Três. escrita por jubssanz


Capítulo 8
8. Um adeus?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que gostem. Beijos!



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—Qual a próxima aula? – questionei a Rebecca assim que o professor de história saiu da aula.

— Matemática com a professora Marisa. Tempo duplo. – Rebecca gemeu. Pude perceber que a professora Marisa não era lá muito legal.

— Bom dia, turma! – uma mulher murmurou entrando na sala. Ela era alta, morena, encorpada. Grande. Seus cabelos caiam em cachos pelas costas. Sua aparência era agressiva, nada delicada. Ela era bonita, mas parecia ser... Má. — Vamos lá, preparem-se para as duplas.

Gemi, olhando de soslaio para Rebecca. Duplas? Logo no primeiro dia de aula? Que sorte a minha, não? É, não mesmo. Olhei de relance para Rebecca, torcendo para que pudesse ficar com ela.

A professora pegou a folha de chamada e nos olhou, sorrindo de forma maldosa.

— Muito bem... – disse ela. – Westwood e Adams.

Gemi. Quem era Adams?

Antes que eu pudesse questionar, Louis levantou a mão.

— Qual Adams, professora? Somos dois. – ele questionou, e eu prendi a respiração. Não, não, não!

— Hum, deixe me ver – a professora comentou, analisado a folha. – Certo. Travis Adams com a senhorita Westwood, Louis Adams com o senhor Nicolas Johnson.

— Certo – Travis murmurou, virando-se para nós e observando cala aluna. – E quem é a senhorita Westwood?

— Sou eu. – gemi, murmurei, resmunguei, lamentei. Sofri. E o sorriso de Travis não poderia ser maior.

— Venha para o papai, gostosa – ele disse, rindo, enquanto Louis revirava os olhos e se levantava. Becky deu um tapinha em minhas costas, como quem diz “boa sorte”. Ou... “lamento por você”.

Sentei-me com muito pesar ao lado de Travis, que estava totalmente de lado na cadeira, me encarando.

— Tudo bem. – murmurei para mim mesma, abrindo a apostila de Matemática. Lembrei que Becky havia dito que seriam dois períodos. Porra, Deus!

— Então, que horas eu te pego? – Travis indagou, ainda me encarando.

— Como é que é? – questionei.

— Que horas eu te pego para sairmos? – ele explicou, me olhando como se aquilo fosse óbvio e eu fosse retardada.

— Ah, nós vamos sair? Mas você nem me convidou. – enrolei. Não queria dizer diretamente “não vou sair com você.”.

— Deixe-me ver... – ele murmurou, coçando o queixo de forma cínica e teatral. – Não convidei porque não preciso. Já sei que você quer sair comigo.

— Ah, você sabe? – indaguei, sem conseguir segurar uma gargalhada. – E o que te faz pensar isso?

— Eu sou lindo, oras. – Travis me respondeu, dando de ombros. – Sou simpático, gostoso e desejado. É simples.

— E muito engraçado e modesto também – completei, mais uma vez, rindo alto demais. A professora me olhou, censurando-me e eu tentei me concentrar na apostila. Nesse momento, fui brutalmente atingida por uma bolinha de papel, pouco maior que uma formiga. Peguei a bolinha e olhei em volta, procurando o remetente. Louis estava virado para trás, me encarando, com a mão no queixo e a sobrancelha arqueada. Estava sério – e totalmente diferente de Travis.

Não se divirta muito com meu irmão, Capitão América.” Sorri pelo fato de Louis ter mencionado o Capitão América, meu herói favorito. E sorri mais ainda pelo fato de que ele se lembrou da camiseta que eu usava no dia em que nos conhecemos.

Eu estava feliz. Estávamos no almoço, e na minha mesa estávamos eu, Rebecca, sua dupla, Anabelle King, sua melhor amiga Layla Collins e seu namorado, Charlie Scott. Eram todos muito simpáticos. Anabelle – ou Belle, como gostava de ser chamada – tinha cabelos escuros com mechas azuis e fazia um estilo mais... Rockeira. Layla e Charlie usavam camisetas nas quais se lia “melhor namorada” e “melhor namorado”, respectivamente. Ótimo. Legal. Meta de relacionamento.

E bem, eu não havia visto Claire. Aquilo realmente me alegrava.

— Podemos nos sentar? – ouvi a voz de Louis e sorri.

— É claro – Becky respondeu, chegando para o lado. Louis se sentou a minha direita e Travis a minha esquerda. Certo. Miles sentou na ponta da mesa, e por mais incrível que possa parecer – tudo bem, talvez não seja assim tão incrível – ele estava emburrado.

— Oh, vocês são trigêmeos! – Layla comentou, os observando. Tolo erro.

— Na verdade, não somos não. – Miles respondeu, sorrindo de forma afetada. –Eu sou único, mas, meus pais me acharam tão lindo que mandaram fazer duas cópias idênticas.

Tentei segurar o riso, mas não consegui. Todos nós – com exceção de Layla e Miles – rimos.

— Desculpe, foi apenas um comentário. – ela respondeu, corando.

— Que seja. – Miles retrucou, dando de ombros e se levantou. Saiu da mesa, deixando a bandeja de comida para trás. Comida, cara!

— O que seu irmão tem? – perguntei a Louis.

— Não sei o que ele tem, mas tem sempre. Esse mau humor já se tornou normal para nós – Travis respondeu, interrompendo o irmão. Louis suspirou.

Com muito esforço, desviei o olhar de minha bandeja e olhei para Louis, mas no mesmo instante, desejei não tê-lo feito. Claire vinha andando em nossa direção, acompanhada por uma loira oxigenada e magrela, e sorria descaradamente. Merda.

— Ora, ora, se não é minha pequena Aurora... – ela disse, em voz alta, chamando atenção. A ignorei e ela passou reto.

— Pequena Aurora? – Louis questionou, me olhando. – Gostei disso.

­— Mas eu não gosto, então nem pense em repetir. – ralhei, me sentindo mal no mesmo instante por ser rude. – Desculpe.

— Tudo bem. Mas quem é essa garota? – ele questionou. As demais pessoas conversaram entre si na mesa e Travis engolia Claire – que se se sentara à mesa em frente a nossa – com os olhos, então achei que não teria problema em contar para Louis quem era Claire. Era minha ex-amiga vaca, oras. Mas, parei para pensar por um instante. A festa havia acontecido na casa de Rebecca. Travis era o anfitrião, Miles estava tomando banho, e Louis? Deveria estar aproveitando a festa. Oh. Louis era esse tipo de garoto.

— Onde você estava durante a festa na casa de Rebecca? – questionei, sem me conter.

— Estava em meu quarto, desenhando. – ele respondeu, dando de ombros. – Não sou muito chegado a essas coisas e... Ei, espera! Você sabe sobre a festa? Você estava lá? Porque não me avisou?

— Hum, então você desenha? – questionei, fugindo do assunto.

— Sim.

— Que legal! Será que posso ver seus desenhos?

— Não.

— Oh. Tudo bem.

GROSSO!!!!

— Ei, estou brincando. Mas você não pode mesmo ver meus desenhos. – ele me disse, sorrindo. Que sorriso, meu Deus! Louis era encantador.

Eu ia perguntar por que, mas, mais uma vez fomos interrompidos por Travis.

— Ei, Aurora, você vai sair comigo ou não? – ele questionou, fazendo-me rir.

— Olha, Travis, não é por nada, mas... Eu não vou mesmo sair com você – respondi.

— Tanto faz – ele murmurou, se levantando. Travis contornou nossa mesa e seguiu em direção à mesa de Claire. Quando percebi o que ele estava fazendo, cutuquei Rebecca.

— Ele não pode estar fazendo isso – Rebecca murmurou.

— Eu realmente não acredito que ele esteja mesmo fazendo isso. – resmunguei, vendo Travis sentar-se ao lado de Claire, que sorria maliciosamente.

— Será que alguém pode me dizer quem é essa garota? – Louis perguntou.

— Não! – eu e Becky exclamamos em uníssono.

O sinal tocou e os alunos começam a se levantar vagarosamente. Dei graças a Deus por ver meu querido amigo Travis se separando de minha não tão querida amiga Claire.

— Vamos – Becky murmurou, e eu me levantei, seguida por Louis.

Verifiquei o horário e percebi que a próxima aula seria de Química. Por favor, Deus, que o professor não me faça sentar com o Travis!

Entramos na sala e eu imediatamente corri para a cadeira ao lado de Becky, me jogando nela, fazendo-a rir.

— Daqui não saio, daqui ninguém me tira – cantarolei, fazendo Louis me olhar com os olhos semicerrados.

— Buenos dias, muchachos! – um homem alto exclamou, entrando na sala. Ele era moreno e muito bonito, com grandes olhos castanhos e barba por fazer. Usava uma camisa vermelha e tinha os braços tatuados. Nada comum para um professor de Química.

— Oh, então é verdade! – Becky murmurou, aparentemente surpresa.

— O que foi? – questionei. Aurora, já ouviu falar que a curiosidade matou o gato? Pois é, agradeça aos céus por você não ser uma gata.

— Diziam que o professor de Química é Mexicano, mas eu nunca acreditei. - Mexicano? Oh, imediatamente pensei em minha mãe. Alessandro Lombardo, o galã herói de sua novela favorita era Mexicano.

— Muito bem, turma – o professor continuou, e eu pude perceber seu sotaque carregado. – Sou professor de Química, como alguns já sabem. Chamo-me Alessandro...

— Oh! – exclamei, rindo, sem me conter.

—... Garcia. – o professor finalizou, me encarando, assim como todos os demais. Parabéns, Aurora. Continue assim.

— Ei, espere. Vamos fazer algo hoje à noite? – Louis questionou, assim que me despedi dele, na saída do colégio.

— Oh. Acho que não será possível. Tenho muitas coisas para fazer em casa – menti. Não sabia exatamente porque estava fugindo de Louis. Na verdade, sabia sim... Josh também parecera legal no princípio.

— Ah, entendo. Combinamos algo outro dia, então. Posso pelo menos te ligar?

— Acho que pode... Sim, pode – respondi, sorrindo.

— Está bem. Até mais, Aurora – ele me disse, dando-me um beijo no rosto.

Fui para casa a pé, sorrindo feito boba. Rebecca era uma pessoa muito legal. Travis era estranho, mas também muito gente boa, além de super engraçado. E Louis era incrível.

Assim que cheguei em meu prédio, notei que algo estava errado, Lucy estava sentada, sozinha, na balança do playground.

— O que está fazendo aqui, sozinha a essa hora, pequena?

— O papai voltou, Rora – ela respondeu desanimada, sem me olhar. Sorri, feliz.

— Que bom, meu amor! Você deveria estar feliz! Mas isso não justifica. Mamãe sabe que você está aqui?

— Você não entende, Aurora. Porque você nunca entende? – ela murmurou, finalmente me encarando. Seus olhos estavam vermelhos e algumas lágrimas ainda escorriam por sua linda face.

— O que é que eu não entendo, Lucy?

—Você não entende porque nunca está perto. Você nem se importa! Sempre se preocupando só com você, suas amigas, sua escola, sua vida. Você não se importa. – Lucy acusou. Não sei dizer o quanto aquilo me machucou. Ver minha pequena e insuportável irmã de sete anos me dizendo tudo aquilo, doeu. Mas eu sabia que se Lucy estava me dizendo aquilo, alguma coisa estava acontecendo.

— Me desculpe por isso, meu amor. – murmurei, estendendo meus braços para ela. Lucy se atirou em meu colo sem pensar duas vezes, coisa que nunca fazia, e nesse momento eu senti meus olhos arderem. – Mas agora eu estou aqui, meu anjo. Eu me importo sim. Diga-me Lucy, o que eu não entendo? O que está acontecendo?

— O papai vai embora, Aurora – Lucy disse, num fio de voz. As lágrimas rolaram por meu rosto enquanto minha irmã caçula atirava seus bracinhos em meu pescoço, soluçando.


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