Três. escrita por jubssanz


Capítulo 32
32. Azul.


Notas iniciais do capítulo

Bom, depois de tantos "odeio o Louis!!!!", "amo o Travis!!!!", "faz ela ficar com o Travis" e "por favor não deixa ela ser uma idiota", cá estamos nós. hahahaha obrigada pelos reviews, vocês são demais!
Espero que gostem e não me matem... Boa leitura, beijinhos



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— Acabou. – eu disse, sem pestanejar.

— O que? – Louis, Travis e Becky questionaram, me encarando. Confesso que senti vontade de chutar a cara de meus amigos por estarem dificultando meu trabalho.

— Eu disse que acabou. Tenho aguentado isso quieta por gostar tanto de você, Louis, mas agora já chega. Você não vai mais me fazer de idiota. – as palavras praticamente pularam de minha boca. Eu estava de saco cheio. Podia parecer exagero, mas, decididamente, não era. Louis havia sido um idiota desde que voltáramos de Salem. Ora, se fosse para agir dessa forma, que tivesse me deixado lá mesmo.

— Tudo bem, você é quem sabe – ele murmurou, dando de ombros e se levantando. Falou alguma coisa para a professora e saiu da sala. Ótimo. E eu fiquei lá com cara de idiota. Não era aquilo que eu queria. Ingenuamente, achei que ele fosse protestar e dizer que estava disposto a mudar e lutar pelo meu amor, então eu me derreteria a seus pés e Rebecca bateria palminhas enquanto Travis nos parabenizava. Mas... Não foi bem o que aconteceu, e o que está feito... Está feito.

— Prometo que saindo daqui, vamos tomar bastante sorvete – Becky murmurou, tocando minha mão. Eu ri.

— Não será necessário, eu estou bem – respondi, sorrindo de forma agradecida.

— Veja bem, Aurora, sei que este talvez não seja o melhor momento para dizer isso, mas, saiba que você fez a coisa certa – Travis comentou.

— Eu sei, talvez seja por isso que estou me sentindo tão bem – respondi, feliz, porém assustada. Como eu havia me tornado fria.

Louis não apareceu pelo resto da aula, não apareceu no intervalo e sequer apareceu na saída. Tampouco estava em casa quando chegamos.

— Onde está o Louis? – questionei a Marise que estava sentada no sofá da sala.

— Ele saiu. Chegou mais cedo, tomou banho e pegou uma maçã. Disse que tinha que encontrar uma tal de Alicia. – ela explicou.

­ — Ah. Entendi. – murmurei.

— Escute, Aurora... Não quero que pense que estou me metendo em sua vida, mas, eu prometi à sua mãe que cuidaria de você, então... Você e Louis estão com algum problema? Quando perguntei a ele o que você achava de toda essa coisa de modelo, ele disse que você não tinha o direito de opinar em nada.

— Na verdade, tia... Eu terminei com ele. – respondi, sentando-me no sofá. – Eu realmente gosto dele, mas Louis não está sendo muito legal comigo. Sei que não temos um compromisso oficial nem nada, mas acho que ele me deve o mínimo de respeito, e isso não estava acontecendo. Além do mais, ele me traiu e ainda convidou essa garota para o baile.

— Entendo... Aurora, não sou sua mãe, mas gosto muito da sua e de você também, por isso quero o seu melhor. Eu notei e até Ferdinand vem notado que Louis está um tanto quanto diferente. Se ele mudou com você e está te tratando mal, você fez certo em pular fora, querida. Não podemos confiar em uma pessoa que tem personalidades distintas.

— Eu sei, tia, acho que essa foi minha maior motivação. Detesto que as pessoas mudem comigo ou tentem me fazer de boba, e era exatamente o que estava acontecendo. Só não sei como vai ser a partir de agora, sabe, como eu disse, eu gosto dele, e vai ser bem estranho morar na mesma casa que ele.

— Não aja com indiferença ou ele pode achar que você está arrependida. Trate-o de igual para igual. Dê bom dia, boa tarde e boa noite, afinal, você é educada, acima de qualquer coisa. Finja que nada aconteceu, ele é apenas mais um morador da casa.

— Farei isso – respondi, assentindo, e Marise me dei um beijo na testa.

— Ei, Aurora, já estou saindo – Ferdinand avisou, descendo as escadas. – Quer uma carona para o emprego novo?

— Quero, claro, obrigada! – respondi e pulei do sofá, pegando minha bolsa. Atirei um beijo para Marise e virei às costas, mas, no mesmo instante, ela me chamou. - Sim? – questionei, encarando-a.

— Não se desespere. Louis mostrou que não te merece, mas às vezes, a pessoa certa para nós está mais perto do que imaginamos.

— Bem vinda, Aurora! – Eliza, minha nova chefe, exclamou assim que eu entrei no prédio.

— Muito obrigada, Sra. Lowe – respondi, sorrindo.

— Oh, por favor, me chame de Eliza, querida! – ela pediu e eu assenti. – Venha, vou lhe explicar tudo!

Eliza me mostrou tudo que deveria ser feito. Mostrou-me onde guardar minha bolsa, me mostrou onde ficavam as fichas dos pacientes, separadas por adultos, crianças e planos de saúde, me mostrou como fazer uma nova ficha e me ensinou a consultar a agenda eletrônica para marcar novos horários. Disse-me também que, embora achasse minha roupa muito bonita, a norma era usar um uniforme. Dirigi-me ao banheiro muito a contragosto para vestir aquele jaleco horrível e ri ao ver meu reflexo no espelho. Aquele emprego não poderia ter aparecido em melhor hora. Eu precisava mesmo ver pessoas diferentes e me distrair, só assim não pensaria em Louis.

Mas havia uma coisa que estava me deixando chocada, e eu não queria admitir aquilo para ninguém – nem para mim mesma. Eu gostava de Louis e não podia negar, mas, eu sentia como se tivesse tirado um peso das costas, e não como se tivesse terminado um ‘namoro’. Cheguei a pensar que eu não estava apaixonada coisa nenhum, estava apenas encantada demais para cair na real. Então, me lembrei de como eu fiquei em Salem, quando estava longe dele, e me senti confusa? Eu estava ou não, apaixonada por Louis Adams? Eu gostava da pessoa ou do que a pessoa representava para mim? Gostava de Louis ou da sensação de saber que um garoto muito bonito, fofo e apaixonante estava interessado em mim? Eu não iria negar que gostava dele, mas, acho que nós dois havíamos nos apressado demais. Se Louis realmente estivesse apaixonado por mim, não teria feito o que fez. E se eu realmente estivesse apaixonada por ele, não estaria me sentindo tão indiferente. Eu só tinha certeza de uma coisa: aquilo tudo era muito complicado, e eu não me permitiria me envolver com mais ninguém. Pelo menos por um bom tempo.

Dei mais uma ajeitada no jaleco e resolvi sair dali antes que levasse uma bronca no meu primeiro dia.

Assim que me sentei em minha cadeira de recepcionista, a campainha da porta tocou e alguém entrou no consultório. Senti minhas mãos tremerem no mesmo instante.

— Bom tarde, querida – uma mulher alta e morena, aparentando uns quarenta anos disse ao se encostar no balcão.

— Boa tarde! – exclamei, olhando na agenda e conferindo o horário. – Você deve ser a senhora Courtney, certo? – ela assentiu. – Pois bem, a doutora Eliza está te esperando.

Assim que Courtney saiu da sala, tive que me segurar para não subir em cima da mesa e dançar. Minha primeira paciente e eu não havia feito fiasco! Não havia trocado nomes nem confundido horários, ela nem havia saído correndo por minha causa. Não tive muito tempo para rir, pois logo outra paciente chegou, que dessa vez era da doutora Carmen, que trabalhava em parceria com Eliza. E assim minha tarde se passou, o nervosismo dando lugar à tranquilidade. E ao tédio.

Terça-feira.

Ele não apareceu no colégio. Eu sabia que ele estava em casa, mas não sabia o que tinha. Na volta para casa, eu estava irritada. Travis, Rebecca e Miles trocavam olhares presunçosos a cada segundo, e eu sabia que estavam me escondendo alguma coisa, mas não perguntei, pois sabia que seria e vão.

Quando estávamos a duas quadras de casa, o Volvo de Mark cruzou por nós e estacionou na esquina.

— Ah, eu tinha até esquecido! – Miles exclamou, dando um tapinha em sua testa.

— O que? – questionei.

— Mark nos convidou para almoçar. – Becky respondeu.

— Ninguém me falou nada. – reclamei.

— Sim... Na verdade, somos só nós três – Travis respondeu, apontando para si, Rebecca e Miles.

— Oh, certo. – respondi, incrédula. – Está bem. Bom almoço para vocês – disse forçando um sorriso e dei as costas.

Ora, idiotas! Será que aquele viado do Mark esquecera que ele era meu amigo antes de qualquer um deles? Que diabos estavam fazendo? Como achavam que podiam fazer um programa sem mim? Certo. Eu estava abandonada, esquecida, e ninguém mais me amava. Eu também não queria ir para casa, pois teria que encarar Louis sozinha. Liguei para Marise, bufando de raiva, e disse que almoçaria na rua mesmo e iria direto para o consultório. Almocei em um restaurante qualquer na esquina do consultório, e quando dei por mim, estava sentada observando um casal de namorados que estava sentado em um banco da praça. Eu havia rasgado em mil pedacinhos um folheto qualquer que tinha em minhas mãos. Assustada comigo mesma e com medo de virar uma velha solteirona e louca, levantei rapidamente dali e corri para o trabalho, rindo de mim mesma. Loucura pega, gente.

O consultório teve muito movimento pela tarde, e, como já estava irritada antes, eu me estressava a cada sorrisinho bondoso que me lançavam e tinha vontade de mandar todos os pacientes para o inferno.

No meio da tarde, a situação piorou.

— Aurora, querida, eu e Carmen vamos tomar um cafezinho e já voltamos – Eliza disse, aparecendo na recepção.

— O que? – questionei. – Mas vocês têm pacientes agora! O que eu digo se eles aparecerem?

—Diga que estamos com outros pacientes e peça para aguardarem, ora. Eles vão entender! Tchauzinho!

E assim aquelas duas vacas saíram, me deixando sozinha ali. Eu estava desesperada e não sabia o que fazer. Já imagina que o consultório iria encher de pacientes, que a fila passaria da porta e dobraria a esquina, que eles começariam a me culpar pela demora e jogariam coisas em mim. Por esse motivo, eu dei um pulo da cadeira quando ouvi a sineta da porta. Forcei-me a dar meu melhor sorriso e esperei o bendito paciente.

Quando ele entrou em meu campo de visão, quase caí para trás. Era Travis. De terno. E gravata. Com seus olhos deliciosamente lindos. Senti um arrepio percorrer meu corpo inteiro e com horror, percebi que, aquilo que eu havia visto em outro par de olhos azuis há um bom tempo, se encontrava bem ali a minha frente. O mesmo carinho, a mesma admiração, o mesmo encanto... A diferença era que em Travis tudo aquilo parecia ser mais intenso. Ele então tirou as mãos de trás do corpo, fazendo aparecer um buquê. De orquídeas. Azuis. O mesmo azul de seus olhos.

— Mas que diabos... ? – questionei, me levantando e me assustei ao perceber o quão rouca estava minha voz.

— Aurora, você gostaria de ir ao baile comigo?


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