Três. escrita por jubssanz


Capítulo 19
19. Confissões de Miles.


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu ia ficar sem postar pq tava com uns problemas na escola, mas graças a Deus consegui resolver tudo e agora tô animadíssima pra postarrr hahaha
Espero que gostem, boa leitura, beijos! (NOTAS FINAIS!!!!)



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Eu fazia o possível para segurar as lágrimas, mas era impossível. Era incrível e irônico pensar que no dia em chegávamos àquela cidade eu estava revoltada com a situação. Não queria morar ali, não queria ter que começar uma nova vida. E agora, tudo isso me era tirado. Eu queria descer do carro e me jogar na frente do mesmo, fazendo com que minha mãe parasse. Queria me amarrar a uma árvore, me obrigando a ficar ali. Doía-me o coração só de imaginar deixar para trás Marise e Ferdinand, que nos acolheram tão bem. Não queria deixar para trás Alessandro, o melhor professor que eu já tivera. Como viver sem Travis, que me fazia rir até mesmo de sua respiração? Já não me imaginava sem as viadagens de Mark e os surtos de carinho de Rebecca. Eu sentiria falta até mesmo de fazer cara feia toda vez que visse Claire ou Josh. E claro, as palavras de Louis não saíam de minha cabeça.

“Fique comigo, Aurora.”

Seria impossível me acostumar sem aqueles olhos azuis.

Assim, adormeci.

— Meu bem, acorde. – mamãe murmurava, me cutucando. – Chegamos.

Eu juro que tentei falar algo, mas apenas senti um bolo em minha garganta. Atirei meus braços no pescoço de minha mãe e chorei, mais uma vez. Desci do carro sendo agarrada por minha vó no mesmo instante. Dona Samantha me abraçava fortemente e afagava meus cabelos.

— Oi, vó. Senti saudades. – murmurei.

— Também senti, minha pequena. Você está muito linda.

Sorri carinhosamente para ele e fui abraçar meu avô, Leonard.

Eu troquei algumas palavras rápidas com eles e subi correndo para meu novo quarto – que dividiria com Lucy. Eu não estava bem e todos sabiam o porquê, mas eu não achava justo ficar esbanjando meu mau humor e obrigando-os a ficarem perto de mim. Preferiria ficar quietinha no meu canto, chorando e colocando tudo para fora. Abri a porta do quarto e me deparei com Lucy deitada na cama, com o celular de mamãe em suas mãos.

— O que está fazendo, pequena? – questionei.

— Estava falando com tio Miles. Ele mandou um para você. – ela respondeu, pulando da cama.

— Você ligou pra ele? – questionei tristemente.

— Não, ele me ligou. – ela respondeu e saiu do quarto. Uau. Ok.

Tudo bem, Mark e Becky haviam me mandado três mil mensagens desde que eu saíra de lá e eu sabia que eles me ligariam a qualquer momento, mas era estranho pensar em Miles ligando para Lucy sendo que Louis provavelmente nem se lembrava mais de mim.

Ouvi minha mãe me chamando, provavelmente para almoçar, e me forcei a sair do quarto e descer novamente. No entanto, dona Sophie me barrou no meio da escada.

— Filha, eu sei que você está triste, eu sei que é difícil lidar com isso, mas você tem que superar, Aurora! Mark e Rebecca já juraram de pés juntos que não perderão o contato com você, e Louis não será sua única paixonite. Você pode aproveitar que está numa cidade totalmente nova para sair e conhecer novos rapazes, novos amigos...

— Está bem – murmurei. – Prometo que vou tentar. Mas é que é estranho, mãe. Me identifiquei com eles de uma forma tão rápida... Passamos tão pouco tempo juntos e eu já os adorava! Era como se alguém houvesse encomendado amigos em sob medida para mim!

— Eu sei, meu amor. Eu vi de pertinho como o carinho entre vocês floresceu de forma rápida. E também vi a sinceridade naquilo tudo. E sabe o que isso significa? Que a distância não interferirá em nada.

— Você acha mesmo, mãe? – questionei, fungando.

— Tenho certeza! – mamãe respondeu me abraçando. – Agora para de chorar e coloque um sorriso nesse rosto, oras!

­ — Me dê u bom motivo – brinquei.

— Pois tenho um ótimo motivo. Não passei horas na cama aguentando o chato do seu pai para fazer uma filha tão linda e ela se tornar tão emburrada! – mamãe respondeu descaradamente, me beliscando.

— Quando é que você começa na escola nova, Rora? – Lucy questionou enquanto eu a cobria, ajeitando sua coberta.

— Amanhã mesmo – suspirei. – Vovó já fez minha matrícula. Boa noite, Pequena Sereia. – eu disse, me deitando e apagando o abajur.

— Rora?

— Sim?

— Você acha que tio Miles e tio Travis vão esquecer de mim?

— Mas é claro que não, meu amor! – respondi, sem saber se ria ou chorava. – Você é a pequena deles, eles jamais te esqueceriam!

— Então tio Louis também não vai te esquecer, porque você é a pequena dele. – ela refletiu. Enxuguei a única lágrima que escorria e fechei meus olhos, me forçando a pegar no sono.

Certo. Dor. Desespero. Agonia. Medo. Ah, calma, Aurora, é só o primeiro dia de aula em mais uma escola.

Eu caminhava pelos corredores procurando a sala 27. Já havia passado na secretaria, me informado e pegado minha grade de horários. Só faltava a última – e pior – parte.

Toc, toc, toc. Eu não sabia distinguir se eram as batidas que eu dava na porta ou se eram as batidas do meu coração. “Você é louca, garota!” minha consciência me dizia.

Obrigada, querida. Não se esqueça de que você faz parte de mim.

Certo. Respirei fundo e abri a porta. Não era o inferno, como eu havia pensado, tampouco parecia algo aterrorizante. Parecia até com minha antiga turma na Canby High School, com a diferença de que ali não havia três cabeças louras que eu amava.

Dei um passo à frente me apresentando para a professora que, segundo o horário, eu sabia ser de Literatura. Fiquei surpresa, pois ela era muito nova, parecia ter a minha idade.

— Bem vinda, Aurora! – ela me disse. – Sou senhorita Rose, a seu dispor. – e então, virando-se para a turma. – Gente, esse é Aurora Westwood, ela vem de Canby e espero que todos a recepcionem muito bem!

Assenti, agradecendo, e olhei para a sala, procurando um lugar vazio. Havia um, para minha sorte, ao lado de uma garota morena de cabelos encaracolados. Ela tinha olhos simpáticos e covinhas no queixo. Dirigi-me até o lado dela em silêncio e me sentei.

— Oi, seja bem vinda! – ela murmurou.

— Obrigada! – respondi sorrindo. – Sou Aurora! – tosca.

— Eu sou Clarice – ela respondeu, me estendendo a mãe. Clarice? Certo. Clarice era muito parecido com Claire.

— Você por acaso não tem algum apelido? – questionei, sem jeito.

— Tenho sim! – uhul! – Meus amigos costumam me chamar de Claire.

Oh, céus.

— Acho que prefiro te chamar de Clarice mesmo, obrigada – resmunguei me afundando na cadeira.

Estávamos no almoço e eu, felizmente, não estava morta. Estava sentada com Clarice em uma mesa, e eu sabia que alguns amigos dela sentariam conosco. Eu esperava ansiosamente que eles se perdessem no caminho.

Clarice era estranha, porém agradável. Ela me encarava de uma forma doce, porém era agressiva ao falar. Ela também era quieta. Isso era bom, pois me deixava ficar em paz com meus pensamentos – coisa que Mark e Becky não deixariam. Mas também era ruim, porque eu me distraía facilmente e antes que eu pudesse me conter, meus pensamentos voavam para Rebecca, Mark e... ele.

— Aí vem eles – Clarice murmurou. – O da esquerda é meu namorado.

Analisei os dois garotos, vendo que os dois eram muito bonitos. O da esquerda – namorado de Clarice – era alto e musculoso, deveria no mínimo lutar alguma coisa. O outro, porém, era alto e magricela. Ele usava óculos e tinha cabelos despenteados mas com um certo charme, um sorriso perfeito – se eu tenho uma tara por sorrisos? Nah! – e belos olhos castanhos que pareciam estar atentos a tudo. Ele tinha covinhas nas bochechas e seu jeito despojado de caminhar era encantador. Me lembrava de... Louis.

— Bom dia! – o namorado de Clarice exclamou. – Sou Samuel, e você, quem é?

— Sou Aurora – respondi timidamente.

— Ela é minha nova colega e amiga – Clarice respondeu. Ei, quem disse que sou sua amiga? Opa, Aurora, não seja ingrata!

— Ah, certo – ele disse, dando um beijo em Clarice enquanto o outro se sentava, - Já que é amiga do meu amorzinho pode me chamar de Sam – ele disse e eu ri.

— Prazer, Sam. – murmurei.

— Não vai se apresentar, Theo? – Clarice questionou e o outro rapaz deu de ombros. Bom humor matinal, sabe?

— Sou Theodore, mas pelo amor de Deus me chame de Theo. Tenho 18 anos, sou chato, alguns me chamam de nerd e eu sou apaixonado pelo Capitão América, porém de uma forma heterossexual. Você não vai querer saber mais a meu respeito, é entediante. Prazer – o garoto despejou de uma vez e eu ri, me surpreendendo ao perceber quão grossa era sua voz. Ele me encarou sorrindo, com a mão estendida. Não peguei a mão dele, precisava fazer algo mais importante. Abri minha mochila de forma rápida e tirei para fora meus três cadernos do Capitão América, colocando-os sobre a mesa, rindo. Theo olhava ora para os cadernos ora para mim, parecendo pasmo.

— Ih... – murmurou Clarice, mas eu fingi não ter escutado.

Talvez a vida ali também não fosse tão complicada.

Miles

Eu caminhava rápido e encarava o chão, em silêncio. Não queria ficar perto de Louis ou Travis. Cada segundo que eu passava ao lado deles me fazia lembrar de Aurora, e, consequentemente, fazia aumentar o peso em minha consciência. Eu finalmente percebera que Aurora não era a vagabunda que eu havia julgado ser, mas, agora era tarde. Fazia apenas algumas horas que ela havia ido embora, mas a culpa já estava e consumindo. Saber que meu irmão não estava feliz a seu lado – talvez não tão próximo dela mas ainda assim feliz – por minha causa estava me matando. Mas eu simplesmente não tinha coragem de abrir o jogo com Louis, afinal, era um belo covarde. E também não queria levar Travis para o buraco comigo.

Eu, Travis e Louis havíamos saído do colégio e voltávamos para casa a pé. Rebecca havia passado mal e ido embora mais cedo. Essas coisas de garota, sabe?

Louis caminhava lentamente e em silêncio, a tristeza era notável em seu rosto. Travis andava mais a meu lado, cabisbaixo. Eu sabia que ele estava sentindo falta tanto de Aurora quanto de Lucy. E porra, eu também estava, das duas. Aurora era incrível na arte de me irritar e eu sabia que aquilo faria falta.

— Ei, caras – Louis disse de repente, chamando nossa atenção. – preciso contar uma coisa a vocês.

— Diga – murmurei, temendo que fosse algo sobre Aurora.

— Tomei uma decisão. – Louis disse dando de ombros sem nos olhar.

— Que é? – Travis questionou, colocando-se a nosso lado.

— Vou pedir Claire em namoro. – Louis respondeu num fio de voz.

— VOCÊ O QUE? – berramos eu e Travis em uníssono.

— Parem de fiasco! – Louis ralhou. – Vocês sabem o quanto a confiança é importante para mim, e Aurora traiu a minha. Eu gosto dela, de verdade, mas não posso passar por cima disso. E agora ela foi embora e eu estou feliz com Claire, tudo ótimo.

Travis me olhou, culpado, e eu senti um bolo se formar em minha garganta.

— Louis, Aurora não traiu sua confiança. – murmurei. Meu irmão me encarou, arqueando a sobrancelha.

— Não sei o que deu em você para defender Aurora, mas de qualquer forma, não adianta. Eu a vi beijando Travis e...

— Não, você não a viu beijando Travis – interrompi, com uma coragem que nem eu mesmo sabia de onde vinha. – Você viu Travis beijando Aurora, porque esse foi o combinado. Eu armei contra Aurora e usei Travis para concluir o plano.

— Você o que? – Louis perguntou, me olhando. Preciso comentar que ele até parou de caminhar e que estava vermelho de raiva? – Você sabia disso, Travis?

— Em partes.

— Desculpe, cara. Eu me arrependo muito. Ainda mais agora que vi que Aurora é bem diferente do que eu achei que fosse, mas esse tempo todo tive medo de te contar.

— Eu não sei o que te dizer, Miles – Louis murmurou e sua voz tremia. – Eu sou seu irmão, cara! Você sabia que eu estava gostando dela! Como pôde?

— Desculpe – murmurei. Era tudo o que eu conseguia dizer.

— Não quero suas desculpas. Só quero saber porque. Não como, só porque.

— Certo. – murmurei, respirando fundo. Uma hora ou outra, eles teriam que saber, não é mesmo? – Foi porque eu sou um idiota. Não posso explicar bem agora, por isso vou contar mais por cima. Na festa de Travis, certa pessoa implicou com Aurora, e uma terceira pessoa a defendeu. Vendo essa “defesa”, eu achei que essa pessoa estava interessada em Aurora, e fiquei com ciúmes.

Louis me olhou, arqueando a sobrancelha. Estremeci, mas não podia mais parar.

— Não vá achar que eu estava com ciúmes de Aurora, eu não gosto dela. Enfim, eu achei que ela só jogasse conversa fora com você e que na verdade estivesse se envolvendo com outra pessoa. E, eu estava e estou interessado nessa pessoa.

— Cara, você me confundiu. – Louis murmurou. – Miles, você sabe que se Aurora estivesse se envolvendo com alguém seria com um cara, certo?

Ri, sem achar graça. Ri por puro nervosismo. Por vergonha. Medo do que meus irmãos pensariam de mim.

— Sim, eu sei. E esse cara é Mark. – fechei os olhos e virei de costas. Não conseguiria mais encará-los. – Eu sou gay.


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Notas finais do capítulo

Oie! Eu sei que essa "confissão" do Miles ficou bem confusa, mas, tcha-ram... É a intenção. Agora o prox capítulo só com comentários, pq preciso que vocês decidam uma coisa. Querem outro pov Miles pra saber como os garotos lidaram com a notícia (já adianto que vai ser algo fofo e eu chorei escrevendo) ou vocês preferem voltar direto pra Aurora lá na outra cidade? Respondam, por favor, depende de vocês!! Beijos



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