Três. escrita por jubssanz


Capítulo 42
42. Conhecendo Travis II


Notas iniciais do capítulo

Olá, sweethearts!
A parte em itálico é remember do Travis, de anos atrás, quando eles ainda moravam com os pais.
Please, leiam as notas finais!
E obrigada pelos reviews lindos! Boa leitura, beijokas1000



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Travis.

“— Você sabe que ele não é presta, não é? – Miles questionou, entrando no quarto.

— Cale a boca – respondi simplesmente. Fazendo o possível para Miles não perceber, ergui um dedo para secar a lágrima solitária que escorria pelo canto de meu rosto.

— Desculpe – meu irmão murmurou. – Eu não queria falar dessa forma. Mas é a verdade, você sabe disso.

— Não, Miles, essa não é a verdade! Ela é quem não presta!

— Travis, eu sei que você quer acreditar nisso, cara, mas... Lauren está completamente errada, sim, mas ele também está. O que um não quer, dois não fazem.

— Então quer dizer que toda vez que eu gostar de uma garota, vou perdê-la para meu irmãozinho idiota que não se controla? – questionei irritado. Eu não conseguia encarar Miles, tinha medo de que ele visse meus olhos vermelhos. Não queria que ele soubesse que eu havia chorado. Imaginem só, o irmãozinho mais novo chorando por causa de garotas? Perde-las para o irmão mais velho já era o suficiente.

— Não, Travis. Porra é tão difícil de entender? Lembre-se bem do que eu estou falando. Um dia, você vai conhecer uma garota que você ame de verdade, e ela vai retribuir esse sentimento. E não, essa garota não é Lauren. – ele disse, provavelmente percebendo meu suspiro, em forma de reprovação. – E quando a encontrar, você vai ver que todas as tentativas de Louis serão falhas. Ele só terá olhos para você.

E então Miles saiu do quarto, me deixando sozinho. Eu sabia que ele provavelmente iria encontrar mamãe e papai para nossa corrida diária na beira da praia, e sabia também que eu deveria fazer o mesmo para não chatear meus pais. Mas eu não conseguia. Não conseguia nem mesmo levantar daquela cama, o que diria ter que encarar meu irmão e fingir que nada estava acontecendo?

Eu não podia mais aceitar aquilo. Eu não iria. Eu sabia que Louis tinha seus problemas, mas aquilo já estava se tornando um padrão, além de, em alguns casos, demonstrar pura safadeza de meu irmão.

Minha família viajava muito por conta da profissão de meus pais, e, por causa disso, acabávamos passando apenas um ano em cada cidade. Isso era tempo suficiente para que eu me apaixonasse – mesmo que de forma superficial – por alguém. Tempo suficiente também para que Louis mostrasse as garras e desse em cima da tal garota. Eu e Miles aguentávamos aquilo por anos, e, mesmo que Miles quisesse contar a nossos pais, eu sempre o convencia de que não era o certo. ‘Louis não faz por mal’, eu dizia. Mas com Lauren havia sido a gota d’água. Eu não aceitaria mais aquilo.

Decidi que contaria para meus pais naquela noite, assim que eles voltassem da corrida. Sabia que Miles me apoiaria.

Mas, horas mais tarde, quando eu já havia ensaiado todo um discurso, minha mãe chegou em casa, aflita, com os olhos vermelhos.

— O que aconteceu? – questionei, correndo até ela.

— Seu irmão teve outra crise – ela respondeu, jogando os braços em meu pescoço e me abraçando fortemente.

Talvez aquele não fosse o momento mais propício, afinal. Minhas angustias podiam esperar, afinal, os problemas de meu irmão sempre eram mais importantes.”

— Travis, você ouviu sequer alguma palavra do que eu disse? – Miles questionou, me dando um tapa na testa para chamar minha atenção. Sentei-me na cama rapidamente, percebendo que estava tão distraído a ponto de nem mesmo saber onde estava. Levei alguns segundos para me localizar e perceber que estava no quarto de hóspedes do apartamento de Mark. O forte cheiro de tempero dizia que sua avó provavelmente estava preparando o jantar.

— O que você está fazendo aqui? – questionei.

— Olá, querido irmão. Também estava morrendo de saudades! Eu estou muito bem, obrigada por perguntar! E você? – ele respondeu, revirando os olhos.

— Vá à merda, maninho – respondi, jogando-me na cama novamente, cobrindo o rosto com o travesseiro.

— Quem diria, não é? – Miles murmurou simplesmente. Filho da puta – desculpa, mãe. Ele sabia que eu ficaria curioso e acabaria me rendendo aos seus joguinhos.

— Quem diria o quê, seu insuportável? – questionei, fazendo-o rir.

— Mark estava me contando que por vezes teve que invadir o quarto de Aurora para tirá-la de perto da cama. Será que vou ter que fazer isso com você de agora em diante? – ele resmungou, e eu não consegui segurar a risada. – Bem que Mark me contou que dividiríamos muitas coisas depois que começássemos a... – Miles se interrompeu no meio da frase, e mesmo sem vê-lo, ou sabia que ele estava corado e com os olhos arregalados. Você sabe, disputar uma corrida de espermatozoides e sair em terceiro lugar tem suas vantagens. Você acaba conhecendo bem as pessoas.

— Depois que vocês começassem a...? – questionei, curioso, enquanto eu me sentava na cama. Não poderia ser o que eu estava pensando. Não poderia.

— Nada – meu irmão respondeu, já completamente ruborizado.

— Eu. Não. Acredito – murmurei. Seu sorrisinho bobo me disse que eu estava certo. – Você está namorando! – gritei.

— Cale a boca – Miles gritou, pulando sob mim e colocando a mão sob minha boca. Eu impulsionei minhas pernas para fora da cama, ficando em pé, de forma que ele ficasse pendurado em meu pescoço. Assim, passei o braço direito por seu pescoço e com a mão direita destampei minha própria boca.

— Quietinho bichano – murmurei, ao tempo que meu irmão emburrava a cara. – Quando aconteceu? Quem pediu? Porque foi que você não me contou?

— Ele me pediu em namoro hoje pela tarde. Eu ia contar, mas, dadas as circunstâncias...

— Não estou acreditando – murmurei, fingindo decepção. – Quer dizer, é claro que estou feliz, mas... É triste pensar que meu irmão viado desencalhou antes de mim. Acho que ser o mais novo tem suas desvantagens, afinal.

— Você é mesmo um ridículo – ele murmurou rindo enquanto eu afrouxava o aperto em seu pescoço. – E sobre isso... – ele mudou o tom de voz, se tornando mais cauteloso. – Precisamos conversar.

— Não precisamos não – apertei novamente seu pescoço, numa tentativa falha de fazê-lo calar a boca.

— Travis. – ele me repreendeu, e eu sabia que não era pelo aperto. – Nós combinamos que, caso isso acontecesse mais uma vez, contaríamos aos nossos pais.

— Nada aconteceu – murmurei, soltando e caindo na cama.

— Travis, não se faça de idiota! Isso não está prejudicando apenas a nós! Ele já está começando a se prejudicar! Isso está cada vez mais visível, ele já não se controla mais.

— Será que podemos conversar sobre isso em outra hora? – pedi, passando as mãos pelos cabelos. – Agora estou realmente irritado, e a um passo de concordar em ligar para o papai e a mamãe. Mas, eu sei que se fizesse isso agora seria apenas por vingança, e eu jamais me perdoaria. Nós juramos que sempre faríamos o que é melhor para ele, e não para nós. Você sabe disso, Miles. – desabafei.

— Você tem razão. – Miles murmurou derrotado, jogando-se a meu lado na cama. – E até bom que nós deixemos esse assunto para mais tarde. Há algo mais importante que precisa ser debatido agora.

— Que seria...? – questionei, curioso.

— Aurora. – ele respondeu simplesmente e eu senti meu coração se congelar. Mais uma vez.

— Não tenho nada para falar sobre ela. – murmurei.

— Travis, faça-me o favor. O teimoso sempre fui eu. Deixe de ser carrancudo. Você sabe que ela não fez nada.

Não precisei dizer nada, apenas o encarei arqueando as sobrancelhas e Miles percebeu que havia pisado na bola.

— Quer dizer, ela fez. Mas você sabe que não fez.

— Pare de gastar saliva e seus esforços, Miles. – pedi. – Isso nunca dará certo.

— Porra, desde quando você se tornou tão teimoso? Como pode ter tanta certeza de que as coisas não darão certo se você não tentar consertá-las?

— Não é questão de ser teimoso, cara. Você mesmo me disse isso uma vez.

— Disse o que?

— Que quando eu encontrasse a garota certa, ela não cairia nos encantos de Louis.

— Pois eu estava errado. – Miles disse, virando na cama. Ele apoiou sua cabeça sobre o cotovelo e me encarou. – Você precisa entender que ela caiu nos encantos de Louis antes de conhecer os seus.

— E isso importa? – questionei, magoado.

— Mais do que você imagina. E quer saber? A garota certa pode sim cair nos encantos de Louis, porque assim como nós dois, ele herdou os olhos azuis de mamãe e toda a pose de galanteador de papai, mas...

— Onde exatamente isso deveria me ajudar, seu gay? – o interrompi, fazendo-o revirar os olhos.

— Isso te ajudará quando você permitir que eu termine meu raciocínio. Enfim, a garota certa pode até cair em outros encantos, mas ela sempre saberá que não é certo. Porque ela não se sentirá completa. Ela não sentirá que, no meio de milhões de pessoas, está com a outra pessoa que se encaixa perfeitamente com ela. Não sentirá que está em seu porto seguro. Não sentirá que está em seu lugar seco sob a chuva, ou seu cantinho aquecido durante o frio.

Eu sabia que ela estava me dando um tempo para falar, mas... Aquelas malditas lágrimas me impediam. Porra, eu estava passando tempo demais com Miles. Estava me tornando o maior gay da história do universo. Diante de meu silêncio, ele continuou.

— Aurora pode sim cair em outros encantos, mas ela sempre voltará para os seus. Porque ela sabe, assim como você, que eles são os certos. Ambos sabem que perto um do outro é o lugar exato onde devem sempre estar.

— Bem, – resmunguei, secando as lágrimas com raiva. – ela não está aqui agora, não é mesmo?

— Na verdade... – Miles respondeu, fazendo uma pausa dramática ao se levantar da cama. Ele caminhou teatralmente até a porta e me encarou ao tocar a maçaneta. – Aurora está esperando por você na sala.


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Notas finais do capítulo

OIES! Amadinhas, seguinte: estamos em 99 comentários e eu estou VIBRANDO porque achei que não chegaria nem aos 9. Para comemorar isso, eu gostaria de propor uma coisa: (se vocês quiserem e SÓ se vocês quiserem, é claro) o que vocês acham de vocês, minhas leitoras lindas, escrevem um capítulo? Quero dizer, não o capítulo todinho, mas assim, vocês me dizem o que querem que aconteça e eu faço acontecer, mesmo que, por exemplo, uma queira que a Aurora use um vestido verde e outra queira um vestido lilás hahaha o que acham?
Aguardo respostas! E se não quiserem, sem problemas!
Ah, só duas coisinhas: primeiramente, isso vai acontecer no capítulo em que se passa o aniversário dos nossos Três.
segundamente, não importa quantas leitoras implorem por isso, eu NÃO vou matar o Louis nesse capítulo. hahahahaha