O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 12
Parte 1: Capítulo 12 - Visita da titia




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A Yara treinava tocar violão sempre que chegava da casa do Wilke, eu fui até lá no dia que a Marina foi, aquele lugar virou um hospicio, minha prima fazia doces, Marina tocava alguma coisa que eu não identificava o que era, não sei se foi pelo meu conhecimento quase nulo sobre rock ou porque ela realmente era muito ruim, já que a própria Yara deu de ombros quando perguntei o que a amiga de cabelo azul cantava.

Eu fui para a sala para fugir da bagunça das duas e logo aquele que fomos todos visitar fez o mesmo, ele chegou na sala rindo se sentou no sofá de frente para o que eu estava. Foi um longo momento de silêncio constrangedor até eu ter a genial ideia de...

– Até que você se recuperou bem dos socos - ele levou a mão ao rosto, eu não fui criado para quebrar momentos de tensão e isso acho que já ficou claro.

– Pois é - ele falou sem graça, eu sou um desastre.

Mergulhamos em um novo silêncio.

Em compensação as duas no andar superior faziam mais barulho do que qualquer coisa. Elas pareciam nem ter percebido que o doente tinha saído, mas eu não as culpava, Wilke parecia meio morto.

– Então, como anda a recuperação? - perguntei tentando puxar assunto.

– Da minha parte péssimo, mas da parte da Yara eu não poderia pedir companhia melhor - ele sorriu, seus olhos brilhavam, eu lembro disso quando ele ficou doente quando ainda eramos um trio e minha prima cuidou dele, agora era a mesma coisa com versões nossa mais velhas.

– Você sabe que eu e o Marco não concordamos com isso, não sabe?

– Eu senti isso - ele falou levando a mão ao rosto - Só estou surpreso que o Marco ainda não tenha vindo me agraciar com os socos dele que já vi fazer muito estrago.

Isso é verdade, Marco tem um belo histórico brigão e acho que é culpa dele o fato que Yara nunca ter tido um relacionamento de verdade. Ele sempre se metia quando a via com algum menino que não fosse eu ou ele, já vi alguns levarem belos socos ou ameaças, mas sempre longe da irmã, ele nunca quis que ela visse esse seu lado violento, eu mesmo preferia não conhecê-lo.

– Lembra quando ela deu um beijo naquele menino no primeiro colegial? - Wilke falava rindo - Marco tinha ido buscar vocês dois e ela estava com um menino, acho que aquele menino nunca mais tentou beijar alguém.

– Ele saiu da escola depois daquilo.

– Caramba, sério? - confirmei - Marco é um louco.

– Acho que ele não faz por mal...

– Se fizesse então - rimos juntos - Quando nós nos afastamos Pietro? - eu o olhei confuso - Quero dizer, nós três eramos como unha e carne e veja agora, agora nem nos conhecemos mais.

– Não diga isso, eu te conheço muito bem - ele me analisou - Primeiro - enumerei nos dedos - você é um baita folgado - ele riu - Segundo: é um péssimo jogador de futebol, nunca mais te chamo para meu time; Terceiro: Você é mulherengo; Quarto: Você parece ter um imã para problemas; Quinto: Você é péssimo de briga; Sexto:...

– Já entendi - ele falou me parando - Eu sou uma péssima pessoa e você não gosta de mim.

– Não é questão de não gostar, só não confio e... - pensei um pouco - Talvez eu não goste um pouco de você.

– Ouch! - ele se levantou - Mas não tiro sua razão, eu também não gostaria de mim - ele espreguiçou - Mas de qualquer forma acho muito legal você estar aqui, mesmo que eu esteja com medo e...

– Wilke - eu o segui - Eu não vim aqui atrapalhar sua recuperação, eu também quero te ver de volta a escola, mesmo que você volte a ser o idiota de antes eu prefiro te ver na escola a saber que você está aqui sofrendo.

Ele me olhou parecia não esperar por isso, ele voltou eme abraçou, fiquei sem saber o que fazer.

– Oh dois - Marina nos chamou - Vocês dois ficam lindos juntos, mas preciso de um adversário mais experiente que a Yara, esse jogo ta muito fácil.

– Ela rouba! - Yara gritou.

– Eu aposto que venço - falei subindo correndo.

– Duvido, você era péssimo - ele veio logo atrás, roubamos os controles das meninas e ficamos jogando até o anoitecer quando todos tivemos de ir embora.

Agora eu entendia porque Yara continuava indo ali mesmo depois de todos a proibirem, ver Wilke melhorando era fantástico, vê-lo rindo enquanto apanhava de mim e da Marina, vê-lo brincando com as duas era muito bom e dava vontade de continuar a ajudá-lo e imaginei que isso fosse o que motivava minha prima.

– Você vai voltar? - ele perguntou enquanto nos levava até o portão.

– Claro que sim, bonitão.

– Marina, você vem sem eu te chamar, eu estava perguntando para o Pietro?

– Ah... - Yara riu - Mas mesmo assim, saiba que vou voltar.

Ele confirmou.

– Se você me permitir voltar.

– Claro, ter alguém que não seja uma menina - ele sussurrou.

– Eu ouvi isso. - Yara gritou.

– É muito bom, sabe poder ter papo que não seja sobre o cabelo ou...

– Para de falar besteira, você conversou comigo sobre as meninas que você pegou e nós ainda fizemos um levantamento sobre qual era mais gostosa, isso não é desculpa.

– Verdade - falei - Você não pode encarar a Yara como uma menina.

– Aí! - ela falou - Desisto de vocês dois.

Nós rimos.

Fomos todos par a acasa da Yara que desde sempre foi como um ponto de encontro de todos. Marco estava de braços cruzados e encarou nós três.

– Onde estavam? - ele perguntou para Marina.

– Culpa minha - falei, as duas me olharam - Eu as chamei para darmos uma volta, espero que não seja problema - ele relaxou.

– Se era com você não tem problema. - mandei uma piscadela para Yara que relaxou os ombros.

Depois de uma longa conversa de nós três no quarto da minha prima e ela me relatando algumas coisas sobre suas visitas a Wilke eu fui para minha casa que ficava do outro lado do corredor.

Acordei no final de semana com um batida na porta do meu quarto meio desesperada, me levantei meio tonto e abri a porta, Yara invadiu meu quarto, ela ainda estava de pijama, se jogou na minha cama e ficou me encarando.

– Olá, priminho querido, espero que você tenha um bom-dia, mesmo comigo invadindo seu quarto às - olhei o relógio na parede - oito e meia - falei assustado - Fale sério, o que você faz aqui de madrugada?

– Minha casa foi invadida. - ela flaou cruzando os braços.

O cabelo multi-color dela ficava engraçado bagunçado.

– Como assim invadida? E seu pai e sua madrasta, estão bem? E o Meleca, cadê o Meleca?

– Não, não assim - ela falou se jogando e ficando deitada - Minha mãe está lá em casa.

– A tia? - eu fiquei ainda mais espantado do que se realmente fosse uma invasão - O que ela veio fazer aqui?

– Veio oferecer o serviço de mãe perfeita - eu não tinha entendido - Pediu para eu passar o final de semana com ela, trouxe até chocolate, isso eu gostei. - ela falou rindo.

– E o que você disse?

– Não disse, peguei os chocolates e depois vim para cá. Marco ficou lá conversando com ela.

– E eles não estão se matando? Isso é um milagre. - ela confirmou - Me dá licença - abri a porta do quarto - Vou me trocar.

– Você está de cueca, é só botar uma roupa por cima - olhei meu corpo e ela tinha razão.

Coloquei uma camisa qualquer e uma calça de moletom, fui com ela até o apartamento dela. Abri a porta e me deparei coma cena que eu menos esperava, minha tia, mãe da Yara no sofá tomando conta do controle remoto enquanto minha tia, madrasta da Yara, estava na cozinha, não cozinhando, mas tentando manter uma distância que fosse segura. Eu também teria feito aquilo.

– Quem é esse, seu namorado? - a mãe da Yara perguntou.

– Nem em pesadelo ele seria meu namorado - Yara prendeu o cabelo - É o Pietro.

– Pietro? - ela pareceu revirar as lembranças - Aquele magrelo sem sal? - Yara confirmou - Você ficou bonitão - ela se levantou, me abraçou fortemente, pude sentir todo o seu silicone ser pressionado contra mim.

– Yara, me salta, acho que vou me afogar.

Yara me puxou pela mão no gesto mais oposto de delicado que eu já recebi de uma mulher.

– Sem ataques contra ele, contenha suas garras. - ela falou.

– Acho que você precisa de um namorado - ela falou, olhei minha prima.

– Pois saiba, mamãe querida, que eu tenho um namorado.

Sério? Ela e Juca já chegaram nesse nível?

– E quando poderei conhecê-lo?

– Se tudo der certo, nunca.

Minha tia a encarou.

Yara me levou para o quarto dela e como se eu não estivesse ali, ela começou a se vestir, dei-lhe as costas.

– Você não deveria dar uma chance a ela? - maldito espelho, porque ele estava justo na minha frente, eu não queria ver minha prima se trocando.

– Seria como um cervo ensanguentado dar uma chance a um leão faminto.

– Desculpa, não peguei quem é quem da história - eu pude ver a tatuagem a tão famosa tatuagem que aparentemente apenas Juca conhecia, era uma frase que terminava nas costas.

– Não importa quem é quem na história, só importa que nunca daria certo - ela terminou de se vestir - Já pode virar.

– Mas ela parece que veio numa boa agora.

– Ela quase te comeu com os olhos e você é sobrinho dela.

Isso ela tinha razão, imagino o que minha tia teria feito se eu não fosse sobrinho dela ou caso a Yara não me arrancasse do meio dos silicones.

Saímos do quarto, minha tia ainda controlava o controle-remoto. Era engraçado, todos se mantinham afastados dela, como se ela realmente fosse um leão e todos cervos temerosos. Marco saiu do próprio quarto e ao ver a mãe voltou a se trancar.

– Aonde vocês vão? - meu tio perguntou.

– A casa da Marina.

– Torci para que dissessem parque ou até a biblioteca... - ele reclamou - Tomem cuidado.

– Sempre.

Yara fechou a porta atrás de nós. E é assim que sempre acontece quando minha tia vem visitá-los, o bom é que essa é a primeira vez, o ruim é que já torço para que isso nunca aconteça novamente.

Fiquei meio decepcionado porque pensei que visitariamos Wilke, mas não, realmente fomos para a casa da Marina e de lá fomos para um parque e tomamos sorvete por conta da minha prima, o que é ótimo e não voltaria acontecer. Yara é muito mão-de-vaca.


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