"I look up at your house,

and I can almost hear you shout

down to me"

Não era surpresa para ninguém no Santuário que os dourados de Câncer e Peixes ficariam juntos, mesmo com as tentativas do segundo de se manter isolado de todos. O esforço que Manigold tivera para conseguir se aproximar do menor não era segredo, também não era segredo a forma como olhava para o mais novo e falava de sua beleza, como ficava impaciente sempre que ele saia em alguma missão solo, as flores que dava e recebia dele, como estavam sempre juntos e cuidavam um do outro.

Todos ficaram alegres com a união deles, afinal, o canceriano não passava mais seu tempo livre provocando qualquer guerreiro que visse e o pisciano agora conversava com outras pessoas, e ambos pareciam felizes, mesmo com os tempos difíceis que estavam por vir.

Justamente por causa destes tempos Albafica estava ausente novamente, esta era a terceira missão em um curto período de tempo, o que deixava o mais velho ansioso, nunca ficara tanto tempo longe do companheiro e tinha muitas coisas para contar de suas próprias missões, também já havia perturbado Kardia, Shion, Dohko e o garoto que ele considerava ser filho do libriano, porém, continuava entediado.

Por não saber o que fazer decidiu andar pelo Santuário, sem rumo definido, e logo seus pés encontraram a trilha familiar, que já havia decorado e não se perdia mais em meio a tantas bifurcações.

Era sempre agradável ir observar as plantas, dormir sobre a grama e assustar os animais, ajudava o italiano a se distrair enquanto esperava o retorno de seu cavaleiro preferido, contudo, ele não esperava encontrar tal cavaleiro sentado sobre a grama verde, com a urna dourada lhe servindo de apoio.

— Eu estava te esperando e você estava aqui? Isso foi muito rude da sua parte, Alba-chan. — disse em um tom brincalhão e sentou ao lado do menor, passando um dos braços pelos ombros do mesmo e o puxando para perto de si.

— Você não parece estar irritado. —respondeu e sorriu para o homem ao seu lado.

— Claro que não, é sempre bom te ver. — devolveu o sorriso com um aberto e alegre. — Como foram as missões?

— Um dos três Juízes do Inferno pretende invadir o Santuário logo. — falou com seriedade e suspirou pesadamente, não gostava de saber disso, tantas vidas inocentes seriam tomadas se ele fracassasse em proteger os templos e o vilarejo, e também, ainda não havia dito ao companheiro que seria ele a enfrentar tal juiz.

— Relaxa, Albafica, nós ainda temos muito para brilhar, aqueles outros idiotas de armadura também. — sorriu suavemente, esperando acalmar ao menos um pouco o coração aflito do mais novo, que levou uma das mãos até o rosto bronzeado do italiano.

— Eu sei que você pretende seguir seu mestre na batalha contra o deus da morte. — disse ainda sério e com preocupação, observando o sorriso que nem sequer vacilou.

— Eu e o velho somos fortes, e ainda tenho que voltar para te falar como foi a batalha mais incrível de todas! — retrucou animado, sabia que a chance de que não voltasse era extremamente alta, mas ele não podia deixar o homem que o treinou lutar sozinho, e ainda tinha esperanças de voltar a ver esse campo florido muitas outras vezes. — E você vai carregar o Santuário e Rodorio sozinho nas costas, estamos empatados.

— Então você sabe. — suspirou e após alguns segundos sorriu com suavidade, levando a mão até o queixo do maior e o segurou, fazendo o canceriano observá-lo atentamente. — Me prometa uma coisa.

— Casar com você se ficarmos vivos? — brincou e sorriu abertamente, arrancando uma risada baixa, quase inaudível, do menor.

— Tomar cuidado, não faça besteiras, você ainda tem muitos escândalos para fazer na porta do meu templo. — disse suavemente, mas com uma expressão séria.

— Tudo bem, afinal, você também tem que me prometer esse não pode ser nosso beijo de despedida. — sorriu antes de cortar a distância que os separavam e juntar os lábios aos do pisciano, o beijando com suavidade, procurando gravar a maciez em sua mente e o aroma doce da pele próxima a dele, mas não aprofundou o ato e se separou logo, sorrindo alegremente.

Albafica sorriu e voltou a se encostar contra o parceiro. O beijo o pegara de surpresa, como a maioria das coisas que o outro fazia, mas fora uma surpresa agradável. Não esperava que os lábios que costumavam sorrir de forma afiada fossem tão quentes e suaves, ou que seu coração reagiria também, mas ainda teria tempo para se acostumar a isso, ele não poderia quebrar sua promessa.