O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 25
Parte 2: Capítulo 25 - Vazio Ocupado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592188/chapter/25

Eu estava fazendo o acompanhamento médico e logo iriam marcar a cirurgia, eu estava nervosa, Marina me aguentava falando mil vezes por dia do meu medo, Pietro me ajudava procurando depoimentos de pessoas que já tinham feito a cirurgia, Marco me levava para sair de vez em quando falando que eu precisava relaxar, eu não gostava, mas meio que eu era obrigada a ir. Meu pai e minha madrasta me davam toda a atenção que eu precisava durante as consultas e a preparação. Meleca não entendia direito o que estava acontecendo e brincava comigo como de costume e isso me relaxava mais do que sair com Marco.

Eu dedilhava algumas vezes ao violão e ai aos encontros que James marcava, mas ainda assim eu me sentia sozinha.

– Isso é falta de homem - Marina falou em um almoço nosso com meu primo, meu irmão e o Lucas, todos a olharam tentando entender - Sabe um namorado.

– Odeio concordar com a Marina, mas é verdade - Marco falou, olhei meu irmão, que droga estava acontecendo - Mas que saber, Mari - ela odeia ser chamada assim - esse vazio nela já tem um nome - eu o olhei, todos ali riram.

– Deixa eu adivinhar - Lucas riu, desde quando ele é tão solto no meio de todos? - Esse nome começa com W? - eu senti minha bochecha corar.

– Ela já se entregou - Pietro riu - Você é uma boba por tê-lo afastado assim.

– Eram vocês que não queriam que eu ficasse com ele, agora que consegui retomar a barreira entre nós vocês dizem que preciso voltar com ele, eu realmente não entendo vocês.

– Cá entre nós, Yara - Marina balançou a cabeça fazendo o azul dançar no ar - Ele fez por mais do que nós fizemos, ele te apoiou desde o inicio e até se desfez da fonte de sexo dele.

– Isso é verdade - Pietro falou empolgado - E parece que a fila daquela ali não anda e sim aposta corrida com o Flash - ele riu - Dizem que ela ta tentando provocar o Wilke, mas parece que ele nem ta ligando.

– Cara... - Marina o olhou rindo - Você é pior do que mulher para fofocas, cê é louco. - nós rimos.

– Eu não sei se eu conseguiria voltar a falar com ele. - falei quase sussurrando.

– Por que você gosta dele? - meu irmão ria.

– Você dois ficam fofos juntos - Lucas falou, ele pegara o jeito de falar lento para eu entendê-lo.

Marina ficou tanto tempo sem falar dele que achei que os dois tinham terminado e ela tinha esquecido de me contar, mas há uma semana ela recebeu uma ligação dele enquanto jogavamos War e desde então quase todo dia ele nos encontra. Eu estava na esperança de que ela e Pietro fossem ter algo, mas com a volta do cabelo rosa ou roxo ou lilás, sei lá eu, fez com que essa minha ideia sumisse.

– Falando no W - Lucas apontou com a cabeça.

Wilke entrava no restaurante, ele nos olhou e sorriu timido, acenamos para ele e então ele foi para uma outra mesa, era a turma dele da escola. Incluindo a ex fonte de sexo dele, Sabine se agarrava cm um outro cara, aquilo me dava nojo. Continuamos comendo e conversando até resolvermos sair. De fora meu coração se contorceu, meu irmão estava tão pálido quanto eu e quanto qualquer outro ali daquele grupo.

– Yara, filhinha, como você está, minha fofa?

– Mãe...

– Parece que ainda anda com esses ai - ela olhou os outros, meu corpo se arrepiou - Cadê aquele seu namorado lindo?

– Não tenho namorado, mãe.

– Nossa! - ela agachou o rosto a altura do meu, ela usava uma de suas sandálias plataforma - Você já consegue me ouvir?

Droga, ela conseguiu, ela enfiou a faca e a torceu, eu apenas respirei fundo e dei um tchau desgostoso, ela gritou algo que eu não ouvi e nem consegui ler em seus lábios, eu já estava longe demais.

Todos pararam e eu não entendi porquê, parei e olhei para onde olhavam. Wilke vinha correndo até nós, ele parou, apoiou as mãos nos joelhos e me olhou, estava vermelho, suado e ofegante.

– Wilke?

– Oi, Yara - ele respirou - Eu vi sua... - respirou - mãe e fiquei - respirou - preocupado. Uou! - inspirou e soltou lentamente o ar, me fez rir - Mas vejo que está tudo bem.

– Está sim - sorri para ele, era engraçado vê-lo naquele estado - Obrigada pela preocupação.

– Ah... ta... - ele sorriu desajeitado.

Ficamos mergulhados em um silêncio constrangedor.

– Ei, Wilke - Marina começou - Vamos ao cinema, quer vir? - eu e ele e a olhamos surpresos.

– Se não for problema - ele me olhou, eu sorri timida.

– Será ótimo - Pietro o abraçou pelo pescoço.

Chegamos na bilheteria e Marina e Lucas escolheram o filme, escolheram um filme de terror que devo dizer ser inutil quando não se escuta gritos ou a trilha sonora. As pessoas pulavam assustadas e eu tentava entender pelas cenas a sequencia que me daria susto, mas nada aconteceu.

– Eu fiquei realmente assustada - Marina comentou.

– Na minha lista de coisas inuteis: Filmes de terror. - ela me olhou incrédula - Sério, não tem a menor graça.

Pegamos um ônibus, Marco não pudera sair de carro, meu pai ia sair com o Meleca para comprar alguma coisa para ele usar em uma festinha da escola. Descemos todos na casa de Wilke, ele abriu o portão, ficamos um tempo conversando ali até que os outros se afastaram e ficamos apenas eu e ele.

– Ontem eu lembrei de você - ele falou - Eu estava procurando umas cifras e encontrei dos Bananas Esmagadas - eu ri - Acho que aprendia a cantar.

– E a tocar no violão?

– Isso eu deixo com você - ele riu - Quer ouvir?

– Hoje não - eu olhei em volta procurando pelos outros, eles estavam na esquina longe de nós - Posso vir segunda depois da aula? - ele sorriu, os olhos brilharam, senti minhas bochechas corarem.

– Claro que pode. - ele me abraçou - Como vai a preparação para cirurgia?

– Bem, quer dizer, eu ainda estou morrendo de medo, mas estou me sentindo mais segura do que antes, acho que pode funcionar.

– Claro que vai funcionar - ele sorriu e me afastou do abraço - Acho melhor você ir - ele falou e percebi que os outros me gritavam, só percebi porque quando os olhei as bocas abriam exageradamente e balançavam os braços.

– É... - eu ri - Uma vantagem de estar surda - ele riu - Então... Até segunda.

– Até.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Som do Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.