Três. escrita por jubssanz
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura, beijos!
Eu havia passado os dois primeiros períodos trancada no banheiro, e, bem, estávamos no terceiro período e eu ainda estava... no banheiro. Louis havia ido embora, Rebecca estava com raiva de mim, Miles sorria ironicamente para mim e Travis me olhava de forma presunçosa. Queria chutar a cara de todos eles. Mas antes, tinha que descobrir porque diabos Travis havia feito aquilo. Eu sabia que teríamos Educação Física nesse período, então lavei o rosto, dei um jeito no cabelo e sai para o ginásio. Assim que entrei, vi Rebecca me encarando. Pensei em falar com ela. Quem sabe, a raiva já haveria passado, não? É, não. Assim que cheguei suficientemente perto, Rebecca, Becky, minha amiga, virou a cara. Merda! Virei para o outro lado, constrangida, e dei de cara com Travis sentado no chão, me chamando. Idiota!
— Eu vou te matar, Travis! – gritei, caminhando até ele. Senti olhares em mim mas não me importei. Estava com raiva e alguém teria que pagar por aquilo.
— Que foi? – ele questionou, debochado.
— Você não tinha o direito de ter feito aquilo! – agora estávamos frente a frente. Por mais incrível que pareça, toda a postura irônica havia sumido e Travis me olhava quase como se estivesse... arrependido.
— Eu achei que você me quisesse, Aurora – ele murmurou.
— Não, Travis, você não achou! Eu disse que não queria sair com você, disse que via você apenas como um amigo! Deixei isso bem claro desde o primeiro momento.
— Bom, agora já foi.
— Realmente, agora já foi. Louis está bravo comigo e Rebecca nem olha na minha cara. Muito obrigada, Travis.
— Não o culpe, Aurora – ouvi a voz de Becky atrás de mim. – O que um não quer, dois não fazem.
Eu não acreditava no que estava ouvindo. Senti meus olhos arderem, e me virei antes que as lágrimas de raiva escorressem. Sai pisando duro, sem nem olhar para minha... amiga.
Fui até a secretária e disse que estava passando mal. Foi mais fácil do que pensei, rapidamente consegui a liberação e em seguida fugi dali.
Não queria ir para casa e contar a mamãe o que havia acontecido. Ela provavelmente não acreditaria em mim e ainda por cima me daria um belo sermão. Pensei em ir até a casa dos Carter tentar falar com Louis, mas rapidamente descartei essa opção. Ele estava muito zangado e para falar a verdade, eu também estava. Ele deveria confiar em mim, oras. Não há amizade sem confiança. Chateada, irritada e angustiada, mais uma vez me sentei em um dos bancos de madeira da pracinha. Eu precisava conversar com alguém, precisava de um ombro amigo. Mas quem, se Louis, Rebecca, Travis e até minha mãe estavam contra mim? Com quem eu poderia contar? A imagem de Claire apareceu rapidamente em minha mente e eu sorri de forma amarga e irônica. Mas acompanhada da imagem de Claire, me veio a imagem de outra pessoa. Tirei o celular do bolso no mesmo instante e disquei o número dele.
— Mark? – murmurei para o aparelho.
— Oi, Aurora! Como você está? – questionou.
— Precisando de um amigo.
— Oh, querida! Onde te encontro?
— Na pracinha.
— Espere cinco minutos, vou apenas achar a chave do carro e estou indo! Não faça nenhuma besteira!
E desligou. Oh, claro, Mark. Que besteira eu faria? Ligar para o Louis?
Fiquei sentadinha no banquinho da pracinha por quinze minutinhos, balançando minhas perninhas e admirando meus pezinhos. Uma completa idiotinha. Felizmente, Mark chegou.
— O que aconteceu, meu bem? – ele questionou, descendo do carro e correndo até mim. Só aí eu percebi que estava chorando.
— O Louis é um idiota – funguei.
— Oh, mas é claro que ele é! – Mark concordou, me abraçando. – Mas... Quem é Louis?
— É uma longa história. – murmurei.
— Temos o dia inteiro – Mark respondeu sentando-se e eu sorri agradecida.
— Eu o conheci na praia, há uma semana, praticamente.
— Oh, adoro romances de verão! – Mark exclamou, batendo palmas.
— Mark, meu amor... Se isso fosse um romance de verão, eu não estaria chorando e te contando isso sentada em um banco de praça.
— Bom, você tem razão. Pois bem, continue.
— Eu o conheci de uma forma bem inusitada que você não vai perguntar qual foi, ele tentou conversar comigo mas eu acabei sendo rude com ele. Depois, o vi no mercado e fui falar com ele, mas ele me chamou de louca. Depois o vi mais uma vez, e ele me chamou de gostosa. Por fim, descobri que não era ele porque ele tem...
— Aurora, porque você não disse que eram os Adams? – Mark me interrompeu.
— Porque eu não sabia que você conhece “os Adams”, oras! – respondi, fazendo aspas com as mãos.
— E como não os conheceria? Eles são os garotos mais hot’s de Canby! E não se esqueça, nós fomos à festa do Travis.
— Oh, é mesmo – respondi, rindo. Pretendia continuar, mas Mark me interrompeu mais uma vez.
— Aliás, que pedaço de mau caminho é aquele Miles, hein? Aquela cara de bravo... Deixe ele passar 24 horas comigo e sairá sorrindo como nunca.
— Mark! – exclamei, dando um tapinha em seu ombro. Não pude conter uma gargalhada ao ver a expressão maliciosa no rosto de meu amigo. – Que pervertido!
— Não sou pervertido, apenas gosto de aproveitar a vida da melhor forma, que no meu caso é fazendo sex...
— MARK! – foi minha vez de interromper.
— Desculpe! – ele pediu, rindo. – Pois bem, termine a história. Você conheceu os Adams gostosos e... ?
— Bem, logo de cara, eu gostei de Louis. Em uma semana, nos tornamos amigos. Ele é muito carinhoso comigo e isso me faz bem.
— E você está interessada?
— Estou. Ou estava, não sei mais. Ele me convidou para sair. Teríamos um encontro hoje à noite. Porém, chegando ao colégio, descobri que ele e sua prima Rebecca haviam se atrasado, por isso, fiquei sentada com Miles e Travis. Foi aí que tudo ocorreu.
— O que aconteceu?
— Travis me beijou, do nada! E Louis viu. E ficou bravo. Disse que eu deveria ter contado que estava interessada no irmão dele, mas eu não poderia contar se não estou!
— E você disse isso a ele?
— Tentei, mas ele não quis me ouvir.
— Certo. Está claro que ele gosta de você. E porque é que você foi beijar o irmão dele?
— Eu não beijei! Travis me agarrou.
— Entendo... Bom, Travis não queria você com Louis.
— Como é que é?
— Ou ele gosta de você ou acha que você não é boa o suficiente para o irmão dele.
— Não acho que seja isso, Mark. Travis faz o tipo bobalhão, ele não pensaria nisso.
— Ele não precisa estar agindo sozinho.
— Qual é, Mark! – eu disse, rindo. – Eu entendo que você esteja querendo ajudar, mas saiba que isso não é um caso criminal e nós não somos a polícia.
— Cale a boca, Aurora. Se estou falando isso é porque tenho algum motivo.
— Que seria... ?
— Eu sei de alguém que pode não querer sua felicidade no amor. – ele cantarolou e eu apenas arqueei a sobrancelha. – Quando você fugiu na festa, eu e Claire brigamos. Primeiro, porque eu defendi você. Segundo, porque ela achava que se você ficasse com Josh, eu ficaria com ela. Ela encarava aquilo como uma parceria.
— Então, ela acha que você não ficou com ela porque eu fugi de Josh? Ela acha que eu sou a culpada?
— Sim.
— Lembra que eu te falei que Claire havia me provocado no colégio? – questionei e ele assentiu. – Nesse mesmo dia, quando eu disse a Travis que não sairia com ele, ele foi para a mesa de Claire e conversou com ela. Pelo tipo de sorriso que ela mantinha no rosto, podemos imaginar o tipo de conversa.
— Viu, estou dizendo! – ele exclamou, me dando um peteleco na testa. – Claire não admite que tenha “me perdido” por sua causa, e com certeza não vai deixar isso quieto. Ela se afiliou com Travis para separar você de Louis. Ele apenas fez o que ela mandou. E eu não duvido que em breve ela apareça por aí pendurada no pescoço de Louis.
— Tem um furo nessa história – eu disse entredentes, ignorando a última frase de Mark. – Como eu disse, Travis é burro. Ele não saberia contar para Claire que eu e Louis éramos amigos carinhosos demais. Não sozinho...- murmurei, incrédula. Era tão óbvio! A cara irônica, a forma como ele falara comigo numa boa...
— Miles. – Mark respondeu por mim.
— Por quê? – questionei.
— Vai ver que ele quer a Claire e fez isso para agradá-la. Ou vai ver que ela apenas o usou. Ela consegue persuadir muito bem, não há homem que resista.
— E como é que você resistiu? – indaguei, por um segundo me esquecendo da... erm... opção sexual de Mark.
— Porque eu não penso como homem. – ele respondeu simplesmente, cruzando as pernas. – Tenho uma mente feminina, por isso sou extremamente vingativo. – ele comentou e eu ri. – E é por isso que eu e você vamos aparecer juntos por aí.
— Como é que é? – indaguei, confusa.
— Aposto com você que em dois dias, no máximo, você vai ver Claire e Louis juntos por aí. Quando isso acontecer, eu e você sairemos juntos. Se Claire quer se vingar de você por minha causa, ela terá que bolar uma vingança melhor. Nós vamos dar a entender que somos um belo casalzinho.
— Mark! – exclamei, admirada com a ideia. Faria Claire pagar. – Você é uma vadia!
— Sabe... – ele comentou, cruzando as pernas e ajeitando o cabelo. – Você não é a primeira pessoa que me chama assim.
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