Três. escrita por jubssanz


Capítulo 49
48. Adeus!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Vou tentar compensar. Espero que gostem.
Boa leitura!
beijos



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— Queria muito poder pensar como Miles – Travis continuou. – mas acho que simplesmente não consigo. Não me imagino fazendo uma coisa que decepcionaria tanto meus pais, e sei que Louis também precisa do apoio de pelo menos um irmão. Por isso, vou me mudar para a Flórida.

O que foi que você disse? – questionei.

— Bem, você ouviu. Sinto muito. – respondeu-me.

— Travis, você não pode fazer isso! Não acredito que você vai desistir de tudo isso – exclamei, apontando para mim e para nossos amigos – só porque sua mãe quer que você o faça!

— Aurora, por favor, entenda. Isso não é uma opção. Eles são meus pais. Eu não poderia fazer isso. Por favor, entenda. – ele pediu.

— Eu realmente não tinha pensado nisso como uma opção, Travis, mas Miles nos mostrou que vocês podem SIM escolher. E pelo jeito, você já está muito bem decidido.

— Aurora! – ele chamou quando em me virei indo em direção às escadas. Diga-me, você deixaria seus pais?

— Não. – respondi sem me virar. – Se eles estivessem certos.

— Rora, acorda – Becky chamou. Eu apenas apertei mais os olhos e continuei fingido dormir. – Aurora Westwood, querida, nós dormimos juntas há muitos meses. Pode parar de fingir.

— E se eu não quiser acordar? – indaguei, abrindo os olhos e me virando para ela. – Não quero ser um tipo de melodramática que não aceita sua vida, mas... Quando foi que as coisas chegaram a esse ponto? Aliás, quando foi que as coisas saíram desse ponto? Porque é que nada dá certo, Rebecca? Não aguento mais isso.

— Bom, amiga, não quero nem imaginar o que você está sentindo e quero que saiba que não estou aqui para tentar lhe dizer que vai ficar tudo bem. Quero apenas te contar uma coisa. Nem tudo está perdido. No meio disso, ainda há esperança. Pelo menos em certo ponto.

— Do que você está falando? – indaguei. – Se há mesmo certa esperança, por favor me diga, pois estou prestes a apagar todas as minhas fotos com Travis e começar a preparar minhas malas.

— Quanto às fotos, não sei o que dizer. – Becky respondeu timidamente dando de ombros. – E sobre as malas... Bem, você vai mesmo ter que arrumá-las. Mas eu posso te ajudar com isso. Posso te ajudar a fazer e desfazer as malas.

— Do que você está falando? – indaguei, sentando-me na cama.

— Minha mãe acabou de desligar o telefone. – respondeu-me, sorrindo. – Dona Sophie acabou cedendo, afinal!

— Rebecca, não brinque com uma coisa dessas – repreendi.

— Você acha mesmo que eu perderia tempo brincando? – ela riu. – Meu pai chegou há alguns minutos, contando-nos que teve total sucesso na negociação. Já temos uma casa nova! Vamos nos mudar esse fim de semana. E...

— E o quê, Rebecca? – indaguei, quase pulando em seu pescoço.

— E que... Minha mãe ligou para a sua. Devo dizer que Dona Sophie pode ser bem teimosa, mas... As decisões dela não são completamente irrevogáveis. Sua mãe deixou, Rora. Você vai morar conosco!

— É sério? – gritei, pulando da cama direto para o pescoço de Rebecca.

— Seríssimo! – exclamou, me abraçando.

Antes que eu pudesse dizer algo mais, no entanto, ouvimos uma batida na porta.

— Posso entrar? – Travis indagou, enfiando metade da cabeça pela porta.

— Se eu falar não, você vai entrar da mesma forma, não vai? – Rebecca questionou rindo e eu apenas dei as costas, virando-me para a janela. Amaldiçoei até a sétima geração de Rebecca quando a ouvi murmurar alguma coisa e em seguida sair, fechando a porta.

— Oi. – Travis sussurrou. Não respondi. – Aurora, por favor. – ele tentou novamente, tocando meu ombro ao se aproximar. – Por favor, não estrague nossos últimos momentos.

— Últimos momentos? – questionei, virando-me para encará-lo.

— Sim. – ele desviou o olhar. – Tentei te contar todos esses dias, mas simplesmente não consegui. Vamos embarcar amanhã de manhã, e eu vou dormir com meus pais no hotel hoje. Na verdade, só vim me despedir de você e fazer um pedido.

— Você está brincando, não está? – indaguei, nervosa. – Isso é apenas um teste para saber até onde minha paciência vai.

— Eu jamais brincaria com algo assim, Bela Adormecida – ele murmurou, tocando levemente meu rosto.

— Porque é que você está fazendo isso, Travis? – indaguei, afastando-me de seu toque. – Porque é que está desistindo de nós?

— Eu não estou desistindo, Aurora. E eu sei que Louis pode ser uma pessoa terrível às vezes, mas ele não é assim porque quer. Ele simplesmente é, Rora. E eu não posso simplesmente abandoná-lo. Ele precisa de mim, como sempre precisou. E eu também preciso dele, pra ser sincero. Você pode não acreditar e terá razão nisso, porque Louis só te mostrou o pior lado dele, mas Louis é parte de quem eu sou. Parte de quem eu e Miles somos. E por mais incrível que possa parecer, uma das melhores partes.

— Eu só não queria que fosse assim – murmurei, fungando. Eu já sentia meus olhos arderem.

— Eu também não queria – ele tocou meu rosto novamente, e dessa vez eu cedi. – E é por isso que eu estou aqui. Quero terminar isso de uma forma bonita e sincera, assim como começou.

— É exatamente esse o ponto, Travis. Acabar.

— Bom, não está acabando para sempre. Tenho certeza que nenhuma das garota da Flórida fará com que eu me apaixone de forma tão rápida e verdadeira como você fez. Eu não me apaixonaria por outra garota nem mesmo se ela fosse sua irmã gêmea. – riu-se, encostando sua testa na minha.

— Como é que você consegue rir numa hora dessas, hein? – indaguei, já sem me importar com as lágrimas.

— É bem simples. Tenho você em meus braços. Isso é motivo o suficiente para qualquer tipo de sorriso, em qualquer momento.

— Seu idiota, não acredito que você vai me deixar! – ralhei, dando-lhe um tapa no ombro. Travis me encarou sorrindo tristemente e selou nossos lábios. Posso dizer que foi o melhor e o pior beijo da minha vida. Nunca senti algo tão sincero. Era doce. E ao mesmo tempo, amargo. Banhado por lágrimas salgadas. Senti meu coração se inflar. Respirar fundo. E em seguida murchar de vez. Eu segurava os cabelos de Travis entre meus dedos, sem maldade nenhuma, apenas fazendo um carinho. Carinho esse que eu sabia que me faria derramar muitas lágrimas. Quando eu estava quase esquecendo o que estava por vir, ouvimos a buzina de um carro. Travis suspirou, afastando seu rosto do meu. Voltou a me encarar em seguida, encostando sua testa na minha.

— Eu preciso ir. – ele murmurou, tocando a ponta do meu nariz. Eu senti o chão se abrir sob meus pés. O céu era um buraco negro e meu coração já não mais existia. Aquilo era uma lágrima? Travis estava chorando? Por mim? Aquele garoto que tinha o sorriso mais espontâneo, sincero e iluminado, estava chorando? Aquele garoto que gargalhava só com o olhar, estava chorando?

— Porque é que você está chorando, mariposa? – indaguei, fungando.

— Porque por mais que todos me digam que ir com meus pais é a coisa certa, não consigo me conformar com o fato de que estou te deixando, agora que finalmente te tenho.

Eu obviamente queria Travis junto de mim, mas eu também não queria ser egoísta. Eu sabia que na visão dele, era essencial que ele desse àquele apoio aos pais e ao irmão, e por isso, eu o apoiaria.

— Você deve seguir seu coração. – murmurei. – Minha mãe sempre diz que ele é o único que nos indica a coisa certa a se fazer.

— Meu coração é seu, Aurora – ele respondeu e meu coração se partiu ao ver mais lágrimas rolarem por seu lindo e infantil rosto.

Tomei seu rosto nas mãos e o encarei firmemente, forçando-o a fazer o mesmo.

— Vou lembrar de você todos os dias, margarida. A cada segundo.

— Vou garantir que isso aconteça. – respondeu, sorrindo. – Vou pensar tanto em você a ponto de que você me sinta aqui ao seu lado.

Eu estava prestes a responder quando ouvimos outro buzina, nos assustando. Era o que faltava. Tudo acabava ali. Em meio ao susto, Travis deu um pulo, afastando-se de mim.

Eu abaixei a cabeça, obrigando-me a não o encarar. Só Deus poderia saber o que eu seria capaz de fazer que encarasse aqueles olhos tristonhos mais uma vez.

— Adeus, Bela Adormecida. – Travis murmurou e tocou levemente meus dedos. Só levantei o olhar quando ouvi a porta do quarto bater.

Será que não podemos ser felizes? Não temos esse direito? Será que todos sorriem e sofrem na mesma proporção? Temos uma cota limitada de felicidade? Uns merecem mais que outros?

Eu não conseguia entender. Encarava o teto branco do quarto de Rebecca – já embaçado por causa de tantas lágrimas e me perguntava o porquê daquilo tudo. Porque eu não podia ser feliz com Travis? Porque minha mãe não podia ser feliz com meu pai? Michael e Annie também não eram felizes, aquilo qualquer um podia perceber. Será que em breve a felicidade de Marise e Ferdinand seria tirada? Meu pai e sua nova namorada poderiam ser felizes? Minha irmã conheceria a felicidade algum dia? O que é a felicidade, afinal? Sentir-se bem, sentir-se completa, como se não precisasse de mais nada? Era dessa forma que eu me sentia com Travis. Mas isso é amor, não é? Amor e felicidade andam juntos, afinal? O amor leva a felicidade?

— Ei, Rora – Marise murmurou, entrando no quarto e me distraindo.

— Oi – respondi.

— Sabe, eu vou ser bem rápida. Só queria dizer que estou muito decepcionada com você.

— Como é? – questionei, sentando-me na cama e a encarando incrédula.

— Aurora, eu e Ferdinand somos casados há 29 anos. Apenas porque eu fui atrás dele.

— Como assim?

— O conheci em um show. Era minha banda favorita, e mais tarde, descobri ser a dele também. Ele me paquerou durante o show inteiro e no fim, simplesmente disse que iria embora e meu deu as costas. Eu não aceitei aquilo. Como ele ousaria achar que poderia brincar comigo daquela forma e ir embora?

— O que você fez? – indaguei, rindo.

— Despedi-me de minhas amigas e fui atrás daquele cara de pau.

— E o que foi que ele disse?

— “Achei que você não viria”. – Marise respondeu, encarando-me significativamente.

— O que você está querendo dizer? – indaguei. – Devo ir atrás de Travis?

— Oh! – Marise exclamou, dando um tapa na própria testa. – Achei que teria mais trabalho aqui, mas, graças aos céus, você é mais inteligente que Rebecca.

— Obrigada pelo conselho, tia – respondi rindo enquanto ela se levantava da cama.

— Aurora – ela me chamou e eu a observei, parada ao pé da cama me encarando com os dois braços na cintura. – QUE É QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO? – gritou.

— MARK! – berrei ao me levantar da cama e correr em direção às escadas.

— Tem certeza de que é o quarto certo? – indaguei enquanto eu, Miles e Mark subíamos as escadas do hotel.

— Já disse que sim, Rora – Miles respondeu gentilmente. – Eu vim aqui umas três vezes só ontem.

— E se a sua mãe estiver aí? – indaguei enquanto Miles ajeitava minha cabelo dentro do capuz de meu casaco.

— Acabei de ligar para o papai, ela está no banho.

— Vamos repassar o plano?- Mark pediu.

— Nada de mais – Miles respondeu antes que eu pudesse me pronunciar. – Travis provavelmente vai estar jogado no sofá, deprimido. Tudo o que ela tem que fazer é se declarar e deixar bem claro o quanto seria importante para ela ter Travis do lado. Fim. – senti meu estômago afundar e acho que se Mark não estivesse me segurando, eu teria corrido de volta para a recepção do hotel. Miles apertou a campainha e eu prendi a respiração. Em menos de dois segundos, a porta foi aberta.

— Olá, crianças! – Michael exclamou. Atrás dele, eu podia ver Travis e Louis deitados no sofá. Cada um deles segurava um controle de videogame e os dois olhavam vidrados para a TV. Travis sorria. Ria, gargalhava. Nem parecia que havia chorado em minha frente apenas quinze minutos antes. Ele nem mesmo me viu, parada ali. Mas eu o vi. Vi como estava feliz. Vi como a presença dos pais e do irmão fazia bem a ele. Devolvia a seu rosto a feição de criança animada que eu tanto... Amava. Eu não poderia fazer aquilo. Para ser feliz, teria que me contentar com a felicidade de Travis.

— Vamos embora – murmurei, segurando com força a barra da jaqueta de Miles.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que hotéis não são exatamente assim com entrada livre, mas, né...
Ei, quero meus reviews de volta! =(