O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 24
Parte 2: Capítulo 24 - Let Her Go




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Yara me contara mais sobre James, parece que depois do show os dois mantiveram contato através de chamadas pelo Skype e isso parecia me incomodar de alguma forma, mas eu não sabia exatamente o por quê. Mas quando eu chegava em sua casa e ela estava no meio de uma ligação eu sentia meu peito apertar, mas tentava sorrir da forma mais normal possível e ser simpático com o rapaz do outro lado, quando desligavam as vezes depois de longos e torturantes minutos que eu já estava lá de cara amarrada e ainda tinha de ouvi-la falando sobre o rapaz, será que era tudo tão legal quanto ela fez parecer?

Ela tinha um encontro com o grupo de jovens surdos, resolvi que iria com ela, mesmo ela relutante em ir acompanhada, mas falei que me sentiria melhor entendendo o que era esse grupo e conhecendo a todos.

Ao chegarmos no local ela pediu para eu esperar em uma sala e foi andando pelo lugar como se já estivesse acostumada e bem, ela já estava acostumado, já tinha ido a outros encontros ali, me contara sobre todos e eu ficava feliz por ela porque voltava a interagir e já tinha encarado assistir algumas aulas na escola o que era ótimo para ela e para a Marina também que ficava grudada a ela e sempre que a amiga perdia algo os longos cabelos azuis explicava tudo com gestos bobos de libra que me faziam rir.

Sabine se sentia incomodada quando me pegava admirando as duas, várias vezes ela virava minha cabeça para ela o que me irritava.

Yara voltou acompanhada pelo James os dois riam e me olharam ainda rindo, fiquei desconfortável, aquele sofá caqui pareceu ser um banco de concreto frio e duro, mas ao ter a ruiva ao meu lado novamente ele voltou a forma de uma sofá brega caqui. James me contou sobre como era o lugar e que estava feliz por eu estar ali, me fez o convite de cantar para eles o que eu aceitei, podia não ir com a cara dele, mas os outros não tinham culpa e eu gostaria de ver a reação daqueles jovens e crianças.

Os dois me levaram até uma sala onde jovens conversavam em silêncio e quase que desesperados, alguns ao me verem se calaram, abaixaram as mãos como que intimidados pela minha presença. Fui guiado por Yara e James até o centro da sala, os dois pediram para todos fazerem uma roda a nossa volta, Yara me puxou para um canto, James contou a eles quem eu era e o que eu faria para eles e logo as conversas com os dedos voltaram, eu os entendia, mas eles não precisavam saber disso, até minha amiga os informar disso e muitos ficarem mais vermelhos do que um pimentão.

Um dos meninos do grupo pegou um violão, me entregou, passei para Yara e no celular escrevi o nome da música. Ela me olhou de uma forma que meu coração se sentiu abraçado, ela começou a dedilhar até acertar o ponto das vibrações, alguns já se apressaram em tocar o violão, comecei a contar e logo senti mãos tocarem minhas costas, olhei para aqueles jovens que estavam tão comportados e agora se movimentavam trocando entre tocar o violão e tocarem minhas costas, observei James, ele gostava do que acontecia, eu estava um pouco assustado, mas ver todos aqueles meninos e meninas que não mais podiam ouvir, mas agora sentiam a música era emocionante, não posso negar. Yara abriu um enorme sorriso e concluiu a música, todos que estavam a nossa volta voltaram a se sentar em circulo, observei todos eles com uma enorme admiração e me permiti a conversar com alguns deles, me contaram que tinham professores particulares, alguns arriscavam a escola, mas precisavam de reforço, outros não estudavam, alguns adoravam ver filmes e diziam adorar Charles Chaplin porque sabiam que a unica coisa que perdiam era a trilha sonora e isso não os incomodava. Muitos gostavam de filmes de heróis, mas gostariam de saber como era ouvir as cenas de ação. Gostei muito de ir ao grupo, eram todos receptivos depois que percebiam que você queria ajudá-los.

James e Yara conversavam em um canto, os observei por alguns minutos, ela falava sobre o medo da cirurgia, ele falava que ela não precisava temer e eu até entendi uma brincadeira sobre "Surda não vai ficar" que até me fez rir, mas ela não pareceu ver. Ele a fez olhá-lo, falou para que ela não se preocupasse, se caso acontecesse algo ela poderia contar para eles para ajudá-la. Ela sorriu timida e o abraçou, desviei o olhar para não encará-los muito, mas aquilo me incomodava bastante.

– Você gosta dele? - perguntei quando chegamos na casa dela novamente.

– James? - confirmei - Ele é legal.

– Você entendeu minha pergunta - ela riu e deu de ombros.

– Acho que sim, não sei, ele tem me apoiado bastante sobre a cirurgia e me dado muitas dicas, mas sei lá... - ela se jogou no sofá - Acho que somos só bons amigos - isso me deixou aliviado, e eu não entendia o porque - Estou fazendo consultas para poder fazer a cirurgia - eu não sabia disso - Parece que logo vou poder fazê-la, mas estou com medo - ela se abraçou, eu a abracei - Estou com medo de não funcionar, ela me olhou.

Segurei seu rosto e afastei o cabelo que caia na frente de seus olhos, sorri tentando passar uma energia positiva para ela.

– Não se preocupe, independente do que aconteça, eu estarei aqui, ta? - ela confirmou e sorriu - Agora - eu me levantei antes que ela percebesse que meu coração estava acelerado - eu tenho de ir, tenho um trabalho para amanhã e ainda não terminei. - ela riu e confirmou. Abriu a porta para mim.

Descobri no dia seguinte que ela também tinha feito o trabalho, mas claro que com a Marina, inclusive apresentaram e responderam as perguntas da professora que foi cuidadosa em falar pausadamente e proximo da Yara para que ela pudesse ler seus lábios.

Saindo me surpreendi em ver James esperando pela Yara, sentei na calçada esperando a menia sair, mas Sabine veio antes dela e ficou me irritando pedindo para eu ir a casa dela, mas eu não queria, queria ficar com a Yara e conversar com ela, saber se sentia melhor. A observei sair da escola e correr até o menino, Marina a acompanhou e pela forma como o cumprimentou parecia já conhecê-lo e o mesmo aconteceu com Pietro quando encontrou os três. Os observei, queria saber o que falavam, mas minha namorada puxou meu rosto para olhá-la, mas eu não desviei o olhar dos três, os observava por cima dos ombros dela.

– Assim não dá, Wilke! - ela gritou se levantando, olhei Sabine, só agora me dera conta de que não ouvi nem metade do que ela falou e estava falando há muito tempo, na verdade eu só ouvi o momento em que ela disse sentir minha falta, depois disso me desliguei completamente - Você vai ter de decidir - eu a olhei desentendido, todos nos observavam.

– Sabine, por que você está gritando?

– Porque você só me ouve se eu fizer isso, agora tudo é você e aquelasinha - ela apontou para Yara que enrijeceu o corpo sem entender o que acontecia, respirei impaciente - Você nem me dá mais atenção.

– Quer saber, chega! - peguei minha mochila e coloquei em um ombro, Sabine ficou me olhando incrédula.

– Chega? Como assim chega?

– Acabou, Sabine, eu e você, já era. - ela segurou meu braço eu puxei - Me solta, vai para casa, os outros parecem estar querendo te dar atenção, vai lá.

– Você está me trocando pela aquela surdinha? - agora foi demais.

– Olha aqui, Sabine, a Yara está passando por grandes dificuldades e assim como ela me ajudou eu quero ajudá-la, ela é minha amiga e não vou deixá-la em um momento tão difícil. Ao invés de você ficar falando tanta asneira devia tentar ajudar os outros e parar de ser tão egocêntrica.

– Com ela é tão bom assim? - um estalo. Eu fiquei estatico, não esperava por aquilo. Sabine olhou enfurecida para quem acabara de lhe dar um tapa no rosto que por sinal estava vermelho com a forma da mão da Yara.

Minha atual ex ia avançar, mas me coloquei entre as duas e ela saiu xingando a Yara de tudo, respirei aliviado ao vê-la distante, olhei Yara, ela fuzilava Sabine, respirou fundo e me olhou, mas não disse nada, voltou para o grupo que ao se fechar com a volta dela percebi que não abririam espaço para mim. Peguei meu caminho para casa.


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