Três. escrita por jubssanz


Capítulo 11
11. Um encontro?!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, boa leitura, beijos.



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— Olá! Você deve ser a Aurora – uma mulher loira respondeu, abrindo a porta. Deduzi ser a mãe de Rebecca. Ou dos rapazes, eu não sabia se haviam se mudado com os pais.

— Sou eu sim, senhora, prazer. – respondi, estendendo a mão.

— Oh, senhora não, por favor! Sou Marise Carter, mãe de Rebecca. – ela me respondeu, apertando delicadamente minha mão. – Entre, estamos fazendo bolo de chocolate!

— Oh, por favor, me diga que isso não foi invenção de Lucy – murmurei, envergonhada. – Não era minha intenção incomodá-los.

— Mas o que é isso, minha filha! Estamos nos divertindo muito, e sua irmã é um anjo. Os rapazes estão encantados! – ela ficou séria, de repente. – Rebecca gostaria de falar a sós com você antes, Aurora. Pode ser agora?

– Claro. – respondi, curiosa.

— Espere aqui, por favor – ela apontou para o sofá. – Vou chama-la.

Marise saiu da sala, subindo as escadas que eu já conhecia. Ouvi risadas vindas da cozinha e pensei em conferir, mas eu sabia que se Lucy me visse não sairia do meu pé e estragaria a conversa sigilosa de Rebecca.

— Ei, tio Travis – ouvi a voz de Lucy chamar.

— Sim? – Travis respondeu. No instante seguinte, ele deu um berro e ouvi os rapazes dando gargalhadas, sorri, imaginando o que estaria acontecendo. – Vou pegar você, baixinha! – Travis gritou e eu pude ouvir os gritos de Lucy.

— Que cara besta é essa, Louis? – ouvi Miles questionar.

— Nada, só estou pensando em algumas coisas. – Louis respondeu.

— Algumas coisas ou algumas pessoas? – uma voz masculina e desconhecida questionou.

— Algumas pessoas, eu diria, tio – Miles respondeu. – Louis ‘tá gamadão’ em uma garota.

— Ah, mas isso é ótimo! – o tal tio respondeu.

— Na verdade, não é tão legal. Ele mal a conhece e ela é muito chata – Miles respondeu. Eu poderia jurar que ele estava falando de mim, se eu não soubesse que para Miles todo mundo é chato.

— Cale a boca, Miles – Louis protestou. – Ela é incrível, tio. O nome dela é... – nessa hora, os gritos de Lucy e Travis voltaram e eu não pude ouvir o nome da garota. Dei de ombros enquanto Becky aparecia no topo da escada. Ela sorriu, acenando, e fez sinal para que eu subisse. Foi o que fiz. Rebecca nada falou até chegarmos a seu quarto.

— Vou direto ao ponto, Aurora, porque isso é muito importante. – ela disse, sentando-se na cama e confesso que me assustei. – Lucy me contou sobre seus pais. Mas contou só a mim, eu disse a ela para não falar para os garotos.

— Ah. Tudo bem. – murmurei, constrangida. Mas não podia reclamar da boca grande de Lucy, sabia bem a quem ela havia puxado. – Mas o que foi que ela contou? - questionei. Ela não poderia ter contado que o papai havia mesmo ido embora, pois nem ela mesma sabia disso.

— Então, Aurora, eu acho que esse é um ponto delicado. Ela me contou que seus pais estavam querendo se separar há um bom tempo.

— É verdade – assenti. – Eu admito que talvez eu seja meio desligada, mas me pergunto como é que Lucy conseguiu perceber isso tudo sozinha.

— Na verdade, ela não percebeu isso sozinha. É nesse ponto que eu quero chegar.

— Do que você está falando? – questionei.

— Ela me pediu para não contar a você, porque nem ela mesma quer contar, nem para você nem para sua mãe, mas acho que isso precisa chegar até vocês. Lucy sabe da separação porque seu pai contou a ela. Há meses. E ela me contou também que ele a convidou para morar com ele. Na cabecinha dela, ele apenas fez o convite. Mas da forma que ela me contou, acho que seu pai a está persuadindo, Aurora.

— O que? Ele não pode fazer isso! Não pode levar Lucy embora, não pode tirá-la de nós!

— Exatamente por isso resolvi te contar. Ela me disse que não quer morar com ele, ela diz que não saberia nem conseguiria ficar longe de vocês duas. Mas pude perceber também que ele insiste muito com ela. Se ele conseguir convencê-la e ela disser que quer, vocês nada poderão fazer. Ele é pai. Também tem direitos.

— Eu sei, e esse é o pior. O que ele quer com ela? Leva-la para morar em Salem com ele? Ele trabalha das oito as oito! O que Lucy faria sozinha?

— Eu pensei em duas hipóteses. Ele sabe que você aceitaria melhor porque já entende, mas para Lucy seria mais difícil pelo fato de ser uma criança. Acho que seu pai pode ter outra mulher, Aurora, e quer levar Lucy para conviver com eles e passar à aceita-la.

— Eu já pensei que ele pode ter mesmo um caso, mas não o imagino a obrigando a viver com Lucy. Ele bem sabe o quanto ela pode ser difícil de lidar. Qual a outra hipótese?

— Quando é que você faz 18 anos? – Rebecca questionou, me olhando significativamente.

— Em dois meses, por quê?

— Veja bem, tendo uma filha maior de idade e a outra morando com ele, seu pai não precisaria pagar pensão.

— Então, de uma forma ou de outra, ele está apenas usando Lucy. Cretino!

— Foi exatamente o que pensei. – Rebecca murmurou, se levantando. – Veja bem, Aurora, te contando essas coisas, não quero te colocar contra seu pai. Apenas acho muito errado ele tentar manipular uma criança em segredo, por isso achei que você deveria saber disso. Se vai contar a sua mãe, é você quem decide. Só por favor, não diga a Lucy que eu te contei. A adorei e não quero que ela perca a confiança em mim assim.

— Não vou falar nada – murmurei. Nem sabia o que falar. Estava verdadeiramente chateada.

— Aurora, meu bem, não fique assim! – Becky pediu, me abraçando. Aquilo me surpreendeu. – Sei que nós conhecemos pouco, mas quero que essa amizade floresça entre nós, e pode ter certeza de que tudo que você tiver que enfrentar, enfrentaremos juntas. Você terá meu apoio sempre que precisar. Meu pai é advogado, pode ajudar no que for preciso. E se você quiser contar a Louis, ele vai adorar ajudar. Os pais dele são separados, ele saberia como te confortar. De qualquer forma, estamos aqui.

— Obrigada, Rebecca. Você não sabe o quanto isso é importante pra mim, amiga – murmurei, sentindo mais uma vez as lágrimas rolarem. Merda! O que aquela garota tinha no abraço que me fazia chorar?

— Rebecca, eu... – Louis gritou, entrando no quarto, mas parou assim que nos viu.

— O que eu já falei sobre entrar sem bater, Louis? – Rebecca ralhou e eu ri.

— Desculpe, já estou saindo. – ele murmurou, corando.

— Pode ficar. Eu é que estou de saída – murmurei, secando as lágrimas. – Vou procurar minha irmã.

No instante em que passei ao lado de Louis, ele segurou meu braço.

— E o que a faz pensar que pode sair sem me dar pelo menos um oi?

— Oi – murmurei, intimidada. Louis estava lindo. Usava uma calça jeans escura e uma camisa xadrez vermelha e preta abotoada até o pescoço. O cabelo loiro estava mais espetado do que nunca. (n/a: sddsNiallHoran2011)

— Só isso? – ele reclamou, debochado. – Quero mais animação.

— Louis, meu bem, não está vendo que Aurora não está bem? – Rebecca questionou.

— É justamente por isso, idiota. Estou tentando animá-la.

— Bem, acho que não está adiantando – Rebecca provocou e eu ri. – Vou deixa-los sozinhos.

Antes que eu pudesse protestar, Rebecca saiu do quarto.

Encarei Louis, sem saber o que dizer,

— Venha cá – ele murmurou, puxando-me para um abraço. Ele era mais alto que eu, logo, acabei ficando com a cabeça encostada em seu peito. Louis cheirava a morango. Ele passou seus braços em minha cintura, apertando-me contra ele e beijou o topo de minha cabeça. Senti-me confortável como nunca havia sentido. Ele subiu uma das mãos e começou a fazer carinho em meu cabelo. Respirei fundo, sentindo meus olhos arderem. Lembrete: pesquisar no Google qual a essência dos abraços para me fazerem chorar tanto.

— Não sei qual é o problema, mas garanto a você que vai ficar tudo bem, pequena. – ele murmurou.

— Pequena? – questionei, rindo.

— Sim, pequena. Só espero que Lucy não fique com ciúmes, esse apelido também é dela.

— Você é incrível, Louis. – murmurei, corando. Escondi o rosto em seu peito, envergonhada.

— Ei, quero lhe pedir uma coisa – ele disse, tocando meu queixo e levantando meu rosto. Prendi a respiração e senti todo meu corpo se arrepiar ao sentir a intensidade com que aqueles olhos azuis me encaravam.

— D-diga. – murmurei.

— Saia comigo. – sorri, aliviada. Poderia ser algo pior.

— É claro! – respondi.

— Não, você não me entendeu – ele murmurou, rindo. Passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os. Eu prestava atenção a cada movimento, encantada. – Poxa, como isso é difícil. Quero que você saia comigo, Aurora, mas não como amigo. Um encontro. É isso. Um encontro.

— Ah. Um encontro. – repeti.

— Sim, um encontro. Ah, espera. Deixe-me fazer isso direito.

Ele me soltou, dando um passo para trás. Ri, e no mesmo instante senti falta de suas mãos me envolvendo.

— Você gostaria de sair comigo, Aurora? Se você não quiser ir a um encontro comigo, não tem problema. Podemos sair como amigos. Mas eu gostaria muito que fosse um encontro.

Ponderei por um momento, sentindo minhas bochechas esquentarem. Eu e Louis nos víamos como amigos, só isso. Será? Se fosse apenas amizade, Louis estaria me convidando para um encontro e eu estaria suando frio para respondê-lo? Aurora, você nem o conhece. Obrigada por me lembrar, consciência. Realmente, não o conheço, mas vou adorar fazê-lo.

— Bom... – murmurei, sorrindo de orelha a orelha. – Temos um encontro.

Estávamos sentados no degrau da porta de entrada, esperando minha mãe. Já passava das cinco da tarde e todos teríamos aula no outro dia. Ferdinand – pai de Rebecca –, Marise, Rebecca e Travis jogavam vôlei. Lucy estava deitada no colo de Miles, quase dormindo, e o garoto fazia carinho em seu rosto – sim! E eu... Bem. Estava sentada ao lado de Louis que segurava – discretamente – minha mão.

— Você tem que me visitar todos os dias – Miles murmurou. Lucy assentiu, sonolenta.

— Você pode ir lá pra casa assistir A Pequena Sereia – ela respondeu, fazendo-me sorrir. Eu encarava Miles incrédula, e Louis apenas balançava a cabeça.

Minha mãe chegou, e eu me levantei. Louis me deu um beijo na bochecha e eu senti como se milhões de formiguinhas desfilassem por ali. Juro que tentei sentir o cheiro da minha própria bochecha, para conferir se cheirava a morango.

— Tchau – murmurei.

Miles deu um abraço apertado em Lucy e um beijo em sua testa. Juro que senti um carinho imenso por ele naquele momento e... Não. Na verdade não. Mentira. Enfim, fomos embora. Eu estava com medo de chegar a casa e encarar a realidade. Estava com medo de como minha mãe lidaria, estava com medo de como Lucy lidaria. Eu já havia chamado Lucy em um canto e contado que papai havia ido embora, mas aquilo era teoria. Como viveríamos na prática? Eu também não sabia se deveria contar a minha mãe que papai tentaria tirar Lucy de nós. Eu não saberia lidar. Decidi deixar que minha mãe guiasse as coisas, afinal, aquilo a afetava diretamente. Se ela quisesse falar sobre papai, nós falaríamos. Se ela não quisesse, o nome George não seria citado naquela casa. E assim, fomos para o carro. A mãe de Rebecca, Marise e a própria Becky nos acompanharam, pois queriam se apresentar para minha mãe. Dona Sophie desceu do carro sorrindo de orelha a orelha e eu quase morri de orgulho ao ver minha mãe daquela forma... Em pé.

— Como foi a tarde, meus amores? – mamãe questionou dando a partida no carro.

— Meus tios são muito legais, mamãe – Lucy murmurou.

— Seus tios? – questionei.

— Tio Louis, tio Miles e tio Travis – ela respondeu, assentindo. – Eles são iguais!

— São trigêmeos, mãe - completei.

— E você não os confundiu, meu amor? – mamãe questionou, rindo.

— Claro que não, mamãe. Eles são muito diferentes. Travis é engraçado, Miles é carinhoso e Louis gosta da Aurora.

— Mentira! – gritei.

— Oh, não acredito! – minha mãe também gritou, rindo. – Conte mais, Lucy!

— Ele passou a tarde inteira me perguntando do que ela gosta. Perguntou se ela gosta de pizza e gosta de ir ao cinema. – ela respondeu, sorrindo inocentemente. Irmãzinha, segura a língua!

— Acho que alguém vai ser convidada para um encontro – mamãe cantarolou.

— Na verdade, alguém já foi convidada para um encontro – respondi, olhando para o lado oposto.

Estava tentando ficar séria, mas o berro de minha mãe foi hilário.

— Meia volta já, meus amores! – ela gritou. – Vamos ao shopping.

— Mas que diabos... – questionei.

— Compras de emergência, meu amor! – Sophie me respondeu. – Não é sempre que sua filha esquisita tem um encontro.


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