Escritos de Dakota escrita por Meredith


Capítulo 6
Capítulo 6




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Meu pai chegou e eu já estava de saída. Apenas disse para ele sobre a grade na janela e ele me disse que quando eu voltasse já estaria lá.

– Sério? – perguntei.
– Claro, tenho uma grade guardada, antes do jantar eu coloco – meu pai falou.
– Obrigada, pai - dei um beijo nele.
– De nada filha - correspondeu - se cuida.

Esperei Milles na frente de casa. Ele chegou e fomos para o restaurante de táxi. Não trocamos uma palavra até lá. Foi meio constrangedor. Quando chegamos no restaurante, procuramos um lugar bem escondido. Fizemos o pedido e ficamos ouvindo o som das músicas instrumentais que estava tocando.

– Desculpa te fazer passar por isso.
– Tudo bem, eu gostei – ele sorriu.
– Eu estou com vergonha que não consigo nem falar.
– Eu entendo.
– Achei muito bonito aqui, ainda não conhecia.
– Sempre tive vontade de vir aqui, desde quando me mudei.

O jantar chegou. Jantamos em silêncio. Depois do jantar, ficamos do lado de fora do restaurante conversando, sentados em um banco. Poucos carros passavam nas ruas. Algumas pessoas entravam e saíam. Dava para ouvir a música que tocava no restaurante.

– Você pagou tudo, deixa que eu pago o táxi.

– Mas é claro que não – ele falou.

– Eu faço questão, tenho o dinheiro aqui - tirei o dinheiro da bolsa.

– Então se eu te desafiar algo e você perder, você paga.

– Você quer dizer, como uma aposta? – Perguntei.

– Sim - abriu um sorriso tirando o dinheiro do bolso.

Coloquei o dinheiro em cima do banco, e ele colocou o dele em cima.

– Qual é a aposta? - sorri.

– Aposto que posso te beijar sem tocar seus lábios.

Estreitei a testa como se não tivesse levado a sério.

–Isso é impossível.

– Então você está convencida de que pode ganhar essa aposta? – ele falou ironicamente.

– Mais é claro, quero ver como você vai me beijar sem... - pensei rápido. – peraí, pode parar, tudo o que você tem que fazer é me beijar na testa, na bochecha - sorri - você quase me pegou!

– Eu aposto que posso te beijar na boca sem tocar seus lábios – ele insistiu.

Pensei. Repensei.

– Ótimo, está apostado.

– Tudo bem?

– Sim, vamos ver qual é o seu truque.

Milles se inclinou e me beijou diretamente na boca. O beijo se aprofundou, ganhando calor. Um calor que espalhava nos braços e nas pernas. Até que me afastei.

– Você tocou meus lábios - disse suavemente, com a voz rouca.

– Acho que perdi a aposta - sorriu.

– Sem graça, eu desviei o olhar. Avistei um táxi.

– Está na hora de ir embora.

Fomos embora sem trocar uma palavra. Antes de entrar, ainda sem graça, o agradeci pela noite. Bebel estava lavando a louça.

– Como foi o jantar? – Eu perguntei.

– Muito bom, tão bom que seu pai vai viajar amanhã cedo.

– De novo?

– Sim, e ele já colocou a grade.

Sorri aliviada.

– Que bom, boa noite Bel.

– Boa noite.

Chamei a Pepa para dormir no meu quarto. No outro dia, Milles me mandou uma mensagem de manhã me convidando para tomar café na padaria. Respondi que encontrava ele lá em vinte minutos. Não encontrei só ele, Lolla também estava lá.

– Oi amiga, o que faz aqui? – ela falou

– Vim tomar café com.. – pare um pouco, fiquei um pouco sem graça, mas continuei – o Milles!

Ela olhou sem entender, mas logo deu um sorriso discreto.

– Eu já estava indo, vou tomar o café em casa.

– Então até mais – falei.

– Até.

– Bom dia – falou Milles.

– Bom dia – respondi.

– Senti um clima estranho entre vocês.

– Impressão sua – tentei disfarçar.

– Que bom que você aceitou meu convite - disse sorrindo.

– Hoje vou ter que trabalhar.

– Por quê? hoje é domingo.

– Justamente, dia de crianças brincar no parque.

– Não sabia que existia crianças aqui – ele falou sorrindo.

– Eu não sabia que existia muita coisa aqui – continuei.

Quando voltei para casa, minha mãe estava fumando.

– Logo cedo? – falei.

– Seu pai já foi – minha mãe respondeu.

– Novidade?

– Estou sentindo dores no pulmão.

– E desde quando fumar ajuda?

– Dakota, fica quieta.

– Para com isso - peguei o cigarro da mão dela e joguei no chão - quer morrer?

– Conheço muita gente que fuma há anos.

– Você me prometeu que ia parar de fumar.

– Você me prometeu que me daria o seu diário.

Nervosa, peguei o diário e joguei em cima da mesa.

– Pronto.

Ela pegou, folheou, e fechou.

– Não tem nada de bom – ela falou.

– É a minha vida, desde quando ela é boa?

Ela respirou fundo.

– Vou jogar tudo fora, não vou mais fumar.

– Me promete?

– Eu prometo – ela respondeu.

A tarde fui para o parque. Dessa vez eu estava na bilheteria.

– Dois para a roda gigante – um estranho falou.

– Aqui.

– Obrigado.

– Bom passeio, próximo..

– Seria bom se fosse comigo.

Olhei para a pessoa e era o Milles.

– Milles? o que faz aqui?

– Quero dois ingressos para um passeio romântico só eu e você

– Que graça - dei risada.

– Apenas queria te dar um recado - me deu um papel dobrado.

– Você não poderia mandar mensagem? – Perguntei.

– Sms? que coisa ultrapassada - sorriu.

Li o papel, que dizia: "me encontra na praça, depois do expediente"

Depois do trabalho, fui até a praça.

Ele estava sentado no banco lendo jornal. Me sentei do lado.

– O que você tá fazendo? – Perguntei.

– Procurando um emprego.

– Por quê?

– Quero guardar dinheiro para minha faculdade, não quero deixar tudo para minha mãe.

– Isso é bom.

– Bom seria se você também recebesse.

– Eu não preciso trabalhar, Milles.

– Mas está trabalhando.

– É por pouco tempo.

– O que você fez de tão grave? - fechando o jornal.

– Não quero falar sobre isso.

– Dakota, não importa o que você diga, eu gosto de você, e quero te conhecer mais.

Respirei fundo.

– A casa no lago pegou fogo, eu entrei e vi que John estava dentro, então eu sai, não tentei salvá-lo, não aconteceu nada comigo, mas ele ficou todo deformado, ele me acusou, meu pai resolveu o caso com a policia, e como eu sou de menor, tive que fazer serviço comunitário, ou isso, ou ir para a febem.

– Isso é verdade? – ele perguntou.

Meia verdade.

– Sim – respondi.

– Então é injusto você está trabalhando.

– Desde quando a vida é justa?

– Você foi embora por causa do julgamento da cidade?

– Sim, mas depois de um ano voltamos.

– E eles pararam agora?

– O assunto está "adormecido"

– Então sua vida é preta e branca?

– Acho que sim.

– Deixe eu colori-la? – ele falou olhando nos meus olhos.


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