"Every move you make
Every bond you break"

A cena não era estranha para ele, já havia visto isto se repetir mais vezes do que conseguia se lembrar, mas o final ainda trazia uma certa tristeza ao coração do cavaleiro de Câncer.

Manigold não gostava de ver as tentativas do belo parceiro de afastar as pessoas de si, como levantava um dos braços em pose de defesa para que não o tocasse e em seguida dava as costas, com um olhar triste, demonstrando mais claramente do que ele gostaria que não se sente bem ao distanciar as pessoas, principalmente seus companheiros, mas que essa é a única forma de protegê-los, e mantê-los seguro era sua única preocupação, mas mesmo sabendo disso o canceriano teimoso se levantou de onde estava sentado e foi atrás do outro dourado, o alcançando pouco antes da casa de Peixes, onde o mais novo iria se esconder do mundo como normalmente fazia.

— Você não deveria ser tão rude com o Shion, ele não é tão ruim. — disse no tom brincalhão que sempre usava e sorriu.

— Eu tenho um bom motivo para fazê-lo. — respondeu seriamente e virou o rosto para o maior, porém não devolveu o sorriso. — Você está muito perto do meu jardim, deveria se afastar.

— O que? Eu não posso admirar suas flores? — disse fingindo estar chateado.

— Você nunca se interessou por planta alguma.

— Elas não são tão interessantes quanto as suas. — voltou a sorrir enormemente, esperando que dessa vez a conversa não terminasse como em todas as outras vezes que tentou se aproximar, mas era óbvio que o final seria o mesmo.

O cavaleiro de Peixes voltou a andar, adentrando rapidamente o jardim com as rosas mortais que saberia que o outro não teria coragem de tocar, ele nunca desejaria uma morte tão estupida quanto essa, mas o belo homem não esperava que dessa vez o maior reagisse, segurando a capa branca e o impedindo de continuar.

— Alguém tão bonito assim não deveria simplesmente dar as costas aos companheiros, ainda mais alguém agradável como eu. — disse sorrindo de lado.

— Me solte, Manigold. — mandou, mesmo sabendo que não seria obedecido, fazer o canceriano se afastar era sempre mais difícil do que qualquer batalha.

—Venha me obrigar. — desafiou, firmando o aperto no tecido branco.

O mais novo apenas estreitou os olhos, encarando o homem de cabelos azuis escuros, mas não obteve o efeito desejado, ele continuava sorrindo e com o pano nas mãos, então suspirou e se virou novamente.

— Fique com ela. — respondeu e desprendeu o tecido de seus ombros, voltando a se afastar.

— Ei! Isso não foi justo, Alba-chan! — protestou em voz alta e com uma expressão de indignação no rosto.

— Agora você deveria voltar para a sua casa.

— Mas isso não seria tão divertido quanto ficar com você, vamos, não seja tão chato quanto o Sage! — disse com o tom alegre já conhecido, não entendia porque o outro se esforçava tanto em distancia-lo quando era óbvia a vontade dele de se aproximar e ainda mais claro que ele não se importava com o sangue venenoso que parecia reger a vida do menor.

— Você não deveria falar assim do seu mestre. — repreendeu o mais velho, mas também mais imaturo.

— Oh, então você vai me impedir?

— Não.

— Tudo bem, eu volto para a minha casa, mas não espere que eu devolva sua capa. — sorriu calorosamente uma última vez.

— Eu não me importo. — disse em um tom mais suave que o normal e devolveu o sorriso, algo raro de acontecer que deixava o canceriano realmente feliz e com sentimentos estranhos que ele preferia deixar de lado, e finalmente entrou em sua casa, se despedindo do companheiro.

Manigold suspirou, mas continuou sorrindo enquanto voltava para seu templo, segurando o tecido comprido e branco com cuidado em suas mãos, agora teria outra desculpa para importunar o pisciano, não que isso fosse realmente necessário para ele.