Três. escrita por jubssanz


Capítulo 28
28. Caindo.


Notas iniciais do capítulo

Perdoem se ficou muito dramático ou exagerado, mas era essa mesma a intenção. Haha e desculpem também por ter feito 3 capítulos sobre o mesmo dia, foi necessário. Caso alguém não entenda (vá que, né) esse capítulo começa ainda no escritório da Alicia.
(Tô amando saber as opiniões de vocês sobre o Travis e o Louis, então por favor, continuem! hahaha)
Espero que gostem! Boa leitura, beijos!



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Miles.

Eu prendi a respiração e observei aquela bendita cena em silêncio, sem saber bem como agir. Não sabia se pulava no pescoço da vaca ruiva ou consolava Aurora. Optei por acalmar Becky enquanto Travis fazia o mesmo com Aurora, já que elas mesmas pareciam dispostas a atacar Claire.

— Que bom que vocês vieram! – Claire exclamou com sua voz esganiçada e Mark fechou a cara. Louis sorria abobalhado, olhando de Claire para Alicia e eu só conseguia me perguntar como tinha tido coragem de me envolver com aquela víbora ruiva para prejudicar Aurora.

— Louis, o que ela está fazendo aqui? – Mark questionou, claramente incomodado.

— Você não ouviu, Mark? Ela é assistente de Alicia – meu irmão respondeu.

— Você sabia disso? – Aurora indagou e sua voz não passava de um sussurro. Eu sabia que ela estava chateada e se controlando para não fazer “cena”.

— É claro que não. – Louis murmurou, encarando o chão. Certo. Eu o conhecia bem, muito bem. É óbvio que Louis sabia. Travis me encarou e eu soube que ele também havia percebido. Por sorte, ele concordou comigo – mesmo sem saber que eu já havia pensado nisso, sim, coisas de trigêmeos – que era melhor esperar até estarmos em casa para dar a notícia a Aurora.

— Que diabos está acontecendo aqui? – Alicia questionou, parecendo irritada. Eu havia até me esquecido da presença dela ali. Mas ela, pelo menos, parecia não saber de nada.

— Senhora Becker, a senhora realmente achou de forma aleatória irmãos gêmeos em uma lanchonete? – Travis questionou e eu vi Alicia prender a respiração. Levei um tempo para entender, e quando caiu à ficha, eu senti minha bicha interior se revelar. Queria pular no pescoço da vagabunda e arrancar fio por fio daquela cabeça ruiva e fedida.

— Sinceramente? Não – Alicia respondeu, dando de ombros. – Eu os encontrei por acaso na lanchonete, sim, mas já sabia quem eram vocês. Minha assistente me falou sobre vocês e me disse onde encontra-los. Eu planejava ir até sua casa amanhã pela manhã, mas, quando os vi na lanchonete, tive certeza de que eram os mesmos.

— Ótimo. – murmurei, incrédulo.

— Não estou acreditando – Travis também murmurou.

— Qual é o problema, garotos? – Alicia questionou, nos olhando aparentemente sem entender nada.

— Houve um engano aqui, Alicia. – Travis respondeu, firme. – Eu tô fora.

— Eu também. – completei, puxando Becky pela mão.

— Caras, vocês não vão fazer isso comigo! – Louis suplicou. Senti pena, afinal, eu sabia que aquele era o sonho dele, mas aqui já passava dos limites. Só um tolo acreditaria que Louis não sabia de nada daquilo. Ele havia apenas nos usado. Apenas balancei a cabeça e dei as costas, sabendo que não conseguiria dizer nada.

— Você também perde, cara – Travis finalizou, puxando Aurora e Mark pela mão.

Aurora.

Ninguém disse nada até chegarmos a casa, embora eu tivesse tentado e muito qualquer tipo de diálogo. Eles me deviam uma explicação, oras! Porque haviam feito aquilo com Louis?

Assim que chegamos, Becky foi para a piscina, Mark foi embora e Miles disse que precisava dormir. Certo. Travis se enfiou em qualquer lugar e eu senti que estava sendo levemente ignorada. Odiei aquilo, afinal, era o que eu fazia quando Lucy me incomodava querendo saber de alguma coisa. Foi aí que me caiu a ficha. O que eu não podia saber? Corri em direção à escada, tentando decidir qual deles eu colocaria na parede primeiro. Quando estava no meio da escada, porém, Travis me chamou, e eu virei a cabeça para atendê-lo. Só sei dizer que não consegui alcançar o corrimão. Não sei explicar o desespero que senti ao perceber meu pé resvalar no degrau. Foi tudo ao mesmo tempo, tudo muito rápido. Meus olhos se fechando, o barulho de meu corpo batendo contra o piso de madeira, a dor lancinante em minha cabeça, o grito de Travis e o gosto de sangue em minha boca. Travis já estava perto de mim e eu mal conseguia manter os olhos abertos. Queria dizer a ele que parasse de tentar me pegar, pois estava apenas me machucando mais, mas, eu não consegui. Eu apenas... Dormi?

— Acelera essa porra, Mark! Mas que merda! – ouvi a voz de Travis pedir. Ou ordenar.

Tentei abrir os olhos, mas estava acomodada demais.

— Vocês querem que eu mate todos nós? Não vou acelerar! – Mark respondeu, bravo. Porque ele estava bravo? Nunca havia visto – ou ouvido – Mark daquela forma.

— Não, não queremos que ninguém morra, e é por isso que você tem que acelerar essa merda! – Rebecca também gritou. O que estava acontecendo?

— Ele não pode acelerar mais que isso! Já estamos em excesso de velocidade, se ele acelerar mais seremos perseguidos pela polícia – Miles murmurou. Ele era o único que não estava bravo, porém, sua voz parecia fria. Eu queria muito abrir os olhos e fazia o máximo esforço para isso, mas era em vão. Eu sentia que estava sumindo.

— Só ande logo, por favor, Mark – ouvi aquela voz. Aquela, capaz de me despertar. E no instante em que ouvi Louis praticamente implorando para Mark andar logo, senti um aperto confortante em minha mão. Só podia ser Louis. Abri os olhos, esperando encarar meus adorados olhos azuis e... Dei de cara com Travis.

— O que está acontecendo? – questionei, fazendo com que Mark se assustasse e freasse o carro.

— ELA ACORDOU! – Miles berrou, fazendo-me rir.

— Como você está, Aurora? – Rebecca perguntou, tocando meu rosto. – Como se sente?

— Eu... Eu estou bem. – não entendia o que estava acontecendo, mas estava bem. – Onde está Louis?

— Ah, Senhor, dai-me paciência. – Miles resmungou. – Aurora, você cai da escada, desmaia, seu nariz sangra, você acorda em um carro e sua primeira pergunta é essa?

— Desculpem – pedi, desconfortável. Eu realmente me lembrava de ter escorregado na escada, mas não sabia como havia ido parar no carro nem sabia para onde estava indo. Mas isso não interessava no momento. – Eu só estou perguntando por que tive certeza de ter ouvido a voz dele e ele estava segurando minha mão, e agora... Ele não está aqui – ri, nervosa. Louis não estava no carro. Eu era uma ridícula tão apaixonada que estava tendo alucinações ou a queda havia me feito bater a cabeça?

Todos permaneceram em silêncio e eu não tive coragem de perguntar o que eu havia perdido. Olhei para Travis, procurando entender a situação, e ele virou o rosto, evitando meu olhar. Mas naquela fração de segundos, pude perceber que seus olhos estavam tristes. Eu sentia como se tivesse dormido por dias, sentia-me tonta, lerda... Talvez por isso eu não tenha percebido. Só percebi quando senti alguém apertar minha mão. Olhei em direção a mesma e... Os dedos de Travis estavam entrelaçados nos meus. É claro. Era óbvio. Louis não estava ali. Louis estava tirando fotos com Claire. Quem estava ali, quem havia se desesperado por minha causa, quem havia me confortado apenas com um toque de forma que nem minha mãe conseguia fazer, era Travis. Fiz um carinho em sua mão com o polegar, e, a reação dele não poderia ter me deixado mais surpresa.

Travis virou-se para mim novamente, olhou-me de uma forma tão intensa que eu senti minhas pernas bambearem e... Soltou minha mão. Então, sem dizer uma única palavra, ele afastou-se de mim o máximo que o espaço do carro permitia e encostou a cabeça no vidro. Tive certeza de que ele estava cogitando a hipótese de descer do carro. E eu não sabia por quê.

— Eu já disse que estou bem – protestei ao descer do carro.

— Não interessa. Você vai e ponto final. – Mark decretou.

— Becky, por favor! Estou bem, não preciso ir ao médico! – pedi socorro à minha amiga e ela apenas deu de ombros, sorrindo, como se dissesse que não podia fazer nada a respeito. Exatamente da forma que minha mãe agia quando meu pai decretava alguma coisa absurda. Meu pai. O que será que meu pai estaria fazendo? Eu detestava admitir e por isso evitava pensar nele, mas, eu estava morrendo de saudades. Não da família, porque eu havia enfim percebido que não éramos em nada uma família, mas estava com saudade sim da pessoa que ele representava para mim. Eu amava minha mãe incondicionalmente, mas de forma nenhuma poderia deixar a relação entre ela e meu pai afetar minha reação com ele. Ele sempre fora meu herói, e continuaria sendo. Heróis também erram, não é mesmo?

Decidi “obedecer” e entrar de uma vez no hospital, determinada a sair logo dali e revirar aquela cidade atrás de meu pai. Eu já sabia que ele estava morando em um apartamento no condomínio Canby Vill, e isso era o suficiente.

Distraída, dei a mão a Mark que ia à frente, tomando para si a pose de pai. Rebecca vinha logo atrás, em silêncio e sorridente, exatamente como minha mãe. Eu estava começando a achar que ela e dona Sophie haviam passado tempo demais juntas. Miles vinha logo ao lado de Becky e parecia entediado. Eu não sabia se ele representava Lucy ou o próprio Miles. Travis havia ficado no carro, logo, não fazia parte da brincadeira da família. Família. Exato. Era aquilo. Nós éramos uma família. Perguntei-me se alguém que estava ali nos veria daquela forma, e gargalhei sozinha, no instante em que entravámos no saguão frio do hospital. Fomos direto para a recepção e Mark tomou à frente, explicando a situação e entregando à recepcionista minha identidade e carteirinha do plano médico. Onde diabos ele havia conseguido aquilo? Pela minha visão periférica, pude perceber que a porta lateral do saguão se abrira e algumas pessoas entraram, mas não me dei ao trabalho de conferir mais detalhes.

Ainda hoje, - até hoje, me pego pensando em vários “se’s”.

Se eu estivesse um pouquinho mais distraída, brincando de montar família com meus amigos, talvez eu não tivesse visto.

Se Rebecca tivesse contido aquele suspiro, não chamando minha atenção para a cena, talvez eu não tivesse visto.

Se Mark não tivesse se virado no mesmo instante, olhado algo por sob meu ombro e ficado branco, talvez eu não tivesse visto.

Se Miles não tivesse enrijecido e de repente colocado às mãos sob meus ombros, talvez eu não tivesse visto.

E finalmente, se eu não tivesse pensando em meu pai minutos antes, talvez eu não o tivesse visto. Senti que o chão do saguão estava se rachando e estávamos todos caindo. O mundo havia acabado, não havia? Tinha chegado o fim, não tinha? Então porque meu pai ainda sorria? Olhei para Rebecca, implorando silenciosamente para que ela me dissesse alguma coisa, mas ela nada disse. Quando senti uma única lágrima rolar por meu rosto, eu entendi. O meu mundo estava acabando, mas o de meu pai estava apenas começando. O dele e o da moça que ele abraçava. Uma moça não muito mais velha que eu, que, aliás, poderia ser minha irmã, uma moça grávida. Eu não era tão inocente. A forma como meu pai repousava suas mãos por cima da barriga da moça... Como se fosse o pai da criança. E talvez fosse por isso que meus amigos haviam ficado tão assustados. Eles sabiam, assim como eu, que aquela criança era de meu pai. E estavam vendo, assim como eu, que aquela barriga era de, pelo menos, uns seis meses. Nenhum de nós precisou usar os dedos e fazer as contas para saber que meu pai havia saído de casa há pouco mais de dois meses.

Eu não me importei com o que aquilo pareceria, não me importei se Mark já havia marcado a consulta, não quis saber se George – sim, George, não mais “meu pai” me veria. Eu só queria sair dali. Por isso corri. Corri, por todo o saguão. Eu sabia que estavam me olhando, mas eu não conseguiria ficar ali. Dei graças a todos os deuses quando a porta do saguão se abriu e eu pude me jogar para fora. Minha esperança era cair de cara no chão e ficar por ali mesmo. Eu poderia bater a cabeça e apagar de novo, não me importaria. Mas é claro que não, afinal, com Aurora Westwood, tudo dá errado. E é por esse motivo que havia um par de braços esperando por mim na porta. Ele me segurou com força e eu tentei de toda forma me soltar, mas é óbvio que ele não cedeu. Então, eu cedi. Eu estava triste, cansada, com dor e não conseguia mais segurar as lágrimas, por isso, me aconcheguei no abraço de Travis e chorei.


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Notas finais do capítulo

Se alguém não entender o que aconteceu no escritório, não se assuste, não era pra entender mesmo. Só o Miles e o Travis se ligaram no que aconteceu, e isso ainda não foi "exposto".
Beijinhos e até o próx!



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