Três. escrita por jubssanz


Capítulo 43
43. Conhecendo Travis III


Notas iniciais do capítulo

Oies! Espero que gostem, boa leitura!
Beijos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591095/chapter/43

Travis.

Confesso que meu coração saltitava só por saber que, mesmo depois do... Ocorrido, Aurora havia ido atrás de mim.

— Oi. – murmurei, entrando na sala.

Aurora encarava seus próprios pés, mas mesmo assim eu podia perceber o quão inchado e vermelho seu rosto estava. Foi impossível não sentir meu coração se apertar quando ela virou seu rosto para me encarar. Tão linda, tão doce, tão frágil. Tão... Minha.

— Oi. – ela respondeu timidamente. – Eu queria conversar com você. Na verdade, eu preciso conversar com você.

— Bom, cá estou eu. – respondi, forçando um sorriso ao me sentar no sofá de frente para ela.

— Miles me disse que vocês dois gostariam de me contar algo sobre Louis. – ela disse, e eu vacilei. Eu mataria Miles se dissesse algo a ela. Nós havíamos prometido. – Mas eu realmente não quero falar sobre ele. Não me interesso por nada que o envolva – ela disse de forma cautelosa, provavelmente interpretando mal minha expressão. – Sabe, Travis, eu estou confusa. – ela murmurou e eu vi novas lágrimas escorrendo por sua face. – Sobre tudo. Ou melhor, sobre quase tudo. Eu sinto como se todos estivessem mentindo para mim, durante todas as horas do dia, sinto-me despedaçada pelo que Rebecca fez comigo, ao mesmo tempo em que me sinto completamente dramática, afinal, ela tem direito de escolher suas próprias amizades, quer eu as aprove ou não. – tentei falar algo, mas ela apenas me cortou e prosseguiu seu discurso. – Estou realmente confusa sobre o que eu estou fazendo aqui. Quero dizer, poxa, meu pai tem uma namorada que era sua amante e que agora está grávida. Eu vou ter um irmão! E falando em irmãos, faz duas semanas que não vejo Lucy e minha mãe, e isso está acabando comigo. Todos os dias eu me pergunto o que estou fazendo aqui sem minha mãe. Pior ainda, porque estou morando de favor na casa de pessoas que nem são donas da casa? Estou extremamente confusa sobre seus irmãos. Miles deveria estar me odiando, mas ele simplesmente me deu o melhor abraço do mundo e todo o apoio que eu precisava. E sobre Louis, bem, acho que isso pode esperar. O ponto aqui é que, existe apenas uma pessoa sobre a qual eu não estou confusa. E essa pessoa é você.

Essa vai ser a coisa mais gay que vou dizer em toda a minha vida, mas eu confesso que senti meu coração se alegrar novamente ao ouvir tais palavras.

— Quero dizer, - ela prosseguiu, aparentando mais tranquilidade conforme as palavras saíam de sua boca. – isso sim é novo pra mim, e se você quer saber, é realmente muito estranho, mas é a única coisa da qual eu tenho certeza no momento.

— Do que você tem certeza, Aurora? – questionei, odiando-me eternamente ao perceber o quão trêmula estava minha voz.

— De nós. – ela respondeu, dando de ombros. – Confesso que estou me sentindo ridícula por pensar dessa forma agora, com tudo isso que está acontecendo, mas... Eu apenas sinto. Parece certo.

— Porque é certo. – murmurei.

— Você acha? – ela questionou sem me olhar.

— Eu não estaria aqui se não achasse.

Ela sorriu calorosamente, e eu pude perceber as finas linhas que as lágrimas haviam deixado em seu rosto. Aurora então se levantou e atravessou a sala em silêncio, enquanto eu a observava, também em silêncio. Quando Aurora sentou-se a meu lado no sofá, eu senti todo meu corpo se aquecer, como se houvessem apontado o sol diretamente para mim.

Permanecemos em silêncio enquanto eu tentava listar todas as reações involuntárias que eu tinha simplesmente por senti-la perto de mim. Seu cheiro de morango era inebriante, o que apenas piorou quando ela esticou a mão e passou os dedos em seu cabelo escuro. Eu sentia uma extrema necessidade de acabar com aquela distância entre nós. Queria puxa-la para meu colo e beijá-la até ouvi-la repetir pelo menos por cem vezes o quão certa ela estava sobre nós. Queria desenhar todo o contorno de seu rosto com meus dedos, dando maior atenção a seus lábios. Queria emaranhar meus dedos em seu cabelo e sentir seu perfume que tanto me encantava. Queria sentir seu toque doce e delicado. Queria esquecer que existiam outras pessoas no mundo. Queria que fôssemos só eu e ela. Queria que ela fosse minha.

— Passei o dia me perguntando sobre quando isso aconteceu. – ela murmurou, de repente, me levando de volta à realidade e fazendo minha face esquentar no mesmo instante. – Num dia eu estava lá, fechando meus olhos para coisas que aconteciam bem à minha frente e ignorando a existência de outras pessoas simplesmente por achar que estava apaixonada por Louis. – senti todo meu corpo se retrair ao ouvir aquilo, e tentei ao máximo fazer com que ela não notasse. Eu precisava saber onde Aurora queria chegar, para só então, chegar onde eu queria. – E então tudo aconteceu. Eu fui puxada de volta a realidade. Eu soube que estava completamente errada em relação a Louis. Então, você apareceu. Você não esperou que eu caísse para então me levantar. Você já estava lá, com a mão estendida para mim. É estranho pensar que desenvolvi este sentimento por você em tão poucos dias, mas, na verdade, acho que eu já o sentia.

— O que você quer dizer? – questionei sem acreditar no que escutava.

— Acho que me apaixonei por você aos poucos, Travis. Sem perceber. – ela respondeu finalmente me olhando. – Sei que nenhum de nós é besta, então não preciso negar que me interessei sim por Louis, mas acho que isso aconteceu simplesmente porque o conheci primeiro.

— Você quer dizer que se eu tivesse aparecido antes dele, não teríamos que passar por nada disso? – indaguei.

— Acho que sim. – ela deu de ombros. – Afinal, quando paro para pensar em você, fico admirada com o tanto de coisas que eu sei a seu respeito. Eu sei que você penteia seu cabelo para o lado direito simplesmente para não ficar igual ao dos garotos, sei que você detesta gelo no seu refrigerante e sei que você ama a cor azul mais que qualquer outra pessoa no mundo. Eu sei que você tem um coração gigante e pra você é muito fácil gostar de alguém. Sei que você não se incomoda por ser o irmão mais novo, aliás, sente muito orgulho dos garotos, mesmo com todas as... Circunstâncias. Sei também que amo a forma como você tenta fazer piada com tudo, amo seu sorriso e amo a forma como você emburra a cara e cruza os braços quando está chateado. Amo seu jeito irritantemente presunçoso de agir, e amo a forma como te pego sorrindo ao me olhar, várias vezes ao dia.

— Eu não sei o que dizer. – murmurei simplesmente, com medo de tentar dizer algo mais e acabar chorando... Ou guinchando, vai saber.

— Acho que já vivemos esse momento – Aurora riu e eu soube que ela estava se referindo ao dia em que eu havia me declarado. Quer dizer então que ela estava se declarando para mim?

Olhei-a de relance e ela abaixou a cabeça, tímida. Estendi a mão até tocar seu queixo e forcei seu rosto para cima, obrigando-a a me encarar. Ela então o fez intensamente, e era como se meu coração batesse no ritmo em que ela piscava os olhos. Passei suavemente meu polegar por seu queixo, sua bochecha, até chegar em seus lábios. Aurora fechou os olhos ao sentir meu carinho e eu me deliciei vendo aquilo. Me movi lentamente no sofá, tentando me aproximar dela sem fazer muito barulho. Com a mão livre, tirei os fios de seu cabelo que estavam grudados em seu rosto.

— Olhe para mim – pedi e ela abriu os olhos imediatamente. Aurora esticou sua mão e tocou delicadamente minha face. Eu então aproximei meu rosto do dela ao ponto de que nossas testas ficassem encostadas uma na outra. Eu até tentava encará-la nos olhos, mas naquele momento, seus lábios estavam definitivamente mais atraentes. Involuntariamente, eu acho, Aurora entreabriu os lábios, e eu tive que concentrar todas as minhas forças para não agir rápido demais e estragar aquele momento. Posicionei minha mão em sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Eu podia sentir sua respiração em minha bochecha, e seu hálito doce e seu perfume duelavam para ver qual me atraía mais. Fechei meus olhos e senti que ela fez o mesmo. Quando eu aproximei meus lábios do dela... Alguém bateu a porta.

— Deixa comigo – Mark gritou, vindo de qualquer lugar, e no mesmo instante Aurora deu um pulo no sofá, afastando-se de mim. Fechei os olhos e respirei fundo, não acreditando que aquilo havia acontecido. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, porém, Mark apareceu no corredor, correndo em direção à porta da sala. Ele estava vermelho e parecia estar sem graça. Deduzi que ele e Miles deviam estar... Er... Namorando. Mas quando meu irmão também apareceu no corredor, três segundos depois, corado e com um sorriso presunçoso, eu soube que eles estavam, na verdade, ouvindo nossa conversa. Eu iria questioná-lo, se antes disso não visse a forma estupefata que Mark encarava a porta. Ou melhor, a pessoa que estava parada nela.

— O que você quer aqui? – Mark indagou rudemente, e no mesmo instante, meus pensamentos voaram para a única pessoa que o faria agir daquela forma. Louis não, por favor, não. O visitante indesejado murmurou algo que eu não pude ouvir, e também fui incapaz de identificar sua voz.

— Tudo bem – Mark respondeu muito a contragosto. – Mas saiba que não é bem vinda.

Bem vinda? Então só podia ser...

— Oi – Rebecca murmurou, entrando no apartamento. – Aurora, precisamos conversar.

Senti Aurora enrijecer instantaneamente ao meu lado, e estendi minha mão para tocar a dela.

— Tudo bem. – Aurora respondeu, entrelaçando seus dedos aos meus.

— Sente-se – Mark resmungou, encarando-a ade braços cruzados. Miles fazia o mesmo, do outro lado da sala. Não pude conter uma risadinha, mas me calei no mesmo instante em que o belo casal virou seu olhar mortal para mim. Marcação cerrada.

— Eu menti para você... Pra vocês – Rebecca se corrigiu, sentando-se na poltrona de frente para nós – várias vezes, então, entendo se não acreditarem em mim agora, mas peço que o façam. Eu não tenho mais porque mentir e não quero mais o fazer.

— Então porque o fez? – Miles questionou de forma ácida e eu pude sentir o olhar de repreensão de Aurora sobre ele.

— Porque eu achei que mentindo para vocês seria a única forma de ter Josh de volta – ela murmurou.

— Espera, - me intrometi. - Josh? Você está falando sério?

— Sim. Eu já havia tentado de tudo e não sabia mais o que fazer, então resolvi me juntar a Claire, achando que, dessa forma, ele voltaria a se interessar por mim. E achei também que ela poderia me ajudar a reconquistá-lo.

— Rebecca... – Aurora começou a dizer, mas minha prima a cortou e continuou falando.

— Eu conheço Claire desde que nos mudamos para cá. E nós costumávamos ser amigas. Quer dizer, nós andávamos juntas no colégio. Acho que eu nunca soube como era ser uma amiga de verdade, e acabei passando isso à Claire.

— Espere, então aquela garota chatinha que estava sempre na pracinha com você era Claire? – Miles questionou, incrédulo, e só então eu me lembrei de que também conhecia Claire, há muito tempo.

— Sim. – Becky murmurou. – Naquele tempo ainda éramos normais. Ou não. Talvez nunca tenhamos sido, mas a questão aqui não é essa. Já contei a vocês o que aconteceu entre mim e Josh, certo? – nós assentimos e ela continuou. – Eu venho sentido muita falta dele nos últimos dias, talvez por me envolver tanto, mesmo que de forma indireta, com Claire. E simplesmente me agarrei ao pensamento de que estava disposta a fazer qualquer coisa para tê-lo de volta. E bem, assim o fiz.

— O que você fez? – Mark perguntou, aparentemente enojado.

— A primeira coisa que eu fiz, que aliás, foi meu primeiro erro, foi conversar sobre isso com Louis. Ele disse que eu deveria correr atrás do que queria, sem pensar nas consequências. ‘Com as consequências se lida mais tarde’, ele disse. – senti o olhar de Miles pesar sobre mim, mas continuou olhando fixamente para frente, me recusando a encará-lo. Eu sabia que com aquilo, ele queria me dizer mais uma vez que Louis já estava passando dos limites e que nós deveríamos pará-lo.

— O que aconteceu depois, Becky? – questionei apenas para mantê-la falando antes que Miles dissesse algo que o faria se arrepender depois. Ele notou minha intenção e suspirou, me repreendendo.

— Louis me disse que eu deveria me reaproximar de Claire, – Rebecca continuou – pois ela nunca aceitaria o irmão comigo se eu estivesse... Do lado de Aurora. – então foi a minha vez de suspirar, e para minha surpresa, Aurora apenas deu um sorrisinho irônico. – Eu disse a Louis que não queria me reaproximar dela, eu disse que havia mudado e que não era mais como Claire. Ele então me disse para mentir. Disse que não precisava ser honesta com ninguém, afinal, a sinceridade não nos leva a lugar nenhum.

— E você deu ouvido a ele? – Miles questionou, indignado. – Querida, saiba que a burrice também não vai te levar a lugar nenhum.

— Cale a boca, idiota – reclamei, rindo. Rebecca fingiu não ouvir e continuou falando.

— Eu então liguei para Claire. No dia do baile de máscaras. Perguntei se podíamos conversar. Disse a ela que estava... Bem, disse que estava cansada de Aurora, mas era apenas para tentar ganhar alguma credibilidade com ela. – Rebecca murmurou. Juro que se ela não parecesse tão arrependida, eu mesmo teria pulado no pescoço dela. Mas teria que agir muito rápido, porque Mark e Miles pareciam duas leoas rondando seus filhotes. – Depois de falar mal de algumas líderes de torcida, eu consegui o que queria. Ela começou a falar de Josh. Ela disse que sabia que eu nunca havia o superado e que sabia o que eu deveria fazer para tê-lo de volta. Eu então corri para contar para Louis, pedindo a ele que mantivesse aquilo apenas entre nós. Mas ele não o fez. Ele foi falar com Claire e ela também não cumpriu sua parte no trato e acabou contando a ele o que eu estava disposta a fazer, por isso foi que ele saiu falando para todo mundo que estava orgulhoso de mim. Eu fui para casa de Claire ontem, para... Cumprir o trato, mas acabei me arrependendo. Eu estava procurando uma desculpa qualquer para dizer a Claire que havia desistido, e foi quando Louis me ligou, rindo, contando-me o que tinha acontecido. Eu me senti horrível por ter causado tudo isso e estava pronta para ir embora, mas Claire começou a me ameaçar. Ela disse que se eu a deixasse na mão, contaria para todos que eu era uma frouxa. Eu não me importei, por que... Bem. Eu percebi que não preciso de nada daquilo. Não preciso de Josh, muito menos de Claire. Também não preciso mentir para conseguir o que quero. Não quando tenho amigos maravilhosos como vocês, que me dão a chance de me explicar mesmo depois de tudo o que fiz.

— Rebecca, só falta uma coisinha nessa história – Aurora disse, de forma seca. Ela ainda estava claramente chateada, embora eu soubesse que ela acreditava na história e em breve já estaria em paz com Becky. – O que foi que Claire te propôs, que era tão importante para reatar com Josh e algo que nós não poderíamos saber?

— Bom... – Rebecca murmurou encarando seus pés e eu pude ver seus olhos brilharem. Ela gaguejava, parecendo procurar a maneira certa para se expressar. E eu percebi Aurora amolecer e abandonar sua postura de durona.

— Olha, Becky, esqueça, eu... – Aurora murmurou, mas Rebecca a interrompeu.

— Não. De agora em diante serei extremamente sincera com vocês, e isso faz parte da sinceridade. – minha prima murmurou e em seguida respirou fundo. Eu podia ver claramente como aquilo estava sendo difícil para ela, mas não me opus, afinal, estava morrendo de curiosidade. – Peço que não me julguem por isso, afinal, eu mesma já me julguei o suficiente e já estou completamente arrependida. – Rebecca respirou fundo mais uma vez. – Claire disse que a forma mais óbvia é fácil de atrair e prender o Josh seria... Através do sexo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Só pra constar: dessa vez a Becky tá finalmente falando a verdade hahaha
e ainda tô aceitando sugestões pro capítulo especial de aniversário!
beijosssweethearts