Três. escrita por jubssanz


Capítulo 23
23. Half a Heart


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pq no último capítulo esqueci de avisar que era POV Miles :(
Dessa vez, sugiro que acompanhem com a música (https://www.youtube.com/watch?v=RoQjVIBT7g8 - aviso quando for pra colocar)
Eu particularmente adorei esse capítulo, então, espero que vocês gostem, porque me deu trabalho hahaha boa leitura!



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Aurora, sábado.

Abri os olhos e me remexi na cama, sentindo o cheiro de macarrão que subia pela escada. Cocei os olhos, recordando-me que havia chorado até dormir, mas me obriguei a “ignorar” o motivo. Eu nem havia respondido a mensagem. Eu não poderia me deixar abater por causa dele até mesmo no meu aniversário. Sentei-me na cama, decidida a adiar minha guerra interna sobre Louis, afinal, eu teria tempo o suficiente para pensar nele, depois. Dirigi-me até o banheiro, passando pelo relógio e vendo que já passava do meio dia. Minha mãe provavelmente havia mandado todos me deixarem dormir até tarde, por saber que eu... adorava dormir. Sorri, e entrei no chuveiro. Eu estava me obrigando a não pensar em Louis, em Canby ou em qualquer pessoa de lá, e estava obtendo sucesso. Porém a maldita música – que depois de muita procura eu descobri se chamar Half a Heart não saía de minha cabeça. Eu a cantarolava mesmo sem querer e sem perceber.

— Bom dia, vô! – exclamei, entrando na cozinha.

— Bom dia, minha princesinha! Venha cá – vovô chamou, estendendo os braços em minha direção. – Meu Deus, como você está velha! – ele exclamou, me fazendo rir. – Feliz aniversário minha filha, eu te amo muito!

— Obrigava vô, eu também te amo – eu disse, sincera, enterrando a cabeça no peito do meu amadinho.

— Sua mãe e sua avó mandaram-me te pedir desculpas, mas elas tiveram que sair. Acho que por causa do horário da consulta, não quiseram perder a hora. – ele murmurou. – Mas Sophie disse que estará esperando você com uma torta de maçã quando voltar do parque!

— Assim vou querer voltar rápido demais! – brinquei. – Onde está Lucy?

— Está assistindo aquele filme da sereia, para variar. – meu avô riu. – Meu bem, seu velho Leonard vai dar uma caminhada por aí, fique a vontade. O almoço está pronto, em cima do fogão. – ele disse, dando-me um beijo na testa.

— Tudo bem. – murmurei. Porra, era meu aniversário e até mesmo meu avô ia me deixar sozinha? Oras! Que opção me restava a não ser ir aproveitar A Pequena Sereia?

Servi um pouco de macarrão em um prato, peguei um copo de refrigerante e me dirigi até a sala.

— Rora! Feliz aniversário! – Lucy gritou assim que me viu, pulando do sofá e correndo até mim.

— PÁRA, SUA LOUCA! VAI DERRUBAR A COMIDA! – berrei, fazendo Lucy se assustar e parar onde estava, rindo. Ri também, soltando o prato e o copo sob a mesinha de centro e estendendo os braços para minha pequena. Ela pulou em meu colo no mesmo instante.

— Te amo muito, princesa – eu disse.

— Não tanto quanto eu te amo – Lucy me disse e eu senti meu coração se aquecer. Dei um beijo em sua testa e a coloquei no sofá, pegando meu prato e me sentando a seu lado.

­ — Então, o que você quer fazer hoje? – ela me questionou.

Eu ri, virando-me para ela. Desde quando Lucy sabia falar de forma tão adulta assim?

— O que você quiser fazer, meu bem – respondi, sorrindo.

— Não, Rora! Não quero que você seja minha babá. Não quero ser um peso no seu aniversário. Finja que... – Lucy dizia, mas foi interrompida por meu celular.

— Só um minuto – murmurei e ela assentiu. Corri até o aparelho e suspirei ao ler o nome de Theo no visor. Chato.

— Olá! – exclamei forçadamente, fingindo animação, e Lucy riu da minha careta.

— Bom dia linda, feliz aniversário! – ele me disse, com voz de sono.

— Obrigada – respondi simplesmente.

— Escute, por favor, não fique brava, mas não poderei sair hoje.

— Oh, é mesmo? – tive que me segurar para não comemorar. – E por quê?

— Estamos com visitas em casa e vou ter que ajudar minha mãe. Desculpe! Mas mais tarde eu passo aí para te dar um oi!

— Oh, tudo bem, sem problemas! – eu disse, aliviada e desliguei o telefone rapidamente.

— Como você estava dizendo... ? – questionei a Lucy, voltando a me sentar no sofá.

— Finja que sou sua amiga e vou te levar para passear! – ela exclamou, sorrindo inocentemente. Eu ri com gosto. Doce criança.

— Ótimo, amiga, então eu quero ir ao cinema.

— Te levarei ao cinema então, e eu pago! – minha irmã exclamou, batendo palminhas e me fazendo rir mais ainda.

— Está pronta, Pequena Sereia? – questionei, entrando no quarto. Lucy calçava as sapatilhas. Ela estava usando um vestidinho roxo da – adivinhem?! – Pequena Sereia e sorria de orelha a orelha. Olhei-me no espelho, satisfeita. Eu usava um vestido tomara que caia florido e uma sandália rasteira de couro que era trançada até meu tornozelo.

Peguei minha bolsa, dei a mão a Lucy e saímos. Meu aniversário não seria tão ruim, afinal. Eu estaria com minha pequena que, querendo ou não, fosse para me alegrar ou irritar, estava sempre a meu lado. Jogamos conversa fora enquanto caminhávamos até o cinema que era perto, e Lucy repentinamente tocou na ferida.

— Alguém te ligou para dar os parabéns, Rora?

— Sim. – respondi prontamente sem me deixar abater. – O papai, minha colega Clarice, o namorado dela, Samuel, o Theo, tia Suzy, tio Ed...

— Algum dos nossos amigos – ela sugeriu, sem me olhar.

— Não – suspirei enquanto chegávamos ao cinema. Iríamos pegar a sessão das quatro e ver um filme chamado Dezesseis Luas, que, aparentemente, era um romance sobre bruxas.

— E se eu ficar com medo? – Lucy questionou enquanto entrávamos na sala.

— Eu te protejo, princesa – respondi, sorrindo.

Confesso que não prestei atenção no filme. Eu só conseguia lembrar o dia em que havia ido ao cinema com Josh, e, consequentemente, lembrar de como minha vida havia mudado desde então. É óbvio que esse tipo de pensamento me levara de volta a Louis e a meus queridos amigos que atendem por Mark e Rebecca e que não haviam sequer me mandado uma mensagem para dizer que se lembravam do meu aniversário. Aquilo já estava me irritando. Eu queria parar de me importar com eles, queria me esquecer deles da mesma forma que aparentemente já havia me esquecido, mas eu não conseguia.

E o pior de tudo, é que, enquanto saía do cinema, eu estava com um pressentimento estranho. Eu sentia como se... Borboletas voassem dentro de mim, mas não era algo ruim. Sentia que algo bom estava prestes a acontecer. Quem sabe era simplesmente por saber da torta de maçã que minha mãe havia prometido, não é?

Lucy permaneceu em silêncio por todo o caminho de volta, o que me incomodou mais ainda. Oras, eu sabia que ela não tinha culpa do que eu sentia, mas sendo tagarela como era, porque diabos ela tinha que calar a boca justamente no momento em que eu mais queria jogar conversa fora? Quando dobramos a esquina “de casa”, Lucy simplesmente soltou minha mão e saiu correndo, me fazendo gritar feito louca. Ótimo. Eu sabia que aquela criatura divina estava comportada demais para ser verdade. Me tranquilizei ao ver Lucy entrar correndo em casa, pelo menos não havia morrido atropelada. Deduzi que ela queria ir ao banheiro, e diante desse pensamento, percebi que eu também queria, por isso, apertei o passo.

Abri o portão da casa e estranhei por estar tudo silencioso demais. Ótimo. Meu avô ainda deveria estar dormindo e mamãe e vovó nem deveriam ter chegado ainda. Ótimo! Merda de aniversário. Será que Lucy me deixaria dormir, pelo menos?

Quando estendi a mão para abrir a porta, percebi que a mesma estava trancada.

— Mas que diabos... ? – murmurei para mim mesma.

Forcei a maçaneta mais uma vez. Nada. Corri para dar a volta na casa, amaldiçoando até a décima geração de minha querida irmãzinha. Tentei abrir a porta da cozinha e adivinhem? Trancada também!

— Eu vou arrancar sua cauda, Pequena Sereia – resmunguei entredentes, me dirigindo até o banheiro da garagem. Fiz xixi e voltei caminhando lentamente até a casa, pensando em qual ameaça usaria para que aquela pirralha abrisse a porta.

Quando cheguei a porta da cozinha, porém, encontrei a mesma aberta. Gargalhei ironicamente e a chutei. A cozinha estava escura.

— Mas que porra está acontecendo? – questionei enquanto espalmava a parede, procurando o interruptor. Ouvi um muxoxo e parei abruptamente.

— Lucy, meu anjo, saiba que eu vou matar você – resmunguei, começando a ficar irritada de verdade.

— Quanta delicadeza – ouvi a voz de minha... mãe?

— Mãe, que merda está acontecendo aqui? – questionei, emburrada, me sentindo uma idiota porque provavelmente estava olhando na direção errada. Mas não poderia saber, afinal, estava NO ESCURO.

— Sophie, você precisa melhorar o vocabulário dessa garota – ouvi uma segunda voz e demorei alguns segundos para reconhece-la. Na verdade, eu reconheci no mesmo instante, mas não pude acreditar.

— Marise? – questionei, incrédula, recebendo apenas risadinhas em resposta.

— Calem a boca, suas maritacas – soou uma terceira voz. Meu coração parou por um instante.

— MARK! – berrei e comecei a praticamente correr colada a parede, procurando o interruptor como se minha vida dependesse disso. Eu tateava tudo e sabia que estava ao lado da geladeira. Achei o bendito e o acendi, mas... continuei no escuro.

— Isso é maldade! – choraminguei.

— Estou admirado. Achei alguém capaz de reclamar mais que eu – involuntariamente, abri um imenso sorriso ao ouvir aquela voz, e me surpreendi muito por aquilo. Eu jamais imaginei que ficaria tão feliz ao ouvir a voz entediada de Miles.

No instante em que abri a boca para retrucar, uma luz se acendeu. Percebi que a claridade era fraca, “se movia” como se fosse uma vela e vinha da sala. Sorri e me dirigi até a sala, ainda tateando as paredes. À medida que eu ia me aproximando do cômodo, mais velas surgiam. Quando finalmente cheguei até a sala, meu coração deu um salto. Minhas bochechas protestaram, tamanho foi o sorriso que eu dei e senti as lágrimas caindo pela milésima vez. Mas pela primeira vez em dias, elas caíam por mera felicidade.

Parados em um semicírculo, na sala, estavam pessoas que eu realmente amava, e elas seguravam velas em suas mãos. Minha mãe, Lucy, minha avó, Mark, Rebecca, Miles e Travis sorriam para mim, cada um com duas velas, uma em cada mão. Marise, Ferdinand e meu avô fechavam a fila, cada um com uma vela na mão esquerda. Eu não conseguia falar nada, apenas chorava, e podia perceber o brilho no olhar de cada um deles. Olhei ao redor da sala, e percebi que ela estava toda decorada com fitas e balões em vários tons de azul, minha cor favorita. Uma música suave preenchia o cômodo. Notei também que as velas eram de um azul claro muito bonito e delicado.

— Surpresa – todos eles murmuraram em uníssono. Qualquer pessoa que visse aquilo de fora, pensaria “nossa, mas que falta de animação!”, mas eu sabia não. Aquilo era dona Sophie provando que me conhecia como só uma mãe pode conhecer uma filha. Ela bem sabia que eu não gostaria de luzes, bagunça, música alta e aquele tradicional berro de “SURPRESAAA!”. Ali, eu tinha tudo o que eu mais amava. As velas, a cor, a música suave, as pessoas tranquilas. Azul, simplicidade e amor. Perfeito. Eu bem sabia que eu deveria falar alguma coisa e agradecê-los, mas eu não conseguia parar de encarar aquelas velas tão delicadas. Porém, de tanto encarar as velas, eu percebi algo estranho, no mesmo instante em que meu subconsciente me avisava que a música havia mudado. Ignorei a música e voltei minha atenção para as velas. Contei uma, duas, três vezes. Havia dezessete velas ao todo. Mas eu estava fazendo dezoito anos. Se eles haviam planejado aquilo tudo, não cometeriam aquele erro. Aquilo não era um erro. Faltava uma vela. Ou melhor, uma pessoa.

Senti meu coração dar um pulo e finalmente – para total alegria do meu subconsciente que já estava aos prantos, prestei atenção na música.

(n/a: deem play na música!)

So your friends been telling me (Então, seus amigos andam me dizendo)

You've been sleeping with my sweater (Que você dorme com o meu moletom)

And that you can't stop missing me (E que você não consegue parar de sentir a minha falta)

Bet my friends been telling you (Aposto que os meus amigos andam lhe dizendo)

I'm not doing much better (Que eu não estou muito melhor)

Because I'm missing half of me (Porque estou sentindo falta da minha outra metade)

Não, não, não. Não podia ser aquela música. Não aquela. Não a música que estava atormentando minha cabeça desde a noite anterior sem motivo aparente. Não podia! Era apenas uma coincidência.

And being here without you (Estar aqui sem você)

It's like I'm waking up to... (É como se eu acordasse e...)

Então eu vi. No canto esquerdo da sala, no topo da escada que levava aos quartos, a décima oitava vela se acendeu. Mas ainda assim era muito escuro, e eu não podia – ou não queria – ver seu rosto. Não podia ser, não ele. A luz da vela se movimentava conforme a pessoa descia os degraus da escada, e eu senti meu coração acelerar cada vez mais. E ele estava decidido a fazer com meu coração explodisse. Como se para que eu tivesse certeza de que ele estava ali, sua voz soou por toda a sala, arrepiando até meu último fio de cabelo. Meus soluços eram altos, mas não se sobressaiam a sua voz.

Only half a blue sky, kinda there but not quite (Há apenas metade do céu, como se estivesse lá, mas não completamente) – Louis cantou conforme descia os degraus da escada. – I'm walking round with just one shoe... I'm a half a heart without you (Estou andando por aí com um só sapato... Meu coração está pela metade sem você).

Podia parecer falta de consideração com as outras pessoas, mas eu simplesmente não conseguia tirar os olhos dele. A luz finalmente o iluminava completamente, e eu estava deslumbrada. Louis usava um terno preto, que o deixava elegante, maduro e lindo. Seus cabelos normalmente espetados estavam cuidadosamente penteados, e seus olhos azuis que eu tanto adorava combinavam com a gravata azul clara. (n/a: né por nada não, mas a Aurora quis me matar por estar usando um tomara-que-caia baratinho enquanto o Loui tava de príncipe...)

I'm half the man, at best (Na melhor das hipóteses, sou metade de um homem)

With half an arrow in my chest (Com metade de uma flecha no meu peito)

I miss everything we do (Sinto falta de tudo que fazíamos)

I'm a half a heart without you (Meu coração está pela metade sem você)

Senti minhas pernas bambearem enquanto Louis finalmente saía da escada e se dirigia até mim.

— Feliz aniversário, minha metade – ele sussurrou, parando em minha frente. Eu simplesmente não conseguia parar de chorar. Ele estendeu a mão e alguém – obrigada, mesmo que eu não saiba quem foi! – pegou a vela. Louis me abraçou no mesmo instante, envolvendo minha cintura e puxando meu corpo contra o dele. – Eu senti tanto a sua falta! – ele sussurrou em meu ouvido, e eu pude sentir seu rosto molhado. Aquilo estremeceu até mesmo as barreiras mais profundas de meu coração.

— Não tanto quanto eu senti a sua – retruquei, atirando meus braços em seu pescoço. Em meio as lágrimas, sorri ao sentir seu cheiro de morango.

— É sério, eu não sei mais o que dizer para agradecer vocês! – eu disse, ainda sentindo minha voz falha. Estávamos todos sentados a mesa de jantar, que de repente se tornara apertada demais. As velas já tinham sido apagadas, as luzes da casa já estavam acesas novamente, eu já tinha lavado o rosto – embora ainda parecesse uma porca gorda e chorona – e abraçado cada um deles. Claro que, alguns eu havia abraçado mais vezes e de forma mais demorada.

— Você não precisa agradecer, meu anjo. – minha mãe respondeu, trazendo uma travessa de lasanha até a mesa e se sentando. – Nós fizemos isso porque te amamos.

— Você não sabe o quanto foi difícil ver sua carinha emburrada todos esses dias e não poder te consolar – minha avó comentou docemente, me fazendo sorrir.

— Mas e eu, então? – Mark questionou, rindo. – Parti meu próprio coração ao dizer que não poderia vir!

Eu sorri, lembrando da desculpa esfarrapada que ele inventara.

— Isso não foi privilégio só seu, querido! – mamãe exclamou, rindo. – Na verdade, meu caso foi bem pior. Eu achei que fosse apanhar dessa mocinha quando disse que ela não faria nada no aniversário!

— Oh, então foi por isso que vocês ficaram dando risada quando eu subi! – exclamei, lembrando da bronca que eu havia levado em plena mesa de jantar. – Isso é maldade! Mas me contem, de quem foi toda essa ideia?

— Você não vai acreditar... – Becky cantarolou, sorrindo de forma marota.

— Ah, me contem! – pedi.

— Vai ter que adivinhar – Travis comentou, rindo.

Observei o rosto de cada uma daquelas pessoas na mesa, pessoas que eram tão importantes para mim. Meu olhar se deteve em Miles que, estranhamente, também era realmente importante para mim. E foi o olhar dele que me atraiu a atenção. Um olhar de moleque, maroto, mas quase... inocente.

— Você! – gritei, apontando para ele, e todos gargalharam. – Eu realmente não acredito!

— As pessoas se arrependem e mudam, Aurora – ele disse, sorridente.

— E eu fico muito feliz por essa mudança – eu respondi, sincera, estendendo minha mão até tocar a dele.

Meus avós, mamãe, Marise e Ferdinand conversavam animadamente na mesa da cozinha, Travis, Miles e Aurora brincavam com Lucy, e Louis olhava a cena, rindo, sentado no sofá. Encostei-me na porta da sala e o encarei, torcendo para que ele – e só ele – me olhasse. Meu Deus, Louis estava absurdamente lindo com aquele terno e aqueles olhos tão perfeitos. Até o cabelo estivo “a vaca lambeu” estava conseguindo acelerar meu coração.

Quando dei por mim, ele me encarava atentamente, curioso. “Vem cá”, eu disse apenas mexendo os lábios, emitir som algum. Qual é, eu merecia alguns minutos sozinha com meu... Príncipe.

Sai na frente e me dirigi até a varanda, me apoiando na sacada. Não demorei muito a sentir cheiro de morangos, e no mesmo instante, senti as mãos de Louis apoiadas em minha cintura enquanto ele me abraçava por trás (n/a: comportem-se, crianças) e apoiava seu queixo em meu ombro. Como sempre, meu corpo reagia ridiculamente a qualquer toque de Louis, e em dois segundos eu estava arrepiada.

— Eu já disse que senti sua falta? – ele questionou e eu senti minhas pernas amolecerem ao sentir seu hálito fresco em meu pescoço.

— Sim, mas essa é uma afirmação que eu realmente gosto de ouvir. – brinquei, fazendo-o rir.

— Pois bem, saiba que senti muito muito muito e muito a sua falta. Quase como se tivesse passado meses longe de você.

— Eu também senti muito a sua falta, e sinceramente, acho que não aguentaria meses longe de você – comentei e me arrependi na mesma hora, sentindo minhas bochechas esquentarem. Louis fazia desenhos aleatórios com seus polegares em minha cintura e roçava seus lábios em meu pescoço, me fazendo ver unicórnios correrem em um lindo campo florido.

— Eu não sabia que você canta – comentei aleatoriamente, buscando me agarrar em um pensamento sensato antes que eu me derretesse aos pés dele.

— Há muita coisa que você não sabe sobre mim. – ele respondeu, forçando as mãos em minha cintura e me virando de frente para ele. Próximos... demais. Perigosamente próximos.

— O que, por exemplo? – questionei. Minha tentativa de não me derreter havia ido por água abaixo. Eu encarava os lábios bem desenhados de Louis, e numa última tentativa de manter minha sanidade mental, levantei meus olhos até os seus. Para minha infinita tristeza, os olhos dele também estavam direcionados para os meus... lábios.

— Digamos que você não saiba que eu estou me apaixonando por você – ele murmurou e eu senti meu coração despencar. Eu queria apenas gritar de felicidade, mas tentei dizer algo mais sensato.

— Bom, eu realmente não sabia disso – disse, sentindo minha voz falhar. – Mas eu sei que também estou me apaixonando por você.

Louis sorriu, com os olhos e com os lábios, surtindo o mesmo efeito em mim. Cada parte de meu corpo parecia sorrir, e eu me perguntava se meus olhos eram capazes de demonstrar toda minha felicidade. Com uma mão, Louis intensificou o aperto em minha cintura, e a outra ele subiu até meu rosto, ajeitando meu cabelo atrás da orelha. Seus dedos frios acariciaram minhas bochechas, e eu estremeci. Mas apenas quando seu dedo desenhou o contorno de meus lábios foi que eu percebi que o tremor não era de frio. Subi minha mão até sua nuca, entrelaçando meus dedos em seu cabelo. Louis suspirou, e eu precisei de todo o esforço do mundo para manter meus olhos abertos. Ele então levantou o olhar e me encarou. Sem palavras, eu sabia o que ele estava dizendo. Eu sabia porque era o mesmo que eu queria dizer.

Louis aproximou seu rosto do meu e mais uma vez, meu coração acelerou. Ele encostou levemente seus lábios nos meus, e cada terminação nervosa de meu corpo pareceu se conectar naquele instante, me causando uma explosão interna ao sentir a maciez daqueles lábios que eu tanto desejara. Louis suspirou com os lábios colados nos meus, e eu soube que ele queria aproveitar o momento tanto quanto eu. Ele apertou mais minha cintura, juntando ainda mais – como se fosse humanamente possível – nossos corpos. Foi minha vez de suspirar quando ele entreabriu seus lábios e tocou os meus com sua língua.

Juro que, naquele momento, eu senti que poderia desmaiar. Louis tinha um gosto incrivelmente delicioso de morango, e aquilo estava me embriagando. Sua língua acariciava a minha da mesma forma que sua mão acariciava minha nuca. Eu entrelacei meus dedos em seu cabelo com mais firmeza, e senti Louis sorrir durante o beijo. Eu sentia que o mundo poderia acabar ali. Não sei dizer por quanto tempo nos beijamos, sei apenas que aproveitei ao máximo enquanto a língua de Louis percorria cada centímetro da minha, como se quisesse, desde sempre, a conhecer. Ele apertou minha cintura com força enquanto partia o beijo. Eu afrouxei o aperto em seu cabelo, o enchendo de selinhos. Ele não me soltou nem se afastou, apenas continuou me abraçando como se nossas vidas dependessem daquilo, e apoiou sua testa na minha. Permanecemos alguns minutos em silêncio, apenas nos encarando, e era apenas daquilo que precisávamos. Os olhos azuis de Louis estavam ainda mais lindos – como se fosse possível –, pareciam ter uma nova tonalidade, um novo brilho, e eu me perguntei se os meus estavam da mesma forma.

— Sabe, Aurora, – ele murmurou depois de algum tempo. – se eu soubesse que isso seria assim, eu mesmo teria te empurrado naquela calçada.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e comente, beijos!