Três. escrita por jubssanz


Capítulo 41
40. Cada vez mais fundo.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo drama, tô com problemas amorosos e ouvindo In The Lonely Hour pela décima vez seguida, vlw flw hahahahahahahaha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591095/chapter/41

Eu não sabia o que fazer. O que eu poderia fazer? O que eu deveria fazer? Tirar satisfações com Rebecca? Ir até a casa de Mark para me desculpar com Miles e Travis? Chorar? Eu caminhava de um lado para o outro no quarto, sentindo uma ardência nos olhos que me acompanhava desde o momento em que eu havia chegado em casa. Rebecca ainda não havia aparecido, e Travis não atendia minhas ligações. Só de pensar em como as coisas estavam boas entre nós e eu havia estragado tudo, sentia meus olhos marejados.

Porque Rebecca estava saindo com Claire? Será que elas já eram amigas antes? Se eram, porque Rebecca não havia me contado?

Resolvi deixar Rebecca para outra hora. Eu precisava e simplesmente precisava me resolver com Miles e Travis. Meu melhor amigo e meu... Outro melhor amigo estavam morrendo de raiva de mim, ótimo.

Vesti um moletom qualquer que estava jogado na poltrona, sem nem verificar se era meu ou de Becky, peguei meu celular e desci as escadas correndo. Porém, parei no último degrau, ao ouvir vozes baixas vindas da cozinha. Eram de Marise, Ferdinand e Louis. Prendi a respiração, temendo fazer qualquer barulho. Eu precisava ouvir aquela conversa, mesmo sabendo que não devia fazê-lo. Não era a primeira vez que eu presenciava (clandestinamente) uma reunião na cozinha que se tratava nada mais, nada menos do que... De mim.

— Eu tenho certeza de que ela não fez isso por mal – Marise murmurou.

— Eu também tenho, mas agora está feito. – Louis concordou.

— Acho que deveríamos ter contado a ela. – Ferdinand murmurou e os outros dois pareceram não dar ouvidos.

— Louis, você tem certeza de que foi isso mesmo que ela disse?

— Tia, bati à porta de Mark por meia hora. Demorou um bom tempo até que Travis resolvesse me atender, porém, quando o fez, disse tudo o que tinha para dizer. Quase como se estivesse me culpando. – o garoto respondeu. Louis havia ido atrás de Travis? Oh, o que foi que eu perdi?

— Ele está com muita raiva? – ela quis saber.

— Agora já está mais calmo. Disse que ficou com raiva na hora, sim, mas agora não mais. Ele entende que ela só quis proteger Rebecca e não sabia do que estava falando, mas... De qualquer forma, está chateado. Não o culpo. Mas também não a culpo. Ela não sabia do que estava falando.

— Por isso digo que deveríamos ter contado a ela – Ferdinand repetiu.

— Oh, claro. – Marise respondeu parecendo impaciente. Em seguida, ela afinou a voz e eu pude imaginá-la fazendo aspas com as mãos. – “Veja bem, Aurora, só para que você saiba, a casa em que nós moramos não é nossa, e sim dos pais dos rapazes. Moramos aqui de favor. Obrigada pela compreensão.”.

Oh. Meu. Deus. O que eu havia feito?

Sem me importar com o barulho que faria, saltei o último degrau da escada e corri até a o hall de entrada, batendo a porta com força ao sair.

Corri pelo gramado na noite escura e fria, ansiando apenas chegar ao apartamento de Mark. Eu precisava ver Travis.

— Ei, Aurora, espere! – ouvi Louis virar, mas não me virei. — Ei, você! Estou falando sério!

Eu estava determinada a não parar, mas Louis corria cada vez mais rápido. Eu iria acabar caindo se aumentasse a velocidade. Parei de correr, mas segui caminhando, torcendo para que ele desistisse.

— Porra, Aurora, custa esperar? – ele questionou, parando ao meu lado.

— Custa, é claro que custa! – berrei. Minhas lágrimas não permitiam que eu o enxergasse. — Você não percebe que estou tentando resolver um problema?

— Percebo. – ele murmurou. Sua voz parecia amargurada, mas eu não me importei. – E só estou tentando ajudar. Sei que você pretende ir à casa de Mark, mas minha tia já falou com meus irmãos. Pode ficar tranquila, eles estão vindo para casa.

— Es-estão? – questionei, gaguejando. Senti meu coração acelerar só de pensar em encarar Miles depois do que eu havia dito. Eu havia sim magoado Travis também, mas era diferente. Eu não havia o chamado de ingrato, falso e mentiroso. Entenderia se Miles não quisesse me desculpar, mas... Não poderia conviver com aquilo. Não Miles, meu pequeno, engraçadinho e viadinho Miles. E o que seria de mim se Travis também não me desculpasse? As coisas estavam se ajeitando, eu sabia que as coisas poderiam dar certo, logo, eu não aguentaria aquilo. E eu sabia também que Louis estava sendo legal comigo só naquele momento, logo mais ele voltaria a me tratar apenas como uma cadeira a mais na mesa do jantar. Um loiro emburrado e amargurado eu até aguentaria, mas... Três?!

Ah, Louis, o que é que eu vou fazer? – lamentei, sentindo mais lágrimas escorrerem. – Seus irmãos nunca vão me perdoar!

— É claro que vão! – ele exclamou. – Eles têm um bom coração. Agora pare de chorar, você se recompor pra quando eles chegarem.

Tentei dizer algo, mas acabei apenas balbuciando palavras desconexas. Eu sabia que talvez estivesse exagerando, mas, não conseguia me conter. Só queria Travis. E a minha mãe. Pensei seriamente em ligar para ela e contar o que estava acontecendo, mas eu mal conseguia achar o celular em meu bolso.

— Ah, Aurora, venha aqui – Louis murmurou de repente, estendendo seus braços e me puxando para si. Sem saber o que fazer, apenas envolvi meus braços em sua cintura, o abraçando fortemente. Ele passava a mão em meu cabelo enquanto meus soluços provavelmente eram ouvidos por Marise dentro de casa. Porque tudo tinha que dar tão errado?

— Tudo vai se ajeitar, eu prometo – Louis disse, de repente, como se lesse meus pensamentos. E porque ele estava sendo tão bonzinho comigo, afinal? — Olhe para mim – Louis pediu, mas eu o ignorei. Senti então sua mão em meu queixo, forçando meu rosto para cima. Encarei aqueles olhos azuis e amoleci. Eles eram absurdamente diferentes dos de Travis, com toda a certeza do mundo, mas, mesmo assim, me encantavam. Eu me odiei naquele momento, mas tive a certeza de que, não, eu não havia superado Louis. E percebi também que ele não havia superado quando passou mais tempo do que deveria encarando meus lábios. O observei atentamente enquanto ele tocou minha face, secando minhas lágrimas. E quando Louis aproximou seu rosto do meu, eu não pensei em nada. Fechei os olhos quando ele roçou seus lábios nos meus. Levei a mão até seu cabelo, enquanto ele prendia meu lábio inferior entre os seus. Então, percebi o quanto eu estava errada. Eu não sabia por que, mas eu aparentemente queria me convencer de que sentia alguma coisa por Louis. Mas na prática, não era bem assim. Eu não sentia vontade de passar horas a fio beijando-o. Não sentia vontade de abraça-lo até fundir nossos corpos em um só. Não sentia vontade de tentar beijá-lo de olhos abertos apenas para encarar a beleza daqueles olhos azuis. Eu... Não sentia. Abri os olhos de repente, chocada ao perceber o que eu estava fazendo. E chocada também ao perceber que simplesmente... Não sentia nada.

Eu não precisaria mais conviver com o peso da dúvida. Eu tinha certeza. Não havia um sentimento sequer naquele beijo. Parti o beijo delicadamente e apoiei uma mão no peito de Louis, o empurrando.

Eu estava prestes a dizer algo, mas um barulho cortou a noite silenciosa. Um barulho que partiu também meu coração. Respirei fundo ao ouvir o barulho da porta de um carro sendo fechada. Com força. Com raiva.

Não poderia ser. Não poderia. Respirei fundo novamente e me virei lentamente, rezando a Deus para que não fosse o carro de Mark parado ali. Falha tentativa.

Eu quis correr até Salem para abraçar minha mãe a passar horas chorando junto dela, ao ver Travis escorado ao lado da porta dianteira do carro de Mark. Seus olhos azuis brilhavam, tão próximos e tão... Distantes.

— Lamento – Louis murmurou e eu soube que ele não lamentava absolutamente nada. Ele havia feito aquilo de propósito. Ele ainda havia me avisado que os garotos estavam para chegar e eu caíra perfeitamente. Senti vontade de lhe estapear, mas meus braços pareciam não fazer mais parte de meu corpo. Eu não os sentia. Não sentia nada. – Vou entrar. – ele então deu um sorrisinho e saiu, me deixando – mais uma vez – sem saber o que fazer.

Ouvi o barulho da porta novamente, o que me chamou a atenção. Virei-me a tempo de ver Travis sentando-se no carro novamente. Ele bateu a porta sem nem ao menos me olhar.

— Só pra você saber, – ele gritou, e sua voz dura me partiu ainda mais o coração, como se fosse possível. – você não é a primeira. Louis sempre dá um jeito de tomar para si as garotas por quem me interesso. Admiro-me por ver como tenho um dedo podre.

Um arrepio percorreu todo meu corpo e eu fechei os olhos. Só queria correr dali. Ouvi então o barulho do carro ao arrancar, e, pela velocidade, soube que Mark também estava bravo comigo. Ótimo. Abri os olhos e encarei a rua, esperando encontrar apenas um vazio, mas... Havia alguém parado. Dei um passo para trás, amedrontada. Tudo que eu não precisava era ser assaltada. Era só o que faltava para aquele dia entrar no Guinness Book como o pior dia da história da humanidade. Mas, quando a pessoa estendeu os braços em minha direção, eu me senti segura. E mais culpada do que nunca. Era Miles.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!