançaram um olhar ameaçador.

– Perdeu alguma coisa aqui? - um deles falou, eu revirei os olhos. Ele grunhiu algo que eu continuei a ignorar.

Levei meu irmão para nosso apartamento, preparei um lanche da tarde para nós, Marco chegou grunhindo de cansaço se jogou ao nosso lado e roubou metade do meu lanche.

– Você sabe que os melhores são os seus, não é. - ele falou deliciando.

– Vou começar a acreditar nisso. - falei rindo.

As primeiras duas semanas se passaram e nada do Wilke aparecer na aula, Sabine já se esfregava em um dos garotos que eu ouvira criticar Wilke. Marina fofocava algo, eu sempre quis saber como ela ficava sabendo de tanta coisa sendo que estava sempre grudada a mim e eu nunca sabia de nada.

– Mari, guenta ae que eu vou falar com meu primo.

– Mas e o negocio que eu te pedi?

– Me liga mais tarde.

Ela confirmou.

No almoço corri até a mesa do meu primo, ele estava junto de uns garotos que me olharam torto, os ignorei e falei direto com Pietro.

– O que aconteceu com ele? - perguntei.

– Olá, priminha, tudo bem com você, eu estou ótimo, obrigado por se preocupar.

– Pietro, o que aconteceu com ele?

– Ele quem? - ele olhou os outros que também pareciam curiosos.

– Wilke.

– Ai, Merda! - ele se levantou meio desesperado e me puxou para um canto, eu o fiz parar.

– Pietro, me conta, o que você ta escondendo?

– Por que você está desconfiando de algo?

– Primeiro - eu enumerava nos dedos - ele nunca faltou na primeira semana e já estamos na segunda; Segundo: sua reação há pouco tempo me diz que tem algo nesse meio. Terceiro: a Sabine já ta se esfregando em outro cara, o que não é muito diferente de antes, mas ela não fazia isso na sala. Agora, me fala!

– Wilke é chifrudo? - ele perguntou assustado, eu confirmei.

– Mas isso não importa, conta logo.

Ele grunhiu.

– Certo, merda, ele vai me matar - ele passou a mão pela nuca que tinha alguns fios negros de seu cabelo que contrastavam com os olhos cor de mel que agora brilhavam preocupados - Bom, ahm... - ele fechou os olhos com dor - Desde o ano passado ele não tem se sentido tão bem - eu o olhava tentando entender - Ele teve alguns problemas com o grupo em que trabalhava...

– Eu ouvi algo assim na perua, prossiga.

– Então, desde o final do ano passado ele não tem se sentido confortável em vir para o colégio, e ao receber o email de separação de grupo ele surtou então ele...

– Se matou? - eu quase gritei, ele segurou meus braços e pediu para eu me acalmar.

– Não, não fale besteira. - ele brigou - Ele surtou e está com crise de pânico, não consegue sair de casa e não quer receber ninguém, só recebe a mim e a Sabine.

– claro que ele recebe a vaca, precisa da dose diária de sexo selvagem. - falei cruzando os braços e bufando, me toquei de algo - Que horas são?

– 13:30 e...

– Estou atrasada, beijo tchau e mais tarde eu te ligo.

Falei pegando minha mochila no chão e saí correndo desesperada para buscar meu irmão. Quando retornei tinhamos perdido a perua, eu tive de pegar um ônibus com aquele pirralhinho reclamando de cansaço em todo o percurso até em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Som do Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.