O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 13
Parte 1: Capítulo 13 - Combinado




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Quando retornamos para a casa da minha prima, felizmente, minha tia tinha ido embora, mas seus rastros ainda estavam ali, o cheiro do seu perfume amadeirado, a louça que ela usara para comer, a sujeira no sofá, mais os efeitos emocionais em Yara e Marco que ainda estava trancado no quarto. Fui até lá, bati na porta, ele mandou eu ir tomar naquele lugar e então eu entrei, sabia que a visita da tia tinha sido como todas as outras poucas de que eu me recordava. Ele me olhou com o rosto amassado, estava enterrado no travesseiro, ele se sentou e me olhou.

– Tudo bem? - ele confirmou - O que ela queria?

– Disse que poderemos usar a fazendo nas férias - ele falou com a voz lenta, acho que ele realmente acabou de acordar - Você acha que é uma boa ideia?

– Ai depende - ele não entendeu - Quem vai?

– Nós, claro, Yara, Marina, Juca... Sei lá quem mais.

– Wilke e o namorado rosa da Marina? - ele me olhou desconfiado - A Marina ficará bem se o namorado estiver por perto, acho que não seremos agredidos. E o Wilke... Fui visitá-lo.

– Seu traíra, prometemos um ao outro que o deixariamos para lá e você foi vê-lo! - ele pareceu não gostar, mas depois relaxou - E como ele está?

– Bem, quero dizer, não completamente recuperado, mas acho que ela realmente faz bem para ele.

– Para qualquer um, tenho sorte de ter a irmã que tenho.

– Você já viu a tatuagem? - ele me olhou confuso - Eita! Você não sabe? - ele negou - Ela vai me matar.

– Não, eu vou matá-la antes disso! - ele levantou da cama e correu até o quarto da Yara.

Entrou.

– Ei, ei ei, bater na porta esquece, né? Eu poderia estar nua e...

– Que tatuagem é essa? - ela levantou assustada, olhou para a sala constatou que niguem mais ouvira, fechou a porta e deu um soco em Marco.

– Você é louco de falar isso alto?

– Por isso você usou maiô todas as vezes que fomos a praia, por causa da tatuagem.

– Haha que gênio você é - ela bateu as mãos como uma foca e fez careta.

– Sei que é em um lugar secreto que só o Juca viu - Marina falou rindo e ganhando um tapa na cabeça.

– Não piore as coisas - Yara falou - Como você descobriu isso? - ela peitou Marco e depois me olhou.

– Desculpa, desculpa, você se trocou, eu tava de frente par ao espelho, não pude evitar. - falei meio que atropelando uma palavra na outra.

– E tinha de contar para ele, que bosta, Pietro.

– Eu achei que ele soubesse, não fiz por mal.

– Posso ver?

– O quê?

– A tatuagem, o que mais seria.

Ela revirou os olhos, levantou a lateral da camiseta, uma parte do sutiã e revelou em letras bem desenhadas um escrito que pelas várias linhas que cortavam eu não consegui entender.

– Isso é lindo - ele falou, ela deu de ombros e balançou a cabeça - Por que não me contou dessa homenagem?

– Porque você ficaria todo meloso e sentimental.

– Ela tatuou o nome do Juca? - perguntei e recebi olhares tortos.

– Claro que não, ela tatuou a forma como eu chamava quando eramos mais novos - eu o olhei, ela tatuou mermaid nas costelas? Por que ela tatuou isso? - Você vai fazer uma de verdade, né? - ela levantou mais o sutiã e revelou uma pequena sereia toda preta ao lado da palavra - Acho que vou chorar.

– Eu te disse que ele choraria - ela falou encarando Marina - Mas promete que não conta para o papai.

– Prometo - ele beijou os dedos em cruz.

– O que a mamãe queria? - ela perguntou sem rodeios, ele se sentou ao lado da menina de cabelo azul e suspirou longamente.

– Ela nos convidou para afazenda, o que acha? - ela confirmou - Pietro deu a ideia de chamar mais o Wilke e o cabelo rosa...

– Ele tem nome - Marina falou.

– Não me importo - ele deu de ombros - O que acham?

– Ótimo, mas como todos daremos no carro - Marina levantou uma boa pergunta.

– Alguns podem ir de ônibus, lotamos o carro na rodoviária deles e vamos todos par ao mato, acho que não tem problema, o que me dizem? - concordamos e tiramos nos palitinhos quem iria de ônibus, os perdedores foram Marina e o namorado rosa que não estava ali então Marco tirou para ele e como Marco é o motorista obviamente ele irá de carro.

Depois de ficar conversando com eles e planejarmos como fariamos para a viagem fui arrumar as coisas, falamos em férias, mas as férias já estão ai, menos de duas semanas e boom já teremos o mais sonhado mês de julho.

Eu só não esperava que logo na segunda teria o enorme choque de estar me aventurando na sala da Yara entregando para a Marina um pedaço de bolo que minha mãe mandou para ela quando vi aqueles dois entrarem, Yara estava os dedos entrelaçados com os de Wilke, ele tremia e suava frio, nós dois trocamos olhares confusos, a Marina parecia não saber daquilo mais do que eu.

Sabine se aproximou deles e conversou com Wilke. Minha prima falou que o esperaria no lugar dela, mas o menino não a soltou, disse que ela deveria ficar ali ao lado dele como foi em todos esses meses. Sabine conversava algo, provavelmente sobre a relação dela com Wilke, e deduzo que era isso porque minha prima revirava os olhos. Quando a gostosa terminou de falar Yara puxou Wilke para um lugar ao lado do seu, os dois me cumprimentaram.

– Como aconteceu? - Marina perguntou - Quero dizer, vocês não me contaram nada.

– Ele me ligou ontem dizendo que estava disposto para um novo desafio.

– Eu disse desafio, não morte, isso aqui é uma loucura, Yara, eu deveria ir embora.

Mas uma semana após ele não desgrudar da minha prima e eu já estar jurando que os dois tinham algo mais ele foi par ao grupinho dele, não tem jeito, quando se nasceu ruim, ruim serás, ele se juntou aqueles metidos dos quais eu odiava e por isso eu me afastara de Wilke, minha prima se fazia de forte, ela falava que não sentia nada em vê-lo se agarrando com a Sabine mesmo depois de todo o chifre que levou, mas eu sabia que ela mentia, ela estava sentindo algo por Wilke, eu odiava isso, mas se ele separasse ela de Juca eu adoraria.

Ela me contou que foi ao cinema com o namoradinho e terminou quase fazendo coisas inapropriadas, eu fiquei meio assustado em ouvi-la contando aquilo, porque eu sou o que faz isso e ela é a inocente que escuta, minha priminha não pode se meter nesse mundo horrível e cruel, ela ainda é...

– Não é não - Marina falou em um almoço - Ela não tão inocente quanto você pensa, meu caro Pietro.

– Ela já... com o Juca?

– Não que ela tenha me contado, mas sei que já avançaram um pouco na relação - ela riu - Wilke ficou meio em choque quando ela contou.

– Wilke?

– É, você não sabia? Eles estão se encontrando durante a semana para ele estudar as provas, eu acho que eles estudam muito biologia e química - ela riu.

– Isso não é engraçado.

– Claro que é, eles são amigos de infância, se afastaram - ela os indicava com o garfo e a faca - e agora se juntam novamente, já pensou se acaba em namora.

– Não pode acabar em namoro, ele é um canalha.

– Claro que é, mas é bem mais divertido e gato do que o Juca, prefiro um Wilke canalha, do que um Juca mentiroso.

– Mentiroso?

– É, ele vai nas festas e fica com várias outras e usa a fachada de estar namorando para que outras meninas se aproximem dele - ela deu de ombros - Mas se a Yara aceita isso, o que posso fazer?

– Alertá-la, ela é sua melhor amiga.

– Mas eu não a controlo, não posso proibí-la de se encontrar com ele, Juca tem seu charme, mesmo que não faça meu tipo.

– Eu realmente desisto de entender vocês mulheres.

– Nós também. - ela falou terminando de comer o espaguete - Agora se me dá licença, tenho que pegar o Meleca na creche, Yara e Wilke sairam mais cedo.

Ela saiu, eu também, mas não fui para casa, desviei meu caminho para a casa de Wilke, mas aparentemente estava vazia. Fui para minha casa tentando ligar para Yara e até para Wilke e nenhum atendia. Fui até o apartamento dela e lá os encontrei, livros espalhados pelo chão da sal, Yara rindo e Wilke com cara de desesperado, estudavam química, me dispus a ajudá-los com o estudo, minha prima preparou brigadeiro que nos fez dormir de tão cheios de doce que estavamos.


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