Nos dias que sucederam, Zach saía da escola e ia diretamente para o hospital. Ficava com Glen até terminar o horário de visita. Voltou a comer direito e se sentir autoconfiante. As meninas ficavam atrás dêle novamente. Só que desta vêz, êle as rejeitava. Tinha Glen no sonho, na mente e no coração.
Na sexta, antes de sair Zach se despediu:
- Amanhã eu venho bem cêdo p’rá te ver. Não tem aula e posso ficar o tempo todo com você. Vou te contar tudo o que aconteceu na escola e quem sabe, umas piadinhas que ouvi.
- Com licença, podemos entrar? – perguntou Gordon entrando no quarto com Rob e Henry.
- O que fazem aqui? – questionou Zach pondo-se à frente dêles.
- Calma Zach. Viemos em paz. – respondeu Henry. – Soubemos o que houve e queremos que saiba que mêsmo gostando do Glen, você ainda vai ser nosso amigo.
- Pf... Eu não gosto do Glen. Quem disse essa besteira?
Os três o olharam em silêncio:
- Certo. Eu gosto. Acho que até mais que de mim. Mas não contem p’rá ninguém.
- Tarde demais. A escola inteira está sabendo. Emily disse... – tentou falar Gordon que foi interrompido por Zach:
- Emily?! Aquela va... Bom, esquece. Eu gosto, e daí? Ninguém tem nada com isso.
- Claro que não tem. Só um maluco enfrentaria o garôto mais forte da escola. – comentou Rob socando, de leve, o braço de Zach.
Os três riram.
- Valeu galera. Fico feliz que vieram. Isso é muito importante p’rá mim.
- Meninos, o horário de visita acabou. – disse a enfermeira por detrás da porta.
- Já estamos de saída. – disse Zach.
- E aí Zach? Quer dar uma volta com os velhos amigos? Sabe, recordar os velhos tempos... – perguntou Rob.
- No que está pensando? – perguntou Zach com a mão por cima do ombro de Rob.
- Que tal irmos ao fliperama? Quero revanche no basquete.
- Então vamos, se não for amarelar.
Os três saíam rindo e falando. A enfermeira foi verificar o estado de Glen. Olhou para a prancheta. Depois começou a ouvir uns sons:
- Z... Z... Za...
- Senhor Andrews. Está me ouvindo?
- Zach...
A enfermeira saiu do quarto e chamou o médico.
No sábado, Zach acordou cêdo. Foi até a cozinha e sua Diane estava de pé, com um copo na mão, sorrindo:
- Oi mãe. O que aconteceu p’rá você estar assim?
- Recebi ótimas notícias. Glen acordou. E eu...
Antes que pudesse terminar, Zach correu para o banheiro. Tomou um banho caprichado. Vestiu uma camisa prêta estampada de prata, uma bermuda jeans e um tênis Nike muito caro. Tomou outro banho, só que, desta vêz, de perfume. Saiu e no caminho, comprou um buquê numa floricultura.
Ao chegar ao hospital, foi para o quarto de Glen. Mas antes que pudesse entrar, deteu-se pelo fato de ouvir uma conversa dentro daquela alcova:
- Que bom que voltou, Glen. Estávamos todos sentindo sua falta.
- Ah, Matt, obrigado. Também estou feliz por voltar. – disse Glen.
Zach viu os dois se abraçando. Ao assistir à cena, entrou bruscamente no quarto:
- Glen! Para de abraçar êsse aí. Não sentiu minha falta?
- Zach. Eu só... – Glen tentou falar.
- Glen, deixe que eu explico. – interrompeu Matt. – Zach, Glen é todo seu. O primeiro nome que disse, foi o seu. E eu tenho namorada. Nunca poderia me interferir nêsse tipo de assunto.
Glen corou levemente. Zach se acalmou:
- Vou deixá-los mais à vontade.
Matt deixou o quarto cerrando a porta. Glen olhou para a janela. Zach se aproximou da cama:
- Glen, me perdôe.
Glen virou seu olhar para Zach. Os tais olhos que há muito estiveram fechados, estavam olhando-o fixamente, com o mêsmo brilho de outrora:
- Perdoar por quê?
- Perdoar por te querer tanto a ponto de não saber o que fazer. De que quando me chama, resisto. De que quando vai embora, eu te chamo. De não estado ao seu lado todo êsse tempo. De não ter revelado o que sentia. De ser teimoso. De ter um orgulho que fala mais alto. De te amar mais do que eu... Me perdôe.
- Não precisa ter ciúme, Zach. Mêsmo estando lindo com ciúme. Eu já lhe perdoei. Dêsde quando me rejeitou naquêle dia. Não sou alguém de guardar rancor.
- E é por isso que é a pessôa mais linda que já conheci.
Zach não hesitou. Tomou Glen aos braços e o beijou ardentemente. Glen correspondeu. Seus lábios dançavam com os de Zach. O calor aumentava. Zach passava suas mãos pelas costas do outro. Glen envolveu seus braços por trás do pescôço de Zach. Pararam por verem Diane, Grace e Jackie na porta. Cada uma com seu buquê. Glen ao vê-las, disse para começar um assunto:
- P’rá quê são essas flôres? Eu não morri ainda.
As três o abraçaram. Glen estava de volta. A vida parecia tão sêca enquanto êle dormia... Mas agora estava ali. E p’rá ficar.