Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 9
Diário 5 - Willian




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Ele parecia bem. Apesar de haver um apocalipse lá fora, Jimmy parecia não se importar. Enquanto íamos em direção ao andar superior, Jimmy assobiava alguma música dos Beatles que não consegui identificar qual, nunca fui muito de acompanhar Os Beatles. Ele andava rápido e de vez em quando olhava para mim e sorria, deveria estar feliz em saber que eu estava vivo.
– É bom saber que conseguiu chegar até aqui vivo. Pensei que você seria levado até outra Zona de Quarentena, até estava pensando em ir atrás de você.
– Sério? Só vim para essa ZQ por causa dos meus pais e do bilhete que eles deixaram. E a sua família, você sabe onde estão?
– Não te falei? Fora do país, ainda bem. Estão em Portugal de férias, deveriam voltar em dois dias mas acho que isso não vai acontecer.
– Entendi.
Subimos as escadas até o andar superior e viramos à direita em um corredor estreito e escuro. No final do corredor, entramos à esquerda e paramos em frente a uma porta dupla de carvalho velha.
– Vem! - disse Jimmy.
Entramos na sala, era um refeitório amplo sem mesas e cadeiras apenas com colchões e sacos de dormir. O refeitório era iluminado apenas por algumas velas, várias pessoas estavam deitadas no chão. Uma mãe tentava acalmar o seu bebê no colo, mas sem sucesso. Um cara baixinho que usava óculos e Jeans veio na nossa direção:
– Olá Jimmy, quem é o amigo? - perguntou o cara.
– Meu amigo Will. Will, Matias, Matias, Will. Chegou há alguns minutos e está procurando os país que vieram para cá.
– Prazer! - ele apertou a minha mão. - Por sorte, Willian, anotamos os nomes de todos os sobreviventes que chegaram até aqui, quais são os nomes dos seus pais?
– Melanie e Bill. - respondi nervoso.
Ele sacou uma prancheta na qual haviam vários nomes anotados por ordem alfabética.
– Hum... Deixe me ver.... Hum... Desculpe, ninguém aqui se chama Melanie ou Bill.
– Não é possível, eles disseram que viriam para cá. - rebati enquanto ia até o final da sala para averiguar se eles realmente não estavam lá. E não estavam. - droga.
– Willian, olha eu não sei se pode ser isso mas... Talvez eles tenham ido para outra Zona. - Matias caminhou até o balcão e trouxe um caderno - Certo, você mora na zona oeste?
– Sim. - respondi.
– Ok, a Zona de Quarentena mais próxima de lá, é.... Hum.. A 10. Talvez eles tenham sido levados até lá, ou não sei.
Matias foi interrompido pela televisão ao fundo da sala que agora chiava muito. Um repórter apareceu e começou a falar algo sobre um acidente, porém, era difícil de compreender o que ele dizia:
" Um acidente entre 11 carros na avenida do estado...... causou a morte de vinte e duas pessoas..... estavam sendo escoltados pelo exército...... Zona de Quarentena segura, foram atacados por uma horda de infectados levando todos os carros a se chocarem..... todos mortos." A Imagem se abriu e imagens de carros acidentados foi mostrada. E não era possível, um dos carros acidentados parecia muito com o dos meus pais: um mustang xl marrom estava entre os carros. Quando a imagem se abriu, observei a placa do mustang: 'XLL-199' era a placa do carro dos meus pais.
– Não, NÃO, NÃO PODE SER, ISSO É MENTIRA. NÃO! NÃO! - gritei o mais alto que pude.
– O que foi? WILLIAN ME RESPONDE! O QUE HOUVE? - perguntou Jimmy enquanto me segurava.
– MEUS PAIS! AQUELE É O CARRO DELES! NÃO, JIMMY NÃO! - eu gritei enquanto chorava.
– Calma, foi só um engano, não são eles, eles estão bem.... Calma Willian! Pare de se debater!
– ELES NÃO ESTÃO MAIS NO CARRO, ESTÃO MORTOS!
– CALMA, VAI FICAR TUDO BEM, ELES VOLTARÃO EM BREVE, AGORA PARE!
Me soltei imediatamente de Jimmy e corri para a saída, quando atingi o corredor ouvi Jimmy gritar algo como "espera" mas não dei ouvidos. Subi as escadas rapidamente até o vigéssimo andar e sai pela porta do telhado, fui até a beirada do prédio e observei o caos plantado lá embaixo: vi alguns caminhões de bombeiro indo em direção à ponte Porter, ouvi algumas sirenes de ambulâncias distantes, vi muitos zumbis lá embaixo também. Me sentei em cima de um ar condicionado e fitei o horizonte enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.
– Isso não está certo! Não deveria ser assim - gritei.
Observei por alguns minutos o céu que agora aderia a cor roxo-claro. O Sol já estava se pondo no horizonte e logo mais tudo isso ficaria um breu gigantesco. Só conseguia pensar em meus pais naquele momento: em tudo o que passamos juntos, e em tudos que poderíamos ter passado no futuro. Eu sabia que você tinha que ser forte numa circustância daquela, e que não podia abaixar a cabeça para nada.
A porta da escada se abriu e Jimmy veio em minha direção.
– Está mais calmo? - ele perguntou enquanto me encarava.
– Acho que sim, espero. - respondi.
– Vai ficar tudo bem, ok? Sinto muito... Muito mesmo por eles, não deveria mesmo ser assim. Mas... Conte comigo sempre para o que der e vier, ok?
– Obrigado. Você também conte comigo.
Ele sorriu. Enquanto estavámos ali, parados observando o por do sol, ouvi sons de avião vindo em nossa direção. Olhei para trás e vi que eram realmente aviões, aviões do exército com TNT's na parte inferior.
– JIMMY, SE ABAIXA! - gritei.
Pulei em cima do Jimmy e caímos atrás de uma pequena parede do telhado, e mal deu tempo para que caíssemos quando os aviões passaram planando pelo telhado do prédio.
– O-o que foi isso? - hesitou Jimmy. Me levantei e ajudei Jimmy a levantar enquanto sacudi a poeira da roupa.
– Exército. Bombardeios. Sabe o que acontece quando o surto não é controlado pelo governo Jimmy? - perguntei.
– Não, o que?
– Eles bombardeiam a cidade para poder matar o maior número de infectados possíveis. E bem, isso acabou de começar.
Observamos os aviões indo em direção ao extremo sul da cidade, e em menos de seis segundos bombas foram lançadas contra prédios pequenos. A terra tremeu um pouco, mas nada tão relevante assim. Após a poeira abaixar, vimos destroços no chão e vários cadaveres espalhados ao chão.
– Uou. Eles vão fazer isso em toda a cidade? Eles vão dizimar a população inteira! - disse Jimmy.
– Sim, talvez eles evacuem uma parte dos sobreviventes para outra cidade antes de fazer isso. Mas se nada disso acontecer, provavelmente irão nos bombardear sem piedade.
– Droga, deveríamos entrar e nos abrigar.
– É... Certo. - respondi triste.
Descemos até Dana e a encontramos no refeitório.
– Fiquei sabendo do ocorrido, e sinto muito mesmo. Se precisar de apoio, estaremos aqui. - ela disse. Assenti com a cabeça. Dana tinha um coração bom para uma pessoa que perdeu tudo. - venham comigo, levarei vocês até o seu quarto.
Subimos até o sétimo andar, lugar onde segundo Dana, ficavam os dormitórios dos soldados. Ela nos deixou em frente a porta do quarto 122.
– Aqui rapazes, se precisarem de alguma coisa nos chamem pelo rádio que está na mesa do quarto. E Jimmy... Quando puder, vá até a torre, temos coisas para tratar.
Jimmy assentiu e entramos no quarto. O quarto era pequeno, tinha uma beliche, uma escrivaninha com cadeira, uns posters e umas fotos coladas nas paredes. Jimmy acendeu uma vela na mesa.
– Colei essas fotos hoje mais cedo quando cheguei, as únicas que achei quando passei em casa antes de chegar aqui. - ele disse.
– Pensei que tivesse vindo direto para cá. - rebati.
– Passei em casa antes e peguei algumas coisas básicas que estão dentro daquela mochila embaixo da beliche. Eu durmo em cima, ok?
– Certo. - sentei na beliche e observei a janela: faltavam cerca de minutos para a noite chegar. - Então... O que você e a Giovanna Nocker iam fazer exatamente no restaurante do David?
– Bem... Eu a chamei para sair semana passada. Ela aceitou e combinados de ir até lá, como amigos, claro. - ele disse.
– Aham sei, claro... como amigos. - fiz sinal de aspas com os dedos.
– Ei, eu não estava afim dela. Só achei ela.... bonita. E além disso, eu estava de olho na Julia Gilabel.
– Sério? Entendi. - respondi.
– Acho que preciso dormir, ou tentar um pouco. Nem parece que há um apocalipse ai fora ainda, né? - disse Jimmy. - Já volto.
Deitei na minha cama e comecei a pensar: Nada daquilo poderia ser verdade, e se fosse apenas um sonho? Eu esperaria que fosse. Não queria dormir, pois sabia que se eu dormisse, iria ter pesadelos. Pesadelos que tenho desde criança. Apesar de estar super acabado. O dia foi bem longo e o dia de amanhã prometia ser mais. Será que tudo aquilo iria acabar?


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Notas finais do capítulo

Um pouco mais de ação? Sexta no gl... Não, espera. Que tal no próximo capítulo?



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