Sábado.

— Ela vai nos matar, não vai? – Rebecca questionou pensativa, nos fazendo rir. Quando eu abri a boca para responder, ouvi a campainha. Estremeci e Louis e Travis me observaram de canto de olho, segurando o riso. Infelizes! – Deve ser o Mark – Rebecca murmurou e se levantou correndo para abrir a porta.

— Não abram essa boca! – ralhei com meus irmãos, já prevendo que as piadinhas rolariam soltas. Travis mexeu a mão como se trancasse a boca e jogasse a chave fora. De nada adiantaria, porque, conhecendo bem meu irmão, estranho seria se ele não tivesse uma chave extra.

— Olá, gente! – Mark exclamou, entrando no quarto atrás de Rebecca.

— Oi – Louis e Travis murmuraram ao mesmo tempo, rindo. Rebecca os encarou de forma desconfiada. Aquilo não daria certo.

— Não foi essa a educação que mamãe te deu, Miles – Louis cantarolou quando viu que eu não diria nada. – Cumprimente as visitas e não envergonhe a família!

— E aí, Mark – resmunguei, corado, fuzilando Louis com o olhar. Meu querido irmão ria.

— Olá, gracinha – Mark me respondeu, piscando o olho. Juro que engasguei. Travis deu um pulo da cama e ele e Louis começaram a gargalhar descaradamente. (n/a: olhem bem pra isso http://media.tumblr.com/tumblr_lyzkrqWu9y1qgcg31o2_500.gif e tentem entender do que eu estou falando.) Eu queria morrer.

— O que diabos está acontecendo aqui? – Becky questionou, olhando atentamente para cada um de nós. Apenas dei de ombros. Eu sentia que poderia torrar um pão em minhas bochechas, de tão quentes que estavam. E para piorar minha situação, eu sentia que Mark me analisava atentamente.

Era estanho estar ali de frente para ele. Tudo bem, eu e ele havíamos conversado por telefone várias vezes durante a semana, afinal, havíamos resolvido muita coisa juntos, mas era muito diferente estar ali com ele. E pior ainda era pensar que eu passaria pelo menos duas horas dentro de um carro com ele.

— Nada, ué – respondi. – Já está na hora?

— Quase – Mark foi quem respondeu, ainda me encarando.

— Ok. – murmurei.

Becky nos encarava atentamente, e aquilo estava me deixando verdadeiramente envergonhado. Eu queria apenas sair correndo dali, e as risadinhas de meu irmão não me ajudavam. Nós cinco ficamos em silêncio, olhando para nossos pés e esperando o tempo passar.

— Only half a blue sky, kinda there but not quite... – Louis cantarolou, de repente.

— AH, NÃO! – Eu, Becky e Travis gritamos ao mesmo tempo, nos assustando, assustando a Mark e Louis e fazendo todos rirem.

— Que merda foi essa? – Mark questionou, ainda rindo.

— Nós não aguentamos mais ouvir essa música melodramática dele! – resmunguei. – Passou a semana inteira cantando essa música.

— Há algum motivo especial, Louis? – Mark questionou e meu irmão corou, balançando a cabeça. Fui obrigado a rir. – Ah, é mesmo? Pois eu acho que tem... Alguém sabe o nome dessa música?

— Half a Heart, da One Direction – Rebecca respondeu, sorrindo de forma marota, e Louis deu um soco em seu braço.

— Vejamos... – Mark murmurou, mexendo no celular. Deduzi que ele estava procurando a música. – “Estou andando por aí com um só sapato, meu coração está pela metade sem você”, é mesmo? – Mark recitou, fazendo aspas com os dedos. – Acho que essa é uma declaração de amor para Aurora.

Louis fechou a cara e todos nós rimos.

— Ah, vão se foder – Louis resmungou saindo do quarto.

— Ele vai ficar bravo de verdade? – Mark questionou. – Desculpem, não foi minha intenção.

— Relaxa, cara. Ele é assim mesmo – Travis comentou, olhando para nós. Ele então sorriu de forma demoníaca e meu sensor de “prepare-se pois seu irmão que é três minutos mais novo vai aprontar” foi ativado. – Vem, Becky, vamos lá falar com ele! – Travis exclamou, saltando da cama em um pulo e puxando minha prima junto.

Filho da puta!!!

Desculpe, mãe, te amo.

— O que você tem, Miles? – Mark questionou, me olhando de uma forma engraçada.

— N-nada. – gaguejei. - Porque?

— Talvez porque você esteja acuado em um canto do quarto, quase subindo pelas paredes e encarando seus pés. Mas só talvez.

Eu nada respondi, apenas sorri para ele. Merda, Miles! Deixe de ser ridículo!

— É sério, Miles, relaxe! – ele exclamou, rindo. – Eu não vou te morder. – ele se levantou. MERDA, porque foi que ele levantou? – Na verdade... – ele caminhava em minha direção, sorrindo. Prendi a respiração quando Mark apoiou as duas mãos na parede, me prendendo. – Se você pedir, eu até mordo. – ele finalizou, encarando meus lábios.

Mark sorriu e eu vi seus dentes perfeitos. O contorno de sua boca era bem desenhado e... delicioso.

— Se está com tanto medo, porque está encarando meus lábios? – ele questionou e eu senti minhas bochechas esquentarem no mesmo instante. Eu vi que Mark moveu o braço esquerdo, mas como eu estava virado para frente, não conseguia ver sua mão. Por isso, senti minhas pernas bambearem quando sua mão tocou meu cabelo. Ele entrelaçou seus dedos em meu cabelo e olhou em meus olhos.

— Não quero que tenha medo de mim, Miles. Essa não é minha intenção. – Mark me disse, sorrindo tristemente. Eu senti o chão se abrir e tive certeza de que eu ia cair quando ele moveu sua cabeça e roçou seus lábios em minha orelha direita. – Eu não vou fazer nada do que você não queira. – murmurou, fazendo todo meu corpo se arrepiar. Foi impossível conter o suspiro que escapou por meus lábios e eu senti os lábios de Mark também se abrirem em um sorriso.

Infelizmente, ouvi passos no corredor e, rapidamente, Mark estava sentado na cama, sorrindo de orelha a orelha. Eu continuei encostado na parede, temendo que meu corpo de desmanchasse se eu tentasse me mexer. Quando Mark me encarou sorrindo, criei coragem o suficiente para retribuir o sorriso. Ele piscou para mim no instante em que Louis entrou no quarto e eu ri.

— A tia ligou, já podemos ir! – Louis exclamou, animado, alheio ao... “clima” do quarto.

— Bom, então vamos. – Mark disse, se levantando e pegando a chave do carro.

Descemos a escada conversando animadamente sobre o que estava prestes a acontecer. Rebecca e Travis já nos esperavam na frente de casa, próximos ao carro de Mark.

— Mark, tem certeza de que você pegou tudo? – Becky questionou, nervosa.

— Rebecca Carter, eu vou chutar sua cara – Mark ralhou, rindo. – Você já me perguntou isso quinhentas vezes e você mesma já conferiu o carro! Está tudo aí.

— Certo, desculpe. Eu só estou nervosa. Vocês acham que ela desconfia? Porque se ela desconfiar isso tudo vai ser em vão e eu realmente não quero...

— Rebecca, cale a boca! – eu e os garotos gritamos ao mesmo tempo, a interrompendo. Becky estava pirando.

— Vamos logo, não queremos nos atrasar – Mark pediu, rindo. – Quem vai na frente?

— Eu. – respondi prontamente e ouvi a gargalhada de Travis. Olhei para ele, censurando-o, mas meu amado irmão mais novo apenas riu mais e fez “jóinha” com a mão para mim. Louis, ainda alheio a tudo, continuava cantarolando Half a Heart e Rebecca conferia – mais uma vez – suas anotações. Dessa forma, só Travis percebeu quando Mark abriu a porta do carona para mim. E acidentalmente deixou seu braço roçar no meu.