Três. escrita por jubssanz


Capítulo 55
55. Sentindo-se


Notas iniciais do capítulo

Oie, amoras! Eu juro que queria ter postado antes, mas tive quatro provas essa semana D:
Espero que gostem, boa leitura!



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— Você está pronta, namorada? – Travis indagou, levantando-se de minha cama.

— Cale a boca – cantarolei. – Já disse para não me chamar assim.

— Mas você é minha namorada... – resmungou.

— Mas é meio desnecessário ficar me chamando assim a cada cinco segundos. E sim, estou pronta.

— Então vamos, namorada – ele disse e saiu correndo do quarto.

— VOCÊ É MEIO GAY, HEIN! – berrei, rindo, ao sair correndo atrás ele.

— EU OUVI ISSO! – Miles berrou de algum canto da casa.

Desci as escadas, rindo, mas algo me incomodou. Eu adorava ver como aqueles dois tinham uma sintonia praticamente gritante, mas eu detestava admitir que... Sentia falta do terceiro elo. E sabia que eu eu não era a única. Assim que cheguei à sala, deparei-me com Travis e Marise escorados à porta da sala de jogos, em silêncio. Marise fez sinal para que eu me calasse. Obedeci, me juntando a eles.

— Você vai me falar logo qual é o problema ou vou ter que adivinhar? – ouvimos Peter indagar, parecendo irritado ou chateado.

— Eu já disse que não quero falar sobre isso com você. – Rebecca respondeu e eu pude imaginá-la sentada, emburrada, de braços cruzados.

— E você pretende falar com quem, Rebecca? Isso se trata somente de nós dois. Nós três, na verdade.

­— Peter, será que você não entende? Não quero que você faça alguma apenas porque acha que nossos pais preferem assim.

— Oh, então todo esse silêncio e implicância é por causa disso? – o garoto parecia aliviado e eu quase me mordia de tanta curiosidade.

— Sim, amor, é por isso. – Rebecca parecia mais calma, também. – Eu concordo que nossos pais vão falar que isso é o melhor, mas eles precisam entender que...

— Olha, Rebecca, sinceramente? – Peter a interrompeu. – Espero que essa seja a sua única objeção, se não, vou acabar ficando chateado de verdade.

— Como assim?

— Isso não é só por causa dos nossos pais. Eu quero realmente ser uma pessoa melhor, mais responsável. Quero que essa criança cresça sabendo quem são os pais, e quero ser um bom pai. Quero ter uma família. Não sei você, mas eu, pelo menos, não vejo nenhum problema em me casar com você.

— Ohhhh – eu, Travis e Marise exclamamos ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo, também, saímos correndo em direção à sala, com medo de que alguém nos ouvisse. Não queríamos estragar o momento dos pombinhos.

— Ok. – Marise murmurou assim que chegamos à sala. – Eu sou a única que não sei o que dizer?

— Bom, eu acho realmente legal que Peter tenha essa visão de responsabilidade e compromisso, mas... – murmurei. – Não consigo imaginar Rebecca casada.

— Pelo visto, vamos ter que nos acostumar com a possibilidade. – Marise murmurou, encarando o nada.

— Tio Ferdinand vai querer mata-la... – Travis murmurou.

— Na verdade, acho que não. – Marise respondeu. – Tenho que concordar com Peter. Ferdinand vai ficar realmente satisfeito com isso.

Aquilo era realmente minha informação para minha cabeça.

— Travis, estamos atrasados. – murmurei.

— Oh, é verdade, vamos indo! – ele pulou do sofá, animado. Muito mais animado que eu.

Despedimo-nos de Marise e saímos rapidamente. Eu nem mesmo sabia como estava me sentindo. Não negaria, estava suficientemente animada, mas, meu nervosismo era maior.

Travis tagarelava sobre coisas aleatórias, tentando me distrair.

— Cara, você consegue acreditar nisso? – ele indagou. – Imagine Becky sendo mamãe e dona de casa!

Eu estava prestes a responder, quando dobramos a esquina. Uma moça dobrou no mesmo instante, na direção contrária. Ela passou com tanta pressa que esbarrou em meu braço. Eu estava prestes a xingá-la, porém, vi seu rosto. Encarei sua expressão abatida por alguns segundos. Não parecia a mesma garota que eu conhecera meses atrás. Seu rosto sempre determinado e orgulhado estava agora cabisbaixo, sem as muitas gramas de maquiagem que ela costumava usar. Ela não esbanjava seu sorriso confiante e não piscava seus cílios carregados de rímel. A única coisa ainda intacta eram seus inconfundíveis cabelos ruivos.

— Oi – ela murmurou, sem graça.

— Oi, Claire – eu murmurei. Travis apenas acenou com a cabeça. Ela sorriu, claramente desconfortável.

— Bom, eu vou... Vou indo. – murmurou e deu as costas rapidamente.

— Ei, Claire! – gritei, me virando. – Sentimos muito. Todos nós. – murmurei quando ela me encarou. Eu nunca pensei que ficaria feliz com aquilo, mas ao ver o sorriso no rosto da garota, uma sensação de dever cumprido tomou conta de mim.

— Uau – Travis murmurou assim que voltamos a caminhar. – Sabe, é disso que eu gosto em você.

— Disso o quê?

— Seu coração. – sorri timidamente, afagando delicadamente sua mão. Era incrível a sensação de andar pelas ruas de Canby de mãos dadas com Travis. Nós já havíamos passado por alguns alunos do colégio e atraído olhares suficientes para que eu me sentisse ora orgulhosa ora tímida.

— Bom, é aqui. – Travis murmurou, parando em frente a grande prédio lilás. – Tem certeza de que quer fazer isso? Ainda dá tempo de sairmos correndo antes que alguém nos veja.

— Eu quero. – murmurei. – E preciso. – Travis assentiu, solidário. Eu estendi a mão para o interfone, procurando pelo botão de número 314. Não pude deixar de notar que meus dedos tremiam quando o apertei.

Sim? – uma voz desconhecida soou através do aparelho. Ouvi uma risada de criança no fundo.

— Oi, Meredith. – respondi num fio de voz. – Sou eu, Aurora.

Oh... – ela murmurou simplesmente e eu pude perceber que ela estava tão nervosa quanto eu. Sorri, aliviada, e Travis riu de minha expressão. – Estávamos esperando vocês.

O portão se abriu e Travis praticamente me rebocou para dentro do prédio. Eu estava começando a dar para trás e ele percebia isso. Percebia também que o estrago já estava feito e eu não podia mais evita-lo. Subimos de elevador até o terceiro andar, e, minha intenção de surtar mais um pouco até chegar no apartamento foi por água a baixo quando vi meu pai nos esperando no corredor. Em seu colo, um lindo e bochechudo bebê com a face rosada.

— Obrigada por vir, filha. – ele murmurou, sorrindo. – Isso é muito importante para mim.

Eu apenas assenti, admirada com a pequena criança. Então aquele era meu irmão. o bebezinho rechonchudo e mais lindo que eu já vira. Tinha apenas uns poucos fios de cabelo levemente encaracolados e olhos bem atentos. Era parecidíssimo com meu pai quando criança. Só naquela hora eu entendi porque diziam que Lucy era a cara do meu pai.

— Oi, pequeno – murmurei, praticamente arrancando a criança dos braços de meu pai.

— Olá, pequeno Henrie – Travis murmurou, tocando um dedo na face do bebê. Eu estava encantada, mas a movimentação atrás de meu pai não passou despercebida por mim e muito menos por Travis. eu senti-o enrijecer a meu lado assim que avistou a mulher. Talvez tivesse medo de que eu pulasse no pescoço dela.

— Vamos entrar? – papai perguntou, mas eu estava ocupada demais observando Meredith. Ela não parecia ser mais velha que eu. Seu rosto era comum, mas ela era bonita. Seu rosto, sua postura, suas roupas, tudo transparecia cansaço. Por alguns segundos, simpatizei com ela.

— Sim, vamos entrar. – respondi, no instante em que pequeno bebê em meu colo sorria largamente para Travis.

— E então, como foi? – Marise disparou assim que entramos no carro.

— Ei, amor, deixa as crianças respirarem! – Ferdinand riu, manobrando para sair de frente do prédio de meu pai.

— Ah, vocês sabem como eu amo reconciliações em família – ela gargalhou.

— Acho que Aurora está emocionada demais para responder. Ela se apaixonou pelo bebê. – Travis respondeu e eu lhe dei um tapa.

— Oh, não, outra grávida não! – Ferdinand lamentou e eu senti minha face esquentar.

— Certo... – murmurei assim que entramos em casa e nos deparamos com Peter e Rebecca sentados em um sofá e Miles e Mark em outro. Os quatro tinham sorrisos angelicais. – Que merda vocês fizeram?

— Mãe... Pai... Sentem-se. – Rebecca pediu.

— O que foi dessa vez? – Ferdinand indagou, fechando a porta. – Outro filho?

— Tio, o senhor sabe que isso não é biologicamente possível, não é? – Travis indagou, pulando no sofá (para variar).

— Cale a boca – murmurei, sentando em seu lado. Eu estava morrendo de curiosidade. Ferdinand e Marise sentaram-se no sofá em frente a Becky e Peter. O garoto parecia que ia sair quicando no sofá a qualquer momento, e mal conseguia conter seu sorriso.

— Nós temos um comunicado importante a fazer. – Rebecca murmurou.

— NÓS VAMOS NOS CASAR! – Peter gritou.

— MAS – Miles interrompeu, dando um pulo do sofá. – APENAS DAQUI HÁ UM ANO.

— Mas – foi a vez de Mark gritar. – como queremos fazer algo antes que essa preciosidade nasça, vamos inventar um jantar-comemorativo-de-noivado!

— Uma semana antes de bebê nascer – Rebecca completou.

— E somos nós que vamos organizar tudo – Mark finalizou, apontando de Miles para si próprio.

— Marise. – Ferdinand chamou, fechando os olhos. – Por favor, me lembre de comprar um remédio para o coração.

Quatro meses depois.

— Eu não quero mais ir. – Rebecca murmurou pela terceira vez no dia. Eu já não sabia mais o que fazer. Estava prestes a arrancar cada fio de cabelo que eu possuía. As últimas duas semanas haviam sido as mais estressantes de toda a minha existência. Quando você está nervosa com suas provas finais, a pior coisa do mundo é lidar com um namorado que também está nervoso com as provas finais. E lidar também com uma melhor amiga grávida de oito meses e seu namorado completamente desnaturado. E era bem irritante também ter que lidar com seu cunhado (e seu namorado) que, quando queriam, eram facilmente as pessoas mais irritantes do mundo. Miles e Mark estavam enlouquecendo a todos com os preparativos para o jantar de noivado, sendo que pareciam estar mais animados que os próprios noivos. E para completar, minha mãe também estava me levando a loucura. Por algum bendito motivo que ela não quis me contar – e que eu desconfiava ser a minha reaproximação com meu pai – ela não poderia ir à minha formatura.

Faltavam pouco mais de quarenta minutos para o evento e eu tinha uma grande dúvida: matar Rebecca ou me suicidar.

Eu era solidária o bastante para entender que a gravidez não era fácil (afinal, todas as noites eu a ouvia reclamando sobre não achar a posição certa para dormir), mas às vezes, nem minha posição de melhor amiga e futura madrinha era o suficiente. Mas quando eu me irritava demais, era apenas me recordar da felicidade de Becky e Peter quando eu e Travis compramos a primeira roupinha – azul – para o pequeno Sam e tudo se resolvia.

— Eu simplesmente não fico bem em nada – ela lamentou mais uma vez, me fazendo revirar os olhos.

— Becky, eu já disse que com o vestido preto está maravilhoso e...- calei-me ao ver sua nova escolha. Rebecca usava um vestido vermelho, tomara que caia, com uma fenda que subia até sua coxa esquerda. Havia prendido o cabelo em um coque alto e frouxo, e havia feito um make leve. O caimento do vestido havia caído perfeitamente sobre sua barriga, sem marcar demais. Para a sorte de Rebecca, ela não havia engordado demais. – Você está linda, mamãe. – murmurei, sincera, e graças a todos os deuses existentes no universo, Rebecca aceitou o elogio e ficou satisfeita com sua roupa.

Encarei-me no espelho mais uma vez, também satisfeita. Eu usava um longo vestido azul – para variar – frente única, sendo que todo o top era bordado com pequenos strass. Calcei um salto preto e básico, já que não apareceria por causa do vestido. Fiz uma trança lateral no cabelo e fiz uma maquiagem leve, priorizando a sombra escura. Eu estava indiscutivelmente nervosa, embora nenhum pouco nostálgica. Eu havia passado semanas vendo meus colegas da Canby High School lamentarem o fim do Ensino Médio, mas... Eu nunca fora uma boa aluna e sempre detestara a escola. E, bom, sobre as pessoas. Eu sabia que as pessoas que aquele ano me proporcionara continuariam comigo independente do fim do ano letivo – até porque morávamos na mesma casa, e o único que não morava saía apenas na hora de dormir.

— Vamos, garotas? – Marise indagou, abrindo a porta do quarto. Seu cabelo estava liso, com cachos nas pontas, e seu vestido rosa pink rodado fazia com que ela parecesse uma “mamãe Barbie”. Nem parecia que seria avó em menos de um mês.

­ — Vamos! – assenti, puxando Rebecca pelo braço antes que Sam a fizesse pensar que estava gorda e a fizesse trocar de roupa mais uma vez.

Por alguma decisão idiota que deveria ser engraçada mas acabou não sendo, ficou decidido que os garotos iriam com Ferdinand e as garotas com Marise. Digamos que Miles e Mark ficaram um pouco bravos quando indagamos qual iria conosco.

Marise dirigiu de forma loucamente apressada pelas ruas de Canby. Todo o movimento se dirigia para a escola, e, quando passamos em frente ao prédio de meu pai, sorri, sabendo que ele, Meredith e meu pequeno Henrie estariam lá para me prestigiar.

Eu não poderia negar, estava começando a sentir a tal emoção de formatura. Era estranho pensar que não precisaria mais acordar cedo, não precisaria mais frequentar aulas, fazer trabalhos e estudar para provas. Era confortável e ao mesmo tempo horrendo. Assim que entramos no grande auditório, eu senti minhas pernas bambearem. Aquela porra estava cheia demais! Deveria ser uma sensação maravilhosa caminhar em um salto de quinze centímetros com todas aquelas pessoas te encarando. Meu único consolo era a adorável frase “se cair, não passa do chão”. Despedimo-nos de Marise e subimos rapidamente, ocupando as cadeiras marcadas com nossos nomes. Eu estava sentada entre Annabeth Robinson e Charlie Baker.

Elly, a oradora das turmas, começou seu discurso dramático sobre o fim ser apenas um começo e no segundo verso eu já estava quase cochilando, quando senti meu celular vibrar. Com todo o cuidado para que ninguém visse, peguei o aparelho dentro de minha bolsa e li a mensagem.

Você está divinamente maravilhosa. Se já não fosse minha, eu não mediria esforços para tê-la. T”

Senti minha face esquentar no mesmo instante, e, quando finalmente pensei em uma resposta suficientemente boa, os alunos já estavam sendo chamados.

Quando a diretora Carter chamou meu nome, senti minhas pernas virarem gelatinas. Caminhei lentamente até a mesa “de autoridades”, apertando a mão de cada um. Quando o professor Alessandro entregou meu diploma, me parabenizando, eu vi pelo canto do olho Ferdinand batendo palmas e Marise secando as lágrimas. Então, ao lado dela, eu pude ver meu pai, em pé, gritando “essa é minha garota!” ouvi um assobio histérico de Meredith e o gritinho animado de Henrie. Nesse momento, os ninjas cortadores de cebola me atacaram, e eu sequei meus olhos repetidas vezes enquanto meus colegas riam da atuação de minha família. Ah, dona Sophie...

O resto da cerimônia não demorou a passar. Quando Becky foi receber seu diploma, professor Alessandro deu um beijo em sua barriga, desejando tudo de bom para o pequeno Sam, o que fez que Peter cuspisse marimbondos e amaldiçoasse até a quinta geração do professor.

Mark ainda não havia chegado e Miles estava pirando, mas todos nós sabíamos que Mark estava preparando uma surpresa romântica para ele. Era difícil imaginar o que aconteceria...

Quando Peter foi chamado, o garoto quase caiu ao ouvir Rebecca gritar “te amo, papai!” e, na vez de Travis foi impossível conter um “fiu-fiu”, o que fez com que meu lindo loiro de gravata azul corasse até a alma.

Quando por fim a cerimônia acabou, todos jogamos as becas para cima no instante exato em que a foto foi tirada. Então era aquilo. Havia acabado. O melhor ano da minha vida, em que eu havia conhecido algumas das pessoas que eu mais amava estava chegando ao fim. Meus olhos arderam novamente, mas a emoção passou ao ver meu pai zanzando feito barata morta pelo auditório. Entreguei minha bolsa para Travis e desci correndo para saber o que havia acontecido.

— Minha filha, por favor, me desculpe! – ele pediu, segurando meus ombros. – Eu sei que nós havíamos combinado de sair, mas Henrie está passando mal e...

— Ei, pai, calme! – exclamei. – Não tem problema! Vá para casa e certifique-se de que Henrie ficará bem. Nós podemos sair amanhã.

— Obrigada, meu amor – ele me deu um beijo na testa. – Peça desculpas a Travis por mim! – ele pediu antes de sair correndo.

Não queria ser egoísta, mas, devo confessar que havia adorado aquilo. Eu estava exausta e morrendo de dor de cabeça. Só queria tirar meus pés daquelas agulhas e me jogar em minha cama.

Depois de muito insistir, conseguimos convencer Marise e Ferdinand de que eu e Travis ficaríamos bem em casa com uma pizza congelada. Eles nos deram recomendações durante todo o caminho, e a frase mais constante de Ferdinand era “outro neto não, por favor!”.

Assim que chegamos em casa, senti um frio na barriga por pensar que aquela era a primeira vez que eu estaria sozinha com Travis. dei-lhe um beijo rápido e corri para o quarto, ansiando tirar aquele vestido que mais parecia uma armadura de guerra. Tomei um banho gelado, na intenção de relaxar meu corpo, vesti meu pijama – nada de camisetas de Travis! – e desci. Ele estava deitado no sofá da sala, com um cobertor. O cheiro de pizza enchia o ambiente e os créditos de abertura de algum filme qualquer já rolavam na TV. Sentei-me a seu lado, tocando seu rosto.

­ — Obrigada por ser o melhor namorado do mundo – murmurei.

— Acho que essa foi a melhor coisa que já ouvi em toda minha vida – ele respondeu antes de selar nossos lábios. Cada beijo com Travis era maravilhoso, parecia algo arranjado pelos deuses do amor. Joguei meu braço direito em seu pescoço, enquanto minha mão esquerda passeava por seu cabelo. Suas mãos, antes em minha cintura, descerão para minhas coxas, e Travis as apertou levemente. Por impulso, puxei os cabelinhos de sua nuca. Quando dei por mim, já estava deitada no sofá, por cima de Travis. Arfei quando suas mãos geladas tocaram minhas costas, por baixo da blusa do pijama.

— Desculpe, eu... Por favor, Aurora, eu não queria, eu me empolguei e...

— Relaxe – ri, achando fofa sua timidez. – Eu... Eu quero.

— Você quer? – ele indagou. Ri mais uma vez, vendo seus olhos brilharem.

— Quero. – respondi firmemente, sentindo-me subitamente corajosa. – Mas você precisa saber que eu sou...

— Eu também – ele me interrompeu, corando imediatamente. Eu o encarei, sem saber o que falar. Eu poderia tirar a roupa daquele garoto ali mesmo e... EI, AURORA!

— Então...

— Vamos subir? – ele indagou, levantando-se do sofá. Eu assenti, antes de segurar sua mão.

Era estranho. Durante uns bons anos da minha vida, eu ouvia minhas amigas falarem sobre a tão temida primeira vez. O nervosismo, a ansiedade... Eu não me sentia daquela forma. Sentia-me simplesmente segura, mas, há muito eu percebera que era aquele o efeito de Travis sobre mim. E, mesmo que essa fosse a coisa mais clichê do universo, eu acho que merecíamos aquilo. Depois de tantas idas e vindas, eu acho que eu merecia ser dele. E merecia que ele fosse meu.

Travis apontou para o abajur e eu assenti, rindo, enquanto me sentava em sua cama – sabíamos que Miles dormiria fora.

Não o vi, mas senti seu peso quando ele se deitou na cama a meu lado. Estava escuro, mas eu quase podia enxergar seus olhos que eu tanto amava. Amar. Era isso. Aquela palavra nunca havia feito tanto sentido quanto naquele momento. Vendo o quanto Travis estava tímido, me aproximei dele, selando nossos lábios mais uma vez. Ele rapidamente levou suas mãos à minha cintura, enquanto as minhas já percorriam seu caminho até os cabelos de Travis. Senti meu corpo se arrepiar quando suas mãos frias tocaram minha pele nua mais uma vez, e tive que conter um suspiro quando foi minha vez de tocar seu corpo nu. Mesmo no escuro, mesmo que eu não o visse, Travis era lindo. Senti-lo acariciar meu rosto enquanto passava minhas pernas por cima das suas foi a melhor sensação do mundo. Eu sempre fora insegura em relação à meu corpo, mas com Travis, aquilo não existia. Ele me fazia acreditar que gostava de mim exatamente da maneira que eu era, e aquilo facilitara e muito a situação. Cada movimento era preciso e delicado. Em certo ponto, sentia-me dolorida, sentia-me incomodada, mas também sentia-me disposta a não deixar transparecer nada daquilo. Depois de algum tempo, acostumei-me com a... Sensação, e logo fui tomada pela excitação. Quando ouvi Travis suspirar e senti o peso de seu corpo sob o meu, percebi que poucas coisas no mundo poderiam me fazer sentir completa como aquilo fazia.

— Eu te amo. – as palavras saíram de minha boca antes que eu pudesse me conter. Eu quase pude ouvir o sorriso de Travis quando ele beijou minha testa.

— Eu também te amo. – ele sussurrou, ainda ofegante. – Sempre amei. Desde o primeiro momento.

Abri os olhos, incomodada com a claridade. Antes mesmo de perceber que estava acordada, lembrei-me de tudo o que acontecera na noite anterior, e um imenso sorriso se formou em meu rosto. Virei para o lado, ansiando encontrar Travis, mas... Eu estava sozinha. Na minha cama. Ri, levantando-me. Era incrível a maneira como eu sempre acordava na minha cama, mesmo que não tivesse a intenção.

Tomei um banho rápido e vesti qualquer coisa que achei pela frente. Me encarei no espelho, satisfeita. Eu sentia-me mais mulher. Me achava até mais bonita, e me orgulhava do largo sorriso em meu rosto.

Desci, vendo que todos ainda estavam na cozinha. Hora do café da manhã. Meu sorriso murchou um pouco ao constatar que havia apenas duas cabeças loiras na cozinha, sendo que uma delas tinha cabelos compridos. Alguns segundos mais tarde, senti duas mãos enlaçarem minha cintura e uma cabeça se apoiar em meu ombro.

­— Bom dia, meu amor – Travis murmurou com voz rouca, e eu corei imediatamente, lembrando-me da noite anterior. Quando virei-me para encará-lo, dei um pulo, assustada. Miles apareceu berrando pela sala, e eu rapidamente me soltei de Travis e corri em sua direção. Em questão de segundos todos estávamos em volta dele.

— O que foi, meu filho? – Ferdinand indagou, preocupado. No entanto, todos nos acalmamos ao ver Mark descer as escadas, gargalhando.

Sem dizer uma palavra, Miles me estendeu a mão, me entregando um papel completamente amassado.

­— Leia em voz alta – Marise pediu.

Passei meus olhos pelo papel, sem acreditar.

— É um contrato... – murmurei. – De um apartamento. VOCÊS VÃO MORAR JUNTOS! – berrei, agarrando-me em Miles. Este começou a berrar em minha orelha, dando pulinhos. Marise gargalhava e Ferdinand e os garotos foram cumprimentar Mark.

— Finalmente, tudo está dando certo. Finalmente. – Rebecca murmurou tão baixo que eu fui a única a escutar.


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Notas finais do capítulo

CERTO. Eu não sei se eu tô emotiva demais com o fim da fic ou se vocês bolaram um plano de "VAMOS MATAR A JÚLIA DO CORAÇÃO!!!!!" porque, sério, pelo amor de Jesuzinho, QUE REVIEWS FORAM ESSES? Eu cho-rei. c-h-o-r-e-i. Vocês são incríveis! Os reviews do último capítulo, foram, sem dúvida, os melhores da fic inteira! Obrigada, de verdade!
(Falando nisso, eu ainda não respondi alguns, mas é só pq não tive tempo e não sei/não gosto de responder de forma curta. assim que der, respondo todos.)
Só mais dois capítulos! =(
Enfim, espero que gostem e comentemmm, beijos



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