Escritos de Dakota escrita por Meredith


Capítulo 5
Capítulo 5




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Era uma manhã nublada de sexta feira, eu estava sentada sozinha na escola. Milles se aproximou.

– Tudo bem? – Olhei para o lado, realmente era Milles.

– Não sei – respondi.

– Aconteceu alguma coisa?

Respirei fundo.

– Ontem descobri que não posso confiar em ninguém.

– Você pode confiar em mim – ele falou me fitando.

Será? Eu até pensei em debater com ele, mas apenas sorri.

– Eu perdi meu pai quando era muito novo, e eu também não tenho ninguém, só tenho a minha mãe.

– Você pode confiar nela?

– Acho que sim, ela trabalha como professora e a anos junta dinheiro para a minha faculdade.

– Então já tem mais que eu. Minha mãe também é professora, mas por enquanto está afastada da escola.

– Minha mãe ainda não conseguiu entrar para o corpo docente das escolas daqui.

– Então por que se mudaram? – Perguntei.

– A gente gosta da paz de cidade pequena.

–Interessante - sorri - que faculdade você quer fazer?

– Medicina.

– Uau.

– Mas acho que vai demorar um pouco – ele retrucou, para tentar retirar o meu “entusiasmo”

– Por quê?

– Falta muito dinheiro ainda.

– Que pena.

– Mas, então, fale um pouco de você.

– O básico, minha mãe é professora e neurótica que vive me acusando de tentar matar um homem, meu pai é advogado, mas vive viajando. Tem uma mulher que trabalha lá em casa, que é muito querida, e a minha cachorra Pepa. Eu quero ser fotógrafa, mas meu pai quer que eu siga a carreira dele.

– Vocês sempre moraram aqui?

– Sim, minha mãe gosta da paz, mas meu pai tem muitos clientes em outras cidades, por isso viaja muito.

– Mas pelo que ouvi vocês não tiveram muita paz aqui.

– Isso é um pouco pessoal.

– Tudo bem, eu sei que você ficou um ano fora e voltou.

– Pois é.

– Voltou bem na época que eu me mudei – sorriu – destino?

Revirei os olhos.

– Coincidência – respondi.

– Será? – Ele falou e eu sorri sem graça enquanto olhava para o lado.

Vi que Peter se aproximava. Ele estava um pouco diferente, um diferente estranho.

– Pode me dar um minuto? – Peter falou para mim.

– Já volto – Eu disse para Milles.

Levantei-me e conversamos de canto. Milles apenas observada, mas não ouvia nossa conversa.

– Agora nada mais vai ficar entre a gente – Peter falou.

– Eu já disse que não quero mais falar com você.

– Não tem mais Lolla, nem mais ninguém para me impedir de..

– Chega Peter, o que tinha entre a gente acabou. – Aquilo doeu em mim, mas depois de pensar sobre isso, percebi que era o certo a se fazer.

Ele me olhou com raiva.

– Você tem certeza disso?

– Sim – respondi dura. Minha voz estava mais firme do que nunca.

– Eu posso ser mais perigoso do que qualquer pessoa que queira se vingar do que você fez com meu pai.

– Eu não fiz nada.

Peter me segura forte pelo braço.

– Sua vida vai virar um inferno.

– Me solta, tá me machucando.

Milles ainda estava por perto e viu tudo. Ele veio até mim e me ajudou.

– Solta ela agora – Milles falou alterado.

– Quem é você pra alterar a voz comigo?

– Quem é você pra tratar ela assim?

– Você fica na sua – Peter respondeu, sua voz exalava raiva. Ele soltou meu braço.

Os dois se encararam.

Entrei no meio.

– Tudo bem Milles, ele já estava indo embora.

– Ela tem razão – os dois se encararam por segundos, e Peter foi embora.

–Tá tudo bem? – Milles perguntou.

– Sim, obrigada – respondi apalpando o lugar que Peter estava segurando meu braço. Estava dormente.

– Por que ele tava assim?

– Ele só está nervoso porque terminou o namoro com a Lolla.

– Ele não pode descontar em você.

– Eu sei, mas ele nunca mais vai fazer isso.

Na madrugada de sexta pra sábado, tive um sonho estranho.

Sonhei que eu e Peter estávamos na roda gigante, conversando do mesmo jeito que estávamos outro dia. Mas o tempo estava nublado, estava deserto, e a roda girava muito rápido. Eu não conseguia dizer nada, só Peter falava. Isso me torturava. Minha voz não saia de nenhuma forma. Era como se algo a segurasse

– Eu sabia que você tinha as respostas que eu procurava. Eu li a última página. Eu sei tudo que aconteceu naquela noite. Todo mundo vai saber quem você é. Sua vida vai ser um inferno a partir de agora ele falava.

Acordei assustada com a respiração ofegante. Assustei-me mais ainda quando vi Peter sentado na beira da minha cama me observando.

Quase enfartei.

– Peter? – Quase gritei. Estava suada e extremamente nervosa.

– Fique calma, eu só queria te ver – ele falou.

– Faz tempo que você tá ai?

– O suficiente.

– O que você quer? – Perguntei.

– Apenas te ver dormir.

– Vai embora, por favor.

– Você tem certeza? É muito perigoso ficar sozinha.

– Vai embora!

– Tudo bem, amor – se levantou – mas eu volto para te proteger.

Ele sai pelo mesmo lugar que entrou, pela janela.

O dia amanheceu e eu acordei com uma voz familiar.

– Booooooom diaaaa – Lolla falou, subindo em cima de mim.

– Hã? - acordei confusa.

– Hoje é sábado, e adivinha? Tem sol.

– Sério? – Sorri ainda confusa.

– Vamos dar uma volta, aproveitar antes que o sol vá embora.

– Tá tudo bem com você? – Perguntei.

– Sim, por quê?

– Nada.

– Ficar em casa deprimida não tá com nada – ela falou abrindo o sorriso que só ela faz.

– Pois é – me levantei e fechei a janela, lembrando-me da noite passada.

– Tá sol, deixa a Janela aberta. – Ela falou.

– Eu esqueci aberta, veja só que perigo – Falei.

– Orleans não é tão perigosa assim, mas se tem medo, é só colocar grade.

– Quando meu pai chegar eu vou falar pra ele.

Andei em direção ao banheiro, parei e pensei.

– Vai ficar ai? – Perguntei.

– Sim, vou te esperar aqui – ela respondeu sorrindo.

Agora entendi tudo. Sorri e entrei no banheiro.

De dentro do banheiro, comecei a espionar pela fechadura.

Ela mexeu no meu guarda roupa e logo encontrou o diário. Folheou o meu diário inteiro, e soltou uma frase frustrada: "onde está a última página?" Eu sabia que era isso que todos queriam, e eu simplesmente arranquei a página e guardei. A atenção estava voltada para o diário, e o mais importante que era a página, não estava lá. A melhor ideia que podia ter.

Depois que sai do banheiro, ela agiu normal. Tomamos café juntas em uma cafeteria, andamos um pouco no parque com um copo de milkshake na mão.

Quando esse passeio incrível acabou – ou devo dizer falso – fui para a minha casa. Lolla foi embora e disse que me encontrava depois.

– Sua mãe saiu, e eu já dei comida pra Pepa – Bebel falou.

– Meu pai volta hoje? – Perguntei.

– Sim, vou arrumar a casa e fazer o almoço.

– Quer ajuda?

– Não precisa, obrigada.

Fui para o meu quarto e liguei o computador. Temos um grupo virtual com todo mundo da minha sala. Serve para trocarmos informações, recados, matéria, tudo sobre as aulas. Havia professores lá, então era tudo formal.
"Milles postou uma mensagem há duas horas: alguém tem o livro de química para me emprestar?”
“eu tenho!!”
– respondi.
“Posso buscar agora?”
“Sim."

Peguei o livro e deixei em cima da mesa. Esperei o Milles. Dez minutos depois, ele bateu na porta.

– Achei que ia se perder.

– Nessa cidade minúscula?

– Pois é – sorri.

– Acabou o estoque desse livro na biblioteca, preciso entregar um trabalho segunda.

– Isso que dá, quem mandou deixar tudo para última hora? - Sorri.

– Desculpa se não sou organizado como você - sorriu.

Minha mãe chegou e interrompeu nossa conversa superinteressante.

– Que bom que você já voltou filha.

– Oi mãe, esse é o Milles.

– Oi Milles.

–Olá – ele sorriu sem graça.

– Comprei um vestido pra você.

– Sério? obrigada – fiquei feliz.

– Hoje à noite temos um jantar com alguns clientes do seu pai.

– Ah mãe – fiquei triste – não vai dar.

– Por quê?

Eu não queria ir, é horrível.

– Tenho um encontro – respondi improvisando.

– Com quem? – Ela gargalhou.

– Com o Milles – sorri pra ele.

Ele me olhou assustado.

– E aonde vocês vão? – Minha mãe me fitou, dessa vez ela sabia que eu não saberia responder.

– Em um restaurante perto da minha casa – Milles respondeu.

– Ok, bom passeio pra vocês então – minha mãe disse saindo de perto.

Sorri para ele sem graça. Ele sorriu de volta.

– Esse jantar é aqui na sua casa?

– Provavelmente, desculpa por te meter nisso, eu realmente não quero ir para esse jantar do meu pai.

– Tudo bem. Bom, vou indo, te vejo segunda.

– Espera, a gente não vai sair hoje?

– É sério? – meio confuso – achei que era só para..

– Não – interrompi – mas eu pensei que – gaguejei um pouco – não, esquece. Eu entendo.

– Não, vamos sim – ele sorriu.

– Perto da sua casa?

– É, tem um bom restaurante lá.

– Combinado então – falei.

– Passo aqui às nove.

– Até lá.

Trocamos sorrisos e eu entrei sem graça. Não acredito no que acabou de acontecer.


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