Três. escrita por jubssanz


Capítulo 38
37. Por favor, caia da escada.


Notas iniciais do capítulo

Hello, sweethearts! Gostaria de dar as boas vindas as leitoras novas e agradecer aos reviews



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Rebecca rabiscava furiosamente em seu caderno, Travis tamborilava os dedos na mesa de forma distraída e eu encarava a cadeira em minha frente, lugar em que Louis havia se sentado desde o início do ano, e que, naquele dia, estava vazia. Devo tê-la encarado por tempo demais, pois Travis percebeu.

— Ei, Aurora – ele disse, em voz baixa, virando-se para mim. – Rebecca me contou mais cedo e eu acho que você deveria saber. Louis chegou ao colégio e foi direto para a secretaria. Ele trocou de turma.

— Ah. – eu murmurei, sem saber o que falar. Era realmente estranho falar sobre o irmão dele com... ele.

— Sinto muito – Travis murmurou.

— Não sinta. – respondi, dando de ombros. – Eu estou bem. Como eu disse, há coisas que eu gostaria de deixar para trás.

— Rora, - Rebecca disse, largando sua caneta e me encarando. – entendo que você e Travis estejam se dando bem e entendo que você queira seguir em frente, mas você não precisa se fazer de durona para nós. Sabemos que não é fácil superar esse tipo de coisa e...

— Eu estou bem. – a interrompi, tentando dar um ponto final àquela conversa. Eu realmente estava bem e não queria remoer aquilo até me chatear novamente. Rebecca assentiu, sorrindo carinhosamente para mim e pegou sua caneta, voltando à sua escrita frenética. – Becky, porque diabos você está rabiscando seu caderno de Química se estamos na aula de História?

— Preciso acabar o trabalho de Química! – ela exclamou sem tirar nos olhos da folha.

— Não acredito que você não fez – Travis resmungou. – O meu está feito há pelo menos uma semana!

— Será que se eu subornar o professor ele me dá um prazo maior? – Becky questionou.

— Defina subornar o professor – pedi.

— Ah, vocês sabem... O professor Alessandro nem é assim tão feio...

— Rebecca, pelo amor de Deus! – eu exclamei, gargalhando. Atrai um olhar do professor Sanders e tentei baixar o tom de voz, mas simplesmente não conseguia parar de rir. – O professor Alessandro é o tipo de cara que minha mãe acharia bonito!

— Ei, espere aí! – Travis praticamente gritou, dando um pulo da cadeira. – Uma vez, eu ouvi sua mãe e minha tia conversando sobre alguma novela... Havia um Alessandro, não havia?

— Sim, e minha mãe é apaixonada por ele. Alessandro Lombardo. – respondi, rindo. – Um mexicano boa pinta.

Travis e Rebecca se entreolharam, sorrindo de forma maligna.

— O que está acontecendo? – questionei, olhando ao redor.

— O professor Alessandro também é mexicano... – Rebecca murmurou.

— Na verdade, ele é espanhol – a corrigi, arqueando a sobrancelha. – Onde você quer chegar?

— Não importa se é mexicano, espanhol ou argentino, todos eles falam de forma enrolada. – Travis comentou. – O ponto é... Temos um Alessandro que fala enrolado e que sua mãe provavelmente acharia bonito. O que acha disso?

Senti minha boca se escancarar quando finalmente entendi.

— O que acho disso? – questionei, incrédula. – O que acho disso? Eu acho que... – pensei em minha mãe, linda, gente boa e “inteira” e pensei no quanto ela gostaria de ter um Alessandro que fala enrolado. – Será que ele é casado?

— Certo, nós já sabemos o que fazer – Travis disse, sentando-se em nossa mesa de costume durante o intervalo.

— Na verdade, não sabemos não – murmurei. – Esse plano me parece um tanto quanto super furado.

— Mas não é! – Rebecca exclamou. – E é uma coisa bem simples.

— Certo, vamos repassar – pedi.

— Você vai dizer que não fez seu trabalho, e quando ele questionar o por que, você vai dar uma má resposta. – Rebecca explicou.

—Então, ele vai revidar e você vai insistir nas más respostas. Ele vai te mandar para a secretaria e pronto. – Travis completou.

— Bem, eu disse que havia uma falha nesse plano – murmurei. – Não acho que minha mãe vá vir de Salem até aqui para saber porque foi que eu respondi um professor, e também acho que Ferdinand não gostará nenhum pouco de saber que tecnicamente armamos para Marise e o professor.

— Você tem razão – Rebecca comentou, tristemente. – Mas isso não significa que precisamos desistir! Só temos que esperar o Miles descer, ele é realmente bom com esses planos e...

— Precisamos conversar. – eu disse, a interrompendo.

— Quem precisamos? – Travis indagou.

— Nós três.

— Sobre? – Becky questionou.

— Vocês sabem sobre o quê. – respondi.

— Olha, Aurora, será que não podemos ter essa conversa em casa? – Travis indagou.

— Não. Não podemos. Eu vou trabalhar a tarde inteira, e sinceramente, não quero mais adiar isso.

— Eu achei que já estivéssemos bem, achei que tínhamos superado. – Rebecca murmurou.

— Eu quero superar, e é exatamente esse o ponto. – eu disse. – Falo sério quando digo que quero deixar muitas coisas para trás. Desde que a louca da Alicia nos abordou naquela restaurante, minha vida tem estado de cabeça para baixo. Pode não parecer, mas muita coisa mudou para mim. Mas isso não significa que eu vá ignorar o fato de que nós três tivemos nossas desavenças. Isso precisa ser resolvido. Vocês decidem quem fala primeiro.

— Certo. – Rebecca disse, mais do que depressa. Eu sabia que ela queria resolver aquilo tanto quanto eu, mas não sabia como abordar o assunto. – Eu menti para você.

— Ótimo – resmunguei. – Pode começar me contando algo que eu não saiba. – Rebecca corou e Travis soltou uma risadinha. – Pode ir parando meu bem, você também não vai escapar – ralhei, fazendo ele e Becky gargalharem.

— Está bem. Eu menti para você sobre Josh. Eu disse a você que ele havia feito a mesma coisa com nós duas, mas era mentira. Josh nunca fez nada daquilo comigo. Eu fiquei sim, muito chateada quando vi você com ele no shopping, mas, como eu disse, você não poderia saber. Quando soube que você iria à festa lá em casa com ele, decidi relevar, afinal, eu é quem havia estragado tudo entre nós. Mas a cada dia que passa, eu percebo que não o superei. Nunca vou superar. Eu sempre gostei de Josh, de verdade, e sinceramente não sei porque fiz o que fiz.

— O que você fez? – questionei, estendendo a mão para tocar a dela. Eu podia perceber que Becky tremia.

— Eu e Josh namorávamos, ou era como ele gostava de chamar. Ele me escondia de tudo e todos por achar que as pessoas ririam dele por sair com uma garota mais nova. Apenas Claire sabia sobre nós e isso me incomodava. Isso foi há uns dois anos, eu era uma tola que achava que namorados eram troféus e deveriam ser exibidos por aí. Resolvi então que se as pessoas achassem que eu era madura, Josh não sentiria vergonha de mim.

Becky parou de falar e encarou o nada.

— Tudo bem Becky, você não precisa terminar – eu murmurei. Era claro o quanto aquilo estava fazendo mal a ela.

— Preciso, preciso sim. Enfim, eu achei que a única forma de provar que era madura seria fazendo com que as pessoas me vissem com um cara mais velho. Como Josh se recusava, recorri aos amigos dele do time. Shane era o nome dele. Eu expliquei a situação e pedi à ele que saísse comigo e deixasse as pessoas nos verem juntos. Ele concordou. Mas quando saímos, eu fui mais tola do que nunca. Shane me convenceu de que seria mais convincente se as pessoas nos vissem aos beijos. Eu concordei depois de fazê-lo jurar que Josh não saberia daquilo. Só depois de beijar Shane e deixar que ele passeasse com as mãos por todo meu corpo foi que eu fiquei sabendo que o resto do time estava no mesmo lugar que nós, fazendo vídeos e tirando fotos. Eu até tentei me explicar para o Josh, mas então todos começaram a debochar de mim, dizendo que eu era a bola do time. Passaria de mão em mão.

— Oh, Becky, eu sinto tanto... Nunca imaginei! – exclamei, apertando sua mão com força. Levantei-me do banco e o contornei, sentando ao lado dela e a abraçando.

— Desculpe interromper o momento, mas, só temos mais três minutos de intervalo e eu também quero me livrar da culpa – Travis murmurou, nos obrigando a rir.

— Pois bem, conte-nos seu lado da história. O júri está disposto a ouvi-lo – brinquei.

— Certo. Como você bem sabe, eu realmente achei que você havia ido a festa comigo simplesmente para causar ciúmes em Josh e Louis. Ponto. Eu sentia que você estava lá comigo mas não estava lá pra mim. Momentos depois que sai de perto de você, percebi o quão egoísta eu havia sido. Você tinha acabado de terminar com meu irmão e eu estava te pressionando, querendo que sentisse algo por mim sendo que isso nem era de seu conhecimento. Me arrependi e fui te procurar. Acabei encontrando Mark, que estava atrás de Louis. Ele me contou que Louis e Amber haviam sumido há muito tempo, e eu percebi que quando te culpei por estar de olho em Louis, você não estava, porque... Bem, ele não estava lá. Então Mark me perguntou de você e eu contei o que havia acontecido, então... Vocês querem mesmo saber o que aconteceu?

— Sim! – eu e Rebecca exclamamos ao mesmo tempo, curiosas. Travis parecia desconfortável.

— Mark puxou meu cabelo – ele respondeu, corando. Eu gargalhei, sem me conter. – Uma bicha puxou meu cabelo enquanto eu era anunciado como rei do baile, vocês sabem o que é isso?

Eu não conseguia parar de rir e percebi que Travis estava ficando emburrado, por isso resolvi me conter.

— Posso continuar? – ele resmungou e nós duas assentimos. – Então ele me contou que Miles havia te contado sobre Rebecca e Josh e que você havia ido lá para tirar satisfações com ela e sobre ela. Me senti um idiota, e não soube mais como agir. Te procurei por todo canto, e descobri que você havia ido embora com Miles e Mark.

Eu o encarei, sem saber o que falar. Sua mão repousava sob a mesa e eu estava prestes a estender a minha e tocá-la, mas então, um pensamento me ocorreu.

— Espere... Isso tudo aconteceu ainda no baile – murmurei, o encarando, e ele desviou o olhar, já percebendo onde eu queria chegar. – Isso significa que ontem quando Rebecca tentou resolver a situação, você já sabia de tudo e mesmo assim deu aquele ataque ridículo?

— Culpado – ele respondeu, levantando as mãos. – Eu estava bravo com tudo e todos, porque o baile não saíra exatamente da forma que eu havia planejado. E eu estava te culpando por isso. Só hoje de manhã foi que eu percebi que a culpa era totalmente minha, e então pedi para essa baixinha aí armar para que eu pudesse falar com você.

— Desde quando você trabalha como cupido, Becky? – brinquei, sorrindo.

Eu me sentia mais leve. Era bom resolver a situação com meus amigos. As coisas poderiam dar certo, afinal. Com esse pensamento, apertei ainda mais a mão de Rebecca e me levantei um pouco do banco, esticando o pescoço para tocar de leve os lábios de Travis.

Ele sorriu, parecendo tão feliz quanto eu e estava prestes a dizer algo quando eu olhei para o lado, na direção das escadas.

— Meu Deus, isso nunca vai acabar? – questionei em voz baixa.

Miles descia as escadas, rindo. E Claire estava ao seu lado. Miles e Claire estavam juntos, conversando e rindo alegremente.


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Notas finais do capítulo

Às vezes eu acho que a Aurora vai acordar e Claire vai estar deitada na cama ao lado dela... O que vocês acham? Hahahaha beijos :*