Três. escrita por jubssanz


Capítulo 37
36. Recomeço.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Queria dizer apenas que: VOLTEI! superei meus problemas, por exemplo: ZAYN MALIK. E adiantei super o que precisava fazer pro aniversário da minha sis, por isso, estou aquiiiii hahaha
Bom, achei que já estava na hora das coisas começarem a dar certo para nossa Bela Adormecida, por isso... espero que gostem. Beijokas



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— Bom dia, flor do dia! – Rebecca gritou, abrindo as cortinas do quarto.

— O que você está fazendo? – questionei, emburrada, coçando os olhos.

— Obrigando você a sair desse casulo que chama de cama – ela respondeu, dando de ombros.

— Casulo? Você está passando tempo demais com Mark.

— Trate de levantar ou vamos nos atrasar para a escola. Travis e Miles estão nos esperando para o café. – me incomodou a forma como ela agia naturalmente, fingindo que nada havia acontecido.

— Rebecca. – eu disse, a encarando. Ela entendeu meu olhar de repreensão e corou. – Você sabe que ainda me deve algumas explicações e, sinceramente, não quero tomar café com Miles. Muito menos com Travis.

— Eu sei. E é por isso que nós precisamos conversar – Travis disse, também entrando no quarto.

— Eu acho que não tenho nada para conversar com você – respondi, seca, desviando o olhar. Sem querer, cruzei os braços e encarei um ponto qualquer acima do ombro esquerdo de Travis.

— Faça-me o favor, Aurora! – ele exclamou, dando uma risadinha. – Acho que nenhum de nós tem cinco anos.

— Do que você está falando? – questionei.

— Dessa sua atitude. Acho que devemos encarar isso de uma forma mais adulta. Você está agindo da forma que eu agia quando roubava algum brinquedo dos meus irmãos.

Eu ri, sem me conter, no instante em que Rebecca saía do quarto. Decidi baixar a guarda, afinal, alguma hora eu precisaria resolver aquele bolo. Eu morava numa casa com seis pessoas e só estava me relacionando bem com duas. Que eram os adultos. E mal paravam em casa. Será que eu era a errada, afinal?

— Pois bem – murmurei, levantando as mãos em sinal de rendição. – Vamos conversar.

— Por onde devemos começar? – Travis questionou, sentando-se na cama.

— Eu não sei – respondi.

— Como foi que nós chegamos a esse ponto, Rora?

— Que ponto?

— Ao ponto de trocar indiretas na mesa do jantar. Ao ponto de estragar uma noite que deveria ser divertida por mera bobagem. Ao ponto estarmos sentados em uma cama, um de costas para o outro, debatendo o que realmente aconteceu conosco.

— Eu acho que esse é o ponto. Saber o que aconteceu.

— E o que você acha que aconteceu? – ele questionou. Eu apenas dei de ombros, em silêncio. – Eu acho que sei o que aconteceu. Acho que apressei demais meus sentimentos e, mesmo involuntariamente, queria que você fizesse o mesmo e me correspondesse.

Certo. Levei alguns segundos para digerir a informação. Repassei aquela frase em minha mente várias vezes. Eu havia interpretado mal, não havia? Então porque meu coração estava acelerado? Porque eu sentia minha boca seca? Virei-me lentamente na cama, sentando de frente para ele e finalmente o encarei.

— Certo. Você pode repetir o que disse, por favor? – questionei, timidamente, e Travis gargalhou.

— Certo. – ele me imitou. – Você quer que eu repita o que disse ou quer que eu apenas diga de uma forma mais clara para que você não precise se perguntar coisas do tipo “oh, meu Deus, ele realmente gosta de mim?” – ele questionou, fazendo aspas com as mãos e afinando a voz. Parecia chateado. E eu simplesmente não sabia o que dizer.

— Porque? – questionei. Porra, Aurora! Já sabemos quem vai ganhar o Troféu Insensibilidade desse ano.

— E eu sei? E quem sabe? Talvez seja porque tudo em você me encanta. O seu sorriso, sua voz, seu perfume, seu jeito de andar, até mesmo de falar. A forma como você contorna a mesa do café todos os dias de manhã para dar um beijo em cada um de nós. A forma como você perdoou cada mancada do Louis por sempre querer dar uma segunda chance as pessoas. A forma como você desculpou Miles pelo que ele fez com você. Da mesma forma que eu sei que você vai desculpar Rebecca por ter te escondido o que escondeu. E enfim, da mesma forma que você está aqui falando comigo mesmo depois do que eu fiz.

Eu tentei falar, mas Travis apenas esticou o dedo e tocou meus lábios, pedindo silêncio.

— Porque isso é você, Aurora. Você é bondade e ingenuidade. Você sempre vê o melhor lado das pessoas, mesmo que elas tentem apenas te mostrar o que têm de ruim. Porque você quase abriu mão do que mais queria, que era voltar pra cá, simplesmente por amor à sua mãe e irmã. E como se não bastasse toda essa beleza interior, olhe só para você! Cada movimento seu me encanta. Você não percebe, mas eu passo todas as manhãs te observando. Quando você coça a cabeça, pensativa ou morde o lábio quando não consegue resolver algum exercício. A forma como você revira os olhos quando alguém faz palhaçada durante e a aula e a forma como você está sempre disposta a ajudar alguém com dificuldades e cora quando os professores te elogiam. Você pode ser meio birrenta, não vou negar, mas isso não é o suficiente para anular sequer uma de suas qualidades. Você é demais, Aurora, você é completamente altruísta e isso me encanta. Eu soube que você era diferente desde o primeiro momento em que a vi, entrando distraída naquele supermercado, e, desde então, tenho estado cada dia mais apaixonado por você.

Abri a boca novamente para tentar falar e, senti um gosto salgado em meus lábios. Só então percebi a lágrima solitária que escapara.

— Eu não sei o que te dizer, sinceramente – murmurei, num fio de voz.

— Eu não quero que me diga nada. Eu apenas precisava te dizer tudo isso. Eu simplesmente não conseguia mais te encarar todos os dias e guardar isso para mim.

— Mas eu não posso simplesmente ouvir tudo isso e ficar quieta – protestei.

— É claro que pode. Só o fato de você ter escutado já vale muito para mim.

Suspirei, sentindo meu coração se aquecer. Encarei Travis e seus olhos eram os mais bondosos que eu já havia visto. E eram encantadores demais. Superavam qualquer outro. Seus olhos apenas não eram mais intensos do que suas palavras. Ninguém nunca havia dito coisas tão bonitas para mim e, mesmo que eu não me enxergasse daquela forma, era simplesmente apaixonante entrar um pouco no mundo de Travis e saber como ele me via. Aquilo parecia tão sincero, tão natural, como se devesse ser sempre daquela forma. E ali, sentada em minha cama, e encarando aquele garoto tão maravilhoso e imprevisível, afogada naquele misto de sentimentos, eu percebi o quão fácil seria corresponder aos sentimentos de Travis. E era o que ele queria de mim, não era?

Eu não sabia por quanto havia ficado em silêncio o encarando, mas sabia que alguns minutos haviam se passado. E sabia também que ainda não era tarde demais para o que eu queria fazer.

— Pois bem. Eu pensei – murmurei, timidamente. – E preciso fazer alguma coisa.

Antes que Travis dissesse algo, impulsionei meu corpo para frente, chegando mais perto dele. Pude perceber que Travis prendera a respiração. Eu estiquei minha mão, apoiando-a em seu rosto. Ele fechou os olhos ao sentir meu toque e eu não pude deixar de sorrir. Ali, observando-o sorrir, de olhos fechados e um sorriso imenso, apreciando um simples carinho meu, eu soube que Travis era a coisa mais linda que eu já havia visto. E ele havia me pegado de surpresa e eu sabia que ele merecia o mesmo. Por isso, fechei também os meus olhos e acabei com a distância entre nós, roçando meus lábios nos dele.

Eu sabia que faziam pelo menos uns quinze minutos em que estávamos deitados ali, lado a lado, encarando um ao outro, e, sinceramente, era quase como se nos beijássemos com o olhar.

Como tudo que é bom dura pouco, alguém bateu a porta.

— Ei, vamos nos atrasar para a aula – a voz de Miles soou vinda do corredor.

Encarei Travis que fechou os olhos e fez uma leve careta, como se tivesse sido puxado de volta para a realidade.

— Acho que vamos perder a primeira aula, Miles – respondi, rindo.

— ALELUIA! – um coro de vozes apareceu do outro lado da porta e eu tive que segurar uma gargalhada. Não aguentei e pulei rapidamente da cama, correndo até a porta.

— NÃO ACREDITO! – berrei, rindo, ao abrir a porta e dar de cara com Rebecca, Miles e Mark sorridentes. – Sumam daqui agora! – ralhei, gargalhando.

— Se for para o bem dos dois... Adeus! – Rebecca gritou, puxando os dois escada a baixo. Eu ri, fechando a porta e me virei para encarar Travis novamente. Para minha surpresa, ele não sorria.

— Desculpe – ele murmurou.

— Por...?

— Te colocar nessa situação. – ele respondeu, dando de ombros. – Como vai ser agora?

— Travis, eu...

—Aurora, pense bem. – ele me interrompeu. – Louis mora aqui. Isso vai ser estranho. Vai ser estranho no colégio, vai ser estranho aqui em casa, vai ser estranho até mesmo para sua mãe. Imagine a cara de Lucy!

— Ei, Travis, relaxe! Nós dois não assinamos nenhum contrato de casamento.

— Desculpe – ele finalmente sorriu e eu senti meu corpo relaxar. – Posso ser sincero? – assenti. – O que está me incomodando de verdade, é o fato de que talvez você nunca venha a gostar de mim da mesma forma que gosto de você.

— Só há uma maneira de descobrir – murmurei, caminhando até a cama.

— Que é?

— Pense no quão interessante seria se a cada dia você gastasse cinco minutos tentando me conquistar? Eu adoraria ser conquistada por você – eu ri, parando em sua frente. Ele estendeu suas mãos e as apoiou em minha cintura.

— Eu adoraria conquistar você todos os dias, mas... – o encarei, arqueando a sobrancelha. – Você acha que isso dará certo?

— Sinceramente? Eu não sei. Eu não sei nem mesmo o que aconteceu comigo hoje, sabe? Sinto como se houvesse tido um choque de realidade enquanto dormia, porque acordei vendo o mundo de uma forma totalmente diferente hoje. Acho que não quero mais me prender no que passou, e acho também que estou disposta a tentar coisas novas. Um recomeço de algo que começou antes mesmo que eu soubesse. Por isso, não sei se isso vai dar certo. Mas eu gostaria muito de tentar.


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